Palacete da Quinta da Póvoa |
Do que sem tem dito sobre Leandro Augusto Martins e como aconteceu com outros beneméritos da terra, também este tinha os seus projectos do que pretendia legar à freguesia onde nasceu a 8 de Setembro de 1862.
Palacete do Visconde de Salreu, conforme site aqui |
Quando a 8 de Setembro de 1925 ofereceu um faustoso banquete a muitas personalidades da época, dizia-se que era sua intenção, frente à Quinta onde acabava de inaugurar o seu palacete, cuja área de terreno já lhe pertencia - parte que depois foi doado ao seu feitor António Pedriano de Vasconcelos, antigo Alveitar de Arrancada e emigrante no Brasil, o chamado «Casarão da Póvoa», onde era costume serem apresentados alguns espectáculos. Nesse espaço, dizia, queria Leandro Martins fazer algumas obras, nomeadamente uma escola de artes e ofícios - factor que terá ficado nas reminiscências da escola que frequentou no Brasil e que aqui queria «copiar».
Também se afirma que o mesmo Leandro Martins, nos terrenos que ficavam frente à Quinta, a seguir àquele Casarão, no local onde Porfírio Resende (tio) teve a sua loja de mercearia e vinhos, pretendia erguer ao que se chamou na altura um hospital, ou centro de saúde, com as condições necessárias para assistência médica à população da freguesia. Nada existia na época. Por interpostas pessoas, chegou-nos também a versão histórica que o Conde de Sucena, da Borralha, teria sido empregado da Leandro Martins, no Rio de Janeiro. Não nos parece consistente esta hipótese, porque José Rodrigues Sucena, nasceu em 28 de Abril de 1850, filho de pais lavradores os quais queriam que seguisse a carreira eclesiástica, uma forma de o fazer letrado e instruído graciosamente, ao tempo.
Aos 17 anos (1867), cinco anos depois de Leandro Martins ter nascido, o José manifestou ao pai o desejo de se ausentar para o Brasil, aqui tentando, como muitos outros, a sua sorte. E essa sorte sorriu-lhe até que chegou a construir um grande estabelecimento no centro do Rio de Janeiro, na rua da Quitanga, tornando-se num dos maiores comerciantes de pronto a vestir daquele estado e, segundo as crónicas, do próprio Brasil e da América do Sul. Por tudo isto não é verosímil admitir que tenha trabalhado para Leandro Martins, como foi dito.
Idêntica carreira de vida, quase paralela àqueles, teve o Visconde de Salreu, que chegou a ser quase contemporâneo, nestas andanças da emigração brasileira, de Leandro Martins e de José Rodrigues de Sucena, depois Conde de Sucena, em 1904, obtendo antes o título de Visconde de Sucena em 1899, com que foi agraciado pelo Rei D. Carlos.
Todos estes emigrantes do Brasil tiveram uma coisa em comum: Proporcionaram às suas povoações de origem e respectivas populações condições de vida, de instrução e cultura, que não teriam possibilidades de usufruir se não fossem as respectivas fortunas.
De notar que o palacete do Visconde de Salreu, construído no local onde se situava a casa de seus pais e onde nasceu, é em tudo arquitectónicamente semelhante ao palacete da Quinta da Póvoa, como aqui se pode confirmar.
Leandro Martins, para além do seu palacete, não conseguiu realizar os seus projectos, pois, como vamos ter oportunidade de conhecer, a sua vida, após a inauguração daquele, foi relativamente curta.
A seguir: - O falecimento de Leandro Martins
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