A capela de San Marcos
Por acaso estávamos em plena leitura da acta da sessão da Junta de Freguesia de 10 de Janeiro de 1915 e lá encontrámos dois factos curiosos. Um, que se relaciona com impostos - falarmos, nesta altura, de impostos, é como um incêndio que alastra e queima tudo - dos quais havia um (já antigamente haviam muitos impostos) que era popularmente designado por «DIA BRAÇAL».
O «Dia Braçal» era um imposto que podia ser pago de duas formas:
Carvalhal da Portela: a capela reparada já não existe. Mas há por aí uma foto
1 - Ir à Câmara e pagar uma importância que era previamente estabelecida. E como ainda até há pouco tempo, formavam-se enormes filas de pessoas para pagar este imposto que, salvo erro, se verificava durante o mês de Março.
2 - Disponibilizar-se, durante um dia, para trabalhos públicos e necessários à comunidade, como abaixo vamos ver, arranjar caminhos, a braço (a pulso), porque máquinas adequadas não havia, como hoje há para tudo o que se refere a caminhos.
Daquela acta transcrevemos este facto histórico, bem como uma deliberação que autorizava a reparação da capela de «San» Marcos. Está redigida assim, na parte que interessa.
«Foi autorizado aos povos do Toural, Moutêdo e Cadaveira, prestarem o dia de imposto de trabalho na reparação dos caminhos das suas localidades. Também foi deliberado auctorisar a reparação da capela de San Marcos, em Carvalhal da Portela, provendo assim à sua conservação, nos termos do artigo cento e seis da Lei de Separação da Igreja do Estado, sem encargos para esta Junta.»
Quanto ao primeiro facto, procuramos dar uma explicação, que se aproxima daquilo que se passava. Quando à reparação da capela, a situação passa-se em 1915, e já existia a Lei da Separação. Porque diacho haveria a Junta de dar autorização? Não percebo. E mais: era sem encargos para a Junta! Claro que confessamos a ignorância quanto a estas coisas daqueles primeiros anos da implantação da república. Mas que é curioso, lá isso é...
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