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sábado, 30 de abril de 2011

Coisas da Guiné - 35

A oração do galo

Para ser breve e usando uma frase que muito se utilizava, principalmente na TV, antigamente, quando se pretendia repetir um programa qualquer, dizia-se: «A PEDIDO DE VÁRIAS FAMÍLIAS....»
Então vou dizer que a pedido de várias pessoas, reproduzo do «Jornal da Caserna», nº 12, Ingoré-Guiné, de Julho de 1964, a oração dita pelo galo, e que cantava assim conforme a digitalização deixa antever, se clicar na imagem e depois a ampliar. Ora faça lá isso, principalmente por parte de quem pediu...

Nota: - Já antigamente metia o pé na argola. Na redacção há erros; "própoia", queria dizer PRÓPRIA. E mais abaixo, aquela muito conhecida frase de origem francesa, não é "Noblisse". É "Noblesse oblige". Não vale a pena estar a fazer a tradução, ou é?

Efemérides - 10

O falecimento do Insp. Gomes dos Santos


A efeméride de hoje é para registar o falecimento do Inspector Arménio Gomes dos Santos.
Com efeito, nascendo em 9 de Fevereiro de 1900, como por aqui já foi referido, e após uma vida cheia e dedicada ao ensino, ficou viúvo em 23 de Setembro de 1953 e faleceu em 30 de Abril de 1971.
Sei que já falei muito sobre este Homem, sobre a sua vida e a sua história.
Não sei se será demais...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Coisas da Guiné - 34

Jornal da Caserna
Oração do Burro

Para alguns distraídos, o «Jornal da Caserna» era, com o material existente na altura (stencyl, chapilógrafo, etc.) um periódico que fundei na Guiné e teve, em 24 meses, 15 edições.
Retirado do baú de pó e teias de aranha, reproduzo, hoje, um texto «inocente», mas com alguma graça e, também, com algumas verdades.
Era a Oração do Burro.
Cliquem, ampliem e leiam... se quiserem.
Obrigado!


Ilustração de um amigo - o Alf. Armando Augusto Geraldes Soares

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cidadania

Enviezado


De vez em quando não faz mal algum enviezar o conteúdo e enveredar por outros temas, também eles de uma importância e actualidade que, mais tarde ou mais cedo, também vão fazer história. É o caso. Vejamos:

«Desconfiar em tudo e todos parece o caminho mais fácil, mais do que acreditar na força atractiva do Oceano, no grande mar povoado de tempestades onde já se escreveu história. Ernest Renan escreveu que cada nação assenta num consenso centrado não só sobre o que recordar mas também sobre o que esquecer. Eu receio que continuemos a centrar o português nessa hiperamnésia de valores que atravessam os discursos e as práticas quotidianas.»

sábado, 23 de abril de 2011

Efemérides - 9

O folclore da Casa do Povo
A apresentação

Num post anterior sobre a efeméride dos 25 anos do floclore na Casa do Povo, tinha dito que aquela foi a inicial apresentação que se fazia aonde o grupo se deslocava.
Cada grupo tinha sempre uma pequena apresentação, a qual incidia, na generalidade, sobre as coisas da sua Terra.
Disse ainda que traria aqui o que agora se faz. Foi evidenciado, ainda, que as coisas teriam mudado e agora a sua apresentação faz-se com outra linguagem e com algumas cambiantes no aspecto histórico. É isso que fui encontrar e que aqui deixo.

*****

Valongo do Vouga é uma das 20 freguesias do Concelho de Águeda, inserida numa região mais que milenária e o seu nome provavelmente pretende indicar a sua configuração geográfica – “Valle Longum” – onde acaba a planície e a serra começa.
Foi encruzilhada na passagem da serra para o Litoral.
Da serra vinham os almocreves. Do Litoral e Rio Vouga arriba, vinham os homens e mulheres da Beira-Mar com peixe e sal, levando de volta lenha, carqueija e produtos agrícolas.
Ao longo dos séculos a população dos 24 lugares que constitui a Freguesia sofreu as influências de uns e de outros.
Mas tudo se consome na voracidade dos tempos e, assim, nasceu a ideia de preservar as suas origens e tradições, transmitindo-as às crianças e jovens que fazem ou fizeram parte deste Rancho Folclórico Infantil e Juvenil, que com o apoio da Casa do Povo de Valongo do Vouga, pretende representar em ponto pequeno, não apenas a Freguesia mas também a Região do Vouga, rica em tradições e costumes.
Fundado em 1986, temos, ao longo destes anos, participado em inúmeras iniciativas culturais e de Folclore um pouco por todo o País e também no estrangeiro onde já actuamos por 5 vezes, para além de termos organizado 21 Festivais de Folclore, 5 dos quais Internacionais, e ainda a participação num programa de televisão.
Fazem parte do nosso Rancho 46 elementos, vestindo trajes que procuram ser uma cópia fiel daquilo que se vestia na nossa Região, tanto na qualidade dos tecidos como na sua composição, merecendo destaque dois trajes femininos genuínos da nossa freguesia que são a Tricana de Valongo e Mulher de Arrancada, com a particularidade deste último ser feito em tear manual.
No nosso repertório temos as Modas da Região – Região do Vouga, com influências da Região da Bairrada tais como Viras; Verde gaios; Modas em Fila e Modas de Roda. A edição do CD tem por objectivo dar a conhecer o que fazemos, e principalmente termos a garantia de que as nossas tradições não se perderão com a voracidade dos tempos.

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - XLIII


Imagem retirada do site desire of shadows.blogspot.com/

O que foi dito no último capítulo desta história, era de que o Dr. Silva Pinho divertia-se no Porto, numa altura do Carnaval. Também tínhamos denunciado que uma cena caricata, mas aborrecida, ultrapassando os limites da brincadeira própria do Carnaval, passou-se no teatro S. João. E dizia ele que os pares rodopiavam, animados, nas valsas estonteantes. E, note-se que toda a gente andava mascarada. Portanto, por trás da máscara não se sabia (para muitos) quem lá estava.
Os seus amigos Dinis de Sousa e Coutinho de Madureira acompanhvam-no. Em certa altura, tendo afrouxado o entusiasmo dos que rodopiavam nas danças, dirigiu-se-lhe um mascarado, com uma voz de falsete e em tom camuflado, fez uma afirmação que se ouvia facilmente à distância.
- Olha o roubador das Meninas Mascarenhas!... Onde estão as Meninas? Queres casar com uma delas?!...
O mascarado continuou as suas insinuações num falsete esganiçado. E como se falava muito das Meninas Mascarenhas, e dado que este caso tinha apaixonado pouco antes a opinião pública do Porto, outros mascarados se aproximaram, fazendo coro com o primeiro que implicou com o Dr. Silva Pinho.
Chegou a fazer-se algazarra e o Dr. Silva Pinho viu-se rodeado de curiosos, que o olhavam, soltando ditos endiabrados.
O barulho era atroador. Estava a ser alvo de todas as atenções, de todos os olhares e toda a troça. Os binóculos, muito usados em casas de espectáculos, naquele tempo, estavam assestados, a partir do alto dos camarotes sobre a sua pessoa.
Via-se, assim, em rídicula exposição e percebeu que estava a dar ao público um benefício que nada lhe agradava, e a que estava forçado. E não via maneira airosa de sair daquele apertado e grotesco lance. Rapidamente os seus condiscípulos e companheiros tiveram uma ideia: deram-lhe o braço e desenvencilharam-no daquela turba muito enfurecida, que os acompanhou até à porta do teatro, gritando:
- Dá cá as Meninas Mascarenhas, ó roubador! Queres casar com uma delas, ó roubador!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Blogues da freguesia - 17

Não é necessário evidenciar com um sub-título o que quero apresentar.
Já o fiz em tempos atrás. Fi-lo em relação a tantos outros que por aí andam a «navegar».
E agora volto a apresentar o «print screen» do blogue A POESIA DA ISAMAR. (clique no sublinhado).
Não sei, nem me interessa saber, se têm tido muitas, poucas ou excepcionais número de páginas visitadas.
Não vejo contador, como aqui, porque isto denota que estamos preocupados (como eu) se somos muito ou pouco vistos. Só se o têm «escondido». Mas isso não interessa.
Não tenho qualquer pejo em afirmar que sou um dos frequentadores assíduos desta «obra de arte», pelo seu conteúdo, claro está. Sou frequente «visitador» de outros tantos, pelo facto de terem sempre alguma coisa de novo. Mas, neste caso a que me refiro, além de novo, não consigo explicar como é que tal talento anda «escondido» por estes locais... ou melhor, está à vista de todos, mas, talvez, muitos não o conheçam.
Não me venham com a conversa que estou a bajular... estou a tentar colocar um pouco de visibilidade e de justiça naquilo que a tem e que é da nossa terra, em primeiro lugar. E disse...



Este «lay out» (porque antes não era assim) está mais apelativo, diria que com algum romantismo (poeta é sempre romântico, por muito que não o deixe transparecer) com uma apresentação sóbria e bem composta. Para além disso, e como disse, o seu conteúdo é de uma profundidade pouco comum em pessoas como as suas autoras. Melhor dizendo, a autora e a sua co-autora...
Não inventei. É mesmo como elas o dizem!!!

Coisas da Guiné - 33

A oração do cão

1-Introdução
Nas minhas coisas da Guiné, há aqui muita coisa que me «obrigou» a inventariar e a saber quantos episódios aqui foram publicados, sobre os factos e vivências da minha passagem e permanência, durante mais de dois anos, naquelas terras africanas.
Desta forma, numerei todos os títulos que às Coisas da Guiné dizem respeito. A outros temas e séries já devia ter feito o mesmo e não fiz. Fá-lo-ei logo que possível.
Já aqui contei, mais de uma vez, a história do «Jornal da Caserna». Que na Guiné fundei. Não vou repetir.
Mas dele respiguei esta nota, que acho engraçada (ou sem graça nenhuma, depende dos feitios). Essa nota dizia respeito a uma série, que arranjei não sei onde, e, em cada número, ia colocando uma oração, normalmente com uma redacção concernente ao animal respectivo.

2 - A Oração
Não é para brincar com coisas sérias. Mas para se poder aquilatar daquilo que ao «animal homem» também pode ser adaptado.
Se alguém imaginou e teve a inspiração para apresentar uma redacção (que a memória lhe ditou) deste género, também não pode ser insensível às coias que ao espíritual dizem respeito.
Em vez de estar a prolongar estas desalinhavadas frases, deixo a digitalização da oração do cão... neste mundo da mesma espécie e neste país conturbado.
Ao menos sejamos fieis e leais, como é o cão. E vigilantes...
Para ler clique na imagem, que ela deve aumentar...


domingo, 17 de abril de 2011

História destas terras - 4

Os Senhores do Marnel

Escavações do Cabeço do Vouga
Ainda a propósito do romance de Vaz Ferreira, intitulado os «Senhores do Marnel», permito-me trazer à luz do dia (mais ampla, porque o livro não está nem anda escondido, mas os exemplares já são raros) esta passagem da página 43, que diz assim sobre o Marnel, que passa mais por uma localização do que pela descrição da paisagem. Diz isto:

«Entre os bens de sua mulher, tomara o doutor João Fernandes conta de ruínas e casas solarengas, mas velhas e inabitáveis, em Lamas, de algumas terras nos arredores, de matos, charnecas, vinhas, campos e lameiros, para os lados do Marnel, avultando uma quinta denominada de Monte-Reguengo, numa eminência da lomba do Cabeço do Vouga, não longe da extremidade nordeste dêle, onde se ergue a ermida da Vitória que dantes era da invocação do Espírito Santo.
O Cabeço sobresai entre o Vouga e o pântano às proeminências vizinhas: o  monte de Pedaçães para lá do Marnel e o morro de Bêlhe com a sua pedreira cortada a pique na margem direita do rio.
Se ali fôra a muito antiga basílica de Santa Maria, na encosta da esquerda, e junto dela o mosteiro, muito perto e no alto devia ter existido o castellum Marnelis, defendendo os santos edifícios e a civitas Marnelae adjacente. Os senhores do Marnel ali deviam ter tido o seu altivo paço solarengo, de-certo sucedendo ao castelo reedificado sôbre os escombros dêle.»

Igreja de Lamas no morro do Marnel
E mais abaixo, na página 45, esta imagem que por cá já evidenciamos:

«Da estrada para  a banda do rio assenta a vila de Lamas.
Para o oriente abrange a vista as vinhas e margens do Vouga, as férteis terras de Valongo e de Brunhido, o vale onde corre o Alfusqueiro e a entrada graciosa de Macinhata, perdendo-se o rio estrangulado entre montanhas para lá de Jafafe e de Açores e rodeando o horisonte a lomba gorda do Arestal, os dentelados e agudos cumes da serra das Talhadas e os vultos grandiosos do Caramulo e do Buçaco que fecha ao sul o quadro, depois de extensos pinheirais.»

*****


Brunhido. Rua da Audiência. Junto do poste o edificio da administração do antigo concelho

É uma delícia verificar, nas palavras, estas imagens de outrora de uma das mais férteis e paisagísticas terras do Vouga. Todo o romance se passa na zona do Marnel, onde não faltam referências a Jafafe (e às Jafafinhas, umas meninas de família que o romance apresenta, como figurantes de uma história e até ao petisco que talvez tenha sido a grande atracção gastronómica de Brunhido: O BACALHAU. Há um diálogo entre os personagens, que a certa altura termina nestes brados:
- E agora, cavaleiros da rosinha do Vouga - bradou João de Figueiredo, - ao bacalhau de Brunhido.
- Ao bacalhau, ao bacalhau - gritaram todos.


Nota: Como se percebe em algumas palavras, foi respeitada a redacção da época.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

História destas terras - 3

Os Senhores do Marnel

A frase anteriormente citada, do escritor Vaz Ferreira, sobre o seu livro com aquele título, dizia assim:

"Mais adiante, de novo fiz referência ao missal do pároco artista e às margens do Vouga".


Igreja do Convento de Serém

Continuemos pois:
«Quando ao dar a volta para a estrada real se lhes deparou um muro alto que excediam algumas copas de árvores, o João Fernandes explicou que ali fôra o convento de Serém, onde um artístico abade começara a pintar um belo missal «iluminado e iluminarado» - dizia o doutor - com cercaduras lindíssimas e páginas admiráveis que constituem perfeitos quadros. Da história do convento pouco podia dizer-lhes. Fundara-o Diogo Soares em 1635, concluindo-o seu filho Miguel Soares e era de capuchos de Santo António. De notável só tinha o ser ali que Estêvão Gonsalves começou e em parte fez a sua linda obra. A Dulce conhecia o célebre missal da Academia das Ciências, tendo-o apreciado muito quando o fôra ver, tanto mais que também ela se entretinha pintando alguma coisa e apreciava a arte especial da iluminura. Penalizava-a não poder folhear de novo essa maravilha. Podia fácilmente. Estava às suas ordens na livraria do Monte Reguengo uma bela cópia editada anos antes com todo o primor. Visto ser apreciadora e manejar pinceis, recomendava-lhe que revisse a obra do inspirado abade, onde era perfeitamente caracterizada, para quem a soubesse examinar, a diferença entre a parte feita ali, em longos anos de serena contemplação das luminosas e quietas margens do Vouga, e a outra trabalhada em Viseu, quando Estêvão Gonsalves já estava cónego. Diverso era o ambiente e dissemelhante a inspiração. Nem se precisava atender às diferentes maneiras como ele assinava».

Continua a narrativa de Vaz Ferreira a dar explicações, uma vez que estava em causa saber quem era Estêvão Gonsalves e a sua ligação com a dita obra de iluminura do famoso missal. E havia, na altura, dúvidas quanto a datas do convento de Serém, as quais estão gravadas no frontispício. Vamos ver como termina a explicação de Vaz Ferreira, quando há alguém - o Dr. António Baião - que comunicou à Academia das Ciências de Lisboa o que outro (Maximiano de Aragão) apurou por investigações.

«Estêvão Gonsalves Neto foi abade de Santa Maria Madalena de Sereijo, perto de Pinhel, desde 3 de Maio de 1613 a 3 de Junho de 1618. Nunca foi abade de Serém, de cujo convento a primeira pedra foi lançada a 16 de Abril de 1635, oito anos depois dele ter morrido a 29 de Julho de 1627.»

E mais adiante, diz:

Entrada na Quinta do Convento de Serém

«O ano de 1610 posto no frontispício marca talvez o início da monumental obra, começada portanto antes da ida do artista para a sua paróquia, onde posteriormente faria essa página de rosto. Em que lugar começou o futuro abade o seu meticuloso trabalho? Virá um dia a descobrir-se?
Uma certeza adquiriu o dr. Maximiano de Aragão: não foram a calma e linda paisagem do Marnel nem as risonhas margens do Vouga que inspiraram as belíssimas iluminuras do missal. Mas mereciam ter sido.
No entanto, devo esta rectificação; e, visto que ela interessa ao nosso distrito e não conto reeditar o meu romance, aqui a deixo no Arquivo; porque, como Aristóteles, a-pesar-de muito amigo do Marnel, sou mais amigo da verdade.

Feira, 17 de Junho de 1942.

Vaz Ferreira»

*****

Tudo isto foi publicado no Arquivo do Distrito de Aveiro, por Vaz Ferreira. Para quem, talvez, não o soubesse, como nós, Vaz Ferreira era de Santa Maria da Feira. No seu romance, «Os Senhores do Marnel», que já foi referenciado neste blogue, tem uma base histórica e quer esclarecer qualquer facto que não estaria historicamente correcto. Por isso refere que não vai reeditar aquela sua obra. E o que não está correcto, será, certamente, a situação e a identificação do abade artista, que foi encontrado perto de Pinhel, falecido em 26 de Julho de 1627. O romance de Vaz Ferreira foi publicado em 1926.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Efemérides - 8

Casa do Povo de Valongo do Vouga
25 anos do Grupo de Folclore


Já lá vão 25 anos que teve início, de forma oficial, o grupo de Folclore Infantil da Casa do Povo de Valongo do Vouga. Decorria o ano de 1986, quando se verificou o arranque para a apresentação oficial, que seria em Junho de 1987 em Festival organizado para o efeito.
É desse tempo o que está escrito em papeis e que guardei, até que mexendo e remexendo os fui encontrar. Esse papel constituía uma espécie de apresentação oficial na maior parte dos locais onde o Grupo se deslocasse.
Hoje, como é natural, o Grupo já deixou a sua infantilidade, pois os componentes cresceram e tornaram-se jovens. Actualmente e bem, está designado por Grupo Infantil e Juvenil. A apresentação padrão, era assim naquele tempo:

Esta uma fotografia, transformada em postal ilustrado, editado pela Casa do Povo em 1989.
Foi uma tarde inteira com as crianças percorrendo os lugares mais pitorescos e típicos da freguesia, registando em imagem fotográfica os primeiros componentes do Grupo de Folclore Infantil da Casa do Povo de Valongo do Vouga

As origens da freguesia de Valongo do Vouga, do concelho de Águeda e dos mais de 20 lugares que a compõem, perdem-se na memória dos tempos, admitindo-se a sua existência anterior à fundação da nacionalidade.
Entre os primeiros povos que invadiram a península e que aqui se implataram, avulta a existência de vestígios da civilização romana, cujo espólio arqueológico a Casa do Povo preserva no seu museu, pelas escavações levadas a efeito a expensas do seu fundador e benemérito Sousa Baptista, no local denominado e conhecido da antiguidade por «Váccua", donde se julga derivar a palavra VOUGA, ponto de passagem da estrada romana, mesmo ao lado da estrada nacional nº 1.
Documentos posteriores, como o inventário de D. Gonçalo e D. Flâmula, no ano de 1050 se referia às terras de "TOTUM VALLE LONGUM" e outras da área da freguesia.

*****

Atentos à necessidade de preservar as danças, cantares, costumes e tradições da região em que a freguesia se encontra inserida, a direcção da Casa do Povo de Valongo do Vouga empenhou-se em fomentar e apoiar o "nascimento" de um Grupo de Folclore.
E concluiu-se também que a melhor forma de fazer perdurar a riqueza folclórica existente, seria a sua transmissão através das crianças.
Desta forma foi fundado em 1986 o Grupo Folclórico Infantil da Casa do Povo de Valongo do V ouga, cuja apresentação oficial teve lugar em Junho de 1987 num Festival realizado para o efeito, após prévia preparação das crianças, recolhas e ensaios.
Pelas justificações antes enaltecidas, as crianças apresentam-se em com trajes de adultos outrora usados na região e que obedecem, da forma mais autêntica, quer na sua concepção, quer nos tecidos de origem, às recolhas entretanto levadas a efeito.
Quanto às modas, dever-se-á acentuar que além dos Viras e Verde-Gaios, abundam na região as modas de terreiro ou de roda. Todas representam um pouco da freguesia, das freguesias limítrofes e da região onde nos encontramos, a REGIÃO DA BAIRRADA-VOUGA. Umas baseadas nas recolhas efectuadas e outras provenientes de recolhas levadas a efeito por elementos do Grupo que apoiam e acompanham (na altura) as crianças deste Grupo, constituído ao todo, entre dançarinos e tocata, por 38 elementos.

*****

Já foi assim a apresentação do Grupo em espectáculos. A situação modificou-se, para melhor, e agora, crê-se, está totalmente alterada. Mas sobre este assunto há mais, que aqui faremos passar em devido tempo.

História destas terras - 2

Os Senhores do Marnel

Vamos continuar a verificar a história da autoria de Vaz Ferreira, publicada no Arquivo do Distrito de Aveiro. E continuava a descrever assim como via o Marnel e as redondezas.

Ponte Medieval na lagoa do Rio Marnel em Lamas
«Quando, no começo de 1925, completei o meu romance Os Senhores do Marnel, referi-me a essa joia da arte seiscentista em dois trechos. Transcrevo-os porque nem só de pão vive o homem, e a amenidade literária quadra por vezes aos espíritos preocupados de ciência e erudição dos leitores deste Arquivo.
Com respeito ao recanto encantador do Marnel, esbocei o quadro:

"Toda a paisagem é límpida e serena, digna de inspirar a grande alma dum artista mimoso como Estêvão Gonsalves Neto e de esmaltar, viçosa e calma, as lindíssimas iluminuras do portentoso missal que este abade seiscentista coloriu ali nos arroubamentos de Serém, depois oferecou ao bispo D. João Manuel e onde celebrou na tenuidade das delicadas cores a beleza deliciosa e suave daquela região."

Mais adiante, de novo fiz referência ao missal do pároco artista e às margens do Vouga:»

(Dada a extensão da descrição que faz, guardamos para um próximo post a continuidade da história de Vaz Ferreira)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

História destas terras - 1

MARNEL, SERÉM E ESTÊVÃO GONSALVES

Introdução:
Marnel e a água quêda e espelhante
Em arquivos com algumas teias de aranha, que eu deixei criar, encontrei factos interessantes sobre estas Terras do Marnel e Vouga. Admito que quem descobre, pela leitura, algumas preciosidades, não resiste à tentação, correndo até alguns riscos, de as trazer ao público, neste caso, através dos meios internautas.
Por isso, e se nada existir em contrário, trarei à luz algumas dessas pérolas literárias que se transformam em imagens que as palavras lhes proporcionam. Como refere o autor, conhecido pelas suas obras que se referem a esta região, das quais temos apenas uma - «Os Senhores do Marnel» - diz que «nem só de pão vive o homem e a amenidade literária quadra por vezes aos espíritos preocupados de ciência e erudição dos leitores deste Arquivo.» Ou seja, passam despercebidos, ficam esquecidos e o que vale, como cita, é o «Arquivo do Distrito de Aveiro» onde Vaz Ferreira explana a sua generosidade literária sentida por estas terras.
Vamos tentar seguir, fazendo como ele diz, a transcrição do que escreveu e publicou naquele Arquivo de 1942:

A imagem na literatura
«Serém e Marnel, dois encantadores rincões da nossa paisagem, contrastam frente a frente, aos lados da ponte da estrada nacional sôbre o Vouga. Um espraia-se amplo, risonho, com as claras águas do rio serpeando alegres. O outro concentra-se meditativo e mesto na serenidade verdejante da água quêda e espelhante.

A ponte da EN sobre o Vouga

E ambos estão agora na ordem do dia.
Em Serém acaba de inaugurar-se a primeira pousada construída pelo Secretariado da Propaganda Nacional no distrito de Aveiro, em sequência do intuito de mostrar as belezas do nosso país aos portugueses, que as ignoram, e aos estrangeiros que as querem ver.
E porque não será a segunda junto ao Castelo da Feira, onde tantos elementos apreciáveis já existem para tal realização?
Puseram em evidência o Marnel as escavações no Cabeço do Vouga patrocinadas pelo benemérito Sousa Baptista, a visita da Junta Nacional de Educação a essa estação luso-romana e o proficiente relatório publicado no anterior volume deste Arquivo, págs. 227 e 313, e em separata (1), que amável e lisongeiramente cita a minha modesta referência à linda paisagem.
A estas duas joias da natureza engastadas no nosso distrito e uma terceira que enflora a arte portuguesa me vou referir.
Existe na biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa uma preciosidade de iluminura, É o Pontificales missae, feito por estêvão Gonsalves Neto que assinou o frontispício como abbas Sereiiensis. Alguém leu abade sereiense, outros viram serenense, e localizou-se em Serém a feitura desse primor de paciente e artística beleza.»

(1) - António Gomes da Rocha Madahil, Estação luso-romana do Cabeço do Vouga - I - Terraço subjacente à Ermida do Espírito Santo ou da Vitória; Coimbra, 1941.

*****

Vamos continuar a ver o que nos diz Vaz Ferreira sobre o que publicou no Arquivo do Distrito de Aveiro.
Pelo conteúdo da literatura citada, deve ter sido em 1942, ou muito próximo, que se inaugurou a Pousada de Serém, como era e é conhecida (em restauro e remodelação), ou Pousada de Santo António.

domingo, 10 de abril de 2011

As falhas...

...No post anterior

É isso. No post que antecede, há duas situações que carecem de ser complementadas. Uma é a foto da antiga capela do lugar de Carvalhal da Portela, que terá sofrido obras de manutenção. Ela aqui fica, uma vez que tínhamos dito que uma foto antiga andava por aí perdida.

Esta era a velha capela do orago S. Marcos

A segunda é que não lemos completamente a acta da sessão da Junta de Freguesia de 10 de Janeiro de 1915, porque a certa altura regista o seguinte:

«E finalmente foi deliberado realizar-se no próximo domingo, dezassete do corrente, uma sessão extraordinária para cuidar dos assuntos que se relacionam com a arrematação da 1ª tarefa da construção da casa de Escola.»

Significa que em Janeiro de 1915 e como se tem referido antes, a Junta andava atarefada com o problema da Escola Primária, sobre a qual se acentua chamar-se «casa de escola». E não era para menos numa época onde grassava, de forma acentuada, em toda a população, o analfabetismo.
Ficam estes dois pormenores que, não sendo nada de especial, são merecedores de tratamento adequado quanto à história de alguns factos que vimos seguindo e registando há muito.

sábado, 9 de abril de 2011

A Junta de Freguesia na história - 76

 O Dia Braçal
A capela de San Marcos

Por acaso estávamos em plena leitura da acta da sessão da Junta de Freguesia de 10 de Janeiro de 1915 e lá encontrámos dois factos curiosos. Um, que se relaciona com impostos - falarmos, nesta altura, de impostos, é como um incêndio que alastra e queima tudo - dos quais havia um (já antigamente haviam muitos impostos) que era popularmente designado por «DIA BRAÇAL».
O «Dia Braçal» era um imposto que podia ser pago de duas formas:

Carvalhal da Portela: a capela reparada já não existe. Mas há por aí uma foto

1 - Ir à Câmara e pagar uma importância que era previamente estabelecida. E como ainda até há pouco tempo, formavam-se enormes filas de pessoas para pagar este imposto que, salvo erro, se verificava durante o mês de Março.
2 - Disponibilizar-se, durante um dia, para trabalhos públicos e necessários à comunidade, como abaixo vamos ver, arranjar caminhos, a braço (a pulso), porque máquinas adequadas não havia, como hoje há para tudo o que se refere a caminhos.
Daquela acta transcrevemos este facto histórico, bem como uma deliberação que autorizava a reparação da capela de «San» Marcos. Está redigida assim, na parte que interessa.

«Foi autorizado aos povos do Toural, Moutêdo e Cadaveira, prestarem o dia de imposto de trabalho na reparação dos caminhos das suas localidades. Também foi deliberado auctorisar a reparação da capela de San Marcos, em Carvalhal da Portela, provendo assim à sua conservação, nos termos do artigo cento e seis da Lei de Separação da Igreja do Estado, sem encargos para esta Junta.»

Quanto ao primeiro facto, procuramos dar uma explicação, que se aproxima daquilo que se passava. Quando à reparação da capela, a situação passa-se em 1915, e já existia a Lei da Separação. Porque diacho haveria a Junta de dar autorização? Não percebo. E mais: era sem encargos para a Junta! Claro que confessamos a ignorância quanto a estas coisas daqueles primeiros anos da implantação da república. Mas que é curioso, lá isso é...


terça-feira, 5 de abril de 2011

Gente destas terras - 37

Conselheiro José Joaquim  Rodrigues de Bastos

Não sei se, localmente, terá sido dito tudo àcerca deste ilustre Homem público, que desempenhou altos cargos no governo da Nação e suas estruturas, principalmente no decurso do século XIX.
Conhecemos todos, creio eu, uma rua em Arrancada, denominada com o seu nome. Nada mais. Era natural do lugar do Moutedo, onde nasceu em 8 de Novembro de 1777 (século XVIII). Foi baptizado em 16 do mesmo mês de Novembro, recebendo este sacramento na pia baptismal da igreja de Valongo do Vouga, que ainda por lá está. Trata-se de uma peça rara e rica no estilo, na arte e na história.
Encontrei o que, para mim, andava perdido ou talvez já nao me lembrasse dele. Um livrinho com 30 páginas, que constituiu uma Separata do Boletim Municipal de Aveiro (Ano V - Junho de 1988 - Nº 11), que possui uma interessante biografia daquele ilustre, culto e competente Homem público.
Esta biografia é da autoria de um seu descendente, o Dr. Rui Moreira de Sá e Guerra, do Instituto Português de Heráldica, a quem peço permissão para aqui evocar o Conselheiro, do Moutedo, e dela, com a devida vénia, respigar alguns nacos de história, inserida nas paginas 27 e 28:

segunda-feira, 4 de abril de 2011

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO XLII

Deixámos esta narrativa naquela frase de que os Bandeiras não esperavam que o agravo lhes fosse contrário e desfavorável, que é o mesmo... dito de uma forma ou de outra, acrescentamos agora.
Mas o Dr. Silva Pinho continua a sua narrativa afirmando que aqueles Bandeiras ficaram verdadeira e completamente desnorteados e lá recomendaram à polícia que cessasse as suas investigações, um tanto inúteis, que tanto dinheiro lhes tinham custado.
Ninguém sabia do paradeiro das Meninas (em letra maíscúla, que é como o Dr. Pinho escreveu), nem era fácil poder descobrir o que quer que fosse, e, por isso, entenderam que as pesquisas não deviam prosseguir.
Aqui também a «ratice» do Dr. Silva Pinho se fazia sentir: reparemos nesta frase: «Eu tinha dito a meia voz, em som de mistério, que o tutor e as suas pupilas tinham saído para o estrangeiro num navio à vela.» Facto que veio a acontecer mais tarde....

Foto inserida em alguns blogues e sites da Net.
Como esta parte da história focaliza teatros, bailes, etc., aqui fica a ilustrar
aquela pérola que era e é agora o Teatro Nacional de S. João

Isto foi o suficiente para que o boato corresse mais depressa que o fogo, acreditou-se nesta versão e, durante algum tempo, não se falou mais no caso das Meninas Mascarenhas. E o Dr. Silva Pinho, pelo boato que lançou e que provocou um ambiente calmo e descontraído, dizia que só lhe apetecia descansar um pouco e divertir-se. Vivia-se o auge do Carnaval e que, no Porto, se passava admiravelmente.
Tinha dois condiscípulos, Dinis Duarte de Sousa e Manuel Cardoso Coutinho Madureira, que andavam, de forma constante, na sua companhia em jantares, bailes e teatros. Numa associação, um tanto familiar, que ficava no início da rua de Santa Catarina, onde foi apresentado, passou uma boa noite num baile muito animado e que no Porto, à época, se falou ruidosamente. Teve também uma apresentação no baile da Assembleia, no largo da Trindade. Esta foi brilhante. Era terça-feira de Entrudo.
Toda a gente dançava e divertia-se nas salas, quando uma notícia estranha ali chega. Luis Filipe tinha sido destronado e fora proclamada a república em França. Mas as danças continuaram até de madrugada, com uma extraordinária animação. Afinal a política de França ficava, naquela altura, bastante longe.
A Fonda de Las Delícias era muito concorrida, principalmente por rapazes educados, que ali iam jantar. Tinha-se constituído um grupo de que faziam parte Gonçalves Basto, Urpia, Sousa Reis, de Cedofeita, e os meus condiscípulos e a que se associavam alguns imigrados espanhóis, o qual era certo nos jantares da Fonda, jantares alegres, em que se faziam discursos entusiastas, se cantavam hinos da democracia e todos se tratavam por cidadãos.
Deixamos para um próximo post o que aconteceu no teatro de S. João - que ainda lá mora - de uma cena singular, num baile de máscaras, a que o Dr. Silva Pinho assistiu, interessado e curioso. Vamos ver o que lhe aconteceu.

domingo, 3 de abril de 2011

Blogues da freguesia - 16

Memórias do século XX
Valongo do Vouga

Em primeiro lugar referir que não se trata de mais um blogue. É um site que acaba de nascer, embora já há algum tempo que estava ali anunciado "em construção".
Sobre os seus objectivos, como muito bem se encontra demonstrado e explicado, é um trabalho totalmente diferente e com conteúdo que deixa antever, à partida, muito trabalho e muito tempo de dedicação.
Ainda não andámos a «cheirar» algum do seu conteúdo, apesar de já cumpridas as formalidades ali sugeridas. Mas que é  uma curiosidade a merecer atenção e disponibilidade para quem queira «ver» a sua freguesia com outros olhos...



O seu endereço, se pretender ir lá já, clique ali à frente: http://valongodovouga.net/

sábado, 2 de abril de 2011

A Junta de Freguesia na história - 75

A construção das escolas


Continua a saga da história da construção das escolas. Fomos encontrar numa acta de 27 de Dezembro de 1914 - há quase cem anos de distância! - um naco de esclarecimento sobre a situação. E, melhor que contar uma história, transcrevemos o que consta, para ficarmos devidamente esclarecidos.


Quem conhece, sabe que esta Escola é em Valongo

«Um ofício do Excelentíssimo Ministro da Instrução Primária e Normal, sob o número duzentos e noventa e cinco, de vinte e oito de Novembro último, comunicando a esta Junta que por despacho de vinte e seis do dito mês fora aprovado o projecto (planta) para a construção do edifício escolar para os dois sexos, desta freguesia. A Junta ficou sciente.»

Mais abaixo e fora da ordenação do assunto, que devia aparecer logo a seguir, há uma deliberação no meio e depois acrescenta, sobre este caso das escolas:

«Em vista de estar já aprovada a planta da casa da Escola e tendo esta Junta já em seu poder a planta parcial e respectivo caderno de encargos para a primeira tarefa, foi deliberado passar editais para a arrematação da referida tarefa, que consta de dois salões para o sexo masculino, devendo a sua arrematação ter lugar no dia vinte e quatro de Janeiro próximo na casa das sessões da referida Junta.»

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