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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 6

Os projectos de benemerência de Leandro Martins


Palacete da Quinta da Póvoa
Do que sem tem dito sobre Leandro Augusto Martins e como aconteceu com outros beneméritos da terra, também este tinha os seus projectos do que pretendia legar à freguesia onde nasceu a 8 de Setembro de 1862.
Palacete do Visconde de Salreu, conforme site aqui
Quando a 8 de Setembro de 1925 ofereceu um faustoso banquete a muitas personalidades da época, dizia-se que era sua intenção,  frente à Quinta onde acabava de inaugurar o seu palacete, cuja área de terreno já lhe pertencia - parte que depois foi doado ao seu feitor António Pedriano de Vasconcelos, antigo Alveitar de Arrancada e emigrante no Brasil, o chamado «Casarão da Póvoa», onde era costume serem apresentados alguns espectáculos. Nesse espaço, dizia, queria Leandro Martins fazer algumas obras, nomeadamente uma escola de artes e ofícios - factor que terá ficado nas reminiscências da escola que frequentou no Brasil e que aqui queria «copiar».
Também se afirma que o mesmo Leandro Martins, nos terrenos que ficavam frente à Quinta, a seguir àquele Casarão, no local onde Porfírio Resende (tio) teve a sua loja de mercearia e vinhos, pretendia erguer ao que se chamou na altura um hospital, ou centro de saúde, com as condições necessárias para assistência médica à população da  freguesia. Nada existia na época.  Por interpostas pessoas, chegou-nos também a versão histórica que o Conde de Sucena, da Borralha, teria sido empregado da Leandro Martins, no Rio de Janeiro. Não nos parece consistente esta hipótese, porque José Rodrigues Sucena, nasceu em 28 de Abril de 1850, filho de pais lavradores os quais queriam que seguisse a carreira eclesiástica, uma forma de o fazer letrado e instruído graciosamente, ao tempo.
Aos 17 anos (1867), cinco anos depois de Leandro Martins ter nascido, o José manifestou ao pai o desejo de se ausentar para o Brasil, aqui tentando, como muitos outros, a sua sorte. E essa sorte sorriu-lhe até que chegou a construir um grande estabelecimento no centro do Rio de Janeiro, na rua da Quitanga, tornando-se num dos maiores comerciantes de pronto a vestir daquele estado e, segundo as crónicas, do próprio Brasil e da América do Sul. Por tudo isto não é verosímil admitir que tenha trabalhado para Leandro Martins, como foi dito.
Idêntica carreira de vida, quase paralela àqueles, teve o Visconde de Salreu, que chegou a ser quase contemporâneo, nestas andanças da emigração brasileira, de Leandro Martins e de José Rodrigues de Sucena, depois Conde de Sucena, em 1904, obtendo antes o título de Visconde de Sucena em 1899, com que foi agraciado pelo Rei D. Carlos.
Todos estes emigrantes do Brasil tiveram uma coisa em comum: Proporcionaram às suas povoações de origem e respectivas populações condições de vida, de instrução e cultura, que não teriam possibilidades de usufruir se não fossem as respectivas fortunas.
De notar que o palacete do Visconde de Salreu, construído no local onde se situava a casa de seus pais e onde nasceu, é em tudo arquitectónicamente semelhante ao palacete da Quinta da Póvoa, como aqui se pode confirmar. 
Leandro Martins, para  além do seu palacete, não conseguiu realizar os seus projectos, pois, como vamos ter oportunidade de conhecer, a sua vida, após a inauguração daquele, foi relativamente curta.

A seguir: - O falecimento de Leandro Martins



domingo, 22 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 5

1 - A causa da emigração de Leandro Martins
2 - Um dos primeiros timoneiros do Clube Náutico


1 - Sobre a causa e a época da emigração de Leandro Martins para o Brasil, foi-nos verbalmente descrita uma narrativa, pelo que é de admitir alguns lapsos face ao tempo decorrido e porque sobre estes acontecimentos não existem documentos nem outras fontes. Mas a história é interessante. Vamos ver  se conseguimos, também nós, não correr o risco de adulterar, o que será involuntário e sem qualquer pretensão.
Entrada frontal para o palacete (Fev. 2009)
Cata-vento que existiu e aqui quase desaparecido (Fev. 2009)



Leandro Martins teria à volta de 10 anos. Como nasceu em 1862 (em Setembro), calculamos que os factos a seguir descritos teriam ocorrido por volta de 1872. Neste hipotético ano decorriam os festejos em honra de S. Miguel, em Aguieira, como era normal e ainda hoje acontece. Recordamos que no dia 29 de Setembro são celebrados os Arcanjos S. Miguel, S. Rafael e S. Gabriel.
Num desses dias de festa, gerou-se enorme zaragata, como já era hábito na maior parte das festas populares de tempos idos. Essa zaragata deu origem à maior cena de pancadaria que jamais se assistiu por estas bandas.
E, ao que parece, nelas viu-se envolvido o nosso biografado Leandro Martins. Esbaforido, mas triunfante, chegou a casa e contou ao avô o que se tinha passado, e terá exclamado: «Matei um homem!»
Porque na barafunda entravam sempre paus, cacetes e quejandos daquele tempo, houve alguém que terá utilizado na rixa tais 'armas' de defesa. Apurou-se que Leandro Martins não terá tido participação activa e directa em cima dos seus verdes 10 anitos, mas vendo-se envolvido na confusão, talvez tenha pretendido mostrar-se um herói, culpando-se de uma morte que terá ocorrido durante e na peleja.
O avô, pessoa de prestígio e influência viu de imediato que dali poderia resultar alguns problemas com a justiça e as autoridades, pelo que só viu uma saída de solução para o caso, apesar da sua menoridade. Fazer sair Leandro Martins do país e, dadas as circunstâncias de vida e ambiência reinantes e como já seria tradicional, a única que se apresentava verosímil e habitual, era emigrar para o Brasil.
Com uma carta de recomendação do avô no bolso, o nosso «forçado» emigrante foi numa das primeiras diligências que por estas bandas passavam (talvez por Mourisca ou Vouga), em direcção ao Porto e aqui terá embarcado para o Rio de Janeiro.
A preocupação do avô foi a de conseguir libertar o neto de alguns sarilhos, que pudesse vir a ser acusado. Mas, repetimos, pelo que nos contaram, chegou a confirmar-se não ser autor material do fatídico acontecimento. Conta-se que a vítima, no meio da confusão gerada, terá batido com a cabeça no chão e em cima de alguma pedra, que foi fatal. Mas os varapaus e cacetes bailaram pelas cabeças.
Com a recomendação no bolso, para um amigo residente no Rio de Janeiro, antes referido, por este foi acolhido e começou a frequentar uma escola de artes e ofícios. Mais tarde e já em idade de trabalhar, contraiu matrimónio, constituiu família, começando por vender colchões que a esposa confeccionava. E ganhou assim o primeiro dinheiro que o lançaria na indústria de carpintaria e marcenaria (móveis).
Com esta história incompleta e, talvez, amputada, com alguns factos a carecerem de confirmação, passamos à 2ª parte desta história.

2. - A nossa fonte cita que no Clube Náutico Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, residiu outra curiosidade, que consistiu no facto de ser de Arrancada do Vouga, um dos primeiros timoneiros de uma tripulação desportiva náutica, que dava pelo nome de José Duarte. Há uma situação confusa na sua identificação, que ainda não foi possível clarificar, colocando, eventualmente, esta pessoa como membro ou próximo da família de "Joaquim do Adelino", que residiam junto ao celeiro, que existiu na área de terreno onde foram construídas as habitações de Joaquim de Almeida Marques e António Simões Estima, ali residentes, mas sem consistência memorial.
Regista-se ainda que António Pedriano de Vasconcelos e esposa (ou António de Vasconcelos Pedriano), que estiveram alguns anos no Brasil e residiram no local do dito armazém medieval (dos Duques de Lafões), foram contadores destas histórias que muitos terão memorizado.

Conclusão: com as naturais reservas que este tipo de histórias sempre podem constituir, ficam mais umas dicas da situação de vida de Leandro Martins, relacionadas com terras brasileiras.

A seguir: - Os projectos de Leandro Martins para a freguesia.

Ver mais elementos da história de Leandro Martins no Brasil, aqui:
http://www./+/agloriadovasco/+/.blogspot.com/2014/10/leandro-augusto-martins-o-presidente.html




sábado, 21 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 4

Leandro Martins e a inauguração do palacete da Póvoa

Pelo pormenor colocado na descrição do que foi a  festa que este ilustre Valonguense ofereceu a distintos amigos e até, ao outro dia - 9 de Setembro -, aos mais necessitados da freguesia, transcrevemos, mais uma vez, do jornal Soberania do Povo de 12 de Setembro de 1925, uma parte do que então foi escrito:

A foto possível do palacete inaugurado em 8 de Setembro de 1925
"Constituiu uma verdadeira consagração das altas qualidades do nosso distincto conterrâneo e presado amigo sr. Leandro Martins, a belíssima festa do dia dos seus annos, na sua opulenta vivenda na Póvoa d'Arrancada.
Às 11 horas da manhã mandou s.ex.ª resar uma missa na egreja de Vallongo em acção de graças pelo dia dos seus annos e pela protecção que Deus lhe tem dispensado na vida, sendo numerosíssima a assistência. A sr.ª D. Darcilia Martins Teixeira, (filha de Leandro Martins) acompanhada ao órgão pela  srª D. Esther Pinheiro Corga, cantou, com muito sentimento, na sua belíssima voz, uma  Avé Maria e um Salutaris.
Às 6 horas da tarde o sr. padre Celestino de Almeida Branco, digno pároco da freguezia de Vallongo, acolytado pelo sr. padre António Correia Pires, vigário resignatário de Mira, procedeo à benção do palacete.
Os numerosos convidados do sr. Leandro  Martins, que de todo o concelho, e de diferentes pontos do país, foram chegando desde as 3 até às 8 horas da tarde, photografaram-se em grupo.
Apesar da amplidão da elegante sala de jantar da magnífica vivenda da Póvoa, não poude realizar-se ali o explendido banquete, que o sr. Leandro Martins  offereceu aos seus convidados, entre os quaes se contavam senhoras e cavalheiros, da maior distincção, porque a sala não comportava tantas pessoas, sendo a magnífica refeição servida no jardim, junto ao palacete, debaixo de um coberto artísticamente ornamentado pelo sr. Albérico de Lemos, de Albergaria-a-Velha, cujo bom gosto é bem conhecido."

Fica  por aqui uma parte da longa narrativa do jornal Soberania do Povo acima citado, que passa a listar uma extensa identificação de ilustres nomes que estavam presentes na Quinta da Póvoa.
Transcrevemos ainda um pouco de prosa que dizia:

"Ao champanhe o sr. Conde d'Águeda como presidente da câmara e como amigo do sr. Leandro Martins, levantou a sua taça e disse que lhe cabiam o dever e a honra de falar, em primeiro lugar na qualidade de presidente da Câmara, e por isso ia falar em nome do povo, mas como amigo do sr. Leandro Martins que, após uma longa vida de trabalho, não do trabalho material que todo o ser humando era susceptível de produzir, mas do trabalho inteligente e reflectido, que nem todos podem realisar, chegara ao apogeu de uma gloriosa carreira de industrial activo e empreendedor, e vinha  estar entre nós, tendo mandado fazer o bello jardim onde se realisara aquela brilhante festa e ordenado a construcção da linda casa em que habitava, e onde o conforto brotava de cada sala e de cada compartimento, numa profusão de commodidades atrahentes."

E mais abaixo, terminamos esta amostra do seguinte modo:

"O sr. Leandro Martins passava no mundo não a aferrolhar o seu dinheiro conquistado com honra, com tanta honra que, phrase feliz de um conceituado banqueiro fluminense, a sua palavra valia mais do que a sua assinatura n'uma letra de câmbio, e conquistado com inteligente actividade e tão inteligente que S.Ex.ª tinha tinha sabido fundar no Brazil a primeira casa de mobiliário de toda a América do Sul, o sr. Leandro Martins passava no mundo, como dissera um orador, não a aferrolhar o seu dinheiro como um avarento, mas a dispendel-o em meios úteis como aquella casa, onde dera de trabalhar a tanta gente, como a escola de Arrancada de que fora o promotor e para a qual dera em tempo um donativo importante para a época em que teve aquella bella iniciativa, e como a manutenção, desde o dia dos seus annos, de uma cama no Hospital Conde de Sucena para os doentes pobres da freguesia."

De muito mais texto é composta a publicação, que, para não maçar, aqui não vamos reproduzir. É demasiadamente extensa. No dia 19 de Setembro voltou a Soberania do Povo a republicar o que se vem a transcrever-se, porque "o brinde que o nosso director sr. Conde d'Águeda fez no banquete que o nosso ilustre conterrâneo e amigo sr. Leandro Martins offerecera, na sua bella vivenda da Póvoa, da freguezia de Vallongo, aos seus numerosos amigos, sahiu, no último número da Soberania, todo mutilado..."
Por isso, lá foi, outra vez repetido o texto do Conde d'Águeda.
Mas nós ficamos por aqui...
E como há mais factos desta história, continuaremos a publicar o que se passou.

(Respeitada a grafia  da época)

A seguir:
1. - O Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Um dos primeiros timoneiros da tripulação deste desporto, era de Arrancada.
2. - A causa da emigração para o Brasil de Leandro Martins.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 3

A inauguração do palacete da Póvoa


O palacete da Póvoa, actualmente na posse de outros proprietários, foi inaugurado com muita pompa e circunstância (como é hábito dizer-se) no dia 8 de Setembro de 1925. Neste dia, o proprietário que o mandou construir - Leandro Augusto Martins - festejava o seu aniversário natalício. Há uma divergência de um dia, que não constitui problema de maior; outras fontes apontam que o aniversário se verificava a 7 de Setembro. Se houver tempo e pachorra, a este assunto voltaremos, com vista a colocar os pontos nos ii.

No post de 25 de Outubro passado, onde anunciamos dar nota da história desta inauguração, foi colocada a digitalização da notícia da Soberania do Povo, de 5/9/1925. Agora vamos tentar transcrever para ser convenientemente legível o seu conteúdo, respeitando a grafia tal como foi utilizada. E aqui a repetimos.

"No dia 8 do corrente passa o dia do anniversário natalício do nosso ilustre e presado amigo sr. Leandro Martins. N'esse dia inaugura este abastado capitalista e grande industrial do Rio de Janeiro, a sua bella vivenda na Póvoa do Espírito Santo, da freguezia de Vallongo, mandando fazer a benção do lindo palacete pelas seis horas da tarde, e offerecendo em seguida um lauto jantar aos seus numerosos amigos, que virão de differentes pontos do país felicitar o disntincto cidadão, que soube alcançar uma grande fortuna, pelo seu trabalho, pela sua intelligencia e pela sua honradez.
As suas casas de mobiliário no Brazil constituem a mais poderosa organização no genero em toda a América do Sul. É uma honra para todos nós que um patrício nosso tanto se tivesse notabilizado no commercio e na industria do Brasil.
O palacete do sr. Leandro Martins tem todas as commodidades modernas que o bom gosto do seu distincto proprietário soube crear com a prodigalidade que lhe proporciona a sua fortuna.
A banda militar de Infantaria 24 tocará no jardim do palacete desde as 5 horas tarde até às 2 da madrugada, tendo o nosso amigo sr. Leandro Martins requisitado à Companhia do Valle do Vouga um comboio especial para conduzir os seus numerosos convidados até à cidade de Aveiro, logo que termina a encantadora festa. O bello e amplo jardim do palacete será profusamente iluminado a luz electrica.
Ao sr. Leandro Martins cumprimentamos pelo seu anniversario, que sua ex.ª festeja este ano por esta forma, por ser a primeira vez que vem a Portugal depois de concluída a sua magnifica vivenda."

Fonte: - Soberania do Povo de 5 de Setembro de 1925

Essa vivenda ainda está de pé, como é sabido, mas modificada, se comparada a foto original com a moradia tal como está agora. Não vi bem, mas parece-me que se trata do torreão do lado direito.

*****

Esta narrativa presta-se a alguns comentários, talvez despropositados, dirão, mas por que constituem bastante curiosidade para a época e para o nível e forma de vida então vividas.
1 - Uma nota bastante curiosa é a utilização do termo «abastado capitalista», numa época em que proliferava já por toda a Europa a influência dos ventos de leste. Um amigo diz-nos que em seu entender era mesmo assim que a sociedade de então distinguia estas pessoas.
2 - "O palacete tem todas as comodidades modernas ...que o seu proprietário soube crear com a prodigalidade que lhe proporciona a sua fortuna" Pudera! Onde está a admiração? Então o senhor era rico, fez do seu dinheiro o que quis e, dele, distribuiu em trabalho, em dinheiro e em obras que pagou, fazendo movimentar (e bem) a economia local e não só.
3 - Uma terceira curiosidade interessante: alugou à CP - então Companhia dos Caminhos de Ferro do Vale do Vouga - um comboio especial para transportar os seus convidados, que a notícia não menciona, mas que terão desembarcado e embarcado (no regresso) no apeadeiro de Valongo. Só não se especifica também, como é que se deslocaram do Arrável até à Póvoa do Espírito Santo. Já vimos essa notícia, mas admitimos que a estrada ainda não estava pavimentada a "mac adam".
4 - E para terminar. A festa foi abrilhantada por uma banda de música militar, que «esteve de serviço» desde as 5 horas da tarde até às 2 da madrugada. Coitados dos militares, fartaram-se de soprar nos instrumentos as notas musicais, pensamos, até de madrugada! Foi muito tempo e muito reportório!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Gente destas Terras - 48

Souza Baptista
Um regresso ao Brazil


O nome do país não está correcto. Foi seguida a grafia do princípio do séc. XX, como se confirma pelo original que aqui está digitalizado.
E como este original se pode ler com facilidade e clareza, nada mais há a acrescentar.
Isto deixa perceber que o Insígne Benemérito Valonguense, durante o tempo que esteve no Brasil, terá vindo a Arrancada do Vouga algumas vezes. Quantas? Não sei...
Se a notícia da Soberania do Povo de 8 de Novembro de 1924 diz que «regressou ao Brasil» é porque veio visitar a sua terra. Em 1927 retornou definitivamente às suas origens.
E fica tudo dito.
Ah! Interessante seria poder saber - e talvez se consiga - em que altura é que emigrou. Temos várias notícias de emigração para o Brasil dos anos vinte e trinta, algumas com as identificações dos aventureiros. Souza Baptista terá ido antes.
Ontem, como hoje... sempre portugueses pelo mundo...e até quando? Dir-me-ão: sempre!
Ontem os motivos eram uns; hoje são os mesmos. Sempre acompanhados por um sentimento tipicamente português: A SAUDADE.

Nota: - É visível na redacção que foi acompanhado por seu cunhado, João Martins Pereira, que era ao tempo "presidente da Junta de Parochia de Vallongo, d'este concelho".
A notícia está amputada de uma linha, que talvez não adiante ou esclareça qualquer coisa a este facto ocorrido em 1924. Mas ficou registado que neste seu regresso, como benemérito, marcou o seu altruismo,  entregando no Hospital Conde Sucena a importância de 500$000 mil réis.




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Gente destas Terras - 47

Souza Baptista
Em 1929 inicia colaboração na Soberania do Povo

O semanário mais antigo do país, Soberania do Povo, publicava-se aos sábados e era constituído, de acordo com as possibilidades técnicas (e económicas) da época, por duas páginas, passando depois de alguns anos a quatro páginas, evoluindo até ao número de páginas que conhecemos actualmente.

Fonte: Soberania do Povo de 6/7/1929.














Um factor que sempre nos causou certa curiosidade, foi o de poder saber quando é que Souza Baptista iniciou a sua colaboração na imprensa, particularmente neste jornal, como é público. Em 1927 regressou do Brasil, com 53 anos, idade esta que, por lapso, não está correctamente indicada no Jornal Valongo do Vouga, de Junho de 1992, quando reportou as comemorações dos 50º aniversário da fundação da Casa do Povo de Valongo do Vouga.
Pormenorizando:
Nasceu em 1874, do que, parece, não restam dúvidas, tanto mais que há documentos. Escreveu-se que regressou definitivamente do Brasil em 1927. Fazendo as contas, a diferença é de 53 anos que corresponderia, mais ano, menos ano, à sua idade. Faleceu em 28 de Outubro de 1963, com 89 anos completos. Neste dia, de 2013, dedicamos um post a lembrar os 50 anos do seu falecimento, que aqui pode recordar :https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=863622795153613159#editor/target=post;postID=9028367864325172789;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=17;src=link

Durante a sua estadia no Brasil terá vindo à sua terra de Arrancada algumas vezes. Uma delas foi confirmada e da mesma daremos conta em breve.
Porém, o motivo deste é apenas desvendar que a sua colaboração na Soberania do Povo se deu, conforme digitalização aqui mencionada, a partir do número de 6 de Julho de 1929.
O comprovante é este. E alguns artigos iremos aqui também inserir.
Este novo colaborador que a Soberania do Povo anunciava, era identificado pelas letras J. B. Eram as iniciais de Joaquim e Baptista. O seu conteúdo não deixa dúvidas, pois os temas eram aqueles por que manifestava grande paixão: a agricultura, por formação, destacando-se o trigo, principalmente, e o vinho. Chegando a fazer conferências formativas sobre esta actividade, como vamos ter oportunidade de constatar. E a redacção da sua apresentação deixa ver a personalidade que se encontrava debaixo daquele pseudónimo.
Que pode aproveitar a alguém que dele tenha necessidade, pois, parece, que lhe será dedicada adequada biografia, quando a Casa do Povo completar 75 anos de existência, comemorando, assim, as suas bodas de diamante. É aquilo que facilmente se pode admitir. Porque constitui a mais antiga Instituição da freguesia, fundada - e em alguns casos e situações - custeando, a maioria das vezes, o que necessário fosse para que não definhasse à nascença. E assim foi até hoje.

Gente destas Terras - 46

António José Ferreira Bastos - Perdido e achado no Douro, Enólogo por vocação, na empresa Mateus & Sequeira, Vinhos, SA

O Tó Zé, como é intimamente conhecido, mesmo quando ainda frequentava a escola básica (como agora é conhecida, e que também encerrou) fica à frente da casa de seus pais... isso mesmo... ali no Calvário de Valongo, da freguesia de Valongo do Vouga, do concelho de Águeda, talvez não sonhasse que já «fermentava» em si rios de vocação para os vinhos, seguindo o curso universitário de Enologia, acabando por «cair» a estagiar em São João da Pesqueira, e ali «colou» a sua vida (actividade) profissional na empresa vitivinícola Mateus & Sequeira, Vinhos S.A., como sede em São João da Pesqueira em pleno Douro. Reside em Vila Real. Os seus pais - José Costa Bastos e Maria Adelaide Martins Ferreira - continuam a residir lá atrás daquela escola, que pos visita quando a sua agitada actividade lhe dá algum tempo livre, para matar saudades. E a D. Adelaide, toda satisfeita, tem a oportunidade de apreciar enlevada, as agradáveis travessuras dos netos, juntamente com o babado avô, Zé.
O mister do seu trabalho já foi reconhecido a nível nacional e internacional, com diversos prémios e foi contemplado, na Revista CRISTINA, com uma reportagem exclusiva sobre as vindimas, no Douro.
Com a devida vénia à redacção deste já conceituado e prestigiado órgão de comunicação, permitimo-nos respigar algumas passagens, complementado com a digitalização de algumas fotos inseridas nesta reportagem de bom nível.
Com subtítulos "NO DOURO A VINDIMA É MAIS ELEGANTE", "NÉCTARES", "AMOR AO VINHO", e em cada um abordando um tema vincado com as vindimas, o tratamento das uvas, a sua escolha até terminarem todas as operações que contribuam e sejam causa da obtenção de bom vinho,  "o enólogo António Bastos tem a sua  teoria. Assegura que o vinho aproxima as pessoas. Num jantar de amigos é imprescindível. Na cozinha abre o apetite e é de opinião que o vinho está na moda".
E continua: "Todos os dias bebo vinho. Não me lembro de um único dia em que o não tenha feito. Até quando estou doente sabe bem. Tenho vinho de borla e pagam-me para beber... Ou melhor, pagam-me para provar, assim é que é!" (gargalhadas).
Antes explica as várias fases do tratamento da uva e esclarece que desta tudo se transforma, até para fazer as coisas mais estranhas e impensáveis. A matéria prima de que é feito o vinho, tem também aproveitamento para outras coisas, desde as tradicionais aguardentes até aos cosméticos.
É muito interessante ficar a conhecer o que é e como é a vida de um enólogo. Está sempre em actividade, porque toda a gente lhe pede para fazer sempre uma prova, mesmo nas confraternizações em que participa. E para que o trabalho e, consequentemente, para que a empresa tenha sucesso, o segredo é "amor, sacrifício e dedicação."
Já somos consumidores, há anos, da embalagem hermética do «Cabeça do Pote». Outras qualidades superiores, não lhe podemos chegar e já nos damos por satisfeitos com esta.
Aquela reportagem da conceituada Revista, cuja figura principal é um jovem de 40 anos, destas terras, é gratificante sabermos que o Tó Zé se alcandorou ao mais alto nível da produção de vinhos de grande qualidade, a nível nacional e internacional, precisamente no exagerado coração da primeira região demarcada do mundo e Património Mundial da UNESCO. E isto justifica e aumenta a sua responsabilidade e competência.
Aconselhamos vivamente a leitura desta magnífica reportagem. Porque engloba um filho da terra? Mas é claro! Não fazemos publicidade. Enaltecemos o trabalho de quem viu crescer um valor e uma competência local.
Se alongasse mais o que é dito na Revista CRISTINA, afugentava, tornando-se alongado e, necessariamente, fastidiosa a leitura aos meus visitadores.

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