II - CASA DO POVO: A VISIBILIDADE CULTURAL
Não será, concerteza, neste quadro sombrio que se vai justificar o absentismo de muita coisa na Freguesia, nomeadamente, agora, no aspecto cultural. Não nos parece que é esta a bandeira, desfraldada com a face negra da situação. Não se vão inventar mais adjectivos para qualificar que, apesar de tudo, ainda houve alguma gente (pouca) que sempre remou contra esta maré.A esses poucos é de enaltecer a vontade de fazer acordar mentes adormecidas para uma actividade demasiadamente comprovada da importância que possue na vida de um povo.
Entre estes existiu um grande vulto que elevou bem alto a actividade social e cultural da Freguesia: SOUSA BAPTISTA.É que cultura não é como ilha ou barco isolados no oceano. Tínhamos quem os governasse. Grande Timoneiro que via o horizonte para onde devia ir o Povo e o guiava por mar seguro, visando o futuro. Poucos se aventuraram a tomar o seu lugar.Será justo verificar hoje que foi através do Fundador da Casa do Povo que existia a intenção de preservar os usos e costumes da região. Os sinais e intenções visíveis que atestam tais fins, ainda estão expostos em quantidade suficiente que entusiasmam o mais adormecido, para a sua conservação através da criação de um museu etnográfico local.
Para além da distribuição gratuita de livros escolares, do forno que cozia o pão de cada dia e da sopa que mitigava fomes de crianças e adultos, será de enaltecer a fomentação da leitura, que se concretizou na criação de uma biblioteca que, devidamente organizada, ali permanece anónima e despercebida. [no tempo em que isto foi escrito]. Não é pretensiosismo, mas justiça, referir ainda, na componente cultural, a criação da banda de música, cujos instrumentos, talvez desactualizados, ali enfermam, mas atestando ainda a existência de que outrora as iniciativas constituíam os "atrevimentos" de se procurar dar a cultura a quem dela muito necessitava.
E vai surgindo a preseverança de algo mudar e continuar. E neste metamorfismo empolgado pelo modernismo, pela astronáutica e pela velocidade, é de louvar que, apesar das vicissitudes, vai ocupando o espaço próprio do vazio existente o teatro que confirma a fama tradicional que a freguesia sempre possuiu na arte de Talma. Com a «Revista Valongo à Vista» à cabeça e a fazer a sua história.
E os amorosos pequerruchos do Grupo Folclórico Infantil, que têm muita necessidade do incentivo e exemplo dos mais velhos, que está a ter a sua continuidade nos mais crescidos (que ontem foram já os seus infantis) a constituir o Grupo Juvenil. É bom ir buscar, neste fim de século o que na linguagem retractiva se diz que já está ultrapassado, não se usa ou não pertence a este tempo. Valongo do Vouga que, por direito próprio, publicitámos num tempo não muito longínquo como a maior freguesia do concelho em área geográfica e a maior freguesia não urbana em população é, naturalmente, um grande barco que carece de um bom comandante para a melhor navegação do tema que aqui e agora nos ocupamos.
Pelo conteúdo da redacção, uma vez que o rascunho não tem data, verifica-se que quando isto foi feito já havia o Folclore e existia também em actividade o teatro. A Biblioteca foi remodelada, reorganizada e enriquecida com muitos mais exemplares. Logo, como foi apontado no post anterior, terá sido, certamente, redigido nos anos 80.
Sem comentários:
Enviar um comentário