Pelo pormenor colocado na descrição do que foi a festa que este ilustre Valonguense ofereceu a distintos amigos e até, ao outro dia - 9 de Setembro -, aos mais necessitados da freguesia, transcrevemos, mais uma vez, do jornal Soberania do Povo de 12 de Setembro de 1925, uma parte do que então foi escrito:
A foto possível do palacete inaugurado em 8 de Setembro de 1925 |
"Constituiu uma verdadeira consagração das altas qualidades do nosso distincto conterrâneo e presado amigo sr. Leandro Martins, a belíssima festa do dia dos seus annos, na sua opulenta vivenda na Póvoa d'Arrancada.
Às 11 horas da manhã mandou s.ex.ª resar uma missa na egreja de Vallongo em acção de graças pelo dia dos seus annos e pela protecção que Deus lhe tem dispensado na vida, sendo numerosíssima a assistência. A sr.ª D. Darcilia Martins Teixeira, (filha de Leandro Martins) acompanhada ao órgão pela srª D. Esther Pinheiro Corga, cantou, com muito sentimento, na sua belíssima voz, uma Avé Maria e um Salutaris.
Às 6 horas da tarde o sr. padre Celestino de Almeida Branco, digno pároco da freguezia de Vallongo, acolytado pelo sr. padre António Correia Pires, vigário resignatário de Mira, procedeo à benção do palacete.
Os numerosos convidados do sr. Leandro Martins, que de todo o concelho, e de diferentes pontos do país, foram chegando desde as 3 até às 8 horas da tarde, photografaram-se em grupo.
Apesar da amplidão da elegante sala de jantar da magnífica vivenda da Póvoa, não poude realizar-se ali o explendido banquete, que o sr. Leandro Martins offereceu aos seus convidados, entre os quaes se contavam senhoras e cavalheiros, da maior distincção, porque a sala não comportava tantas pessoas, sendo a magnífica refeição servida no jardim, junto ao palacete, debaixo de um coberto artísticamente ornamentado pelo sr. Albérico de Lemos, de Albergaria-a-Velha, cujo bom gosto é bem conhecido."
Fica por aqui uma parte da longa narrativa do jornal Soberania do Povo acima citado, que passa a listar uma extensa identificação de ilustres nomes que estavam presentes na Quinta da Póvoa.
Transcrevemos ainda um pouco de prosa que dizia:
"Ao champanhe o sr. Conde d'Águeda como presidente da câmara e como amigo do sr. Leandro Martins, levantou a sua taça e disse que lhe cabiam o dever e a honra de falar, em primeiro lugar na qualidade de presidente da Câmara, e por isso ia falar em nome do povo, mas como amigo do sr. Leandro Martins que, após uma longa vida de trabalho, não do trabalho material que todo o ser humando era susceptível de produzir, mas do trabalho inteligente e reflectido, que nem todos podem realisar, chegara ao apogeu de uma gloriosa carreira de industrial activo e empreendedor, e vinha estar entre nós, tendo mandado fazer o bello jardim onde se realisara aquela brilhante festa e ordenado a construcção da linda casa em que habitava, e onde o conforto brotava de cada sala e de cada compartimento, numa profusão de commodidades atrahentes."
E mais abaixo, terminamos esta amostra do seguinte modo:
"O sr. Leandro Martins passava no mundo não a aferrolhar o seu dinheiro conquistado com honra, com tanta honra que, phrase feliz de um conceituado banqueiro fluminense, a sua palavra valia mais do que a sua assinatura n'uma letra de câmbio, e conquistado com inteligente actividade e tão inteligente que S.Ex.ª tinha tinha sabido fundar no Brazil a primeira casa de mobiliário de toda a América do Sul, o sr. Leandro Martins passava no mundo, como dissera um orador, não a aferrolhar o seu dinheiro como um avarento, mas a dispendel-o em meios úteis como aquella casa, onde dera de trabalhar a tanta gente, como a escola de Arrancada de que fora o promotor e para a qual dera em tempo um donativo importante para a época em que teve aquella bella iniciativa, e como a manutenção, desde o dia dos seus annos, de uma cama no Hospital Conde de Sucena para os doentes pobres da freguesia."
De muito mais texto é composta a publicação, que, para não maçar, aqui não vamos reproduzir. É demasiadamente extensa. No dia 19 de Setembro voltou a Soberania do Povo a republicar o que se vem a transcrever-se, porque "o brinde que o nosso director sr. Conde d'Águeda fez no banquete que o nosso ilustre conterrâneo e amigo sr. Leandro Martins offerecera, na sua bella vivenda da Póvoa, da freguezia de Vallongo, aos seus numerosos amigos, sahiu, no último número da Soberania, todo mutilado..."
Por isso, lá foi, outra vez repetido o texto do Conde d'Águeda.
Mas nós ficamos por aqui...
E como há mais factos desta história, continuaremos a publicar o que se passou.
(Respeitada a grafia da época)
A seguir:
1. - O Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Um dos primeiros timoneiros da tripulação deste desporto, era de Arrancada.
2. - A causa da emigração para o Brasil de Leandro Martins.
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