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sábado, 28 de fevereiro de 2009

REVISTA "VALONGO À VISTA"

Depois contarei o resto da história. Mas antes disso, vamos a um cheirinho sobre o tema acima intitulado. Foi qualquer coisa fora do comum, extravasou limites territoriais da freguesia, correu fama e um êxito estrondoso o espectáculo levado a efeito na inauguração da Casa do Povo de Valongo do Vouga.
Os poucos sobreviventes do ano de 1943, ano em que este episódio se desenrolou, falam ainda com muita ternura e, principalmente, saudade do que constituiu o espectáculo revisteiro denominado «Valongo à Vista»

Foram seus autores o Inspector Arménio Gomes dos Santos, Abílio Quaresma e outros que, certamente, não tendo ficado nas prateleiras da história, nela colaboraram, como foi o caso do prof. Alberto Lopes de Melo, que passou a residir na Vacariça, Luso.
De referir ainda que temos uma lista (talvez incompleta) de alguns "actores" locais que nela tiveram directa participação. Conforme eram conhecidos, assim os vamos identificar. São os seguintes: Fernando Miúdo, Cândido Paz Corga, Maria (?), Almerinda, Olímpia, Maria Bastos, Ester Lopes, Cecília, Anitas, Mabília, Maria Lemos (parece ser Maria da Fonseca Lemos); e ainda, José de Almeida, Norberto, António Almeida, Maneca, Bruno, Manuel Biscoito.
Não sei se omitimos alguém.

Temos em nosso poder, conforme autorização dada pela direcção que há cerca de 30 anos era responsável pela Instituição (Casa do Povo), uma fotocópia da revista "Valongo à Vista". Foi toda transcrita no jornal paroquial «Valongo do Vouga», em vários capítulos. Gostaria de a poder aqui reproduzir, mas falta-me engenho e arte (como quem diz, conhecimentos informáticos), para levar a cabo esta tarefa.
Mas gostaria de, em primeira mão, apresentar a digitalização do livrinho que foi na altura imprimido, cremos que pelo Inspector Gomes dos Santos, no qual está, como a capa que abaixo reproduzimos deixa confirmar, as «Coplas da Revista de costumes regionais, em 2 actos, doze quadros e um prólogo, intitulada Valongo à Vista - Letra de Gomes dos Santos e Música de M. Varela». Coplas, são as canções alusivas a cada quadro, musicadas, alternando com o refrão e apresentadas no final de cada um dos quadros da revista.

Penso que é justo esclarecer que este M. Varela (como era conhecido) se tratava de Manuel da Fonseca Morais, que foi residente em Arrancada e que toda a gente sabia e sabe que na arte dos sons era de inexcedível competência e conhecimentos. Foi sempre um autodidacta em quase tudo, até na música...
E foi por sua causa que hoje temos entre nós o capitão Amílcar da Fonseca Morais, irmão daquele, que reside em Águeda, pessoa que não me atrevo a classificar (pela minha insignificância na matéria), na mesma especialidade dos referidos sons musicais (porque, não confundir, há outros sons...).
Então, se conseguir o que penso, aqui vai, para começar, uma amostra, mal arranjada informaticamente, de um documento um tanto inédito.

Não queria encerrar este capítulo, sem dizer que ao Filipe Vidal, neto do inspector Gomes dos Santos (Filipe Nuno Valente e Santos de Gouveia Vidal, de seu nome completo) emprestei as ditas fotocópias, que as digitalizou e já as cedeu a alguém que, parece, está a fazer um trabalho ou levantamento de algumas particularidades da freguesia de Valongo do Vouga.
Resta informar que tenho em meu poder (encontrei-as há dias, agora que ando a mexer em tudo quanto é papel) duas fotografias dos "actores" da revista, que vou tentar recuperar através de alguém tecnicamente preparado.

CURIOSIDADE DE SANTO ANTÓNIO DE SERÉM

Ao dar uma volta pelas fotos que por aqui tenho e com a intenção de alguma delas poder servir para ilustrar este blogue, deparei com uma que recolhi na igreja de Stº António, em Serém, quando por lá andei e que me despertou alguma curiosidade.

Trata-se de uma legenda que está escrita na pedra, no tecto da entrada daquela igreja e que a seguir reproduzo com a fotografia.

A curiosidade, como vão perceber pela foto, transformada em interrogação, havia de ter uma resposta. O que lá está escrito, pelo menos desde 1813, é em latim (que pouco conheço), mas que tem a ver, se repararem, com o "meu santuário" e indica logo a seguir qualquer coisa que remete para o livro bíblico conhecido por Levítico, capítulo 26, versículo 2.

E é que não me enganei (como se fosse muito difícil!) e lá parti para o Levítico, até chegar àquele capítulo e versículo e encontrei a resposta na Bíblia, mais conhecida pela Bíblia dos Franciscanos Capuchinhos e temos a seguinte tradução:
«GUARDAI OS MEUS SÁBADOS, E REVERENCIAI O MEU SANTUÁRIO. EU SOU O SENHOR» (Lev. 26,2)


Pode aquela gravação na pedra não estar completa, segundo a Bíblia. Mas é esta a resposta que eu procurava para a dúvida das letras gravadas na pedra do tecto da entrada da igreja de Stº António. Efectivamente podemos admitir, sem risco de exagero, que ali está o Santuário do Senhor. E quem gravou aquelas palavras, certamente sabia porque o fazia. Quanto ao resto, não me perguntem porque não percebo nada de latim...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

TOCA A RASGAR! V

PASSAGEM DE MODELOS

Dedicamos cinco capítulos a alguns números de um espectáculo realizado em 1980, no qual participámos com outros companheiros, como temos referido.
O último número desse espectáculo consistia numa passagem de modelos, com bastante sátira e graça, não só na apresentação, como nos comentários feitos a cada um deles. Só podem ser avaliadas na presença simultânea do texto e das indumentárias. São esses comentários que tínhamos guardado e que agora rescrevemos. Resta esclarecer que os mesmos eram apresentados por homens…

*****

PRIMEIRO: - Apresentado por “Becas”
MODELO: - Cinderela
COMENTÁRIO: - Reparem como um árabe se pode transformar numa maravilhosa “Chica”, isto graças às inspirações das costureiras de Carvalhal. O vestido de popelina debruado forma um contraste perfeito com os sapatos de pele de pinguim.
*****
SEGUNDO: - Apresentado por “Tónio”
MODELO: - Cokctaile (era assim que estava escrito)
COMENTÁRIO: - Maria Joaquina vai apresentar um modelo concebido pela tia Rita, tecedeira do Paço; consta de uma blusa de fioco sem mangas… decotada, que dadas as suas reduzidas dimensões, permite o realce dos seios mais volumosos, fazendo lembrar um colete de forças. A sua saia debruada a renda faz um maravilhoso contraste com as meias de vidro e com os sapatos de pele de andorinha, que permite um andar levíssimo.

*****
TERCEIRO: Apresentado por (não consta)
MODELO: - Para funeral
COMENTÁRIO: - À semelhança do que se faz em vários países, agora o luto é o vermelho. Esta ideia esteve presente na concepção do modelo e deste facto são provas evidentes a boina e as meias de vidro, contudo, para não ferir susceptibilidades mantiveram-se os padrões tradicionais europeus casaco de pele de burro manteve a tonalidade preta. A completar a homogeneidade do modelo elegante, saia plissada apoiada na estética pela maravilhosa mala de viagem.
*****

QUARTO: Apresentado por “Hermínia”
MODELO: De fadista
COMENTÁRIO: - Hermínia apresenta de seguida um modelo para o fado. O xaile drapejante contrastando com o seu semi-vestido às bolinhas, adquirem um ar gracioso dos grandes prados do deserto. É uma maravilhosa criação da Carpintaria da Veiga.
*****

QUINTO: - Apresentado por “Carlota”
MODELO: - Valonbro
COMENTÁRIO: - Apresentado por Carlota foi confeccionado pelo pronto-a-vestir Arrancadense, segundo modelo exclusivo da D. Apresentação Magalhães. Reparem que a saia dá para rodar, dizendo aos interessados que o que é bom é para se ver, dá para puxar aos ombros ficando o corpo totalmente à vontade. É mesmo uma gracinha…
*****

SEXTO: - Apresentado por “Felismina”
MODELO: - Para arrancar batatas
COMENTÁRIO: - Felismina apresenta um conjunto com características especiais de ventilação e refrigeração. Os botins, devido às rígidas condições de serviço, serão de carboneto de tungsténio. A saia de pele de galinha recortada, os óculos anti-infravermelhos e ultra-violetas são autênticas obras-primas da ergonomia. O colar de pérolas amarelas serve de camuflagem por se confundir com os malmequeres selvagens. Modelo concebido pelo pronto-a-vestir Pérola da Redondese.

*****

SÉTIMO: - Apresentado por “Auria”
MODELO: - De Verão (Moda para o Alfusqueiro)
COMENTÁRIO: - Auria, vai apresentar um conjunto de verão. Reparem na tonalidade do robe de estilo barroco, contrastando perfeitamente com a estrutura atarracada da personagem. O soutien foi desenhado pelo alfaiate José Pombo, sendo o calção original do Beco. Finalmente os óculos escuros e a mala de pele de crocodilo, colocam como que um ponto final no olho do modelo.

*****

OITAVO: - Apresentado por “Natércia”
MODELO: - Para travessia do deserto
COMENTÁRIO: - Natércia apresenta um modelo concebido nas Levegadas e foi inspirado na anatomia da avestruz. A camisa de alças perfurada e recortada na frente, permite realçar a barriguinha, além disso permite deixar liberdade para ingerir grandes quantidades de líquidos.
A saia de cotim leva um ramalhete de penas de peru… no… aliás na parte posterior que permite acompanhar um bando de avestruzes sem ser reconhecido.

*****

NONO (e último) Apresentado por “Olga”
MODELO: - Traje de noite
COMENTÁRIO: - Finalmente, Olga vai apresentar um extraordinário modelo levíssimo adequado para as noites quentes de inverno. Este modelo concebido pela boutique Linita, de Brunhido, consta de um robe cor de gladíolo e de um “baybidol” de um lilás fantasiante. A colmatar a subtileza do modelo, um esplêndido toucado branco estilo sopeira britânica. A vossa atenção para a Olga.

*****

Um pormenor final: Tenho em meu poder o papel onde se faziam as notas sobre a apresentação, mais conhecido pela cábula. Nessa cábula dizia que o apresentador do desfile era um conhecido e conceituado costureiro francês, vindo propositadamente de Paris, o grande costureiro François Le Duc-que, que domina muito bem a língua portuguesa, melhor que os actores brasileiros. E era feita esta interpelação directa ao “costureiro”:

-Monsieur François – Bonsoir - Dit moi - como veio até cá …
E acrescentava-se, não sei já a que propósito: - “O Agostinho é mais conhecido em França que o vinho do Porto”. Talvez tivesse a ver com o grande ciclista Joaquim Agostinho…
Isto digo eu…

Foto do elenco e do pessoal de bastidores

domingo, 22 de fevereiro de 2009

IMAGENS DA MINHA TERRA - I

Casa que foi do Dr. Mário Pinho, depois Carlos Pinho (filho)-Aguieira
Vista parcial do lugares de Vouga e Mesa

Casinha em Vouga (margem direita do rio)

Ritinha... fofinha, no quentinho!!!

As Flores também fazem bonitas fotos... ou não fossem flores!

Idem, idem... aspas... aspas...


Isto é que é uma estação cá no sítio...

Igreja paroquial (com outro ângulo neste mesmo site)


Formas de receber (uma casa de Aguieira)


O que já foi e ao que está reduzido


Quinta da Póvoa-Palacete (entrada e vista parcial)


Mais Imagens dentro em breve....
Dêm-me tempo para as descobrir...
porque há por aí algumas que ninguém repara nelas!!!

TOCA A RASGAR! - IV

ACIDENTES E ACIDENTADOS

Ideia original levada à cena em 10, 11, 17 e 24 de Maio de 1980, no espectáculo designado por TOCA A RASGAR. Pela extensão não vamos fazer incidir mais comentários, uma vez que os mesmos já foram feitos antes.

Personagens:
Médico, 3 acidentados, apresentando-se um com a cabeça toda ligada, outro com a cara e pescoço ligados e com adesivos e o terceiro com a cabeça ligada, braço ligado, olho negro, braço ao peito e de muleta. O quadro passa-se em duas cenas.

I Cena

(Passa-se à boca de cena, com pano de fundo a dividir o palco e no pano a cruz vermelha com a palavra “URGÊNCIAS” ou “EMERGÊNCIAS”. Após abrir o pano, entra o Médico, de bata branca e estetoscópio ao pescoço. Dirige-se ao público, em termos de quem se prepara para fazer uma palestra demonstrativa de acidentes).

MÉDICO: - Boa noite minhas senhoras e meus senhores. Aproveitei hoje a vossa presença aqui, para que na qualidade de médico do Posto de Primeiros Socorros desta terra, passássemos além das brincadeiras, das comédias de mau gosto e das quadras todas milimetricamente mal centradas, para falar de coisas sérias, educativas, de formação pessoal e não só, enfim procurar que com esta iniciativa outras se possam seguir do mesmo género. E, como na gíria se diz, FIM DE CITAÇÃO…
Vamos falar de acidentes e acidentados. Como sabemos, há acidentes de automóveis, acidentes de motorizadas, acidentes de trabalho, vulgares acidentes e até acidentes domésticos. Cada tipo dos acidentes apontados possui o seu grau de gravidade. Vamos especificamente referir os vulgares acidentes e os acidentes domésticos. Ora, alguns exemplos:
- O burro do dono que apanha um coice do dito.
-Uma criança, que por excessos de cuidados do pai, deu um pontapé numa pedra, esborrachou os dedos só porque o pai lhe disse: “Foge filho do boi vem para o pé do teu pai que ele marra”.
- Um individuo totalmente turbado com a bebida adorada de Baco, numa noite muito quente, em grandes ziguezagues na estrada, choca com alguns obstáculos (postes, candeeiros, árvores, etc.), a cada um deles tira reverentemente o chapéu, pedindo desculpa e de seguida encostado a um muro, fica hipnoticamente perfilado, julgando que assiste à passagem de uma procissão ou de um funeral, mas com o nariz esborrachado e em sangue.
- Um tipo que faz pontaria para um gato tinhoso e acerta na sogra que era uma santa.
- Uma pessoa, despreocupada, que em plena rua tem um acidente no fecho das calças, sendo olhado avidamente pelos feministas e algumas jovens.
Enfim, há tanta coisa que nos pode acontecer, situações banais, como estas que vamos apresentar ao vivo e saber das suas causas.
Temos quatro situações, ou melhor, quatro acidentados. São casos reais sucedidos no dia-a-dia da nossa terra. Convido-vos pois que analisemos estes quatro casos.

II Cena

(O pano que dividia o palco, abre nesta altura. A cena seguinte, passa-se num consultório médico, com mobiliário adequado, uma secretária à direita de cena e atrás uma cadeira, etc. À esquerda de cena estão três acidentados, sentados, cada um ligado da maneira que se descreveu).

MÉDICO: - Ora, como tinha referido, aqui temos os acidentados, concerteza que cada um vítima de um percalço, mas cada um deles diferente entre si. É com estes espécimes exemplares acidentais, que pretendemos alertar as pessoas para certo tipo de acidentes. Estes, já estão meio tratados e em condições de poderem contar a história do seu acidente, passados os momentos emocionais que resultaram.
(Dirige-se ao primeiro acidentado)
Por exemplo o senhor. Sofreu algum acidente?
1º ACIDENTADO: - Tive sim, Sr. Doutor...
MÉDICO: - Conte lá como foi.
1º ACIDENTADO: - Olhe, Sr. doutor, foi um acidente caseiro!
MÉDICO: - Caseiro!? A casa bateu-lhe, caiu ou foi algum tijolo que se desprendeu?
1º ACIDENTADO: - A minha mulher…
MÉDICO: - (Atalhando rapidamente) – A sua mulher… Ah!, já percebi. Um acidente doméstico…
1º ACIDENTADO: - Não, Sr. Doutor, não foi um acidente doméstico. Para mim foi um acidente selvagem.
MÉDICO: - Não percebo!!! (começa a ficar confuso) Ora, dentro de casa, um acidente domesticado, caseiro ou doméstico, ou lá o que é, e você agora diz-me que foi um acidente selvagem. Duma vez, diga lá se o acidente foi em casa ou no jardim zoológico…
1º ACIDENTADO: - Eu explico. A minha mulher que até há pouco era uma santa parecia um leão a atirar-se à vítima, que sou eu, e conseguiu partir cinco vassouras!
MÉDICO: - E você diz que conseguiu partir cinco vassouras?! Mas partiu as vassouras ou partiu a sua cabeça?
1º ACIDENTADO: - As vassouras, Sr. Doutor, tenho a cabeça muito dura!...
MÉDICO: - (para o público) Ora vejam que fatalidades destas só com pessoas domesticadas, perdão, só com homens de barba rija… queria dizer, de cabeça dura. E vejam também o prejuízo só em vassouras! Neste caso, recomendo cuidado com a força das vassouras.
(Depois dirige-se ao 2º acidentado): - E o senhor é doméstico ou selvagem?
2º ACIDENTADO: - Perdão, Sr. Doutor, veja lá como trata as pessoas…
MÉDICO: - Desculpe, as minhas desculpas. Eu queria saber… queria dizer, se o senhor ainda tem cabeça…
2º ACIDENTADO: - O senhor, como médico, fica mais transtornado que eu. Eu tenho cabeça, mas ia ficando degolado…
MÉDICO: - Oh meu Deus. Mas que acidentes eu havia de ter aqui hoje. Quer dizer que lhe iam cortando o pescoço, ou melhor, queriam tirar-lhe a cabeça do sítio, mas mais por baixo?
2º ACIDENTADO: - Não senhor doutor, mas quase…
MÉDICO: - Quase?! Ó homem explique-se, explique-me e explique a todas as pessoas para se acautelarem…
2º ACIDENTADO: - Está bem, eu explico. Foi um acidente de barbearia…
MÉDICO: - O quê? A esta hora não pagou ao barbeiro… Olhe, quem era e como foi?
2º ACIDENTADO: - Ontem, o Zé Corga, barbeiro, estava com soluços…
MÉDICO: - Esta é grossa! Soluços, navalha, serviço caro concerteza e ainda por cima sujeito a estas consequências. Neste caso (dirige-se ao público) não há nada a fazer, mas aconselhamos um seguro de acidentes contra navalhas de barba.
(Dirige-se ao terceiro acidentado) – E o senhor, cortaram-lhe na casaca? Perdão, como foi o seu acidente?
3º ACIDENTADO: - Olhe, Sr. Doutor foi o resultado de um encontro…
MÉDICO: - Ah! Negócios de saias. Então costuma ver o Dacin Days. Isto é o que se chama um doce acidente. Foi descoberto, apareceu o marido dela ou a sua mulher…
3º ACIDENTADO: - Não Sr. doutor foi com um tipo…
MÉDICO: - Percebo. Ao ser descoberto, a doçura tornou-se fel e vinagre… e você fica nesse estado.
3º ACIDENTADO: - Ó Sr. Doutor, eu ando metido num negociozito de… relógios. Enfim, sabe como está a vida…
MÉDICO: - (Aparte) Já te trato da saúde. (Alto) Tal como com os outros não estou a perceber. Então um simples relógio pô-lo nesse estado?
3º ACIDENTADO: - Eu vendi o relógio a um amigo, porque estas coisas só se vendem aos amigos. Ao outro dia o relógio deixou de trabalhar…
MÉDICO: - Já percebi. Discussão, palavra-puxa-relógio, corda partida, você aguentou e ficou nesse estado…
3º ACIDENTADO: - Também lhe digo. Eu ganho a vida honestamente, mas há por aí alguns concorrentes que às vezes precisavam do mesmo que eu…
MÉDICO: - Para você ficar nesse estado, como ficou o outro?
3º ACIDENTADO: - Ficou no hospital…
MÉDICO: - Caramba! Deram a meias valentemente…
3º ACIDENTADO: - Não Sr. Doutor, ele é lá enfermeiro…
MÉDICO (dirigindo-se ao público): - Ora aqui temos três tipos de acidentes, cada qual com as suas causas, mas com resultados iguais.
VOZ DA PLATEIA: - Mas você falou em quatro acidentes! Onde está o outro?
MÉDICO: - Não falta nenhum. Sim senhor, ainda bem que lembrou que até no quarto podemos ter acidentes. Quem diz num quarto, que é um compartimento de pequenas dimensões, até neste compartimento que é o meu consultório podemos ser vítimas de acidentes. (dirige-se à secretária) Desculpem, um momento só. Vou prescrever alguns medicamentos que possam aliviar o sofrimento destes pacientes e o recibo para mandar para a Caixa. (escreve… depois dirige-se a cada um dos acidentados) Pronto, meus amigos. Tomem esses medicamentos, podem ir ao Zé Falcão aviá-los e se ele não perceber a letra que me telefone. E aqui estão os recibos para mandar para a Caixa. São mil escudos a cada um...
OS TRÊS ACIDENTADOS SURPREENDIDOS E AO MESMO TEMPO: - Mil escudos ???!!!
MÉDICO: - A Caixa sempre dá 150$00!
OS TRÊS ACIDENTADOS: - Ai sim, então aí vai o quarto acidente !!!

(Atiram-se ao médico, que cai no chão, enquanto lhe batem. Passados momentos fecha o pano).
Nota: - Não temos fotos deste episódio

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

TOCA A RASGAR! - III

RÁDIO FERRADEIRA
O espectáculo que um grupo de pessoas levou a efeito na Casa do Povo de Valongo do Vouga em 10, 11, 17 e 24 de Maio de 1980 (repito) que em páginas anteriores já referi, consistia num programa que era composto pelos seguintes números:
- JULGAMENTO NO SAMOUCO (Comédia em 1 acto)
- A VIDA DE UMA CRIANÇA (Poema, já publicado)
- JOGRAIS DE VALONGO (já aqui publicado)
- ACIDENTES E ACIDENTADOS (uma espécie de rábula de minha autoria, que espero encontrar e aqui reproduzir)
- RADIO FERRADEIRA (uma sátira local, plagiando a ideia de um programa de TV de artistas brasileiros, muito popular).
- PASSAGEM DE MODELOS.
- UNS COMEM OS FIGOS… (comédia em 1 acto)
A Rádio Ferradeira, baseado e por inspiração do tal programa de TV de actores brasileiros, foi da autoria do Fernando Vasco Baptista, era interpretado por duas pessoas (sentadas, eu e ele) devidamente caracterizados como locutores de rádio, sendo o texto, para melhor compreensão, repartido pelos números 1 e 2, conforme a intervenção de um ou outro (ou ambos) no texto e no contexto e dando à linguagem o sotaque brasileiro característico. Tinha a seguinte “conversa”:

Foto prontamente e gentilmente cedida por Fernando Vasco Batista (à esquerda)


1 – BOA NOITE!

2 – Convosco Rádio Ferradeira
Aquela que explica
O destino de sua carteira

1 – Embora p’ra você
Seja um troço chato
Tem de concordar
Que não há nada barato!

2 – Curiosidade económica:

Sabia que pelo preço actual
De um litro de gasóleo
Comprava em 1910
Um poço de petróleo?

1 – E… Rádio Ferradeira
Ensinando o destino
Da sua carteira

2 – Por falar em carteira…
V. Ex.ª que passou na rua
Já verificou
Se ainda tem a sua?

1 – (Põe a mão no bolso à procura da carteira e continua)

Se não tiver…
Não se preocupe
Ficou na loja do lado

2 – Na farmácia, no médico
No café ou no mercado

1 – Veja no chão
Veja nalgum buraco

2 – Veja na casa dos vizinhos
Em último recurso…

AMBOS: - VEJA NO BOLSO DO SEU CASACO!

1 – Já que o povo é um bombo
Subiu o açúcar
No Eugénio de Valongo

(Segue-se uma pancada no bombo)

Outra curiosidade económica:

2 – Sabia que pelo preço actual
De uma rodela de chouriça
Comprava em 1917
Uma cabeleira postiça?

1 – E… Rádio Ferradeira
Lembrando os vários destinos
Da sua adorada carteira

2 – Com tudo assim a subir
Mesmo só com pele e osso
Qualquer dia até você
Faz chi-chi pelo pescoço

1 – ÚLTIMA HORA:
Segundo notícias da ANOP
Subiram as bombas
Na Foto-Pop

2 – E agora ao suar do apito
Subiu o vinho verde no Zézito

1 – (apitava)

1 – E… Rádio Ferradeira
Ensinando o destino que leva a sua carteira

1 – Sabia que pelo preço actual dos Diários
Você comprava em 1918
Uma cadeia de aviários?

2 – Ao ouvir um tirinho
Subiram as caras de bacalhau
No Coutinho

(Dar um tiro)

1 – Sobe a fruta
Sobe a marmelada
E a sua carteira
Reduzindo-se ao nada

Curiosidade económica:

2 – Sabia que pelo preço actual de um limão
V. Ex.ª comprava em 1925
Quatro pneus de camião?

1 – E agora ao machucar um pacote de manteiga
Subiu a boroa na Veiga

(Machucar um pacote, neste caso, de margarina)

E… Rádio Ferradeira
Ensinando o destino
Da sua querida carteira

2 – Você que só come sardinha
Provando das coisas boas o aroma
Se quer viver bem ganhando pouco
É muito fácil:

AMBOS: - NÃO COMA!

1 – Ao ouvir o carneiro
Subiu o milho
No António do Ribeiro

2 – Méééé… Méééé… Mééé …

Sobe o grão-de-bico
Sobe o vinho tinto
Sobe o carapau no Porfírio
Sobe o bacalhau no Jacinto

1 – Sabia que pelo preço actual
De uma taça no Horácio
Você comprava em 1920
Um luxuoso palácio?

2 – Ao miar do gato
Corrido pelo cão
Subiu o borato
Na Farmácia Falcão

miau… miau… miau… ãooo… ãooo… ãooo…

1 – Em lerpa falando
Subiram os rebuçados
No café do Armando

2 – E… Rádio Ferradeira
Ensinando o destino
Que tem a sua carteira

1 – Sabia que pelo preço actual de uma camisola
Você agora só pode comer
Uma perninha de santola?

2 – Página de ficção científica:

1 - Vai ser construída
Em local não designado
Uma estação de tratamento
Para óleo queimado.

2 - Este óleo queimado
Em primeira amostragem
Substitui o azeite
Com grande vantagem.

1 – E agora quando o porquinho se lavar
O seu salário vai dobrar

2 – Lava-te porco, lava-te porco, lava-te porco…
(apontando para um porco)

2 – Como nunca nenhum porco se lavou
O seu salário congelou.

1 - E… Rádio Ferradeira
Teve o grato prazer
De fazer ensinar
Como a sua carteira
De um momento pode voar

AMBOS: - BOA NO….TA


FIM

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CASA DO POVO-FRASES NA IMAGEM






































(Estas imagens estão no painel frontal da Casa do Povo e foram (mal) tratadas(quem não sabe mais) com o programa de fotos do Windows)

AS FRASES DA CASA DO POVO

A Casa do Povo de Valongo, como se sabe e já foi dito muitas e variadíssimas vezes, foi fundada pelo benemérito Joaquim Soares de Souza Baptista.
Este homem, que muitos de nós conheceu pessoalmente, era de uma visão muito abrangente e muito virada para os problemas sociais. Que, certamente, o constrangiam...
Guardo para melhor oportunidade uma abordagem sobre este tema, procurando não plagiar o tanto que já foi dito àcerca da sua acção benemerente e sempre indiferente relativamente às pessoas a quem o fazia.

Hoje, ao mexer nas fotografias que aqui estão, dei conta e relembrei algumas das frases incisivas, coerentes, muito objectivas no contexto, conteúdo e interpretação que pretendiam transmitir às pessoas dos anos quarenta (e posteriormente) e que estão afixadas, indelevelmente, na cerâmica dos seus mosaicos, a sua actualidade na época e de mais actualidade agora têm, cujos factos andam por aí à vista desarmada!

Novas instalações administrativas e loja de produtos agrícolas

Hei-de dedicar-me a esse pormenor das frases, mas agora fiquemo-nos por aquelas que estão inseridas no painel ao lado que ilustra este blogue, que a foto não deixa visualizar, logo a seguir ao título VALONGO DO VOUGA, e que são as seguintes;



O QUE A TEUS PAIS FIZERES
O RECEBERÁS DE TEUS FILHOS


Depois, dentro do painel, debaixo de cada um dos símbolos respectivos:


PROTECÇÃO À ENFERMIDADE

PROTECÇÃO À MATERNIDADE

60 ANOS - PEDEM REPOUSO E PROTECÇÃO

ESCOLAS

RECREIO

SOCORRO RÁPIDO

CANTINA


Penso que resta acrescentar a este texto um factor importante; eram as situações que, naquele tempo, se poderiam chamar 'progressistas' e que Souza Baptista já as via na e para a sociedade.

Estas frases davam "pano para mangas" para uma dissertação no contexto de cada uma delas.
Que medite, quem quiser, no seu alcance e interpretação pessoal e social, que não estão ultrapassadas e/ou velhas, quer na sua actualidade, quer na sua aplicabilidade.

Isto digo eu...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O LIVRO DAS...



ACEITAM-SE…

TOCA A RASGAR! - II

A VIDA DE UMA CRIANÇA
Era (e é) este o título de um poema, muito sério, muito sensível (ainda hoje e sempre, infelizmente, no que ao tema respeita) que o Zézito criou (até hoje parece que ninguém reclamou direitos de autor) e declamou de uma forma fantástica no espectáculo a que me referi no capítulo anterior, que, repito, tinha o título ‘TOCA A RASGAR’.
O Zézito parece que ainda é assim mais conhecido e como eu o trato (mas, pormenorizando e respeitando o autor, chama-se José da Silva Ferreira Martins, morou na Veiga e tinha o seu estabelecimento na Póvoa, reside actualmente na Trofa). Assim, toda a gente sabe de quem se trata, creio eu…
Como prometi trazer aqui alguns pormenores desse espectáculo, eis o poema intitulado “A VIDA DE UMA CRIANÇA”, espectacularmente declamado por José da Silva Ferreira Martins. E o Zézito ouviu umas ovações que nem imaginam. Foi verdade. Eu estava lá…


Quando no silêncio da noite te recordo…
Olhando aquela estrela candente
Lembro-me daquele beijo tão quente,
Tão fresco como aquela rosa
Tão meigamente saído da tua boca carinhosa!

E, com aquele beijo, nasceu uma criança…
Que nasce feliz por ter muito amor
Por ter uns pais que lhe dão conforto.
Que evitam que no mundo haja tanta dor
Para que no futuro não vejas tudo morto.

Nasceu uma criança…

E desceu num mundo com estruturas sociais,
Onde os habitantes são todos iguais,
Onde não há guerra nem leis raciais
Onde não há droga nem poderes locais.
Onde não existem doentes nos corredores dos hospitais
Tratados piores que meros animais,
Onde não há hipocrisia nem poluição
Onde não se alimenta a prostituição.

A criança cresce num mundo feliz…

Onde existe a paz, o amor e a verdade
Onde existem ninhos de felicidade,
Onde não há Chaimites mas jardins-de-infância
Onde cada bala é uma rosa sem espinhos
E cada granada uma explosão de tolerância.


A criança cresceu e foi para a escola.
Aprendeu a ler, aprendeu a amar
Aprendeu a dar sem nada receber,
Aprendeu a ouvir sem nunca odiar,
Aprendeu a saber ganhar e a saber perder.

Agora, reparai…
Não são precisas mais crianças iguais?
Se quisermos ver o mundo melhor
Sem ódio, sem dor, sem coisas fatais,
Criai-os assim e dai-lhes amor
Não deixeis criar anos internacionais
Que apenas rendam p’ra comerciais.

Criai-os, amai-os, não os desprezais
Que o mundo precisa é de amor de pais,
O mundo precisa da Vossa compreensão
Para que os vossos filhos não vivam na ilusão.
Não lhes dêem brinquedos de guerra,
Vamos lutar pelo amor e paz sobre a terra
Vamos todos lutar por uma sociedade justa
Vamos todos fazer um mundo melhor?
Vamos… Vamos… Vamos…

sábado, 14 de fevereiro de 2009

TOCA A RASGAR! - I

RELEMBRAR
Nos dias 10, 11, 17 e 24 de Maio de 1980 (já lá vai a módica quantia de quase 29 anos), um grupo de “jovens” com aquele tempo, que agora, para não ferir susceptibilidades e para não correr o risco de alguma omissão (involuntária), não importa mencionar (mas que alguns ao lerem esta transcrição talvez se recordem), levaram a efeito na Casa do Povo de Valongo do Vouga um espectáculo, à moda revisteira, a que foi convencionado chamar-se ‘TOCA A RASGAR’.
Era um grupo muito homogéneo, muito inspirado mas, também, muito sério, brincalhão, explodindo boa disposição por todos os poros. Estas particularidades podem ser provadas pelos escritos que, durante alguns capítulos, aqui me permito rescrever.

Foto cedida por Fernando Vasco Batista (o primeiro da esquerda)

Convém ainda acrescentar que o grupo era conhecido por NAC - Núcleo de Actividades Culturais, inserido na Casa do Povo. Ora, quem parte e reparte… (a informação) vamos começar por apresentar um número que era da minha autoria e de outro companheiro, o “Vasquinho” (ainda hoje assim o trato), cujo nome próprio é Fernando Vasco. Eu escrevi esse número desde o princípio até um certo momento. O Vasco achou graça àquilo e continuou desde esse momento até ao fim.
Parece-me curial lembrar que estes jograis visavam alguma sátira social e outras particularidades de hábitos, costumes e até pessoas, algumas delas já desaparecidas do nosso convívio. Para elas e pelas suas características a minha saudosa homenagem.
Chamava-se esse número JOGRAIS DE VALONGO e foram “construídos “ da forma como segue, num grupo de quatro elementos, todos homens. E começavam…

TODOS:
Minhas Senhoras e meus Senhores
Temos a honra de apresentar
Os Jograis de Valongo
Que vos irão falar.

Vamos fazer a conferência
Na nossa maneira de ver,
Como anda a Freguesia
Na sua forma de viver.

1 – São operárias
2 – São operários
3 – São lavradores
4 – São proprietários

1 – São comerciantes
2 – E industriais
3 – Os que não fazem nada
4 – E outros que tais

TODOS:
Frequentadores de café
Adeptos da bola
Nesta terra há de tudo
Até de casaca e cartola

1 – Vendedores ambulantes
2 – Negociantes de gado
3 – Alguns aldrabões
4 – E cantadores de fado

1 – Há palradores
2 – Sisudos e calados
3 – De risos enganadores
4 – E os que nasceram cansados

TODOS:
Nesta Freguesia rica
Há de tudo um pouco
E de muito berrar fica
Quase tudo rouco.

Há técnicas e técnicos
Ninguém pratica o tédio
De um pouco sabem tudo
São grandes enciclopédias

1 – E não é só isto
2 – Há muito mais
3 – Vejamos as curiosidades
4 – Dos apetites estomacais

1 – Carne de porco
2 – Carne de vaca
3 – Frangos e presunto
4 – Isto toda a gente mata …

1 – Boroa e trigo da Veiga
2 – De sabor divinal!
3 – É a grande especialidade
4 – Desta terra bestial

TODOS:
E amantes de Baco?
De apetites aguçados,
Consumidores de tabaco
Outros chupam rebuçados.

1 – Construção civil
2 – Supermercados
3 – Tascas
4 – Tipos esfolados

1 – Joga-se poker
2 – Joga-se sueca
3 – Joga-se Slots
4 – Joga-se lerpa

1 – E pescadores?
2 – Não é baralhal !!!
3 – Há por cá muitos
4 – Alguns em Carvalhal

1 – O António Matos
2 – E o Eduardo Gaiteiro?
3 – Grandes pescadores
4 – Seja de cacete ou fueiro

1 – O Manuel Pirocas
2 – É fenomenal
3 – O peixe foge
4 – E parte o canavial

1 – A pesca tem avarias
2 – E o Beto bem arrota
3 – Até se dá ao luxo
4 – De pescar gaivota

TODOS:
Mas há outros
Já pescados e ratos
É um regalo vê-los
A pescar nos pratos.

E nestas matérias
Mais havia a dizer,
Mas vamos analisar
Outras formas de viver.

1 – E o que há mais?
2 – Sejamos amáveis
3 – Há coisas bestiais
4 – Há coisas formidáveis.

TODOS:
V ejamos por exemplo
Os nossos Organismos
Até nem estamos
No tempo dos “ismos”

1 – Estamos em democracia
2 – Vivemos em liberdade
3 – Há quanto tempo não via
4 – Tanta amabilidade

4 – Tivemos eleições
3 – E o povo vota
2 – Nem que seja preciso
1 – Andar de porta em porta

1 – A Junta que muito se “estima”
2 – Apareceu em blocos
3 – Só esperamos que não saiam
4 – Todos com os pés tortos

1 – Esta coisa de Junta
2 – Não é situação banal
3 – Tão completa está
4 – Até tem regente musical!

TODOS:
Tivemos o Zé Ferreira
Mai-lo o Zé Falcão
E o Zé Fernandes ainda
Não deram safanão.

Aí vai adivinha
Para matutar
E vejam lá
Se conseguem acertar

1 – Com apenas duas letras
2 – Se escrevem quatro linhas
3 – Nada disto são tretas
4 – Foram quatro maravilhas

TODOS: - Nós ajudamos, nós ajudamos…

1 – Então como é?
2 – Já acertaram?
3 – Não têm um lamiré?
4 – Palermas ficaram!!!

TODOS: - Nós apelamos, nós apelamos…

1 – J. F.
2 – J. F.
3 – J. F.
4 – J. F.

TODOS: - Nós reclamamos, nós reclamamos…

1 – Eu explico
2 – Tem cá uma alegria
3 – Então não vêm?
4 – Foi a Junta de Freguesia!

TODOS:
Mas faltam mais três
É bem verdade!!!
Então quem são,
Na realidade?

Ei-los agora contentes
José Ferreira, scretário espertalhão
José Falcão ex-Presidente
José Fernandes, tesoureiro mandrião.

1 – E os outros?
2 – Quais?
3 – Os de agora...
4 – Os actuais...

TODOS:
Uma maravilha
Na perseverança
O que dará
A santa aliança?

1 – Mas ainda há
2 – Quem acredite
3 – Na doença
4 – Da conjuntivite?

TODOS: - Esperemos que não, esperemos que não …

1 – E a Casa do Povo
2 – O que nos dá?
3 – Um grande salão
4 – P´ra dançar xá-xá-xá

4 – Já passava despercebida
3 – Outra actividade
2 – Que muito está
1 – Na actualidade

TODOS:
Mas esperem
Não se trata d’amores
Muito simplesmente
De caçadores

1 – Esta terra de fenómenos
2 – Tem encantamento
3 – Mas mais parece
4 – O Entroncamento

1 – No fenómeno da caça
2 – Esta é de pasmar.
3 – Algum dia viram
4 – Um melro caçar?

1 – E não fica por aqui
2 – Esta coisa de passarinhois
3 – Também há quem cace
4 – Só com rouxinóis

1 – E o Amigo Chancas?
2 – Tantos como as mães
3 – Quando vai à caça
4 – Nada de coelhos – só cães!

TODOS:
Este Grupo de Jograis
Em perfeita sinfonia
Vai falar dos musicais
Cá da nossa Freguesia.

De pequenino se torce o pepino
- Dizem os mais sabedores –
Por isso há que começar
Pelos “pequenos cantores”

1 – O Sr. Adriano, maestro
2 – Em constante irritação
3 – Manda dois murros no micro
4 – E atira as estantes ao chão

1 – Alto e pára o baile !!
2 – Donde vem este ruído espesso?
3 – Lá está o Sr. Zé Morais
4 – Com a partitura do avesso.

1 – E quando chega o Sr. Augusto
2 – Às vezes mete-nos medo
3 – Quando dá um «mi» agudo
4 – Parte os vidros no Moutedo

TODOS:
Ali, a manter o compasso
Com o bigode em rascunho
Fica o Sr. Amílcar
De maçaneta em punho

Outros há mais controversos
Não escondendo a preguiça.
Fazem da viola gravata
E arranham o órgão na missa.

1 – Por falar no órgão…
2 – O Vasco não está esquecido
3 – Quando os outros tocam em Dó
4 – Ele toca em Fá sustenido!

1 – E o Sr. Neca Morais?
2 – Quer vício tão fraco!!!
3 – Enrola os papéis de música
4 – No bolso do casaco.

4 – Para transportar o saxofone
3 – Sem querer ser drástico
2 – Vamos comprar mala de couro
1 – P’ra substituir o saco de plástico.

TODOS:
Os músicos vão para um lado,
Para o outro a garotada
Disfarçam as catequistas
Berrando em voz esganiçada.

Resumindo e concluindo
Como resultado final
Lá vai o nosso Povo
Para a nossa Catedral.

1 – Nesta ronda musical
2 – Aos craques da freguesia
3 – Não era possível esquecer
4 – A orquestra ex-Cotovia.

1 – Hoje em dia renovada
2 – Toda ela Evolução
3 – Passou do piar da cotovia
4 – Ao roncar de um avião.

TODOS:
À frente vai o regente
Sempre cheeinho de pressa,
Leva o trompete no bolso
E uma pipa à cabeça.

1 – E agora, aqui para nós
2 – É tão esquecido esse tipo
3 – Põe uma aduela no trompete
4 – E uma surdina num pipo!

1 – Então, quem são os outros?
2 – São de fácil dedução.
3 – O Lima, O Zé Vítor e o Jorge
4 – E uma última aquisição.

1 – O Lima de tanto solar
2 – Apanhou insolação.
3 – E o Zé Vítor no contra-baixo
4 – Parece que só come feijão.

1 – Outro salta, esbraceja, gesticula
2 – Qual baterista Evolução,
3 – Atira as notas pela janela
4 – E consegue espetá-las no chão.

RESUMO FINAL – TODOS:

E nesta deambular
Pela nossa freguesia,
Apenas quisemos dar
Um pouquinho de alegria.
Não haja ressentimentos
Nem qualquer reacção,
Porque aquilo que fizemos
Foi de boa intenção.
Não nos anima a ideia
De qualquer derrotar,
Porque já basta
De tanto chorar.
E esta vida são dois dias,
Dois dias a penar,
Valha-nos ao menos isto
Para recrear.

E o que desejamos afinal,
São muitas felicidades
Para todos em geral
E que haja progresso
No nosso torrão natal.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

AGUIEIRA - DOIS LUGARES

O lugar de Aguieira, da freguesia de Valongo do Vouga, esteve dividido em dois lugares, como a maior parte das pessoas sabe.
Vamos explicar: administrativamente o lugar não era formado num só. As ribeiras de Viade e do Covão, que se juntam ali mesmo no centro do lugar, outrora o local de passatempos de jovens e adultos, era a divisão administrativa. Do lado poente ficava o lugar de Aguieira (concelho) e do lado contrário, até ao sítio onde se encontra o cruzeiro era o lugar de Aguieira, do concelho de Vouga.
Depois das ribeiras juntas numa só, vai pelo meio dos campos, dá «boleia» à ribeira do Pedrozelo e junta-se ao Marnel, próximo do apeadeiro de Valongo, quase à entrada da Boca, e pouco depois, também mais abaixo «entra na viagem a Ribeira do Beco, que das proximidades deste lugar, passa ao lado de Fermentões, beija o lugar de Lanheses e segue também em direcção ao Marnel.

É interessante a imagem seguinte retirada do livro “Corografia Portugueza, e descripçam topografica do famoso Reyno de Portugal – Tomo II – António Carvalho da Costa – M.DCCVIII”, no que respeita a Aguieira e que em intervenções anteriores a ele nos referimos:

Respeitando a redacção da época, o que aqui está escrito é o seguinte:
«Tem mais a dita Freguesia de Saõ Pedro de Val-longo, a villa da Aguieyra com cincoenta visinhos, & hũa Ermida de Saõ Miguel, & um Cruzeyro com hũa imagem de Cristo no fundo da villa. Tem Juiz ordinário, & dos Orfãos, Vereador, & Almotacel, que ambos saõ hũa vara, & Procurador confirmados pelo Corregedor da Comarca de Esgueyra, que he o de Coimbra. Dom Manoel de Azevedo e Ataíde he senhor dos foros, & reçoens da dita villa, & seu termo, que he ametade do lugar da Mourisca para o Nascente da dita villa, & para o Poente he da villa da Trofa, & Freguesia do Salvador della. Está a dita villa da Aguieyra metida entre o dito Concelho de Vouga do Norte, & Sul, & do Nascente parte hum ribeyro pelo meyo, que faz a dita divisaõ, o qual se mete no rio Marnel, ficando a villa da Aguieyra para o Poente, & o lugar da Aguieyra, que he do termo da villa de Vouga, para o Nascente.»

Esta é mais uma curiosidade histórica local, digo eu...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO DE SERÉM

Uma deslocação e um desvio até Serém, para revisitar e rever o estado de algumas ruínas de antigos edifícios do que foi o Convento de Santo António de Serém. Penso que a sua designação correcta será Convento dos Capuchos da Província de Santo António de Serém (pág. 157, do livro «Da Corografia Portugueza», Lisboa 1708, digitalizado em Google - pesquisa de livros).
Deparamos com o templo ali existente bastante degradado, mas com muita e valiosa história ainda visível. Se não lhe “deitarem a mão” certamente que tudo o que resta poderá desaparecer.
Verificamos ainda o que foi o dormitório, porque todo o recheio da Quinta (Cerca do Convento) já lhe deram um destino, talvez (não sei), demasiadamente cruel, cortando-lhe todas, ou quase todas as árvores. O que resta lá dentro não se pôde confirmar. E por isso, lá fomos à pesquisa da história do Convento. E não houve grande esforço, porque história deste convento dificilmente se apaga.

Em 1959 e, à falta de outra origem, temos outra vez o Inventário Artístico de Portugal, na parte que nos interessa. Aqui se dá conta de uma extensa redacção sobre o Convento de Santo António de Serém. Respigamos o seguinte:
«Era seu titular Santo António. Pertencia ao tipo dos observantes franciscanos e à subdivisão dos recoletos ou da observância mais perfeita, que no meado do século XVI se constituíra em província de Santo António. Nos primeiros anos do século XVIII esta província subdividiu-se, ficando os conventos da Beira e do Minho a formar a província da Conceição, incluindo este de Serém.»

E mais abaixo, podemos ainda reter esta passagem:
«Resta só a igreja e o pequeno coro que avança do cunhal esquerdo da frontaria. A parte conventual, que deveria ser pobre, foi demolida. A actual igreja não é a do início; deverá datar dos fins do século XVII ou da primeira metade do seguinte.»
E CONTINUA; «O recheio desapareceu praticamente. A gente da povoação vizinha de Serém de Baixo é que, dedicadamente, tem ali mantido o culto e feito reparações.
O retábulo principal segue tipo setecentista final, já sem ornato concheado, mas de magras grinaldas, podendo ser já do século XIX. Conservam-se ainda aí um santo e santa franciscanos.»

DOIS FACTOS CURIOSOS: «Os colaterais da igreja de Macinhata, como ficou dito, foram levados daqui e são do mesmo tipo do principal; posto que tivessem sido alteados, já no convento não poderiam ficar incluídos nos arcos mas só sobrepostos.
Dizem que o principal da Trofa também daqui foi. Poderia ser o do Sacramento e estar no arco do flanco direito. Todavia é necessário verificar medidas; temo-nos deparado com muitas falsas atribuições.»
NO FIM RELATA: «Foram conservadas na cerca pequenas coisas, como dois nichos no tipo de capela-abrigo, com esculturas de pedra, seiscentistas, da Senhora da Conceição e Stº António, além de fragmentos vários.»

No dia da visita ficamos a saber que ainda não há muito tempo esta pequena igreja foi assaltada e até um tanto vandalizada, o que, em certa medida, ajuda sobremaneira a que aquilo que se devia conservar é destruído por imbecis e inconscientes. E assim mais rapidamente.

CAPELA DE BRUNHIDO - A ROSÁCEA

Como já aqui escrevemos, existem na freguesia de Valongo do Vouga alguns resquícios de pequenos monumentos que atestam, como não é necessário repetir, a história muito remota da sua existência.
Faremos, agora, uma referência a Brunhido e à sua capela, dedicada a Santo Estêvão, na qual se encontra uma peça de relevada importância histórica e artística, sendo até, na sua concepção, talvez a única da região. E diz assim, o Inventário Artístico de Portugal, Lisboa 1959, Distrito de Aveiro – Zona Sul, página 48, o que, naquela altura (há quase 50 anos), se encontrava na capela.
“A singela construção actual, provavelmente dos fins do século XVII, mas com diversas reformas, de vãos rectangulares e cantarias em granito, foi precedida de outras. Resta da medieval um óculo a que abaixo nos referiremos.
O retábulo de madeira dourada, cerca do decénio de 70 do século XVII, não é muito comum na região. Divide-se em dois corpos, um principal e outro pequeno, de remate. Quatro colunas caneladas e de terços decorados separam os três nichos. A parte alta, repartida por pilastras misuladas, encerra três pinturas em tábua, de pequeno nível, com os bustos de S. Gonçalo de Amarante, S. Francisco e Stº António.
Justapuseram ao nicho central uma maquineta setecentista que encerra escultura do mesmo tempo, da Virgem e o Menino, obra corrente.
O titular antigo, Stº Estêvão, é pequena escultura de pedra, do século XVII e de pouco interesse.
Numa das paredes da sacristia, a dar luz à mesma, cravaram o preenchimento dum óculo dos séculos XIII-XIV. A rosácea é formada por semicírculos secantes, na ordem externa, tangentes na interna e radiação central; os semicírculos externos procuram sugerir entrecruzamento. Feita em calcário, é exemplar único na região. A seguir à nossa visita, ficando-se ali a conhecer o que ela representava, nas obras de reparação a que procederam, colocaram-na acertadamente no óculo da frontaria, com o que se valorizou."


É o que sobre a rosácea contém e publica a obra a que nos referimos.

* * *

Ainda sobre Brunhido, respigamos de uma digitalização inserida na Internet, cuja origem abaixo identificamos, o seguinte:

«A Villa de Brunhido, que e do Ducado de Aveyro, & desta Freguesia de Val-longo, tem setenta visinhos, & hũa Ermida de Sãnto Estevaõ. Povoa 9. & hũa Ermida do Espirito Santo: Assenha 4. Paço 15. Ribeyro 4. Lomba 3. & Chousa três. Este povo desta Villa, & seu termo está metida dentro do Concelho de Vouga, & tem Juiz Ordinário, & dos Orfãos, Vereador, & Almotacel, que he só hũa vara, & Procurador, todos por eleyçaõ de pelouro, & confirmados pelo Ouvidor de Monte-Mor: Escrivaõ de Camera, & Orfãos, & Almotaçaria proprietário, dous Escrivaĕs do publico, & um Capitão da Ordenança.»

(Da Corografia portugueza, e descripçaõ totpografica do famoso Reyno de Portugal, Tomo Segundo, offerecido ao Sereníssimo Rey Dom Joam V. Nosso Senhor, Author o P. Antonio Carvalho da Costa, Clerigo do habito de S. Pedro, Mathematico, natural de Lisboa.
Lisboa – ANNO DE M.DCCVIII, com todas as licenças, na officina de Valentim da Costa Deslandes, Impressor de Sua Magestade, & a sua custa impresso).

(Respeitada a redacção da época, cujo livro antes citado está digitalizado em http:// books.google.pt/books?q=Corografia+Portugueza\)

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