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terça-feira, 30 de abril de 2013

Brumas da Memória - 24

1966 - Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.

Porque a série que recorda este espectáculo evocativo da inauguração dos Serviços Sociais desta que foi uma das grandes empresas da região ainda não terminou, aqui trazemos mais um naco dessa história que muitos recordam.
Como há tempos temos feito silêncio neste cantinho, não será exagerado aqui deixar alguns pormenores da que foi uma grande festa. Nomeadamente o facto do seu conteúdo ter sido redigido por um Valonguense actualmente a residir em Lisboa.
Desta feita deixam-se os versos que constituíam um quadro daquele espectáculo, como a seguir se transcreve.
Como já aqui constou em quadro sinóptico das canções apresentadas, esta teve como intérprete Augusto G. Ferreira, letra de Hernâni Gomes e música de Manuel Morais.
Foi assim:

PRECEDENTE DA CAMA

I

Temos na cama
um precedente
que agora é nosso
é da nossa gente.

A gente clama
como antigamente
para aproveitar
a ocasião presente.

podíamos ter cama
a cambraia forrada
macia de espuma
a prata bordada

   II

Mas o proeminente
da nossa gente
qu'agora nos rege,
na enxerga nos deixa
olvidando a queixa
... E não nos protege.

       III

  (Declamado)

Rompe-se o colchão
desfazendo-se em trapos
Vai-se a ocasião
de na cama presente
aproveitarmos o agente
que é nosso e não nos vale
Dando ao Vale Longo
aquilo que ele vale.
 
Tirá-lo dos trapos
da enxerga de farrapos
E em estradas sem covas
E noites com luz
E com águas mil
Nos dê assim provas
que bem nos conduz.
 
ESTRIBILHO:
 
(I)
 
 
É visível o tipo de fontenário da campanha
da Câmara Municipal de Águeda, quando 
o Eng.º Bastos Xavier foi presidente. Há ainda
alguns na freguesia, desactivados.
Nota: - Temos a sensação que esta brincadeira em verso, tinha um destinatário, como quase todas os escritos deste espectáculo.  Neste caso seria um dos sócios desta empresa, o Eng.º José de Bastos Xavier, que foi Presidente da Câmara, tendo tomado posse em 5 de Março de 1964, pelo que conseguimos apurar. Durante o seu mandato, com as possibilidades que as câmaras tinham na época, havia pelo menos um factor que sabemos o preocupava bastante: o abastecimento de água às populações. Não havia abastecimento de água estruturado, como agora possuímos.
Esse abastecimento era feito através do aproveitamento do precioso líquido em nascentes naturais que permitissem algum caudal. Chegámos a conhecer alguns, mesmo aqui na freguesia, donde se extraía água, conduzida por tubagem menos adequada, até chegar a um fontenário público onde se abasteciam as populações próximas.
Como se sabe, hoje não é necessário ir ao fontenário. Vem o fontenário até à grande parte das casas das famílias e, em vez de estar a água a jorrar noite e dia, desperdiçando-se, temos a torneira que só se abre quando minimamente necessária...
O Eng.º Bastos Xavier, ciente dessa necessidade, levou a efeito, a nível do concelho, uma campanha para aproveitamento/abastecimento de água. É disso prova a foto ao lado inserida.

Tarrafo - Guerra no pântano

Armor Pires Mota - Guiné 1963-1965


EDIÇÃO FAC-SIMILADA DE “TARRAFO”,
- O ÚNICO LIVRO PROIBIDO DE TODA A GUERRA COLONIAL


Armor Pires Mota que combateu na Guiné, entre 1963-1965, vai lançar no mercado, através da Editora Palimage, a edição fac-similada do livro TARRAFO Crónicas de um alferes da Guiné, o único livro de toda a guerra colonial que foi censurado, recolhido pela PIDE e proibido de circular. Edição fac-similada, apresenta, em toda a sua nudez, todas as anotações e sublinhados dos censores, o que faz de Tarrafo, que significa pântano, um documento único em toda a literatura de guerra colonial. Acontece isto nos 50 anos da mobilização do seu batalhão 490 de Cavalaria.
O primeiro lançamento será, no próximo dia 9, 16 horas, na Messe dos Oficiais, na Batalha, cidade do Porto. Presidirá à cerimónia o general Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes e integra-se na Tertúlia Fim do Império. Será apresentador o escritor, historiador e poeta transmontano, João Barroso da Fonte. Entretanto no dia seguinte (10 de Maio) será apresentado em Coimbra, na Liga dos Combatentes, Rua da Sofia, tendo a presidir à sessão igualmente o presidente da Liga, às 15 horas.
 Livro incómodo para o governo e FA  
“Este livro comporta, desde o início da sua escrita, muitas histórias de guerra, páginas escorrendo nervos, gritos, sangue e lágrimas, chagas, cicatrizes, feridos e mortes. Retrata a guerra em toda a sua violência e brutalidade, por vezes, ao pormenor com esta originalidade: era escrito na sequência dos acontecimentos. O que foi uma novidade no jornalismo, quando começou a ser publicado no Jornal da Bairrada (1964). Era uma ousadia, um desafio quase inocente.
Mas a este livro, o primeiro sobre a guerra colonial, escrito por um combatente, foi acrescentada uma outra história, única em toda a literatura da guerra. Após alguns dias sobre a colocação da obra numa única livraria, a Vieira da Cunha, em Aveiro, era incluído no número dos livros proibidos. Havia de ser censurado e recolhido pela PIDE. Foi considerado um livro demasiado incómodo, muito desconfortável para o governo. Afinal, havia guerra. Não escondia nada. Nem os mortos, nem o desânimo e as lágrimas, muito menos as aldeias incendiadas e seus nomes, os bombardeamentos e o tipo dos aviões utilizados nas operações”, reconhece o autor.
    Passados muitos anos sobre a sua apreensão e o 25 de Abri, “eis que, como que, por mera sorte do acaso, o exemplar censurado veio parar às minhas mãos”, realça o autor. Tem os carimbos do Ministério de Defesa Nacional e de “Confidencial”. “Rara é a página que não tem sublinhados a vermelho, no sentido vertical, à margem, ou na horizontal por baixo da palavra ou da frase, considerada corrosiva ou subversiva, no mínimo incómoda. Há também notas a lápis, deixando a impressão de que houve dois censores, qual deles o pior”.

Nota: - O lançamento deste livro também vai ser feito em Oliveira do Bairro, em Junho...

Desculpem qualquer coisinha!...

Pois. Porque desde Outubro de 2012 abandonei este cantinho blogueiro, sem dar cavaco a quem quer que fosse. Foi uma imposição feita a mim mesmo. Terminar um trabalho para voltar aqui.
Terminei e cá estou.
Melhor esclarecendo, terminado não está. Falta o rabo...
Mas já tenho mais liberdade de minutos, de horas, de dias até!
Penso que acertei em cheio e com um bom motivo para recomeçar.
Falando de um Amigo, que esteve comigo na Guiné, em pleno apogeu da guerra colonial, com quem regressei no mesmo barco, o «Niassa». Já lá vão muitos anos.
A postagem que está acima fala disso. Por isso, nada melhor que ficar por aqui...

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