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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os nossos cantinhos


Há já algum tempo que não mostrava aqui alguns cantinhos da nossa terra, sejam eles mais juntos ou mais afastados de nós. Hoje ficam algumas imagens, que por aqui tinha coleccionado, crente que, não sendo tecnicamente admiráveis, cumprem, no entanto, o estabelecido aqui que é o de mostrar o que temos, criando até nostalgias, principalmente para quem se encontre ausente destes locais conhecidos. Espero também que despertem o interesse que merecem, porque são locais onde vivemos, onde estamos e, sendo assim, são estes locais os melhores, pelo menos para nós.

O Natal na música e na poesia

Um vagido que atravessa o coração


Deus abandonou a sua glória e veio até mim.
Viveu entre tipos insignificantes como eu
Por mim, e em meu lugar, entregou-se
tomando sobre si vergonha e humilhação.
Perante atenções tais dou comigo a pensar:
Quem sou eu?
Se um Rei derramou o seu sangue por mim.
Quem sou eu?
Ele rezou toda a noite por mim".

Não, não foi um autor espiritual quem assinou estes versos dedicados ao tema teológico da Incarnação. Talvez constitua uma surpresa, mas estes versos fazem parte do reportório de um mito (e não apenas americano) do rock'n roll, Elvis Presley, morto há mais de trinta anos, mas que continua a ser celebrado, amado e até idolatrado. O seu universo poético e musical não unia apenas transgressões exasperadas, convenções e esteriótipos, protesto e felicidade rápida, mas combinava também o country branco com o rythm and blues negro, cujos temas tinham frequentemente uma espessura espiritual.

Há mais no snpcultura que pode ler e ver um vídeo dos U2, clicando aqui...

domingo, 27 de dezembro de 2009

Eclesialmente

Quadro que representa Jesus entre os doutores


Festa da Sagrada Família: saber dar tempo ao tempo


A festa da Sagrada Família tem as suas origens no fim do século XIX. A Igreja inquietava-se então com o que considerava a decadência moral: o progresso do “naturalismo” devido aos avanços da ciência, a penetração do ateísmo e a autonomia cada vez maior da política e do direito em relação à Igreja. Certos Estados chegaram mesmo a aprovar legislação que permitia o casamento civil. E viam-se cada vez mais casais compostos por católicos e não católicos.
Por isso os papas tentaram valorizar a comunidade familiar como instituição propriamente cristã, fundada sobre o Evangelho. Assim, a 26 de Outubro de 1921, o Papa Bento XV instituiu um dia consagrado especificamente à Sagrada Família.
A passagem evangélica para esta festa era a mesma da data escolhida para a sua celebração (Domingo a seguir à Epifania): Lucas 2, 41-52. O trecho bíblico situava-se na continuidade das leituras do ciclo do Natal: depois da manifestação aos pastores e aos magos, o Menino expressava-se aos sábios, em Jerusalém. No entanto, a introdução da festa fez com que se desvanecesse a evocação da manifestação de Jesus no Templo de Jerusalém, em detrimento da acentuação da sua família.



In snpcultura, que pode ler mais aqui

sábado, 26 de dezembro de 2009

O natal e as luzes

Viver o natal



Certamente que há muitas maneiras de viver o natal. Penso até que o melhor seria vivê-lo... sempre. Segundo o dom, o sentir, e a forma de cada um o demonstrar.
Isso passa, necessariamente, pelos actos. E entre eles, há tantos, que já começam a ser lugar comum dizer-se que é o tempo do perdão, da solidariedade, da tolerância, do amor para com e entre todos, como disse há pouco tempo aqui, mesmo para com aqueles que nos são ou demonstram para connosco serem indiferentes... porque, repito, não há inimgos...
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Aqui bem perto, ao fundo da igreja de Valongo do Vouga, o António Nogueira Simões dos Santos (filho), vive cada natal, há já uma série de anos, com a casa cheia de iluminações próprias da época. Com essas iluminações são feitos vários desenhos e figuras, qual delas a mais sugestiva e diversa.
As fotos que ilustram este post não mostram tudo, nomeadamente as figuras iluminadas que estão no solo. A beleza e esta forma de viver o natal, cada um a verá e entenderá como bem lhe aprouver.
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Poderão existir algumas divergências, no que toca à interpretação e alcance da iniciativa. Mas se alguém quer viver o natal, exteriorizando assim esta forma de o ver e sentir, penso que ninguém tem nada a ver com isso e com as intenções de quem lhe dá vida e cor.
De qualquer modo é caso para reafirmar que a festa do natal faz magias... muitas magias...
Porque é que não é assim todos os dias?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal

O Presépio da Igreja de Valongo do Vouga

A um cantinho da igreja
O presépio era feito
Pelas mãos do sacristão
Com devoção e respeito.

Com alguma antecedência
O musgo se apanhava
Cada um, seu pedacinho
Ao sacristão se levava.

Depois, ele e os ajudantes
Nesse canto o espalhavam
Fazendo montes e vales
Um lindo aspecto lhe davam.

Ao olhar os tons do musgo
Ficava-se com uma ideia
Que se estava a vislumbrar
Um pedaço da Judéia.


Depois, por montes e vales
O serrim lá se espalhava
A fingir que eram estradas
Que ao presépio nos levava.

Aqui e ali dispersas,
Dum modo às vezes bizarro
Eram então colocadas
As figurinhas de barro.

Lá bem no cimo dum monte
Como a dominar a grei
Com imponência e majestade
Ficava o palácio do Rei.

Pastoreando os rebanhos
Montes subindo e descendo
As figuras dos pastores
Iam também aparecendo.

Com cordeirinhos aos ombros
Ou nas flautas tocando
As figuras de mercadores
P'las ruas iam ficando.

E no sítio mais longínquo
É que os Reis-Magos ficavam
Sempre à procura da estrela
Só a seis de Janeiro chegavam.

E lá no alto, pendurada
Estava a estrela-Luz
A indicar o caminho
Até ao Menino Jesus.

S. José e Nossa Senhora
E os animais também
Estavam lá no Presépio
Na lapinha de Belém.

E no dia de Natal
Com o fato domingueiro
Para beijar o "Menino"
Todos queriam ser o primeiro.

Quem dera poder voltar
Outra vez a ser criança
E ver de novo o Presépio
Que ainda guardo na lembrança.


Do livro de poesia de Júlia Magalhães "Ponto Final"
Editado em 2009 pela autora
Gravura digitalizada do mesmo livro, que representa
O Presépio da Igreja de Valongo do Vouga, a que este
poema se refere.

Para o dia de Natal


Para rezar junto à Manjedoura

Bem-aventurados os que no coração se reconhecem pobres
pois é deles tudo o que há-de vir
.....
Bem-aventurados os que existem mansamente
pois a terra os escolherá para herdeiros

Bem-aventurados os que rompem o muro das implacáveis certezas
pois são outros os caminhos da consolação

Bem aventurados os que sentem, pela justiça, fome e sede verdadeiras:
não ficarão por saciar

Bem-aventurados os que estendem largos os gestos de misericórdia
pois a misericórdia os iluminará

Bem-aventurados os que se afadigam pela paz:
isso torna os mortais filhos de Deus

Bem-aventurados os que não turvam seu olhar puro
pois no confuso do mundo verão passar o próprio Deus

Texto: José Tolentino Mendonça
In snpcultura

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Coisas da Guiné - 19

Regedor do território
.......
No dia 5 do mês passado [Abril de 1964] toda a nossa Companhia se sentia satisfeita, pois tratava-se da data de imposição de JOAQUIM JANDI como Regedor do território de CAN JANDIM.
Por demais estimado por toda a tropa, seja a nossa com base em Ingoré, ou dos nossos camaradas do sector vizinho – Felupe, com base em S. Domingos. Joaquim Jandi, régulo de Can Jandim, alferes de 2ª linha; fidelíssimo, simpático e colaborador incansável e imprescindível – teve uma herança de fidelidade, honra e brio patriótico, pois já seu pai se contava como um dos mais dedicados cidadãos Guineenses.


Dia de ronco (festa) em Ingoré. Ao fundo parte do rudimentar aquartelamento

À morte do pai, Joaquim, um dos vários filhos do velho chefe – fora escolhido pelo espírito arguto e a lucidez que se respira na morte; impregnada de uma quase iluminação divina!... Os outros irmãos aceitaram a escolha! São assim os Cassangas – aceitam o que se lhes pede e obedecem a quem têm por mais dotador – que o diga a frase corrente: «Primeiro Deus e depois branco – mais só Deus».
Joaquim tem no seu curriculum de fidelidade e fibra que não torce pormenores vários que o guindaram sem sombra de dúvida a Alferes de 2ª linha – que o diga o ataque a Can Jandim, quando o chefe dos bandidos que pretendia atacar a sua tabanca, dizia: “Vem Joaquim, vem, nós queremos falar contigo…”
Mas Joaquim com a sua fiel caçadeira ao lado, entrincheirado por trás dos adobes da sua varanda com peças de abrigo, respondeu:
- Não, vem tu. Eu estou em minha casa. Estou pronto a receber-te…
A esta argumentação inteligente ripostou o grupo assaltante com uma saraivada de zagalotes – de que ainda hoje há sinais na parede.
Joaquim e dois irmãos defenderam-se com brio, galhardia até aos limites dos seus escassos cartuchos de caçadeira. Joaquim fogueava o clarão que partia incessantemente por debaixo do frondoso cajueiro nas traseiras da casa ou outro que aparecesse mais ousadamente. Viu-os gemer, arrastar os feridos e mortos e destes alguns lá ficaram para banquete dos jagudis.
Assim, deslocámo-nos a Can Jandim satisfeitos do novo cargo que ele era empossado; até porque, quero ainda referir – que tem mais – Comandante do corpo de milícias de Can Jandim – cujo efectivo treinado, disciplinado ao chefe, não só são óptimos batedores de mato, como entre S. Domingos e Sedengal foram outros dos baluartes de defensiva fronteiriça – e quero frisar que com tanta eficiência – como nós nos nossos destacamentos o faríamos…
Que o diga a defensiva, abrigos, etc. Tudo obra do espírito espevitado de Joaquim – reforçada pela compreensão e boa vontade do Comandante de Ingoré na defensiva exterior.
Parece que neste dia 5 de Abril tudo se escoava para Can Jandim. A administração deu passaporte de Ingoré, a Companhia de Ingoré contribuiu com outro tanto esforço e ainda mais em novas idas de Can Jandim – Sedengal e vice-versa – já que todos pediam “passajo, passajo – Can Jandim”. De S. Domingos veio o Administrador e o Comandante da Companhia lá estacionada; e daqui muito mais gente veio…
Tantânos, calandis, marimbas, apitos, cantares, tudo se confundia numa azáfama barulhenta, festiva, com todo o ritmo e feitiço negro. O momento mais palpitante chegou. Joaquim – todo aprumado, vestido no seu fato branco de gala, cinturão reluzente – escrevia em bom português o seu nome, depois de o Administrador ter dito o significado do acto e despacho de Sua Ex.ª – O Governador – do novo cargo a que Joaquim era elevado.
Todos os chefes de tabanca, e eles eram tantos, assinalaram com uma impressão digital à sua pessoa – que o escrivão da Administração depois cifrava no nome.
Todos os oficiais, civis brancos, etc. serviram também de testemunhas do acto. Malan – régulo de Ingorézinho – não deixou de comparecer com a sua inseparável «Mauser» - e naquela hora – abraçou efusivamente o seu colega. Qual deles o mais dedicado, o mais fiel!... Falaremos oportunamente do Malan…. e do seu braço direito – o filho e herdeiro do regulado – Sambazinho. Tudo terminou e Joaquim era efusivamente felicitado.
Nesta altura os tamboreiros e todo o exótico da barafunda instrumental negra entravam mais entusiasticamente na barulheira. Debaixo dos cajueiros um caldeirão astronómico cozinhava o arroz que seria distribuído a todos os visitantes.
A tropa dançou, todos se divertiram e tudo acabou com a distribuição de lembranças, guloseimas, etc., que o nosso Comandante de Companhia teve a feliz ideia de encaixar na mesma festa; e para coroar o termo da mesma, para dar uma ponta de alegria e, vamos lá, até de bom gosto – saiu a eleição da «BAJUDA DE RONCO».
Ao concurso apresentaram-se várias candidatas, as duas primeiras – SALÔ E MOSQUEVA – foram a 1ª e 2ª misses, e receberam lenços e mais roncos das mãos do nosso Comandante, e as restantes, lembranças do mesmo teor dos Alferes, com a retribuição final duma beijocada. E para terminar fica-nos que a “mama firmada” e pujança de SALÔ venceram a feminilidade e o rosto cândido da esguia e delicada MOSQUEVA.

“ÓKEY”
Pseudónimo de Ramiro Fernandes de Figueiredo
Ex-alf. Mil. Médico da CCaç 462 – Ingoré
In «Jornal da Caserna» da CCaç. 462 de 9 de Maio de 1964


BAJUDA DE RONCO
Várias são as concorrentes.
Não senhor – não havia pentes…
Só bajudas, virgens e sem tangas
Sim, todas eram giras e honradas
Não usavam cabelos cortados rentes,
Apesar de haverem algumas fanadas.
Vestiam panos e corpetes longos
Todas carregavam roncos
Não fossem elas Cassangas!...
Nalgumas são artífices as tranças e risquinhos
No cabelo há o pauzinho p’ra espevitar os dentes
É o uso destas gentes…
Rodeiam-no bolsinhos de coiro
Talvez um costume moiro,
Para nele meter os mézinhos.
Tudo correu com agrado geral;
Lenços, fios e roncos são as ofertas
É tudo ao abrigo da psico-social.
Fazem-se fotografias mestras
Das bajudas, dos beijos…
Da miss de eleição certa
E também de bofetadas lestas.
SALÔ – “mama firmada”
De aspecto mais ousada
É a primeira indigitada.
Mosqueva, por não ser tão avantajada
Fica para segunda
Apesar de mais franzina e delicada.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A história local

Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina
.....

Parte do que está à vista no Cabeço do Vouga


"Obscuros" anos 60

Na página 19, do Guia da Estação e do Visitante, da Estação Arqueológica do Vouga, sítio da Mina, editado pela Câmara Municipal de Águeda, consta esta passagem, como deixamos explícito na última intervenção sobre este assunto:

«Se os anos 40 marcam o início dos trabalhos arqueológicos no Cabeço do Vouga, a falta de um projecto que previsse a continuidade dos mesmos conduziria ao abandono, tanto mais grave dado que agora havia um núcleo significativo de ruínas à vista, sem qualquer tipo de protecção, o que acarretaria uma certa desagregação das mesmas.
Só nos anos sessenta o interesse pelo sítio se renovaria, embora de pouca dura.
Sob a direcção do Dr. Mário de Castro Hipólito, docente na Universidade de Coimbra, no ano de 1966 tem aqui lugar mais uma intervenção arqueológica que consiste genericamente na abertura de valas de sondagem, cortes no talude e a escavação de uma das estruturas semicilíndricas.
Eventualmente foram colocados pontos de argamassa à base de cimento, como ainda hoje se pode observar em algumas estruturas postas a descoberto nos anos 40, por Rocha Madail.
Quanto aos resultados arqueológicos desta intervenção, mormente os materiais escolhidos, nada se sabe, tendo-se perdido tudo - nenhum registo foi publicado, relatórios ou qualquer outra informação que fornecesse elementos para a compreensão do sítio, trabalho baldado que espoliou a estação arqueológica, não tendo servido qualquer propósito científico.»

A seguir a estas descrições históricas, são feitas minuciosas considerações das intervenções ali feitas a partir de Julho de 1996, tendo-se verificado uma grande evolução, ao nível técnico, científico e de protecção das ruínas ou o que delas resta.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A história local

As Meninas Mascarenhas

O livro - II


A história que começamos a contar há já uns tempos atrás, sobre a família das meninas Mascarenhas, que residiram no lugar do Sobreiro, a qual foi transformada em livro escrito pelo Dr. José Joaquim da Silva Pinho, do lugar de Jafafe, amigo íntimo do Visconde de Aguieira e daqui passou para um livro por iniciativa editorial do Jornal «Valongo do Vouga» de que foi director o Rev. Padre António Ferreira Tavares.
Após o introito histórico, avançamos com um breve resumo. O morgado do Sobreiro, Joaquim de Mascarenhas Mancelos Pacheco, casado com Maria Carolina Bandeira da Gama, cuja família era oriunda de Vale de Besteiros, Tondela.
Este livro é um manancial histórico e apaixonante com emoções até à comoção que se viveu naquele tempo. Decorria oano de 1846. Como já afirmei aqui, impossível, por várias razões, entre elas as de volume do texto, transcrever essa história completa. E também por uma questão de respeito pelos autores.
Vamos, assim, dando esporádicos apontamentos, entre eles, este:

*****

«Joaquim Mascarenhas tinha índole diversa das inclinações da esposa, e dizia que os irmãos dela, se pudessem, pela natural influência do sangue e da criação, tentariam algum esforço para subjugarem o seu espírito de mulher, obrigando-a a sair para uma vida social mais agitada e moderna. Os irmãos de D. Maria Carolina eram rapazes briosos, estouvados, cheios de ardor e ímpetos, que marcavam um lugar escolhido e singular em toda a parte onde estavam.
O nome dos Bandeiras chegou aos nossos dias envolvida em um estranho ambiente de irrequieta audácia que o fazia simpático até no ânimo das pessoas que só o conheciam de ouvir contar proesas e façanhas de uma mocidade ardente e vitoriosa. Os Bandeiras são fidalgos de excelente raça. Vem muito detrás a nobreza da sua família. Bandeira, na heráldica portuguesa, quer dizer valor, desprendimento e heroísmo. Conhece-se a linda história do seu grande avô, o escudeiro Gonçalo Pires, esse esforçado paladino da honra e da pátria que obrou na batalha de Toro a acção prodigiosa de arrancar das mãos dos castelhanos a bandeira de Portugal que Duarte de Almeida, o seu intrépido alferes, defendera destemidamente em um turbilhão de lanças, sustentando o estandarte Real na mão direita, cortada por uma cutilada, e depois na esquerda, também cortada, e depois preso nos dentes, resistindo, resistindo sempre, até cair no campo da luta, quase morto. Os castelhanos levaram a bandeira portuguesa para o seu arraial como troféu de vitória, mas o bravo escudeiro arrebatou-a das mãos dos inimigos e regressou ao seio das legiões de Afonso V empunhando o lábaro glorioso da sua pátria. Foi um rasgo sublime o feito desse valoroso Gonçalo Pires que recebeu em pleno campo de batalha, pela voz do rei que a comandava, o direito de usar do sobrenome generoso de Bandeira. Gonçalo Pires da Bandeira é um dos melhores nomes da história militar portuguesa.»

*****
A seguir a este naco de história, pretendemos passar mais à frente, e resumir as peripécias das Meninas, filhas de Joaquim Mascarenhas, que fez com que o Visconde de Aguieira jurasse no leito de morte daquele, que seria o seu tutor e que casaria com a Maria Mascarenhas. Vamos tentar recomeçar por aqui, após a saída agitada do convento de Sá, em Aveiro, hoje quartel da GNR, onde as meninas foram recolhidas durante algum tempo, a fim de receberem uma educação conducentes ao seu tempo e condição social. Aquele local de Aveiro, era, naquele tempo, considerado arredores da então vila.
A tutoria das meninas foi a causa da maior disputa familiar jamais verificada na freguesia de Valongo do Vouga e arredores. E até, também, em Torredeita. Houve negociações entre as famílias, mas nenhuma delas condescendeu às respectivas propostas. Deste modo, como dizia o Dr. José Joaquim da Silva Pinho na narrativa que escreveu, «Era uma luta que se iniciava e que, depois, se desenvolveu em lances de perigo e assombro. Ambas as partes faziam preparativos de guerra. Ambas compreendiam a situação. O facto culminante era a posse das órfãs. Quem ficasse com elas venceria.»

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal

Cidade de Belém de Judá

Os Magos do Oriente - V


No seguimento do que aqui se tem dito sobre os Magos, há um monte de teorias que dificlmente se podem concretizar em factos absolutos e irrefutáveis. Uma coisa, penso, que me pode ter convencido em todas as pesquisas efectuadas. A sua existência.
Na Bíblia que tenho citado, há até uma anotação na página 912, livro dos Salmos, salmo 72 (71), que referindo-se ao versículo 10, aponta que Társis poderá ser Tartessos, no extremo ocidental, no sul da península Ibérica (ver salmo 48,8; Gn 10,4; 1Rs 10,22). As ilhas são os países do mar, ilhas e continentes (Is 40,15; 66,19). Sabá fica no sul da Arábia (1 Rs 10,1; Jn 1,3) e Seba poderá localizar-se no nordeste africano.
Penso que aqui pode estar um pouco da história que se conta àcerca da sua proveniência, como disse em capítulos anteriores (europeu, asiático e africano). Mas não serão coincidências?
As descobertas arqueológicas, segundo outros especialistas pouco lidos pelo comum dos portugueses, apontam a sua existência e sepultamento, cujos restos mortais terão sido transportados para Itália (Milão no século V) e depois trasladados finalmente para Colónia, na Alemanha, que, como já disse se supõe estarem ali desde 1163.
Também não deixa de ser curioso este apontamento que encontramos em acidigital.com, quando se refere à estrela:
«Em 17 de Dezembro de 1603, Johannes Kepler, astrónomo e matemático da corte do Imperador Rodolfo II, de Hasburgo, ao observar com um modesto telescópio do castelo de Praga a aproximação de Júpiter e Saturno na constelação de Piscis, perguntou-se pela primeira vez se o Evangelho não se referia precisamente a esse mesmo fenómeno. Foram feitos grandes cálculos até descobrir que uma conjunção deste tipo ocorreu no ano 7 a.C. lembrou também que o famoso rabino e escritor Isaac Abravenel (1437-1508) havia falado de um influxo extraordinário atribuído pelos astrólogos hebreus àquele fenómeno: o Messias tinha que aparecer durante uma conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Piscis. Kepler escreveu nos seus livros a sua descoberta, mas a hipótese caiu no esquecimento, perdida o seu imenso legado astronómico».
Quanto ao número, há outros especialistas que auguram não só três pessoas, mas numa pintura de S. Pedro e S. Marcelino, mostra dois; num outro lado, parece que numa pintura de um cemitério, aparecem quatro; num grande jarro do Museu Kircher, são oito; e há ainda um outro apontamento que li em que se admite terem sido doze os que adoravam o Menino. Tudo não passa de suposições, ligadas à arte.
Para que não nos percamos em hipóteses, há algumas situações conclusivas deste trabalho incompleto e modesto. Por um lado, parece tornar-se claro que tais pessoas existiram, mas sem certezas quanto ao número. As origens, também não estão muito concretamente definidas, mas certamente que seriam oriundos de qualquer império dos Partos, ou da casta sagrada dos Medos, ou seja, pessoas com conhecimentos e influência daquelas culturas.
Que terão regressado por outro caminho, admitindo-se a hipótese de tal regresso ter sido pelo Jordão, da tal forma que se desviassem de Jerusalém e Jericó; ou então fizeram um rodeio para o sul, através de Berseba, hoje rota de Meca no território de Moab e Mar Morto. Diz-se que depois do seu retorno à respectiva pátria, os Magos foram baptizados por S. Tomás e trabalharam muito na propagação da fé em Jesus Cristo. (http://nsrasallette.org.br/ entre outros).
Deve dizer-se, a terminar, que a literatura opinativa brasileira sobre esta matéria, cada qual a pretender evidenciar-se nas suas teorias, é bastante profusa.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Natal

É com este instrumental da mais conhecida, cantada e tocada música de natal (Adéste Fidéles), que aqui faço votos aos que por cá passam que, na medida do possível, possam viver esta quadra de santas festas, todos os dias do ano, com muita saúde, paz e alegria. Porque a nossa esperança está a chegar! E também um melhor ano que aquele que passou...

Abraços a toda a gente, indistintamente e sem omitir ninguém, amigos ou indiferentes, porque inimigos não há...

JM Ferreira

A subversão da religião

Em maré de natal


Já que os últimos post's são dedicados à quadra que estamos a viver, penso adequado e oportuno aqui deixar a opinião de um conceituado filósofo e teólogo, Anselmo Borges, no Diário de Notícias, cuja leitura pode completar aqui...
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Nos últimos tempos, a atenção voltou-se para o que não é de modo nenhum central, quando se pensa no que ele é e no seu significado: como e quando nasceu, se a mãe era virgem, se teve irmãos e irmãs... Compreende-se a curiosidade das pessoas, mas estas perguntas não vão ao essencial.
Hoje sabemos que Jesus nasceu alguns anos antes da era cristã (entre 6 e 4) - o erro deveu-se a Dionísio o Pequeno, quando no século VI calculou a data do seu nascimento. Provavelmente nasceu em Nazaré da Galileia, onde se criou. Os relatos dos Evangelhos referentes ao nascimento e à infância servem-se de linguagem simbólica para significar o que mais interessa. Assim, a data de 25 de Dezembro foi adoptada mais tarde pelos cristãos de Roma, para significar que ele é o Sol verdadeiro que a todos ilumina. A presença dos pastores e dos magos anuncia o núcleo da sua mensagem: que Deus se interessa em primeiro lugar pelos mais pobres e que não exclui ninguém.
Hoje ninguém intelectualmente responsável põe em dúvida que Jesus existiu. A sua existência é atestada não apenas por fontes cristãs, pois há também textos de Flávio Josefo, Tácito, Suetónio, Plínio, entre outros. O que é preciso compreender é que os textos cristãos, concretamente os Evangelhos, são textos de crentes, que narram a história de Jesus a partir da fé e convocando à fé.
Na vida de Jesus, há um paradoxo. Por um lado, viveu num recanto obscuro do Império Romano, a sua vida pública pode não ter chegado sequer a dois anos, morreu crucificado - a pena de morte mais ignominiosa, aplicada aos escravos. Por outro lado, a sua influência decisiva atravessa a História e mais de dois mil milhões de homens e mulheres reclamam-se ainda hoje do seu nome e confiam nele na vida e na morte.
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In Anselmo Borges, no Diário de Notícias

sábado, 19 de dezembro de 2009

Natal

Os Magos do Oriente - IV



Os Magos do Oriente, diz Mateus, segundo o seu Evangelho, que encontrando Jesus «numa casa» com Maria, Sua Mãe, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra.
Em anotações e algumas explicações de que está recheada a Bíblia, bem como outras publicações sobre este assunto, diz-se que aqueles presentes estão tradicionalmente ligados à Arábia e significavam as dádivas de todos os povos ao Messias esperado, neles se evidenciando a profecia do Salmo 72,10.11.15; e em Isaías 60,6.
Segundo a quase totalidade de exegetas, estes presentes simbolizavam a realeza (o ouro), a divindade (incenso) e da humanidade sofredora de Cristo (mirra). O ouro significa o reconhecimento da realeza de Cristo, além da providência divina para a sua futura fuga para o Egipto, quando Herodes mandaria matar todos os meninos até aos dois anos de idade, em Belém; o incenso significa a fé e já era, como ainda é, usado nos templos para simbolizar a oração e as preces feitas a Deus, assim como a fumaça sobe ao céu; a mirra é uma resina antiséptica usada nos embalsamentos desde o antigo Egipto e remete-nos ao género de morte que esperava Jesus Cristo, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamento do corpo de Jesus (João, 19, 39-40).
Deve-se aos Magos a tradição da troca de presentes. Essa tradição entra nos hábitos humanos (mas não em todos os países), e passa a realizar-se pelo Natal. Quanto a nós, e seguindo os hábitos de muitos países, até entre cristãos, a permuta de presentes é feita no tempo de celebração dos Reis. Até aqui na nossa vizinha Espanha tal acontece. Se foram os Reis Magos (que não eram Reis, como já foi explicado mas a quem se atribui esse título para "confirmar" as profecias que constam do AT àcerca do Messias) que influenciaram o início desta tradição dos presentes, tem alguma lógica que tal seja lembrado na época festiva que lhes é dedicada.
Mas, enfim, é quase impossível modificar isto, pelo menos quando tudo está muito enraizado...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Natal

Fotocromo da Catedral de Colónia, tirada em 1890, dez anos após a sua conclusão
Fonte: Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

Os Magos do Oriente – III

Estamos cientes que o que aqui vamos dizendo sobre os Magos do Oriente serão situações mais banais e correntes, do que coisas novas que certamente estariam à espera. Porém, também me convenço que há por aí muita gente que porventura estará a leste destas coisas. Sendo assim, há que continuar e divulgar o que encontramos.
Vamos rodear algumas ideias sobre os nomes dos Magos e os significados que lhe foram atribuídos ao longo dos tempos. Seriam três? Como já disse, este número está na relação directa do número de presentes. Vamos aos nomes:
MELCHIOR (ou Belchior) - Encontrei ainda o nome de Belquior. Há quem afirme que este nome quer dizer «O meu Rei é Luz.»
GASPAR: - Este nome foi designado o que significa «Aquele que vai inspeccionar».
BALTAZAR: - Quer traduzir esta afirmação: «Deus manifesta o Rei».
Mas também há quem lhes atribua outros significados: rei da luz, o branco, e senhor dos tesouros. Origens também; um seria branco (europeu), outro seria amarelo (asiático) e outro negro (africano). Existem ainda origens, como sendo Melchior, rei da Pérsia, Gaspar, rei da Índia e Baltazar rei da Arábia.
Porquê Magos?
Magos, por se admitir serem astrólogos ou astrónomos. Interpretavam as estrelas, as constelações: E diz assim um autor: «Quando Júpiter se encontra com Saturno na constelação de Piscis, significa que «o Senhor do final dos tempos» aparecerá neste ano na Palestina. Foi, assim, com esta expectativa que os Magos chegaram a Jerusalém e perguntaram aos seus habitantes e depois a Herodes, pelo menino.
E acrescenta ainda: «A tripla conjunção dos dois planetas na constelação de Piscis explica também a aparição e o desaparecimento da estrela, dado confirmado pelo Evangelho. A terceira conjunção de Júpiter e Saturno unidos como se fossem um grande astro, ocorreu de 5 a 15 de Dezembro. No crepúsculo, a intensa luz podia ser vista para o sul, de modo que os Magos do Oriente, ao caminhar de Jerusalém a Belém, a tinham diante de si. A estrela parecia mover-se, como explica o Evangelho, "diante deles"» (Mt 2,9).»
A exegese vê nesta chegada dos Magos o cumprimento de uma profecia contida no livro dos Salmos (Salmo 72 (71), vers. 11) «Todos os reis se prostrarão diante dele; todas as nações o servirão.» E até o versículo 10 daquele salmo, refere claramente esta profecia: «Os reis de Társis e das ilhas oferecerão tributos; os reis de Sabá e de Seba trarão suas ofertas.»
A Bíblia de que nos socorremos e já identificamos, esclarece que o livro dos Salmos são poemas religiosos compostos ao longo de muitos séculos... e que a maioria seja anterior ao Exílio e alguns deles possam ser do tempo de David e ainda outros pouco tempo antes do Novo Testamento.
Resta mais uma curiosidade encontrada. Os Magos separaram-se, e há quem comente que se reencontraram cinquenta anos depois do primeiro natal, em Sewa, cidade da Turquia, onde vieram a falecer. Os restos mortais destes personagens foram trasladados para Milão, na Itália e daqui para Colónia na Alemanha. E é na Catedral desta cidade, que se encontra o túmulo dos Reis Magos.
Portanto, em primeira análise, podemos afirmar que os Magos existiram, tinham um objectivo que os exegetas interpretaram como uma Mensagem Divina.

A seguir: os significados dos presentes.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Festa das luzes

Judeus de todo o mundo celebram o Hanukkah

A festa das luzes, ou Hanukkah em hebraico, assinala a libertação e purificação do Templo de Jerusalém e a revolta contra os selêucidas liderada por Matatias Macabeu e os seus cinco filhos, conforme está descrito no Antigo Testamento.
A revolta terá começado depois de um azedar das relações entre os judeus e os selêucidas, de cultura helénica, que ocupavam o território nessa altura, no segundo século antes de Cristo.
Inicialmente os exércitos ocupantes foram bem recebidos em Jerusalém, tendo garantido aos judeus o respeito pelo seu culto e a isenção de impostos para os sacerdotes e para o Templo.
Durante o reinado de Antíoco IV, porém, a situação alterou-se. As práticas religiosas judaicas foram proibidas e o Templo profanado. A última gota foi uma ordem para que os judeus oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos dos selêucidas. Quando Matatias, um sacerdote, se recusou a cumprir esta ordem, outro judeu aproximou-se do altar para oferecer o sacrifício em seu lugar. Matatias, contudo, aproximou-se do homem e matou-o, fugindo de seguida com os seus filhos e seguidores, e montando uma guerrilha contra os selêucidas e judeus colaboracionistas, que terminou com a libertação de Israel.

Impostos na raiz da revolta
Agora, uma descoberta arqueológica vem dar mais credibilidade a esta história bíblica. Um arqueólogo apercebeu-se de que três fragmentos de pedra que tinham sido descobertas em alturas diferentes, faziam parte da mesma tábua e juntando-as descobriu um decreto real nomeando um cobrador de impostos para as províncias de Israel, com ordens para recolher dinheiro dos templos.
Esta decisão, tomada pelo rei Selêuco IV, reflecte uma alteração radical nas relações entre os ocupantes e os judeus, que teria certamente causado muito mal-estar entre estes, e que explica como é que a situação pacífica da região deteriorou ao ponto de desencadear a revolta dos Macabeus.
Poucos anos depois do decreto Antíoco IV subiu ao trono, radicalizando a hostilidade e transformando o Templo num santuário ao deus grego Zeus.
A festa de Hanukkah recorda ainda a ocorrência de um milagre. Após a libertação do Templo, verificou-se que só havia azeite suficiente para manter a chama eterna acesa por mais um dia. Pela graça de Deus, contudo, a chama ardeu durante oito dias, o tempo necessário para se fazer e consagrar mais azeite para o Templo.
Um candelabro de nove braços é usado durante esta festa, com o acender de uma vela por dia durante oito dias, recordando os dias que a chama ardeu milagrosamente. O nono braço do candelabro, colocado no centro e mais alto que os restantes, é para o «shamash», a vela que é usada para acender as restantes e a que também se pode recorrer para usos seculares, garantindo assim a pureza das outras oito.

In snpcultura que pode ver aqui

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Natal

Os Magos do Oriente - II

Este segundo capítulo sobre os Reis Magos, ou apenas Magos, vai-nos introduzir no aspecto histórico e temporal do acontecimento.
Herodes, o Grande, nasceu cerca do ano 73 a.C. Foi nomeado rei pelo Senado romano no ano 40 a.C. Político hábil e governador cruel, aliou-se aos romanos e aos fariseus, de quem recebeu benesses. Foi ainda um grande construtor de Jerusalém (Mt 2,1). Morreu no ano 4 a.C., podendo fixar-se o nascimento de Jesus dois anos antes.
Não tenho conhecimentos, nem encontrei explicação para este desfazamento de tempo. Mas esta situação está intimamente ligada à mortandande dos inocentes, o que confirma a caracterização cruel e violenta de Herodes, embora com uma base literária comum a outras (por exº Mt 22,7; Ex 22 1,15-16), o que quer dizer que Herodes ao tomar a decisão de exterminar e, no meio, poder encontrar Jesus Cristo e eliminá-LO, significa, de acordo com teorias que por aí encontrei, que o receio de Herodes poder ser destituído, leva-o a tentar subornar secretamente os Magos. Mais; quando decide mandar matar todos os filhos primogénitos com idade inferior a 2 anos, naturalmente que os Magos chegaram, não pouco tempo depois do nascimento mas por alturas daquela idade (2 anos). Assim, significará que Jesus Cristo já seria uma criancinha e não um bebé acabado de nascer ou ainda de meses.
Por outro lado, a redacção do Evangelho de Mateus, em 2,11, diz que «entrando em casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe.» Ou seja, já encontraram Jesus Cristo numa casa e não na gruta onde ocorreu o parto, «porque não havia lugar para eles na estalagem» (Lc 2,7). Esta frase de Lucas encerra interpretações e mensagens teológicas importantes.
Voltemos aos Magos:
Os restantes evangelistas não referem este acontecimento. Nem o número dos Magos nem a sua condição de reis pode ser confirmada. Muito menos os seus nomes. Admite-se o número por equivalência aos presentes entregues; ouro, incenso e mirra. Ou seja, certamente que cada um entregava um presente que hoje tem uma interpretação, os quais só eram dados a quem reunisse condições equivalentes ao seu significado, alguns deles que veremos a seguir.
Os nomes terão sido atribuídos ao longo dos tempos pela tradição cristã, como considerando estarem aqui reunidos os representantes de todo o ser humano, de todas as raças, de todos os povos, diferentes mas sempre iguais quer entre si, quer da sua dependência Divina. Os seus nomes, profusamente conhecidos, eram Melchior (ou Belchior) Baltazar e Gaspar.
Os presentes e outros factos, vamos deixar para um capítulo seguinte, porque se pode, com a extensão do texto, retirar o interesse pela leitura.
Um bocadinho de cada vez, é mais fácil...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Eclesialmente

Música para a Princesa Santa Joana de Aveiro

Conta a lenda que, quando foi o funeral da Princesa Santa Joana, assim já chamada no coração do povo, até as folhas das árvores caíram em pranto.
O director do Ensemble Joanna Musica, Mário Marques Trilha, foi à procura de música barroca ligada à filha do rei D. Afonso V que decidiu enclausurar-se no Convento de Jesus, em Aveiro, de onde irradiou a sua bondade, sobretudo para com os mais pobres. E encontrou “um razoável corpus setecentista de peças ligadas ao culto a princesa aveirense”.
O resultado é este “In Monasterio Aveirensi”, que recolhe uma Missa de Santa Joana, de David Perez, e uma Calenda de Santa Joana, de José Joaquim dos Santos, além de outras duas peças com relação indirecta com a princesa e uma última que é criação contemporânea de Marques Trilha.
Uma grata surpresa, que levaria as folhas que choraram no funeral a rejubilar com a música que aqui se nos revela.
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In snpcultura, que pode ver aqui




segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Natal

Os Magos do Oriente-I

O ano passado pessoas amigas sugeriram-me que fizesse uma espécie de pesquisa sobre os Reis Magos. Diria, para começar, de forma correcta, sobre os Magos do Oriente, que relata a Bíblia através do evangelista Mateus.
Vou tentar obter, através de alguma bibliografia, dados sobre este assunto, que sempre apaixonou cientistas, teólogos, estudiosos bíblicos, enfim muita gente.
Na Bíblia, o único que a este facto se refere, é, como antes se refere, o Evangelista Mateus, em 2, 1-12. Não há, por parte dos restantes evangelistas, qualquer descrição igual ou idêntica a esta. Daí ter suscitado muita curiosidade.
Não sei se serei fastidioso ao transcrever a passagem bíblica referente a este tema, começando assim e, para melhor leitura, omitindo os respectivos versículos. Diz:


Os Magos do Oriente: - Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. E perguntaram: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo.» Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém de Judeia, pois assim foi ecrito pelo profeta:
«E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades da Judeia; porque de ti vai sair o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.»
Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a estrela lhes tinha aparecido. E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes, vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» Depois de ter ouvido o Rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou.
Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonhos para não voltarem junto de Herodes, regressaram ao seu país por outro caminho.

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Esta a transcrição do capítulo 2, do Evangelista Mateus, da Bíblia Sagrada, Difusora Bíblica (Franciscanos Capuchinhos, 5ª Edição, Março de 2006).
A partir daqui iremos desenvolver em alguns capítulos o que sabemos e, principalmente, o que foi sendo obtido. Admite-se, à partida, que não hajam confirmações da existência dos magos, apenas aqui apresentados por Mateus, em que se salienta o quadro histórico do evento, ficando aqui expressamente anunciado o conflito que vai opor o verdadeiro rei e salvador do povo, com as autoridades vigentes no tempo.
Posto isto, voltaremos, procurando seguir uma metodologia concernente à evolução do próprio texto, se possível.

É Natal!

Conto de Natal 2009

Curvado, mais pelo frio do que pelo peso da idade, caminhava apressado, arrastando os pés pela rua molhada, nem sequer sentindo que a água entrava pelos buracos dos sapatos já velhos e rotos.
Fosse esse o seu pior mal!
Tinha perdido a noção das horas e dos dias já há muito tempo, mas esta noite ele sabia qual era, e uma profunda tristeza juntava-se ao desespero da sua vida.
Era noite Natal, não tinha dúvidas, pois bastava olhar para as pessoas que por ele passavam, para perceber isso mesmo.
Enquanto caminhava naquela noite fria e chuvosa, a memória transportou-o para uma sala, onde uma lareira grande aquecia a casa e os corações à sua volta.
Mesmo ao lado da lareira o presépio, feito com todo o esmero, com musgo como deve ser, e com as figuras tradicionais que representavam aquilo que deviam representar.
No canto esquerdo da sala, a árvore de Natal, simples e discreta, porque devia ser o presépio a ocupar o lugar de destaque.
Por baixo da árvore, embrulhos de todas as cores e feitios, os presentes de Natal.
Não tinha a certeza, mas pareceu-lhe que, por debaixo da barba por fazer há tanto tempo, um sorriso se tinha aproximado dos seus lábios.
Pieguices, pensou ele, coisas do passado que já não voltam!

Conto de Joaquim Mexia Alves, no blogue de um camarada de armas na Guiné, que pode ler aqui
Blogue «Que é a Verdade?», com o devido respeito.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ausências

Gripe A? Não!
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Hoje estive ausente. Esta ausência não foi por motivos funestos ou de gravidade momentânea. Antes pelo contrário, foi uma ausência que me provou alguma e boa satisfação.
Não! Não vale a pena estar a dizer porquê. Porquê? Porque não tem interesse. Se fui eu que fiquei satisfeito, venho aqui dizer apenas, por atenção a todos os meus amigos visitadores (e já são tantos!) que não estou doente.
Nem apanhei a gripe A!
Sabem porque digo isto? Porque com a publicidade noticiosa que andava por aí a propósito de tudo e de nada, fazia com que a gente até começasse a pensar que a gripe A (porque é que não lhe deram outro nome, como as antigas, por exemplo a «Asiática»? que matou tanta gente...) se metia dentro de nós com uma facilidade extraordinária. E metia!
Essa publicidade noticiosa amainou um pouco.
Era quase assim; um gajo dava um espirro em Bragança e, pouco depois, todos os noticiários apontavam que tinham ouvido um espirro (quase não sabendo de que origem era proveniente) e, a partir daí, era um ápice a dizer-se que havia gripe.
Que a gripe existiu, existiu! Mas as notícias metiam mais medo ao pessoal que a própria gripe. Vamos lá a ver se isto modifica. Por pessoas de família, dizem-me que, por exemplo, em Inglaterra, onde a coisa esteve feia, quase não se falava nos noticiários em tal matéria.
Como dizia o Raúl Solnado, «feitios...»
Até amanhã... quando a linha de produção bloguista começar a funcionar.
Obrigado a todos, mas esta explicação, na minha opinião, impunha-se.
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Se quer saber de outra visão da gripe, veja aqui...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Fado de Coimbra

Já é conhecida a minha simpatia e gosto pelo Fado de Coimbra. O que aqui é exposto, é de um grupo muito conhecido da nossa praça que se dedica a esta música e constituído por antigos alunos da Universidade. Este mais próximo se torna, porque o seu intérprete é do concelho de Águeda, da freguesia de Aguada de Cima, onde reside. Tem o seu escritório de advogado em Águeda, há muitos anos, e é o conhecido Dr. Jorge Madeira. É também, como não podia deixar de ser, um apaixonado por esta música, diria que única em todo o mundo, para além da excelente voz que ainda apresenta.

A história local

Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina
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Continuamos a fazer uma citação à Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga - Sítio da Mina - em Lamas do Vouga, procurando, desta forma, fazer uma visita guiada àquele local, através da transcrição da brochura editada pela Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, Texto e Imagem de Fernando Pereira da Silva, Design de Pedro Alves/Divisão de Estratégia e Planeamento, Janeiro de 2008.
Desta feita, entramos nas páginas 16, 17 e 18, que tem este sub-título e diz o seguinte:

Mito e "realidade" arqueológica nos anos 40
A informação cartulária e notarial do século XVI refere-se abundantemente à existência de "paredes velhas" no "mons marnelae", posteriormente e, de certo modo, por acção de trabalhos agrícolas e/ou florestais, começa a desenhar-se um quadro de achados avulsos, principalmente cerâmicas de construção romana que acicatam a curiosidade e o espírito panfletário das mentes cultas do séc. XIX.
Figueiredo Vieira é um dos grandes cultores da temática histórica da terra, e talvez um dos que mais clamou pelo estudo das "antiguidades" do solo aguedense, isto na segunda metade do séc. XIX.
Outros autores, a partir de análises mais ou menos literais dos textos latinos, preocuparam-se com o posicionamento geográfico das "talábrigas", tão ao gosto plíniano.
Seja como seja, o facto é que os diversos estímulos, mormente literários, acabariam por motivar nos anos 40, mais especificamente em 1941, a primeira intervenção arqueológica no Cabeço do Vouga, no sítio da Mina.
Sob a direcção do Dr. Rocha Madahil e com o apoio financeiro de Sousa Baptista, ocorreram os primeiros trabalhos arqueológicos no Cabeço do Vouga, no sítio da Mina.
Tais trabalhos incidiriam na identificação da plataforma murada e algumas das construções semicilíndricas, a par de uma outra estrutura interna naquela plataforma, isto numa altura em que se procedia à semeadura de pinheiros.
Estes trabalhos, se têm o mérito incontestado de darem visibilidade às ruínas e servirem de base à sua classificação como Imóvel de Interesse Público (Dec. nº 36383, de 28/7/47), pecam pelas interpretações aduzidas, sem bases científicas válidas; contudo a publicação de uma planta, se bem que muito romanceada, foi um contributo, também ele significativo, para as posteriores investigações que aí ocorreriam.
Das escavações dos anos 40 (1941) e de 50 resultou algum acervo arqueológico, ainda não convenientemente estudado e que se encontra depositado - ou o que dele resta - na Casa do Povo da Arrancada, Valongo do Vouga, e, algum outro, em mãos particulares.
Compreende cerâmica comum e industrial romana, assim como cerâmica de importação, alguns numismas em bronze, a par de outros artefactos também em bronze.
Espólio arqueológico bem pouco significativo, se se atender ao volume do trabalho realizado, contudo, tenha-se presente a época em que aquelas acções se realizaram e a metodologia - ou a ausência da mesma - donde os escassos resultados ergológicos à vista.

A seguir: - "Obscuros"anos 60

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Coisas da Guiné - 18

O regresso
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Por acaso tenho presente todas as datas da minha prestação de serviço militar obrigatório. Mesmo que não as tivesse, a caderneta militar daquele tempo faz a história de todo o percurso que dizia respeito ao seu titular, como é do conhecimento geral.
Fui incorporado em 28 de Janeiro de 1963. Embarquei em Lisboa em 14 de Julho de 1963, no navio Sofala com destino ao CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné), fazendo parte da CCaç 462, tendo desembarcado em Bissau em 21 de Julho.
Embarquei de regresso em 7 de Agosto de 1965, a bordo do navio Niassa, tendo desembarcado em Lisboa em 14 de Agosto.
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Depois há outras pequenas histórias que não faz mal nenhum partilhar, quanto a estas viagens. Comecei pela última (o regresso), embora tenha na forja a da partida para a Guiné, sobre a qual, a 40 e tal nos de distância apetece-me (agora) comentar. Digo entre parêntesis «agora», porque antes não podia, e se o fazia cruel destino me esperava.
Como já disse aqui várias vezes, cheguei à Guiné e estivemos (todos) "alojados" numa escola primária em Bissau, chamada Escola Teixeira Pinto, próximo do Pilão, junto do depósito de água. Ali permanecemos uma semana. Após isso, organiza-se uma coluna auto e lá fomos em direcção ao mato. Armas G3 novas em folha, creio que as primeiras armas automáticas a serem utilizadas. Destino, Ingoré.
Um tormento para lá chegar, a menos de 100 Kms. de distância! Hoje não acontece isso, pela existência das pontes de João Landim e de S. Vicente. O resto da Companhia é distribuído por Sedengal, S. Domingos, Susana e Varela. Uma área enorme. Não vou agora falar de cada uma das localidades. Uma região sempre junto da fronteira com o Senegal. Nesta região, com algumas alterações pelo meio, aqui estivemos durante dezasseis meses. «Na pousada do sossego!»
Na altura em que se começava, com aquele tempo, a pensar na contagem decrescente para o regresso, enfiam-nos na zona de Bula, onde a Companhia que substituimos ficou reduzida a quase metade entre mortos, feridos, hospitalizados, evacuados, etc. (é só para demonstrar o quanto sofreu aquela gente, cuja companhia já não lembro qual era, mas tenho aqui próximo (no concelho) um camarada que dela fez parte, era condutor e chegou a andar pelo ar com uma mina na sua GMC, na estrada Bula-Binar-Bissorã). Todos se interrogavam o porquê, com aquela «idade» de Guiné, terem-nos metido num local daqueles, quando até aí nunca tivemos de dar tiros contra o que quer que fosse.
Pouco tempo lá estivemos. De Bula, fomos ocupar a área compreendida entre Có, Ponate, Jolmete e Pelundo, onde não havia nada que permitisse um mínimo de condições (como outros). Tivemos de fazer tudo a partir do zero.
Passados uns meses, lá fomos novamente de tralha às costas para Mansoa. Para aqui já eu não me desloquei, porque era a permanência para a espera de regresso. Como tinha sido 'aproveitado' para «administrador» da Companhia, como já referi, essa administração era feita a partir de Bissau e então aqui permaneci até ao dia da chegada do Niassa. Inclusivamente estive com o alferes da área administrativa a fechar as contas do BCaç 507, que entretanto tinha terminado a comissão de serviço.
Fiz a lista identificativa do pessoal a embarcar, (que ainda guardo) assinada pelo capitão Luís Manuel das Neves e Silva, que substituiu o Cap. Mil. Jorge Saraiva Parracho, entretanto regressado, entregue nos vizinhos da Amura (QG), e como estava na secretaria, mantinha-me sempre de ouvido alerta para saber quando chegava o barco e quando podíamos entrar.
Um dia chega uma circular a anunciar o facto. Fui o primeiro a ler e fiquei assustado porque não via na lista a identificação da minha Unidade Militar. Tenho um assomo de lucidez e viro a página. Porra, no verso lá estava a CCaç 462... Era a última da lista... que alívio!
Recebida a ordem de embarque, fui o primeiro da Companhia a entrar no navio, após o almoço. Durante a tarde começaram a chegar os meus camaradas de Mansoa. E quando todos iam para a farra, em Bissau, comemorar a felicidade de regressar e gastar os últimos "pesos" que tinham no bolso, desafiaram-me a ir também. Respondi negativamente, porque dali já ninguém me tirava.
Efectivamente foi assim. Já dormi no barco nessa noite até à saída no dia 7 de Agosto de 1965. Quer dizer que terei entrado no navio Niassa, que me transportou até Lisboa, no dia 6 de Agosto de 1965.
Para recordar, acima o postal do Niassa...

A história local

Casa e capela no Sobreiro onde moravam as Meninas Mascarenhas

As Meninas Mascarenhas
O livro - I
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Vista da Quinta d'Aguieira, onde já eram célebres os famosos vinhos no séc. XIX

Este livro foi editado pelo periódico paroquial «Valongo do Vouga», em Abril de 1984, de que era director o Pe. António Ferreira Tavares. Vislumbrando algumas linhas dessa história verídica da freguesia, foi seu autor o advogado Dr. José Joaquim da Silva Pinho, que residiu no lugar de Jafafe, da vizinha freguesia de Macinhata do Vouga.

Na página 325 deste livro, que tem por título «As Meninas Mascarenhas», consta esta última frase: «Jafafe, Março de 1882.» Significa que nesta data aquele causídico acabou de escrever tão interessante, quanto dramática e até um pouco trágica, história. Já lá vão 127 anos!

Não é só uma história mas o contacto para se perceber e conhecer a vida, os costumes, hábitos e, principalmente, os enredos palacianos de uma aristocracia própria do tempo.
As questões que colocaram desavindas duas famílias aristocratas, uma do Sobreiro e outra de Aguieira, tiveram como causa e protagonistas duas crianças, filhas de um Morgado que residia no primeiro lugar, e que este nomeia para tutor, após a sua morte, o seu primo, que viria a ser, mais tarde, o Visconde de Aguieira. Deixava explicitamente determinado no testamento que o próprio Visconde deveria até casar com uma delas, a Maria Mascarenhas.
Há divergências da parte da família materna que procura a todo o transe colocar as filhas sob sua custódia.
Esta história criou bastante curiosidade nas redondezas e até no país, tendo servido de inspiração para o escritor Camilo Castelo Branco, que sobre elas escreveu um romance a que deu o título de «As Meninas Roubadas». Joaquim Álvaro Teles de Figueiredo Pacheco, o nome completo do Visconde, assumiu a sua responsabilidade testamentária após a morte de seu primo e aí começaram os problemas. Vamos ver este naco de prosa do livro referido, na página 26:
«O tutor previa os acontecimentos e acautelava-se. O seu primeiro cuidado foi afastar as suas tuteladas dos sítios de Besteiros [residência dos familiares da mãe das Meninas] onde estavam mais sujeitas à acção violenta de seus tios. Depois, resolveria que destino teriam.
Uma madrugada próxima partia para Aguieira a acompanhar as duas Meninas, que entregou às senhoras da casa, suas irmãs.
Em Aguieira houve uma espécie de conselho familiar composto pelos irmãos e por alguns amigos de Joaquim Álvaro. Eu assisti também. Estava em Jafafe num pinhal miúdo, de espingarda ao ombro, à espera das perdizes. Um criado de Aguieira chegou. Dizia-me que fosse ao Cimo da Rua que havia por lá novidade. Montei a cavalo e fui.»

As Meninas chamavam-se Maria e Casimira de Mascarenhas Teles Mancelos Pacheco e seus pais eram o morgado Joaquim Mascarenhas de Mancelos Pacheco e Maria Carolina Bandeira da Gama, que, como se disse, residiam na maior parte do tempo no lugar do Sobreiro, embora tivessem outra opulenta casa, e onde também chegavam a residir, no lugar de Besteiros, concelho de Tondela.
A esta história voltaremos, pelas curiosidades e pelos enredos que sobre estas mesmas famílias se foram desenvolvendo. Procuraremos, na medida do possível, sintetizar e focar as passagens mais marcantes desta história.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Eclesialmente

Diaconado em Portugal assinala 25 anos
O que é o Diaconado Permanente


O serviço às mesas das refeições – que evoluiu para o que actualmente é designado de actividade sócio-caritativa – caracterizou a instituição do diaconado, ainda na primitiva comunidade cristã de Jerusalém.
Com a passagem do tempo, a Igreja passou a considerar o ministério como uma etapa prévia à recepção da ordenação presbiteral, tornando-o transitório.
O Concílio Vaticano II, terminado em 1965, restaurou o carácter permanente do primeiro dos três graus do sacramento da Ordem. A novidade chegaria à Igreja portuguesa dezanove anos mais tarde.

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Diácono: - Esta palavra significa "assistente" ou "servidor". Foram chamados "Diáconos" os escolhidos para servirem aos pobres da igreja de Jerusalém. Estes começaram a dedicar-se também à pregação. São os auxiliares dos "bispos". Todas estas definições podem ser vistas e interpretadas através das seguintes passagens bíblicas: João 2,5-9 (os que serviam); Actos 6,1-7 (os primeiros sete diáconos foram Estêvão, Filipe, Prócuro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau;) Actos 6,1-7,60 (os mesmos mais a descrição do martírio de Estêvão); 8,5-40; (a pregação e os milagres de Filipe) Filipenses 1,1 (apresentação e início da carta aos Filipenses, sendo citados os bispos e os diáconos. Foi na cidade de Filipos, que se deu início à evangelização da Europa e a carta, juntamente com a carta aos Colossenses e Filêmon, são conhecidas e escritas a partir do cativeiro de Paulo).

Pode ver ainda a notícia e explicações aqui

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O meu dia

Hoje foi feriado bloguista



É verdade. Nos blogues começam a aparecer feriados. E hoje só aqui puz os pés depois das 23:00 horas! Pois claro. Queriam o quê? Que até naqueles dias em que, agora, nos traz mais nostalgia eu estivesse aquele tempo normal de serviço? Não senhor...
Hoje foi o meu dia... transformado em meses... concluídos em anos...
É isso mesmo!
Amanhã vou aparecer com outras coisas, porque hoje foi dia de ramboia. Viva a ramboia!
O quê? Ouvi aí alguma coisa a dizer: «Olha, este passou-se dos carretos»!
É da PDI!

Contradições(?)

O Prémio Nobel da Paz


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sabe que não é comparável a Nelson Mandela ou a Madre Teresa de Calcutá como laureado com o Prémio Nobel da Paz, disse hoje, quarta-feira, o porta-voz da Casa Branca.

Ver notícia no JN por aqui

Um prémio que vem reforçar a sua imagem de lider mundial, depois de ter sido já eleito presidente dos Estados Unidos sob o signo da esperança, sucedendo a um periodo conturbado de guerras que marcaram a era Bush.
A sua nomeação constitui uma verdadeira surpresa, uma vez que o seu nome não constava na lista dos possíveis laureados. O anúncio foi efectuado esta manhã em Oslo e justificado como sendo atribuido a um homem que muito se esforça para unir os povos. A decisão da organização visa distinguir o «extraordinário esforço» de Obama no «fortalecimento da diplomacia» e para a cooperação internacional. “Enquanto presidente, Obama criou um clima diplomático multilateral e recentrou o papel da Nações Unidas. Ele previligia o dialogo e as negocições para resolver os conflitos mais dificeis”. A entrega do prémio, no valor de 10 milhões de coroas suecas, um milhão de euros, é feita tradicionalmente no dia 10 de Dezembro, dia em que Alfred Nobel morreu. Em 1906 Theodore Roosevelt fora já galardoado com o mesmo prémio.

In Euronews, por aqui

PARA FINALIZAR: - Fico surpreendido, talvez como tantas outras pessoas, principalmente pelas resumidas justificações antes expostas a querer demonstrar alguma coisa, onde se diz que fez «um extraordinário esforço», para o «fortalecimento da diplomacia», criando «um clima diplomático multilateral e recentrou o papel das Nações Unidas». Está tudo muito bem. Mas isto é justificável para um prémio Nobel da Paz para o qual ainda não existem resultados palpáveis, demonstrados e confirmados? Quantos prémios não justificou Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela e tantos outros, que confirmaram no terreno as suas acções para depois, sim, poderem ser laureados? Nada tenho contra o homem, que até simpatizo com ele a partir do momento em que apareceu na ribalta política deste globo... mas não percebo este mundo!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Eclesialmente

Advento



Nem medo nem recusa perturbaram
A graça que em Ti cumpre a sua obra:
Ofereceste a Deus aquele silêncio,
Onde habita a Palavra.

Em Ti desponta a aurora da justiça,
O mistério do reino que há-de vir;
A sombra do Espírito que desce
Teu coração preserva.

Por Ti, Maria, Mãe imaculada,
Ao Céu se eleve o nosso humilde canto:
Louvor e glória a Deus três vezes santo,
Por toda a eternidade.

*****

Vem a propósito completar esta leitura com a visualização do vídeo que indicamos no link abaixo. É um pequeno vídeo, sugestivo e interpelativo sobre as desconfianças, a vida, para se poder concluir o que é a confiança. Está ali patente o que era comum entre os judeus: o repúdio da mulher.
Mulher que veio provar que, apesar de ter recusado inicialmente, acabou por não desconfiar e rejeitar a responsabilidade que lhe era pedida e se entregou com esta resposta: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» (Lucas 1,38).
É o tempo do Advento, por isso em vez de desconfiança, a certeza; em vez da recusa a aceitação divina da vida, personificada em Maria, que nos deu a vida por seu Filho.

In snpcultura cujo vídeo pode ver aqui

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Os nossos cantinhos

Cumeada
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Quem conheceu estes arrabaldes do lugar de Aguieira - a Cumeada - era assim denominado por ficar já fora do lugar e situava-se entre pinhais extensos e densos, onde não morava ninguém. Os primeiros ali a chegar e a residir foram o sr. Augusto Miranda (pai do capitão Miranda, lá residente, - a que pomposamente chamava à sua modesta casa, em mosaicos colocados numa parede, a «Praia Miranda»-, o António do Emílio - assim mais conhecido - avô do nosso actual presidente da junta, Carlos Alberto Carneiro Pereira - que se dedicava à agricultura e ia fabricando uns adobes para construção, juntamente com o filho (pai do Carlos Alberto), também Carlos, há pouco tempo falecido.
Falta ainda mencionar uma pessoa e propositadamente a historiamos no fim. Chamava-se António Ferreira da Silva e foi onde criou onze filhos, numa casa feita de tábuas, no local onde hoje reside um dos filhos, Raúl Ferreira da Silva.
Actualmente sabemos e conhecemos o que é e o que representa aquele grande aglomerado populacional.
Para dizer, a terminar, que aquele topónimo não sei donde é originário. Já assim era conhecido no princípio do século XX. Foi ali que nasceram os primeiros campos de futebol como já aqui historiei.
Então, vai daí, existem placas a indicar a sua localização. E uma delas está no centro do lugar de Aguieira, junto da ponte. E alguns «inteligentes» que na sua massa encefálica só devem ter vocação para inventar e fazer o que não devem, não só nesta como em tantas outras que por aí se vêem, lembraram-se - que raio de inteligência - de apagar uma letra e ficou assim como a foto demonstra. Não é que tenha muita influência. Até é capaz de ter alguma graça.
Mas quem queira identificar, fica ali a pensar o que será o «Cume da». O cimo da... o alto da...

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