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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 32

Na era da fundação

Os nacos históricos e, actualmente, curiosos, dos primeiros tempos de vida desta Instituição, no limiar das bodas de diamante, continuam a constituir uma lição de estoicismo por parte das pessoas que dos seus corpos sociais faziam parte. De vez em quando, como hoje acontece nas Instituições, lá são despoletados alguns problemas que, certamente, desestabilizam e incomodam, principalmente os que depositam grandes esperanças e confianças naquilo que representam.
Pormenor destacado do painel representativo das
diversas valências sociais da Casa do Povo.
Em 1942, quando a Segurança Social era quase
uma desconhecida, a Casa do Povo e o seu
Instituidor já pensavam que «60 anos pedem
repouso e protecção». Progressismo nos anos 40.
Esta Instituição nasceu num meio bastante pobre. Por isso a sua fundação. Será lugar-comum afirmar-se que se toda a gente vivesse bem, a Casa do Povo ou outra era dispensada, por desnecessário...
Nos apontamentos que ainda nos restam, já poucos, há indícios de que as coisas não corriam de feição, porque em Abril de 1946, a 28 deste mês, há relatos da demissão dos vogais da direcção José Henriques da Silva e Eduardo Vasconcelos Soares. O primeiro aqui recentemente referido, quando foi eleito.
Não são esclarecidas as razões desta situação, mas o prof. João Baptista Fernandes Vidal, que era o presidente da direcção, continuava no seu posto e os novos elementos a eleger, diz a acta, terminariam o triénio em curso, que correspondia ao tempo de mandato da direcção em exercício. Nesta reunião, estiveram presentes 86 sócios efectivos. Proximamente daremos mais pormenores da evolução destes acontecimentos.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Brumas da Memória - 43

Presidente da República em Valongo do Vouga

Este título pode suscitar curiosidade e surpresa. Só para os mais novos. Mas aconteceu.
Tenho por aqui uns apontamentos, já antigos e descobri este que a seguir reproduzo:
16/8/1969 - VISITA DO ALMIRANTE AMÉRICO THOMAZ À HANDY E ANTÓNIO PEREIRA VIDAL & FILHOS, LDA.
Fundada no princípio dos anos 60, séc. XX, foi a segunda
empresa do País a  fabricar cantoneira perfurada, de patente
inglesa. Foi a primeira, no concelho de Águeda, a fabricar
móveis metálicos de escritório. Fabricou também estruturas
para cargas pesadas e prancha perfurada.
Dispensa legenda e explicações complementares. Esta era
parte da secção de fiação e penteados de uma grande
empresa do ramo de lanifícios, António Pereira Vidal
& Filhos, Lda., que chegou a constituir grande
fonte de riqueza local e nacional. Há por aí blogues
com histórias e fotos desta empresa.

Pormenorizando:
Aquela personalidade ocupava o cargo de Presidente da República em 25 de Abril de 1974. Resolveram criar uma Fundação com o nome Salazar, dando origem à Fundação Salazar, como é óbvio.
Criada naquele ano de 1969, foi extinta por Decreto de 26 de Setembro de 1978, promulgado pelo que ocupou o mesmo cargo, General António Ramalho Eanes. A primeira frase do preâmbulo do Decreto-Lei 295/78, daquela data, dizia textualmente o seguinte: A Fundação Salazar, instituição particular de utilidade pública geral, foi criada em 1969 com intuitos manifestamente alheios a uma autêntica política social.  Mas existiu, com legados, rendimentos e donativos de várias procedências.
O Almirante Américo Thomaz, veio até à freguesia de Valongo do Vouga, certamente com o intuito de obter alguns apoios que permitissem a subsistência daquela Fundação. Após a extinção, a 'herdeira' foi a Casa Pia de Lisboa.
Visitou as firmas, já extintas, Handy Portuguesa e, em Arrancada do Vouga, António Pereira Vidal & Filhos, Lda em 16 de Agosto do referido ano de 1969.
A curiosidade deste facto, não fica só pela visita do mais alto Magistrado da Nação a uma aldeia (actual vila) como a nossa no território de Valongo do Vouga.
Passados uns dias, no semanário Soberania do Povo, o correspondente António Rosa da Silva Magalhães, pessoa que sempre se manifestou apoiante do regime político então vigente, mostrava-se  pouco agradado com a visita, porque considerava que a magistral recepção feita ao Presidente da Nação e sua ilustre comitiva, no Centro Industrial de Arrancada-Póvoa, foi apoteótica, popular e estrondosa.
Justifica o estrondo, porque o fogo ali queimado foi demais, chegava a estontear, e como militar da Grande Guerra (cremos que a primeira, 1914-1918), odiava o tiroteio e amava a música harmoniosa e o canto alegre dos passarinhos.
E já lá vão quase quarenta e cinco anos que se vivia este ambiente e se produziam estas e outras afirmações cá pelo burgo.

domingo, 21 de julho de 2013

Os Senhores do Marnel - 4

A estrada real em Carvalhal da Portela

Ao desembocar na estrada real, a do Carvalhal da Portela, havia uma venda, a cuja porta chegou uma rapariga para ver quem vinha no carro.

Pelas descrições, o autor do livro «Os Senhores do Marnel»,
colocava neste local a 'tasca' da Ritinha e de seu pai, o Niza,
onde havia o cruzamento das estradas de Vouga-Macinhata
 e Valongo. As barreiras de cimento, eliminaram a estrada,
por causa da passagem de nível da via férrea. O que existe
actualmente é de tempos mais contemporâneos... ou seja,
não existia...
- Fazes-me favor, Ritinha, - disse Pero chamando-a, depois de ter mandado parar o cocheiro.
A rapariga aproximou-se, embrulhando no avental os braços arremangados, risonha na sua carita rubicunda e fresca, emoldurada em cabelos escuros e fartos, e volveu os olhos castanhos e vivos para as senhoras a quem cumprimentava, baixando-se nas repetidas cortesias aldeãs.
- Muito boas tardes, minhas senhoras.
- Boas tardes, menina.
- Boas tardes, Ritinha - correspondeu Leonor, repetindo o nome que ouvira ao primo, para conquistar a simpatia daquela mocetona bonita, porque não há dezoito anos feios e, alegre, porque rara é a tristeza em tal idade.
- Olha, Ritinha. Tem paciência, manda-me aí alguém lá a casa dizer ao António, ao criado da cocheira, que vá buscar o meu pigarço a Macinhata, a casa do senhor Fonseca, que o leve  ao ferrador e depois mo vá pôr em Segadães. Percebeste bem?
- Percebi, sim, senhor morgado. Então não havera de perceber.
- Que o leve ao ferrador e depois a Segadães - repetiu D. Pero.
- Desferrou-se-lhe? Logo meu pai disse quando aqui passou: o morgadinho... assim dizemos na ausência... É perdoar! Pois meu pai disse logo: não vai longe o morgadinho; leva uma das ferraduras a bater.
- Das do cavalo, salvo seja - riu Leonor de maneira que a Ritinha não ouvisse.
- Então não te esqueças, manda lá depressa.
- Vou já mandar o pequeno. Nanja que me esqueça. Basta ser o pedido de quem é.
- Obrigado, Ritinha. Em paga dou-te um beijo à volta - acrescentou D. Pero, quando o trem já se afastava.
A rapariga acenou negativamente brandindo o braço no ar, mas olhou-o rindo, como se o braço dissesse: - sape, gato - e os olhos: - quem mo dera. -

Fonte: Os Senhores do Marnel, de Vaz Ferreira, 1925, Imprensa Libânio da Silva, Lisboa.
 

As Meninas Mascarenhas

A Genealogia

Por acharmos de interesse e historicamente curioso, deixamos esta transcrição, com a devida vénia ao autor, António Martins Rachinhas, do seu livro "A Paróquia de S. Pedro de Valongo do Vouga", sobre uma parte da genealogia de Joaquim Álvaro Teles de Figueiredo Pacheco, que veio a ter o título de Visconde de Aguieira, como mais abaixo se menciona e um dos participantes na história da demanda sobre as tuteladas Meninas Mascarenhas, que tanta tinta fez correr. Diz o seguinte:
 
Casa da Quinta da Aguieira, vendo-se em primeiro plano,
do lado direito, a capela de Nª Sª Bom Despacho
b) - Possuidores da Capela e Casa de Aguieira
A capela de Nossa Senhora do Bom Despacho e Casa de Aguieira vieram no século XIX à posse do visconde de Aguieira, Joaquim Álvaro Teles de Figueiredo Pacheco, bisneto dos instituidores da dita capela (João Gomes Martins e Maria Eufrásia Gomes Pacheco, ele natural e residente em Aguieira e ela natural da Quinta do Sobreiro).
A descendência que conduziu ao visconde foi esta:
Maria Eufrásia Pacheco Teles (ou Maria Eufrásia Gomes Pacheco) casou com João Gomes Martins (1724), e tiveram, além de outros, a filha:
-Joana Josefa Teles Vidal Pacheco que nasceu no dia 1 de Junho de 1730, e casou com Nicolau Baptista de Figueiredo Távora de Morais, nascido a 21 de Março de 1726, na freguesia de Dardavaz, Tondela. Do seu matrimónio tiveram, entre outros filhos:
-José Agostinho de Figueiredo Pacheco Teles, proprietário da Casa de Aguieira e capela de Nossa Senhora do Bom Despacho. Nasceu a 8 de Agosto de 1752 e faleceu a 5 de Maio de 1812. Casou com D. Maria Luísa de Magalhães, natural de Brunhido, que nasceu a 3 de Abril de 1758 e faleceu a 8 de Maio de 1821.
Tiveram dez filhos, sendo o mais novo:

quinta-feira, 18 de julho de 2013

As crónicas de Adolfo Portela - 11

A Visitação dos Passos


Cemitério Paroquial de Valongo do Vouga
Recolhida a procissão na capelinha de Assequins, logo daí desabelham, aos ranchos, os devotos da Visitação dos Passos.
Onze horas da noite. Todo o Vale de Águeda se apagou. O balbuciar baixinho das rezas assinala a passagem dos devotos que vão agora visitar os Passos.
Aí vem o Almiro da Borralha; e, atrás do Almiro ou do Manuel Ceguinho (que poucos, como eles, sabiam conduzir e manter as boas regras duma devoção), ajuntaram-se em bando homens e mulheres que respondem à sua reza.
O primeiro Passo era dantes à entrada da Cancela, na estrada velha de Assequins - o Passo dos Apóstolos, com Jesus no horto e os apóstolos a dormirem para ali, encostados às ripas do palanque...
- «... Esta primeira estação representa o lugar, em que o Nosso Salvador, depois da agonia no Horto, no qual suou gotas de sangue que chegaram a regar a terra, sem piedade lhe descobriram os ossos de entre a carne, patenteando-os rubros de sangue... - Padre Nosso, Avé-Maria...»
E a voz trémula do Almiro da Borralha chegava a comover os mais indiferentes pela sinceridade das crenças que ela acusava.
- «... Teceram logo uma coroa de setenta e dois espinhos, e, pregando-lha na sagrada cabeça, rebentaram de novo setenta e dois rios de sangue...»
E uma beata do bando, em delíquio espiritual, com a voz embargada por um soluço profundo, gemia lá do escuro: Ai... - E o ai da beata ia, de boca em boca, a desafogar o coração simples de todo o bando: Ai!...
Ao fim de tudo, percorridos os Passos do João Ribeiro, de Além da Ponte, do Crespo e todos os mais a que a rubrica ingénua das cartilhas chama a «contemplação em particular dos tormentos da Paixão e Morte de Cristo», seguia-se, já na igreja, «a consagração em geral» dos mesmos tormentos.
O mestre de cerimónias da Via Sacra dizia assim - tudo de cor e de enfiada, que era de mais devoção:
- «Sete quedas deu o nosso amorosíssimo Jesus desde o Horto até casa de Anás!»
E os devotos, em êxtase, respondiam:
- «Louvado seja para sempre tão bom Senhor!»
Tornava o director de lá:
- «Seis mil quatrocentas e setenta e duas feridas teve em seu santíssimo corpo!»
E o coro, logo, sempre em voz carpida:
- «Louvado seja para sempre tão bom Senhor!»
E pela cartilha fora - ... «144 pontapés, 6.666 açoites, 109 suspiros» ... - até que o mestre de cerimónias rematava:
- «As lágrimas que chorou foram seiscentas mil e duzentas!»
E todo o bando respondia, por fim:
- «Louvado sejais, meu amado Jesus, que, para nos salvar, tanto padeceste, até que deste a vida por nós!».

(Fonte: «Águeda, crónica-paisagens-tradições, de Adolfo Portela, 2ª Edição, Gráfica Ideal, 1964)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Brumas da Memória - 42

1966-Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.

Termina com o actual post, a série que foi dedicada ao espectáculo evocativo da inauguração dos Serviços Sociais daquela empresa.
Recordamos que neste espectáculo tiveram influência preponderante o Hernâni Gomes da Silva, Manuel da Fonseca Morais, nas composições musicais e todos os que nele colaboraram e que por aqui ficaram registados.
A ordem que foi utilizada, não foi a mesma da sua apresentação, pois o acto de variedades começava com uma peça de teatro, em três actos, especialmente escrita para esta festa pelo Engº Bastos Xavier.
Como se poderá confirmar pela digitalização, tinha por título «O CORAÇÃO PRECISA DE AMAR» e os intérpretes também ali podem ser recordados.
Clique nas imagens para aumentar.
 

domingo, 14 de julho de 2013

Coisas da Guiné - 40

14 de Julho de 1963
14 de Julho de 2013
E lá vão 50 anos!!!
 
À beira da estrada para o aeroporto.
Do lado oposto ficava o Hospital Militar.
É evidente que, por estes números, para quem não conheça ou não saiba, haverá por aí gente a pensar que está, deste lado, um «cota» dos diabos. E é, em parte, uma verdade. Mas a aparência é diferente... obrigado, se o pensou...
Faz hoje precisamente cinquenta anos que, nos cais de Alcântara, me enfiaram, como quem transporta animais, num barco velho, a cair de podre (quase), chamado «Sofala», e me enviaram para a Guiné, onde desembarquei em 21 de Julho de 1963.
Não quero relembrar saudosamente a data. Preferia que não tivesse existido, que não tivesse acontecido. Como a tantas centenas de milhares de jovens que, como eu, naquela data, tinha feito 20 anos em Dezembro anterior. E tantos outros da nossas terras.


Primeiro distintivo a ser usado na Guiné pela CCaç 462,
mandado fazer em Lisboa com a minha participação e de
outros camaradas da Companhia. Passados tempos,
já iam as unidades munidas do seu distintivo próprio.
Mas o acontecimento não pode fazer esquecer momentos de ansiedades, de medos, de riscos incalculáveis, de possíveis situações dolorosas, de sacrifícios, doenças, etc. E que para muitos foi fatal...
Poderia ocupar por aqui muito mais espaço, tentando debitar algumas ténues lembranças, algumas das quais o tempo se encarregou de passar a borracha pelos carrilhões encefálicos.

*****

Do livro «Estranha Noiva de Guerra», de Armor Pires Mota, 2ª edição, Setembro de 2010, Editora Âncora, romance ficcionado, sendo o tema de fundo a guerra na Guiné, respigamos estas parágrafos, que dão uma pequena imagem do que fora vivido há quase cinquenta anos:

sábado, 13 de julho de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 31

Estatutos aprovados

Mais algumas notas sobre os primeiros anos de vida da Casa do Povo de Valongo do Vouga, que, como já foi dito, fará 75 anos de existência em 2017.
Como no post nº 30 desta série foi dito, os Estatutos foram aprovados em 19 de Abril de 1942, que deu origem a uma notícia, que não a temos completa, mas que dizia mais ou menos o seguinte:
 
Sob a presidência do sr. Dr. João Moreira, Delegado do INTP em Aveiro, realizou-se no domingo p.p., no salão nobre da Casa do Povo desta freguesia, uma assembleia a que compareceram desde os jornaleiros e lavradores às mais gradas personalidades desta freguesia, sendo aprovados os Estatutos, Orçamentos e Planos de valiosos empreendimentos a realizar por intermédio da Casa do Povo. Também foram eleitos os corpos gerentes da Direcção, Assembleia Geral da colectividade que vai ser inaugurada em 28 de Maio.
 
Esta notícia constou na Soberania do Povo de 25 de Abril de 1942 (sábado, dia em que se publicava antigamente) e anunciava-se que a inauguração seria a 28 de Maio, mas em 6 de Junho seria apontada nova data, para 28 de Junho, dia que assinalou essa inauguração, como já aqui foi referido.
Um pequeno apontamento mais para salientar que a data de 28 de Maio, inicialmente prevista, quase que se adivinha que teria a intenção de criar um relacionamento comemorativo com o 28 de Maio de 1926, data que muitos recordam e sabem no que resultou.
O conteúdo da acta de 19 de Abril de 1942 não pormenoriza aqueles factos que a notícia revela.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A Junta de Freguesia na história - 102

A venda do Passal
O alargamento do cemitério
 
Uma acta da sessão da Junta de Freguesia, de 12 de Novembro de 1916, que a seguir se transcreve, dá uma imagem elucidativa do ambiente que se viveu, por causa da venda do Passal e da necessidade de terreno para alargamento do cemitério.
Terá sido bastante quente esse ambiente e as discussões que provocou na altura, a avaliar pela presença de muito povo, como era hábito na época, mas, ainda, porque também estavam presentes o Administrador do Concelho e um deputado pelo círculo. A coisa não foi feita por menos.
A acta relata o que a seguir se transcreve, mas as fotocópias não abrangeram, de forma completa, todo o texto, pelo que as frases foram, nalguns casos, construídas como o que a redacção sugeria.
 
A Junta reuniu nas salas da Escola de Arrancada, pelas dez horas e de imediato, após as formalidades de leitura e aprovação da acta anterior, foram todos em direcção a Valongo, não se encerrando a sessão, diz a acta. Presidia à Junta, o cidadão Álvaro de Oliveira Bastos.
 
«Em seguida ponderou o presidente que, havendo sido vendido o Passal de Valongo e dando a carta de posse margem ao comprador a tomar conta de todo o Passal, incluindo o tracto de terreno ali determinado pela Junta com destino ao alargamento do cemitério e que em sua sessão de 14 de Janeiro de 1912, que se tornava indispensável regular este assunto com o comprador, para o que este já havia sido convocado, bem como o povo da freguesia a comparecer hoje pelas onze horas (?). E assim propunha que a Junta para lá seguisse imediatamente, não dando a sessão por encerrada, enquanto o assunto não fosse liquidado, o que logo foi aprovado por todos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Brumas da Memória - 41

1966-Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.
 
Terminada a publicação do que constituiu o acto de variedades na inauguração, em 1966, daquelas instalações, vamos terminar com a digitalização, nesta e na próxima página, de alguma história do conteúdo do espectáculo daquele já distante ano de 1966.
Desta feita, ficamos com as considerações acerca da empresa, em duas páginas, feitas pela Comissão que se constituiu para organizar, ensaiar e apresentar esta festa nos meados do século XX.
Para ler,  clique na imagem.

 

 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - LXV
 
Por esta ponte passou a rainha D. Maria II, na sua deslocação 
ao Porto, pouco tempo depois de Maio ou durante o ano de 1852.
Por isso, esta ilustração, das ruínas da ponte.
Mas apesar da representação referida antes, de D. Maria Carolina, mãe de uma das filhas ainda viva, queria esquecer discórdias passadas e todos os desgostos que a vida lhe tinha proporcionado, porquanto o que ela pretendia era estar junto da sua Casimirinha, fosse onde fosse.
«Até certa altura da correspondência trocada, D. Maria Carolina imaginou triunfar, mas quando viu tantas hesitações e desculpas do lado  de Aguieira, considerou-se iludida e procurou disfarçar as suas penas, escrevendo cartas pouco sinceras destinadas a esconder o plano que fora traçado no seio de sua família.», era o que narrava o Dr. José Joaquim da Silva Pinho.
Aquela mãe andava desolada e aflita, face a algumas notícias que lhe chegavam da saúde da filha, mas deixou a sua casa e partiu para o Porto, para assistir às festas celebradas em honra da rainha D. Maria II, que se realizaram naquela cidade. Ela mesmo o denunciou numa das cartas escritas à sua prima D. Ana Teles, de Aguieira. O que não deixava de contradizer os sentimentos delicados do coração de mães carinhosas.
A filha mais nova estava enferma em Aguieira, de quem também era tutor o Dr. Joaquim Álvaro, como se referiu por esta narrativa. E sua mãe deslocava-se ao Porto para festejos tão ruidosos e interessantes que se realizavam no Porto, em honra da rainha.
Joaquim Álvaro decerto que também notou esta contradição das palavras e do sentimento que manifestava, sorrindo-se ironicamente à boa maneira dos triunfadores.
Ele tinha andado também nas festas em honra da Soberana, que fora esperar à entrada da velha ponte do rio Vouga (ainda inutilizada por ter ruído), na sua qualidade de Presidente da Câmara do extinto concelho de Vouga e foi até Albergaria no imponente séquito que se organizara e enchia a estrada de muito povo que aclamava ruidosamente a filha do imperador.
As festas da rainha foram desculpa de uma e outra família, rematava o Dr. Pinho.
 
(Continua)

terça-feira, 2 de julho de 2013

Tarrafo - Guerra no Pântano

Armor Pires Mota - Guiné 1963-1965

EDIÇÃO FAC-SIMILADA DE “TARRAFO”,
- O ÚNICO LIVRO PROIBIDO DE TODA A GUERRA COLONIAL



No dia 15 de Junho findo, foi o lançamento do livro "Tarrafo-crónicas de um alferes na Guiné", de que é autor Armor Pires Mota, que faz o favor de nos dispensar a sua amizade de longos anos. Fui a Oliveira do Bairro, naquele dia. Primeiro, porque a amizade a isso me obrigava. Depois, porque dos livros do Armor e, principalmente, aqueles que tratam o tema GUERRA COLONIAL são-nos nostalgicamente caros. Não admira, quando calcorreámos aquelas terras vermelhas de pó, lama, suor e sangue no mesmo período - 1963/1965!
E este livro, obrigatoriamente, tinha de ser colocado na estante ao lado dos outros.
Li-o (devorei-o) mais rápido que uma rajada de G3. Porque está escrito em pequenos episódios, e, por isso mesmo, em diário, com datas (logicamente), locais e episódios. Este diário foi publicado no Jornal da Bairrada, para onde o Armor enviava os originais.
Quando regressou decidiu transformá-lo em livro e, como já disse no post de 30 de Abril, foi colocado à venda na Livraria Vieira da Cunha, em Aveiro. Pouco tempo depois, a PIDE apreendeu-os.
Outros exemplares estavam guardados no escritório do advogado Manuel Granjeia e outros ainda foram escondidos no caixão de milho de um amigo. Quando, um dia, o Armor regressava do trabalho, montado na sua bicicleta que utilizava desde a estação de Oiã, onde embarcava e desembarcava para e do trabalho (ia para Aveiro de comboio), encontrou duas pessoas, embrulhadas em gabardines, junto da casa de seu pai.
Já sabia quem eram porque tinha sido alertado por telefone. E lá lhes deu os livros que tinha em casa, deslocando-se depois, os três, numa carrinha, ao escritório daquele advogado. Este, aproveitou para fazer as suas alegações políticas e contra a guerra colonial. Mas teve que lhes entregar os restantes livros. Parece que ficou sem nenhum.
Esta história teve, afinal, um fim feliz, porque alguém conseguiu obter um livro original, todo ele riscado, sublinhado, pelos serviços de censura, com carimbos do Ministério da Defesa Nacional e de Confidencial. Há ainda anotações à margem das frases e dos parágrafos.
Foi uma relíquia, uma satisfação, transformadas, agora, nesta edição fac-similada e que a delegação da Liga dos Combatentes de Oliveira do Bairro ajudou, comemorando, assim, os 50 anos da mobilização do Armor (e minha) para a Guiné.
No regresso, fomos "empilhados" e viemos no mesmo barco, o «Niassa», que saiu de Bissau em 7 de Agosto e chegou a Lisboa em 14 do mesmo mês do ano de 1965.
Deixamos por aqui as digitalizações de um dos diários, que ocuparam quase quatro páginas. Outros episódios, tão ou mais dramáticos que este, estão espalhados ao longo do livro. Os acontecimentos foram mesmo nas datas indicadas ou logo a seguir àqueles. São mesmo filmes (em palavras) de cenas que nunca deviam ter acontecido.
Faça favor de clicar nas imagens para poder ler o seu conteúdo, se o pretender.
 

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