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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Souza Baptista - 1

Funcionário público no Brasil?

De Souza Baptista, por muito o que tem sido  escrito, não terá sido dito tudo, nomeadamente alguns pormenores de vida por que terá passado. As pesquisas servem para que se possa descobrir, sobre as coisas, os factos, a história e até a vida de pessoas. É o caso de, como resultado, se ter encontrado sobre Souza Baptista, o que nos leva a supor algo mais sobre a sua história de vida a que nos referimos no início. Por isso, com base na teoria explanada, é de supor que Souza Baptista, emigrado no Brasil, terá sido funcionário público do Estado de Minas Gerais, a crer na publicação encontrada e que a seguir deixamos digitalizada. Se assim for, poderá ter desempenhado funções estaduais no Brasil antes de se ter dedicado à indústria de mobiliário. Com as naturais reservas que a situação aconselha, deixamos esta curiosidade de Souza Baptista aquando da sua estadia no Brasil. Este recorte parece ser de um órgão oficial, uma espécie do nosso Diário da República, no qual era publicado tudo aquilo que se relacionava com a actividade público-administrativa do Estado de Minas Gerais.
E ali está a publicação seguinte:
«Ao mesmo sr. transmitiu-se o officio que lhe é dirigido pelo director da colónia do Barreiro, consultando si pode effectuar ao regente agrícola sr. Joaquim Soares de Souza Baptista o pagamento dos seus vencimentos.»
É de crer que sendo identificada a sua profissão e ordenando-se o pagamento dos seus venci-mentos, só era possível mediante a prestação de funções como funcionário daquele Estado. Esta situação reporta-se a 15 de Janeiro de 1896. A data de nascimento de Souza Baptista foi a 19 de Janeiro de 1874. Naquela data estava a completar 22 anos de idade.


 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 8


Manifestações de pesar

Após o falecimento de Leandro Augusto Martins, as notícias dando conta do infausto acontecimento e das suas repercussões, principalmente na freguesia de Valongo do Vouga, onde nasceu, a avaliar pelas descrições escritas que nos ficaram do jornal Soberania do Povo do ano de 1927, deixam claramente antever que foi, na época, um duro golpe e, em certa medida, uma surpresa um tanto inesperada.
Ficam as manifestações de quem escreveu, dos familiares, que se serviram da imprensa escrita para agradecer as manifestações de pesar, salientando-se a notícia, redigida por António Magalhães, publicada naquele semanário e que deixamos transcrita por  digitalização.
Após a faustosa inauguração do seu palacete, em Setembro de 1925, Leandro Martins apenas viveu mais cerca de dois anos, pelo que é de admitir que pouco tempo teve para usufruir das condições de habitabilidade que a construção de tal palacete, no princípio do século XX, proporcionava.
No seu estilo peculiar, de realçar a redacção da notícia antes referida de
António Magalhães, que está acrescentada de uma outra nota, que decorreu em 31 de Julho de 1927, na qual dá conhecimento de que neste dia receberam solenemente a primeira comunhão 119 crianças. Este número, em 1927, é manifestamente grande se se comparar com a actualidade.
Termina aqui esta série dedicada a um Valonguense que passa quase despercebido em grande parte da população, que pouco saberá quem foi e do que representou para a freguesia.

(Para aumentar, clique nas imagens)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 7

O falecimento


Deixámos antever que iríamos rebuscar o que foi escrito sobre o falecimento de Leandro Augusto Martins, pelo conteúdo do post datado de 27 de Novembro passado. Assim é.
Podemos registar, antes de mais, que pouco tempo usufruiu da sua nova mansão, que mandou construir na Quinta da Póvoa do Espírito Santo, inaugurada, como foi dito, em Setembro de 1925. Com efeito, não chegou a dois anos, que a vida lhe deu para poder ver e habitar um palácio que, para a época, foi qualquer coisa de inédito, extraordinário e faustoso, tendo em conta o meio em que estava inserido.
A  data de nascimento deste Valonguense (Vascaíno do Rio de Janeiro, por adopção) necessita de ser confirmada, pois sempre apontámos para o dia 8 de Setembro de 1862, quando já encontrámos 7 de Setembro e, num caso sem importância, 9 de Setembro. Sem mais elementos, parece-nos ser a primeira a data correcta, embora a Soberania do Povo se encontre bem posicionada, historicamente, para que conhecesse e tivesse a certeza que foi o dia 8 de Setembro. Ao fundo deste, estão dois links que ajudam, em certa medida, a  deslindar esta situação e que estão mais completos em relação à história ligada a Leandro Martins, enquanto emigrante no Brasil.
Mas a vida contrariou os planos de Leandro Martins. Como se diz num dos blogues indicados nos links, uma grave doença na garganta afectou este português radicado no Rio de Janeiro. Com as suas posses tentou uma cirurgia na Alemanha (cidade de Berlim), onde veio a falecer. Essa cirurgia, disseram-nos, tinha em vista colocar uma prótese de prata (ou platina?). A medicina, na época ainda não conhecia, admitimos, as doenças cancerosas, nomeadamente a tiróide.
Esta intervenção cirúrgica, na capital alemã (Berlim), ainda este país não tinha sido dividido, como se sabe, resultou, repetimos, na morte (um tanto prematura) de Leandro Martins.
A notícia correu célere, publicando a Soberania do Povo o funesto acontecimento no número datado de 30/7/1927, como aqui se deixa digitalizado. Existem duas origens que coincidem e confirmam a data do desenlace de Leandro Martins, que aconteceu a 27/7/1927.
O seu corpo foi trasladado de Berlim para o Rio de Janeiro, onde foi sepultado.

A seguir: - A missa de 7º dia em Valongo e outros acontecimentos.

Ver:
http://www.agloriadovasco.blogspot.pt/2014/10/leandro-augusto-martins-o-presidente.html
http://paixaovascao.com.br/wiki/leandro_augusto_martins

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 6

Os projectos de benemerência de Leandro Martins


Palacete da Quinta da Póvoa
Do que sem tem dito sobre Leandro Augusto Martins e como aconteceu com outros beneméritos da terra, também este tinha os seus projectos do que pretendia legar à freguesia onde nasceu a 8 de Setembro de 1862.
Palacete do Visconde de Salreu, conforme site aqui
Quando a 8 de Setembro de 1925 ofereceu um faustoso banquete a muitas personalidades da época, dizia-se que era sua intenção,  frente à Quinta onde acabava de inaugurar o seu palacete, cuja área de terreno já lhe pertencia - parte que depois foi doado ao seu feitor António Pedriano de Vasconcelos, antigo Alveitar de Arrancada e emigrante no Brasil, o chamado «Casarão da Póvoa», onde era costume serem apresentados alguns espectáculos. Nesse espaço, dizia, queria Leandro Martins fazer algumas obras, nomeadamente uma escola de artes e ofícios - factor que terá ficado nas reminiscências da escola que frequentou no Brasil e que aqui queria «copiar».
Também se afirma que o mesmo Leandro Martins, nos terrenos que ficavam frente à Quinta, a seguir àquele Casarão, no local onde Porfírio Resende (tio) teve a sua loja de mercearia e vinhos, pretendia erguer ao que se chamou na altura um hospital, ou centro de saúde, com as condições necessárias para assistência médica à população da  freguesia. Nada existia na época.  Por interpostas pessoas, chegou-nos também a versão histórica que o Conde de Sucena, da Borralha, teria sido empregado da Leandro Martins, no Rio de Janeiro. Não nos parece consistente esta hipótese, porque José Rodrigues Sucena, nasceu em 28 de Abril de 1850, filho de pais lavradores os quais queriam que seguisse a carreira eclesiástica, uma forma de o fazer letrado e instruído graciosamente, ao tempo.
Aos 17 anos (1867), cinco anos depois de Leandro Martins ter nascido, o José manifestou ao pai o desejo de se ausentar para o Brasil, aqui tentando, como muitos outros, a sua sorte. E essa sorte sorriu-lhe até que chegou a construir um grande estabelecimento no centro do Rio de Janeiro, na rua da Quitanga, tornando-se num dos maiores comerciantes de pronto a vestir daquele estado e, segundo as crónicas, do próprio Brasil e da América do Sul. Por tudo isto não é verosímil admitir que tenha trabalhado para Leandro Martins, como foi dito.
Idêntica carreira de vida, quase paralela àqueles, teve o Visconde de Salreu, que chegou a ser quase contemporâneo, nestas andanças da emigração brasileira, de Leandro Martins e de José Rodrigues de Sucena, depois Conde de Sucena, em 1904, obtendo antes o título de Visconde de Sucena em 1899, com que foi agraciado pelo Rei D. Carlos.
Todos estes emigrantes do Brasil tiveram uma coisa em comum: Proporcionaram às suas povoações de origem e respectivas populações condições de vida, de instrução e cultura, que não teriam possibilidades de usufruir se não fossem as respectivas fortunas.
De notar que o palacete do Visconde de Salreu, construído no local onde se situava a casa de seus pais e onde nasceu, é em tudo arquitectónicamente semelhante ao palacete da Quinta da Póvoa, como aqui se pode confirmar. 
Leandro Martins, para  além do seu palacete, não conseguiu realizar os seus projectos, pois, como vamos ter oportunidade de conhecer, a sua vida, após a inauguração daquele, foi relativamente curta.

A seguir: - O falecimento de Leandro Martins



domingo, 22 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 5

1 - A causa da emigração de Leandro Martins
2 - Um dos primeiros timoneiros do Clube Náutico


1 - Sobre a causa e a época da emigração de Leandro Martins para o Brasil, foi-nos verbalmente descrita uma narrativa, pelo que é de admitir alguns lapsos face ao tempo decorrido e porque sobre estes acontecimentos não existem documentos nem outras fontes. Mas a história é interessante. Vamos ver  se conseguimos, também nós, não correr o risco de adulterar, o que será involuntário e sem qualquer pretensão.
Entrada frontal para o palacete (Fev. 2009)
Cata-vento que existiu e aqui quase desaparecido (Fev. 2009)



Leandro Martins teria à volta de 10 anos. Como nasceu em 1862 (em Setembro), calculamos que os factos a seguir descritos teriam ocorrido por volta de 1872. Neste hipotético ano decorriam os festejos em honra de S. Miguel, em Aguieira, como era normal e ainda hoje acontece. Recordamos que no dia 29 de Setembro são celebrados os Arcanjos S. Miguel, S. Rafael e S. Gabriel.
Num desses dias de festa, gerou-se enorme zaragata, como já era hábito na maior parte das festas populares de tempos idos. Essa zaragata deu origem à maior cena de pancadaria que jamais se assistiu por estas bandas.
E, ao que parece, nelas viu-se envolvido o nosso biografado Leandro Martins. Esbaforido, mas triunfante, chegou a casa e contou ao avô o que se tinha passado, e terá exclamado: «Matei um homem!»
Porque na barafunda entravam sempre paus, cacetes e quejandos daquele tempo, houve alguém que terá utilizado na rixa tais 'armas' de defesa. Apurou-se que Leandro Martins não terá tido participação activa e directa em cima dos seus verdes 10 anitos, mas vendo-se envolvido na confusão, talvez tenha pretendido mostrar-se um herói, culpando-se de uma morte que terá ocorrido durante e na peleja.
O avô, pessoa de prestígio e influência viu de imediato que dali poderia resultar alguns problemas com a justiça e as autoridades, pelo que só viu uma saída de solução para o caso, apesar da sua menoridade. Fazer sair Leandro Martins do país e, dadas as circunstâncias de vida e ambiência reinantes e como já seria tradicional, a única que se apresentava verosímil e habitual, era emigrar para o Brasil.
Com uma carta de recomendação do avô no bolso, o nosso «forçado» emigrante foi numa das primeiras diligências que por estas bandas passavam (talvez por Mourisca ou Vouga), em direcção ao Porto e aqui terá embarcado para o Rio de Janeiro.
A preocupação do avô foi a de conseguir libertar o neto de alguns sarilhos, que pudesse vir a ser acusado. Mas, repetimos, pelo que nos contaram, chegou a confirmar-se não ser autor material do fatídico acontecimento. Conta-se que a vítima, no meio da confusão gerada, terá batido com a cabeça no chão e em cima de alguma pedra, que foi fatal. Mas os varapaus e cacetes bailaram pelas cabeças.
Com a recomendação no bolso, para um amigo residente no Rio de Janeiro, antes referido, por este foi acolhido e começou a frequentar uma escola de artes e ofícios. Mais tarde e já em idade de trabalhar, contraiu matrimónio, constituiu família, começando por vender colchões que a esposa confeccionava. E ganhou assim o primeiro dinheiro que o lançaria na indústria de carpintaria e marcenaria (móveis).
Com esta história incompleta e, talvez, amputada, com alguns factos a carecerem de confirmação, passamos à 2ª parte desta história.

2. - A nossa fonte cita que no Clube Náutico Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, residiu outra curiosidade, que consistiu no facto de ser de Arrancada do Vouga, um dos primeiros timoneiros de uma tripulação desportiva náutica, que dava pelo nome de José Duarte. Há uma situação confusa na sua identificação, que ainda não foi possível clarificar, colocando, eventualmente, esta pessoa como membro ou próximo da família de "Joaquim do Adelino", que residiam junto ao celeiro, que existiu na área de terreno onde foram construídas as habitações de Joaquim de Almeida Marques e António Simões Estima, ali residentes, mas sem consistência memorial.
Regista-se ainda que António Pedriano de Vasconcelos e esposa (ou António de Vasconcelos Pedriano), que estiveram alguns anos no Brasil e residiram no local do dito armazém medieval (dos Duques de Lafões), foram contadores destas histórias que muitos terão memorizado.

Conclusão: com as naturais reservas que este tipo de histórias sempre podem constituir, ficam mais umas dicas da situação de vida de Leandro Martins, relacionadas com terras brasileiras.

A seguir: - Os projectos de Leandro Martins para a freguesia.

Ver mais elementos da história de Leandro Martins no Brasil, aqui:
http://www./+/agloriadovasco/+/.blogspot.com/2014/10/leandro-augusto-martins-o-presidente.html




sábado, 21 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 4

Leandro Martins e a inauguração do palacete da Póvoa

Pelo pormenor colocado na descrição do que foi a  festa que este ilustre Valonguense ofereceu a distintos amigos e até, ao outro dia - 9 de Setembro -, aos mais necessitados da freguesia, transcrevemos, mais uma vez, do jornal Soberania do Povo de 12 de Setembro de 1925, uma parte do que então foi escrito:

A foto possível do palacete inaugurado em 8 de Setembro de 1925
"Constituiu uma verdadeira consagração das altas qualidades do nosso distincto conterrâneo e presado amigo sr. Leandro Martins, a belíssima festa do dia dos seus annos, na sua opulenta vivenda na Póvoa d'Arrancada.
Às 11 horas da manhã mandou s.ex.ª resar uma missa na egreja de Vallongo em acção de graças pelo dia dos seus annos e pela protecção que Deus lhe tem dispensado na vida, sendo numerosíssima a assistência. A sr.ª D. Darcilia Martins Teixeira, (filha de Leandro Martins) acompanhada ao órgão pela  srª D. Esther Pinheiro Corga, cantou, com muito sentimento, na sua belíssima voz, uma  Avé Maria e um Salutaris.
Às 6 horas da tarde o sr. padre Celestino de Almeida Branco, digno pároco da freguezia de Vallongo, acolytado pelo sr. padre António Correia Pires, vigário resignatário de Mira, procedeo à benção do palacete.
Os numerosos convidados do sr. Leandro  Martins, que de todo o concelho, e de diferentes pontos do país, foram chegando desde as 3 até às 8 horas da tarde, photografaram-se em grupo.
Apesar da amplidão da elegante sala de jantar da magnífica vivenda da Póvoa, não poude realizar-se ali o explendido banquete, que o sr. Leandro Martins  offereceu aos seus convidados, entre os quaes se contavam senhoras e cavalheiros, da maior distincção, porque a sala não comportava tantas pessoas, sendo a magnífica refeição servida no jardim, junto ao palacete, debaixo de um coberto artísticamente ornamentado pelo sr. Albérico de Lemos, de Albergaria-a-Velha, cujo bom gosto é bem conhecido."

Fica  por aqui uma parte da longa narrativa do jornal Soberania do Povo acima citado, que passa a listar uma extensa identificação de ilustres nomes que estavam presentes na Quinta da Póvoa.
Transcrevemos ainda um pouco de prosa que dizia:

"Ao champanhe o sr. Conde d'Águeda como presidente da câmara e como amigo do sr. Leandro Martins, levantou a sua taça e disse que lhe cabiam o dever e a honra de falar, em primeiro lugar na qualidade de presidente da Câmara, e por isso ia falar em nome do povo, mas como amigo do sr. Leandro Martins que, após uma longa vida de trabalho, não do trabalho material que todo o ser humando era susceptível de produzir, mas do trabalho inteligente e reflectido, que nem todos podem realisar, chegara ao apogeu de uma gloriosa carreira de industrial activo e empreendedor, e vinha  estar entre nós, tendo mandado fazer o bello jardim onde se realisara aquela brilhante festa e ordenado a construcção da linda casa em que habitava, e onde o conforto brotava de cada sala e de cada compartimento, numa profusão de commodidades atrahentes."

E mais abaixo, terminamos esta amostra do seguinte modo:

"O sr. Leandro Martins passava no mundo não a aferrolhar o seu dinheiro conquistado com honra, com tanta honra que, phrase feliz de um conceituado banqueiro fluminense, a sua palavra valia mais do que a sua assinatura n'uma letra de câmbio, e conquistado com inteligente actividade e tão inteligente que S.Ex.ª tinha tinha sabido fundar no Brazil a primeira casa de mobiliário de toda a América do Sul, o sr. Leandro Martins passava no mundo, como dissera um orador, não a aferrolhar o seu dinheiro como um avarento, mas a dispendel-o em meios úteis como aquella casa, onde dera de trabalhar a tanta gente, como a escola de Arrancada de que fora o promotor e para a qual dera em tempo um donativo importante para a época em que teve aquella bella iniciativa, e como a manutenção, desde o dia dos seus annos, de uma cama no Hospital Conde de Sucena para os doentes pobres da freguesia."

De muito mais texto é composta a publicação, que, para não maçar, aqui não vamos reproduzir. É demasiadamente extensa. No dia 19 de Setembro voltou a Soberania do Povo a republicar o que se vem a transcrever-se, porque "o brinde que o nosso director sr. Conde d'Águeda fez no banquete que o nosso ilustre conterrâneo e amigo sr. Leandro Martins offerecera, na sua bella vivenda da Póvoa, da freguezia de Vallongo, aos seus numerosos amigos, sahiu, no último número da Soberania, todo mutilado..."
Por isso, lá foi, outra vez repetido o texto do Conde d'Águeda.
Mas nós ficamos por aqui...
E como há mais factos desta história, continuaremos a publicar o que se passou.

(Respeitada a grafia  da época)

A seguir:
1. - O Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Um dos primeiros timoneiros da tripulação deste desporto, era de Arrancada.
2. - A causa da emigração para o Brasil de Leandro Martins.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Leandro Augusto Martins - 3

A inauguração do palacete da Póvoa


O palacete da Póvoa, actualmente na posse de outros proprietários, foi inaugurado com muita pompa e circunstância (como é hábito dizer-se) no dia 8 de Setembro de 1925. Neste dia, o proprietário que o mandou construir - Leandro Augusto Martins - festejava o seu aniversário natalício. Há uma divergência de um dia, que não constitui problema de maior; outras fontes apontam que o aniversário se verificava a 7 de Setembro. Se houver tempo e pachorra, a este assunto voltaremos, com vista a colocar os pontos nos ii.

No post de 25 de Outubro passado, onde anunciamos dar nota da história desta inauguração, foi colocada a digitalização da notícia da Soberania do Povo, de 5/9/1925. Agora vamos tentar transcrever para ser convenientemente legível o seu conteúdo, respeitando a grafia tal como foi utilizada. E aqui a repetimos.

"No dia 8 do corrente passa o dia do anniversário natalício do nosso ilustre e presado amigo sr. Leandro Martins. N'esse dia inaugura este abastado capitalista e grande industrial do Rio de Janeiro, a sua bella vivenda na Póvoa do Espírito Santo, da freguezia de Vallongo, mandando fazer a benção do lindo palacete pelas seis horas da tarde, e offerecendo em seguida um lauto jantar aos seus numerosos amigos, que virão de differentes pontos do país felicitar o disntincto cidadão, que soube alcançar uma grande fortuna, pelo seu trabalho, pela sua intelligencia e pela sua honradez.
As suas casas de mobiliário no Brazil constituem a mais poderosa organização no genero em toda a América do Sul. É uma honra para todos nós que um patrício nosso tanto se tivesse notabilizado no commercio e na industria do Brasil.
O palacete do sr. Leandro Martins tem todas as commodidades modernas que o bom gosto do seu distincto proprietário soube crear com a prodigalidade que lhe proporciona a sua fortuna.
A banda militar de Infantaria 24 tocará no jardim do palacete desde as 5 horas tarde até às 2 da madrugada, tendo o nosso amigo sr. Leandro Martins requisitado à Companhia do Valle do Vouga um comboio especial para conduzir os seus numerosos convidados até à cidade de Aveiro, logo que termina a encantadora festa. O bello e amplo jardim do palacete será profusamente iluminado a luz electrica.
Ao sr. Leandro Martins cumprimentamos pelo seu anniversario, que sua ex.ª festeja este ano por esta forma, por ser a primeira vez que vem a Portugal depois de concluída a sua magnifica vivenda."

Fonte: - Soberania do Povo de 5 de Setembro de 1925

Essa vivenda ainda está de pé, como é sabido, mas modificada, se comparada a foto original com a moradia tal como está agora. Não vi bem, mas parece-me que se trata do torreão do lado direito.

*****

Esta narrativa presta-se a alguns comentários, talvez despropositados, dirão, mas por que constituem bastante curiosidade para a época e para o nível e forma de vida então vividas.
1 - Uma nota bastante curiosa é a utilização do termo «abastado capitalista», numa época em que proliferava já por toda a Europa a influência dos ventos de leste. Um amigo diz-nos que em seu entender era mesmo assim que a sociedade de então distinguia estas pessoas.
2 - "O palacete tem todas as comodidades modernas ...que o seu proprietário soube crear com a prodigalidade que lhe proporciona a sua fortuna" Pudera! Onde está a admiração? Então o senhor era rico, fez do seu dinheiro o que quis e, dele, distribuiu em trabalho, em dinheiro e em obras que pagou, fazendo movimentar (e bem) a economia local e não só.
3 - Uma terceira curiosidade interessante: alugou à CP - então Companhia dos Caminhos de Ferro do Vale do Vouga - um comboio especial para transportar os seus convidados, que a notícia não menciona, mas que terão desembarcado e embarcado (no regresso) no apeadeiro de Valongo. Só não se especifica também, como é que se deslocaram do Arrável até à Póvoa do Espírito Santo. Já vimos essa notícia, mas admitimos que a estrada ainda não estava pavimentada a "mac adam".
4 - E para terminar. A festa foi abrilhantada por uma banda de música militar, que «esteve de serviço» desde as 5 horas da tarde até às 2 da madrugada. Coitados dos militares, fartaram-se de soprar nos instrumentos as notas musicais, pensamos, até de madrugada! Foi muito tempo e muito reportório!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Gente destas Terras - 48

Souza Baptista
Um regresso ao Brazil


O nome do país não está correcto. Foi seguida a grafia do princípio do séc. XX, como se confirma pelo original que aqui está digitalizado.
E como este original se pode ler com facilidade e clareza, nada mais há a acrescentar.
Isto deixa perceber que o Insígne Benemérito Valonguense, durante o tempo que esteve no Brasil, terá vindo a Arrancada do Vouga algumas vezes. Quantas? Não sei...
Se a notícia da Soberania do Povo de 8 de Novembro de 1924 diz que «regressou ao Brasil» é porque veio visitar a sua terra. Em 1927 retornou definitivamente às suas origens.
E fica tudo dito.
Ah! Interessante seria poder saber - e talvez se consiga - em que altura é que emigrou. Temos várias notícias de emigração para o Brasil dos anos vinte e trinta, algumas com as identificações dos aventureiros. Souza Baptista terá ido antes.
Ontem, como hoje... sempre portugueses pelo mundo...e até quando? Dir-me-ão: sempre!
Ontem os motivos eram uns; hoje são os mesmos. Sempre acompanhados por um sentimento tipicamente português: A SAUDADE.

Nota: - É visível na redacção que foi acompanhado por seu cunhado, João Martins Pereira, que era ao tempo "presidente da Junta de Parochia de Vallongo, d'este concelho".
A notícia está amputada de uma linha, que talvez não adiante ou esclareça qualquer coisa a este facto ocorrido em 1924. Mas ficou registado que neste seu regresso, como benemérito, marcou o seu altruismo,  entregando no Hospital Conde Sucena a importância de 500$000 mil réis.




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Gente destas Terras - 47

Souza Baptista
Em 1929 inicia colaboração na Soberania do Povo

O semanário mais antigo do país, Soberania do Povo, publicava-se aos sábados e era constituído, de acordo com as possibilidades técnicas (e económicas) da época, por duas páginas, passando depois de alguns anos a quatro páginas, evoluindo até ao número de páginas que conhecemos actualmente.

Fonte: Soberania do Povo de 6/7/1929.














Um factor que sempre nos causou certa curiosidade, foi o de poder saber quando é que Souza Baptista iniciou a sua colaboração na imprensa, particularmente neste jornal, como é público. Em 1927 regressou do Brasil, com 53 anos, idade esta que, por lapso, não está correctamente indicada no Jornal Valongo do Vouga, de Junho de 1992, quando reportou as comemorações dos 50º aniversário da fundação da Casa do Povo de Valongo do Vouga.
Pormenorizando:
Nasceu em 1874, do que, parece, não restam dúvidas, tanto mais que há documentos. Escreveu-se que regressou definitivamente do Brasil em 1927. Fazendo as contas, a diferença é de 53 anos que corresponderia, mais ano, menos ano, à sua idade. Faleceu em 28 de Outubro de 1963, com 89 anos completos. Neste dia, de 2013, dedicamos um post a lembrar os 50 anos do seu falecimento, que aqui pode recordar :https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=863622795153613159#editor/target=post;postID=9028367864325172789;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=17;src=link

Durante a sua estadia no Brasil terá vindo à sua terra de Arrancada algumas vezes. Uma delas foi confirmada e da mesma daremos conta em breve.
Porém, o motivo deste é apenas desvendar que a sua colaboração na Soberania do Povo se deu, conforme digitalização aqui mencionada, a partir do número de 6 de Julho de 1929.
O comprovante é este. E alguns artigos iremos aqui também inserir.
Este novo colaborador que a Soberania do Povo anunciava, era identificado pelas letras J. B. Eram as iniciais de Joaquim e Baptista. O seu conteúdo não deixa dúvidas, pois os temas eram aqueles por que manifestava grande paixão: a agricultura, por formação, destacando-se o trigo, principalmente, e o vinho. Chegando a fazer conferências formativas sobre esta actividade, como vamos ter oportunidade de constatar. E a redacção da sua apresentação deixa ver a personalidade que se encontrava debaixo daquele pseudónimo.
Que pode aproveitar a alguém que dele tenha necessidade, pois, parece, que lhe será dedicada adequada biografia, quando a Casa do Povo completar 75 anos de existência, comemorando, assim, as suas bodas de diamante. É aquilo que facilmente se pode admitir. Porque constitui a mais antiga Instituição da freguesia, fundada - e em alguns casos e situações - custeando, a maioria das vezes, o que necessário fosse para que não definhasse à nascença. E assim foi até hoje.

Gente destas Terras - 46

António José Ferreira Bastos - Perdido e achado no Douro, Enólogo por vocação, na empresa Mateus & Sequeira, Vinhos, SA

O Tó Zé, como é intimamente conhecido, mesmo quando ainda frequentava a escola básica (como agora é conhecida, e que também encerrou) fica à frente da casa de seus pais... isso mesmo... ali no Calvário de Valongo, da freguesia de Valongo do Vouga, do concelho de Águeda, talvez não sonhasse que já «fermentava» em si rios de vocação para os vinhos, seguindo o curso universitário de Enologia, acabando por «cair» a estagiar em São João da Pesqueira, e ali «colou» a sua vida (actividade) profissional na empresa vitivinícola Mateus & Sequeira, Vinhos S.A., como sede em São João da Pesqueira em pleno Douro. Reside em Vila Real. Os seus pais - José Costa Bastos e Maria Adelaide Martins Ferreira - continuam a residir lá atrás daquela escola, que pos visita quando a sua agitada actividade lhe dá algum tempo livre, para matar saudades. E a D. Adelaide, toda satisfeita, tem a oportunidade de apreciar enlevada, as agradáveis travessuras dos netos, juntamente com o babado avô, Zé.
O mister do seu trabalho já foi reconhecido a nível nacional e internacional, com diversos prémios e foi contemplado, na Revista CRISTINA, com uma reportagem exclusiva sobre as vindimas, no Douro.
Com a devida vénia à redacção deste já conceituado e prestigiado órgão de comunicação, permitimo-nos respigar algumas passagens, complementado com a digitalização de algumas fotos inseridas nesta reportagem de bom nível.
Com subtítulos "NO DOURO A VINDIMA É MAIS ELEGANTE", "NÉCTARES", "AMOR AO VINHO", e em cada um abordando um tema vincado com as vindimas, o tratamento das uvas, a sua escolha até terminarem todas as operações que contribuam e sejam causa da obtenção de bom vinho,  "o enólogo António Bastos tem a sua  teoria. Assegura que o vinho aproxima as pessoas. Num jantar de amigos é imprescindível. Na cozinha abre o apetite e é de opinião que o vinho está na moda".
E continua: "Todos os dias bebo vinho. Não me lembro de um único dia em que o não tenha feito. Até quando estou doente sabe bem. Tenho vinho de borla e pagam-me para beber... Ou melhor, pagam-me para provar, assim é que é!" (gargalhadas).
Antes explica as várias fases do tratamento da uva e esclarece que desta tudo se transforma, até para fazer as coisas mais estranhas e impensáveis. A matéria prima de que é feito o vinho, tem também aproveitamento para outras coisas, desde as tradicionais aguardentes até aos cosméticos.
É muito interessante ficar a conhecer o que é e como é a vida de um enólogo. Está sempre em actividade, porque toda a gente lhe pede para fazer sempre uma prova, mesmo nas confraternizações em que participa. E para que o trabalho e, consequentemente, para que a empresa tenha sucesso, o segredo é "amor, sacrifício e dedicação."
Já somos consumidores, há anos, da embalagem hermética do «Cabeça do Pote». Outras qualidades superiores, não lhe podemos chegar e já nos damos por satisfeitos com esta.
Aquela reportagem da conceituada Revista, cuja figura principal é um jovem de 40 anos, destas terras, é gratificante sabermos que o Tó Zé se alcandorou ao mais alto nível da produção de vinhos de grande qualidade, a nível nacional e internacional, precisamente no exagerado coração da primeira região demarcada do mundo e Património Mundial da UNESCO. E isto justifica e aumenta a sua responsabilidade e competência.
Aconselhamos vivamente a leitura desta magnífica reportagem. Porque engloba um filho da terra? Mas é claro! Não fazemos publicidade. Enaltecemos o trabalho de quem viu crescer um valor e uma competência local.
Se alongasse mais o que é dito na Revista CRISTINA, afugentava, tornando-se alongado e, necessariamente, fastidiosa a leitura aos meus visitadores.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Leandro Augusto Martins - 2

O Vasco da Gama do Rio de Janeiro

Não sei se terá sido o único, mas este grande clube brasileiro de futebol (antes desportos náuticos) teve como presidente um português, de Valongo do Vouga!
Andávamos clicando pelo espaço cibernauta, quando deparámos com um facto surpreendente (para nós) no site do Vasco da Gama, clube a que já nos referimos quando pesquisámos histórias e factos do futebol em Valongo do Vouga, na obra «Valonguense - A  Memória dos Tempos». 
O site do Vasco da Gama - SEMPRE VASCO - cita que o 4.º presidente "foi o industrial Leandro Augusto Martins, nascido em sete de Setembro de 1862 em Arrancada do Vouga, Portugal. Foi eleito de maneira unânime no dia 26 de Agosto de 1900, uma época difícil para o Vasco em termos materiais e financeiros, afinal o cruzmaltino tinha acabado de sair de uma grave cisão que quase colocou um ponto final na história do clube."
Seguidamente confirma que o novo presidente foi o criador (sic) da casa de móveis Leandro Martins, sendo hoje grande referência em antiquários.
Além de ter participado activamente na evolução da vida do Rio de Janeiro, nomeadamente na sua iluminação, refere o site que "é o único presidente do Vasco que tem uma rua baptizada em sua homenagem, localizada no centro do Rio." De referir ainda que não se «esqueceram» de apontar que este português muito fez pela sua terra. É legível no site.
O site que temos vindo a citar, termina com o que chama uma "Ficha Técnica", referido em jeito de biografia:

- 4.º presidente do Vasco;
- Mandato 1 (1900-1901);
- Benemérito;
- Nascimento: 7/9/1862;

Em roda-pé, são apresentadas as fotos do seu palacete na Póvoa, o diploma de sócio benemérito do Vasco da Gama, um aspecto da sua casa de móveis e a sua fotografia.
Em Valongo do Vouga, quem é que sabia isto? Nós confessamos que desconhecíamos estes feitos, como os de tantos outros portugueses que sempre «ocuparam» e fizeram progredir o mundo.
A transcrição e digitalização do site daquele clube brasileiro é apenas parte do seu conteúdo.
Que ao que diz respeito a este Valonguense, nos deixou perplexos, porque ignorávamos o facto e o feito.

A seguir: - A inauguração do palacete.

sábado, 24 de outubro de 2015

Leandro Augusto Martins - 1


Este nome é de um Valonguense, que foi sócio de Joaquim Soares de Souza Baptista, no Rio de Janeiro (Brasil) onde ambos tinham uma grande casa e fábrica de móveis.

É muito conhecida esta história, que não se diluiu, na sua totalidade, no pó dos tempos. Mas cremos que vai rareando aqueles que memorizaram este nome e o possam recordar e identificar como um grande contribuinte para o benefício da freguesia e das suas gentes, quando nada havia, nomeadamente no que respeita aos mais pobres, escolas, etc., estas existindo em precárias condições, fez com que fossem bastante melhoradas, nomeadamente as de Arrancada.
Sem qualquer apoio, anotamos estes dados históricos de memória que nos ficou do primeiro proprietário que construiu o palacete da «Quinta da Póvoa», inaugurado no dia do seu aniversário, que se verificou em 8 de Setembro de 1925, segundo o jornal Soberania do Povo de 5 de Setembro de 1925.

Entretanto, no jornal Valongo do Vouga de Novembro de 1983, Elísio Fernandes de Oliveira, que ali manteve durante alguns anos a rubrica «Da Minha Janela», a esta individualidade se refere com mais alguns elementos que, ao que parece, os citava de memória. Temos mais elementos que vão dar para vários post's, registando-os neste cantinho internauta. Dizia Elísio Fernandes de Oliveira:
«A casa foi inaugurada oficialmente com uma grande festa de família (cujos pormenores, como disse, aqui vão ser postados) em 8 de Setembro de 1925. 
Foi o melhor projecto do Arq. João Gomes, de Alquerubim e a construção, feita pelo sr. Manuel Tavares Corga, de Brunhido, a melhor obra da sua vida.
Como prémio de tanto trabalho e zelo, o sr. Leandro Martins ofereceu ao sr. Corga um potente carro Ford que fazia a nossa admiração e a da vizinhança.»
Leandro Martins, que foi um grande industrial de marcenaria no Rio de Janeiro, onde granjeou enorme fortuna, nasceu em 7 de Setembro de 1862.
Esta data, registada no site que vamos divulgar brevemente, deve estar em contradição com a mencionada de 8 de Setembro apontada pelo sr. Elísio Fernandes de Oliveira.
Aqui em cima uma digitalização desta notícia, apresenta-se mais completa em outros números da Soberania do Povo que aqui temos a intenção de mencionar e transcrever.
Porque este se refere à inauguração do palacete, apresenta-se a foto possível do mesmo logo após a sua construção, que está inserida no jornal Valongo do Vouga antes citado.

A seguir: - Leandro Martins e o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro



domingo, 18 de outubro de 2015

Recordando

Foto de meados do século XX, talvez dos anos 50/60 - facto que não foi possível esclarecer - no cruzeiro de Arrancada, tendo sido identificados por um dos elementos que a integram (António 'Carriço'), que são, a partir da esquerda, José Vidal, António Carriço, Chico Almaça e Manuel 'Vermelho' (do Calvário da Veiga, que chegou a ser guarda-redes do GDA-Grupo Desportivo Arrancadense). Local: frente ao que é hoje o Café da Graça.

As Diferenças

Comparar o incomparável

Imagem retirada da Internet
Toda a gente se queixa que antigamente a vida era mais dura, as coisas eram quase impossíveis de obter, as dificuldades, a falta de meios, a pobreza - que nós hoje podemos comparar porque ao tempo as coisas ainda não existiam - a evolução e o progresso rápidos com influência na vida das pessoas alterou bastante as condições e o quotidiano de cada um.
Vem isto a propósito das tais notícias que encontramos nas nossas pesquisas, que nos sugerem este raciocínio, se bem atentarmos no conteúdo desta redacção:

Dezastre

«Na terça-feira de tarde, no lugar de Cabanões, freguezia de Travassô, d'este concelho, estando Manuel do Ricardo, casado, a rachar um rolo  de pinheiro, a machado, este, resvalando fez-lhe um grande ferimento no pé direito. Foi transportado n'um carro de bois a esta vila prestando-lhe o primeiro curativo na pharmácia Alla o sr. dr. António Resende Elvas.»

(Soberania do Povo de 12 de Junho de 1926, com a devida vénia, por intermédio da Biblioteca Municipal Manuel Alegre)
(Respeitada a grafia da época)

A cortar um rolo de pinheiro, com um machado, o ferimento não pode ter sido ligeiro, mas grave.
Após isso, foi o gado bovino, a puxar o carro típico daquele tempo (e ainda actual), no seu pachorrento passo, a percorrer a distância (enorme para a época) de Cabanões a Águeda - mais de duas horas, calculamos - onde a vítima foi transportada para que recebesse a assistência possível.
É por isso que aquela teoria comparativa do que era antigamente, para as condições que agora vivemos, existe uma indiscutível e enorme distância.

sábado, 17 de outubro de 2015

Efemérides

Vale do Vouga

Nas pesquisas históricas, como se sabe, andamos à cata de um determinado assunto ou tema e encontramos outros que achamos interessantes. Já o disse recentemente em outro post. É o caso deste.
No jornal Soberania do Povo, que consultamos na Biblioteca Municipal Manuel Alegre, de 6 de Setembro de 1924, encontramos a notícia a seguir transcrita, conhecida, certamente, de muita gente do concelho de Águeda, porque consta até em algumas placas toponímicas da cidade. Foi intitulada:

VALLE DO VOUGA

«Na 2.ª feira, 8 de Setembro, faz 13 anos que Águeda esteve em festa, pois que naquele dia foi inaugurada a linha do Valle do Vouga e passou na estação do caminho de ferro desta  vila o primeiro comboio. Foi por esse motivo ruidosamente aclamado e victoriado o nome do nosso querido amigo e director d'este jornal, sr. Conde d'Águeda, a quem todo o nosso concelho deve tão extraordinário melhoramento. Esta data é das que nunca mais se apagam do coração do povo d'Águeda.»

(respeitada a grafia da época)

Efectivamente foi isto o que aconteceu. E, pelo que se sabe, após algumas 'batalhas', do conhecimento público, entre o Conde de Águeda e José Estêvão (José Estêvão Coelho de Magalhães), ilustre Aveirense, uma vez que, supomos, parece que o projecto do traçado da linha do norte tinha em vista, em primeiro lugar, passar por Águeda, vinda de Oliveira do Bairro, a que José Estêvão se opôs tenazmente para que a mesma tivesse em Aveiro uma estação, como aconteceu.

*****

Esta efeméride coincide -, passados mais de cem anos, com a inauguração do ramal de Aveiro, a 8 de Setembro de 1911 -, com a remodelação da via desde Sernada do Vouga até Águeda, como é conhecido publicamente, deixando os comboios, por motivos de segurança, de andar a pouco mais de 10 Km/hora (chegavam a demorar à volta de uma hora a fazer o percurso Sernada-Águeda), para, actualmente, fazer a mesma viagem em cerca de 15 minutos (dizem-nos). Afinal o Vouguinha, para aqueles que nasceram, estudaram, trabalharam naquele/com aquele comboio, em vista do investimento realizado, ficará para durar e não encerrar, como muitas vezes se chegou a propalar.
Ficam aqui imagens antigas da via, das obras, e a via actual em que o comboio passou a circular com grande à vontade e segurança - pensamos nós de que...

Aspecto do estado da antiga via férrea....

...As obras de substituição de via antiga...

...Pormenor das obras finais, ainda incompletas...
...Visão completa da via já concluída neste local.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Greve em Águeda

Viva a República!

Foto que circula por aí do antigo edifício dos Paços do Concelho, 
onde se situavam Câmara Municipal, Repartição de Finanças,
Tesouraria da Fazenda Pública, Tribunal e Cadeia, entretanto
demolido. Neste local 'residem'  agora a Caixa Geral de Depósitos
e edifício onde funcionam os CTT
A história diz-nos que na implantação da república, logo após a queda da monarquia, houve muita coisa que as pessoas condenaram, outras que apoiaram, alguns desmandos e muitos factos e acontecimentos, que, raciocinado friamente, não ficou muito longe daquilo que se viveu após a "Revolução dos Cravos", de 1974 (25 de Abril) embora de cariz, fundamentos e justificações diferentes. Poderíamos repetir aqui o aforismo que no início da República existiu, também, um PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Vejamos esta notícia local, retirada, a propósito de um outro caso que andamos a pesquisar, do jornal Soberania do Povo de 21 de Agosto de 1920:

Greve em Águeda

«Os operários das fábricas de ferragens dos srs. António Ribeiro de Matos, na Bicha Moura, e João da Silva Neto, d'Assequins, desta freguezia, fizeram greve na segunda e terça-feira, pedindo augmento de salário. Retomaram os trabalhos na quarta-feira de manhã.»

(respeitada a grafia da época)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Gente destas Terras - 45

Os nossos escritores

No mês de Novembro, prevista para o dia 10, será realizada a cerimónia de lançamento de três livros, em poesia, sendo seu autor um Amigo pessoal e insigne Valonguense, Hernâni da Silva Gomes, há vários anos radicado em Lisboa, que nos seus escritos usa o pseudónimo de Hersilgo.
Numa primeira fase, o evento vai ter lugar no estabelecimento da Delta Cafés, na Av.ª da Liberdade, em Lisboa, sendo a edição da Chiado Editores.
Numa segunda fase e em data a anunciar, será realizada idêntica iniciativa na freguesia da sua naturalidade, donde derivam os temas poéticos que por cá "bebeu" e serviu de inspiração, dos cheiros a terra, azevém e erva que o Marnel vai banhando e irrigando quando é obrigado a transbordar as suas margens, não esquecendo as suas fainas de «pastor» de gado diverso, quando em férias no seu Brunhido, durante as quais aproveitava para 'devorar' leituras de livros de autores consagrados.
As obras poéticas de Hernâni Silva Gomes, todas centradas no mesmo tema - a terra, Brunhido, lugar onde nasceu, Família, lavouras, moinhos e moleiros, País - e viagens pelo dito -  e até restaurantes serviram de mote e, talvez, justificaram alguns almoços oferecidos - são intituladas:

 - CULTIVANDO VERSOS
 - SEMENTEIRA DE VERSOS
 - VINDIMA DE VERSOS

Deixamos aqui uma amostra das capas das obras da sua «Fábrica de Versos», como ele, orgulhoso, lhes chama, no prelo da Chiado Editora.








quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Poema para um Anjo - 2


O respeito e admiração que me merecem as autoras deste poema, Isabel Mendes e Lucília Mendes, escrito logo após o brutal desenlace (a morte é sempre brutal, e logo em crianças, para quem sempre sonhamos e desejamos venturas e futuros cheios de rosas sem espinhos), 'obrigam-nos' a testemunhar um agradecimento profundo, postando-o aqui.
O seu conteúdo, todo perfumado de um ar angelical e divino, como é timbre principal em todos os seus poemas. A uma distância ainda curta, imaginamos apenas que o Lucas já não corre na nossa estrada, porque, qual sinal indecifrável, regressou ao Exército Angelical. Mas porquê?
Fica aqui a retribuição à Isabel e à Lucília, em substituição do que as palavras ainda não conseguem traduzir.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Brumas da Memória - 45

A Indústria em Valongo do Vouga                       

Como eram as instalações da firma
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.
(Clicar na imagem para aumentar)
Iniciamos a história da indústria em Valongo do Vouga, socorrendo-nos, com a devida vénia, do trabalho do Dr. Deniz Ramos, a que foi feita referência num dos artigos anteriores.
Recordou-se o que foi a indústria florescente do prego, da brocha e outros artigos de ferro usados para diversos fins, nomeadamente na indústria naval. Nesta história das  ferrarias do Baixo Vouga, foram identificados alguns pioneiros dessa indústria. Deniz Ramos aponta ainda os primeiros empreendedores da indústria de ferragens em Águeda e faz um percurso histórico bastante curioso sobre alguns dos seus protagonistas, aos quais voltaremos em tempo oportuno.
Hoje rebuscamos daquele importante trabalho do insigne historiador, «um exemplo, entre muitos, de algumas vocações e capacidades empreendedoras» no qual dedica um capítulo à indústria têxtil na freguesia, uma actividade com pouca expressão no concelho de Águeda da qual foi pioneiro António Pereira Vidal Xavier, de Arrancada do Vouga, chegando a capitalizar o título de uma das maiores empresas do país neste ramo.
Natural do lugar de Brunhido, onde nasceu a 29 de Janeiro de 1874, faleceu a 9 de Janeiro de 1959. A sua vocação e capacidade empreendedoras, fez com que instalasse, no local denominado Pedrozelo, arrabaldes de Arrancada do Vouga, "uma primeira e rudimentar  unidade industrial têxtil. Para isso convergiu, a par de um voluntarismo pessoal, o conhecimento de antigas tradições locais de teares e lavouras de linho, cardadores de lã, fiandeiras e tecedeiras e a informação sobre o processo de produção obtida nos contactos com proprietários de teares existentes no concelho de Oliveira de Azeméis, enquanto funcionário da Junta Autónoma de Estradas", escreveu o Dr. Deniz Ramos. E acrescentava:
"Da mesma forma expedita como haviam surgido, anos atrás, as ferragens em Águeda, a indústria têxtil nasceu a partir de práticas artesanais com significativa expressão naquele local. Foi assim que António Pereira Vidal Xavier aproveitou uma pequena queda de água, que movia um velho lagar de azeite, para instalar o rudimentar tear que adquirira em Oliveira de Azeméis e 'como era muito engenhoso construiu em madeira os mecanismos indispensáveis' . Envolvendo os filhos na empresa familiar, o engenho de  António Pereira Vidal Xavier daria origem a um pujante núcleo têxtil, que acabou por se dimensionar em outras unidades afins, de malhas e confecção, dando ocupação a centenas de operários, grande parte deles do sexo feminino". E da freguesia.
Tudo evoluiu positivamente e em 1956 (o jornal «Valongo do Vouga» diz ter sido em 1954) foi instalada uma outra para completar o processo produtivo e nos anos de 1965 e 1966 surgiram mais quatro empresas, uma ainda da iniciativa da empresa-mãe, todas dedicadas à produção de vestuário, malhas e camisas, refere Deniz Ramos.
No jornal «Valongo do Vouga» de Julho/Agosto de 1986, respigamos este pormenor: «... o espaço do Pedrozelo já era insuficiente. Foi necessário procurar outro local, mais central e mais bem servido por vias de comunicação e acesso e assim se iniciam as instalações na Póvoa do Espírito Santo".
Sabe-se que era intenção dos seus responsáveis dar continuidade à permanência desta unidade industrial, de grande projecção na altura, dentro dos limites da freguesia de Valongo do Vouga.
O início de laboração está centrado no ano de 1926. A empresa foi oficializada em Maio de 1935, ainda segundo o jornal «Valongo do Vouga». Uma placa no cemitério assinala a efeméride indicando os anos de 1936-1986. Em 10 de Maio de 1986 foram iniciadas as comemorações do 50.º aniversário da sua fundação. Logo, o ano oficial, considerado na efeméride da sua fundação, só poderia ter sido em 1936. A este assunto, contemporâneo, voltaremos, pelos dados históricos importantes no contexto da freguesia.


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Brumas da Memória - 44

As Ferrarias no Baixo Vouga

Introdução
Imagem retirada da Internet (Google). Os pregos apresentados
fazem parte de um catálogo de vendas e nele se diz que têm
mais de 150 anos
Hoje vamos falar um pouco sobre as Ferrarias do Baixo Vouga. Inicio informando que o meu livro actual é de um aguedense por adopção e ilustre historiador, Dr. Deniz Ramos, cujos escritos  são sempre um prazer e uma curiosidade em ler.
Esse livro, a que deu o título «O PERCURSO DA INDUSTRIALIZAÇÃO EM ÁGUEDA», edição da Associação Empresarial de Águeda (AEA), 2014, insere uma parte interessante sobre as localidades a norte da cidade, onde predominava a arte de trabalhar o ferro. Muita gente sabe da proliferada existência das fábricas de pregos, tachas e artigos de ferro para diversos fins, nomeadamente para a construção naval que se fabricavam na freguesia de Valongo do Vouga, como abaixo se descreve.
Claro que iremos destacar, com a vénia ao autor, devida a este tipo de trabalho, as passagens mais significativas da freguesia, enveredando depois por outras curiosidades que a leitura nos possa vir a suscitar. Vamos então ver o que havia:

*****

Como diz o autor, o forte adensamento das ferrarias, a partir do século XVIII, estavam principalmente centradas nos lugares da Trofa, Carvalhosa, Mourisca, Arrancada, Aguieira e Crastovães. Numa nota pessoal que aqui inserimos, o lugar da Veiga, também com bastante preponderância nesta indústria, teria, no século XVIII, alguma implantação e actividade. Abaixo ficam alguns resquícios dessa existência, talvez posterior.
As tropas napoleónicas no decurso das invasões francesas acabaram por destruir muitas das ferrarias, arruinando outras ao desorganizarem-se os circuitos comerciais. Após essas invasões, a Real Junta do Comércio deu instruções aos Corregedores das províncias para que fosse realizado um levantamento da situação, elaborando e remetendo mapas com os dados em que se encontravam algumas actividades, a 20 de Setembro de 1811, em que foram identificadas, pela primeira vez, as ferrarias do Baixo Vouga, a sua localização, proprietários, produtos fabricados e situação económica.
Neste ano, 14 das 18 ferrarias existentes já se encontravam em decadência, cuja causa fora provocada pela instabilidade na região do Vouga aquando das invasões.
A situação inverte-se positivamente anos mais tarde, como mostram os expressivos números conhecidos. Em 26 oficinas da freguesia de Valongo do Vouga, laboravam 97 oficiais e 30 aprendizes e nas 15 da Trofa do Vouga, 36 oficiais, 22 aprendizes e 2 serventes. Esta actividade apresentava já elevados níveis de estrutura industrial, assistindo-se à concentração do capital e dos meios de produção nas mãos de um reduzido número de proprietários, que igualmente chamavam a si a comercialização dos produtos.
Por exemplo, o capitão José Simões, foi proprietário de 7 oficinas em Arrancada, Veiga, Lanheses e Outeiro e José João possuía 4 em Aguieira. Em 1865, embora o seu número tivesse decrescido, em 17 oficinas de obra de ferro existentes no concelho dava-se ainda ocupação a 528 trabalhadores.
Nelas executava-se uma variada gama de pregos, tachas, e cravos, de acordo com os fins a que eram destinados.
Num levantamento feito em Mourisca do Vouga, que teve a interferência de José Maria Marques, para o Museu Etnográfico da Região do Vouga, entre 1915 e 1935 envolviam 29 artistas e 9 comerciantes, conhecendo-se alguns dos produtos fabricados: cravos de 8 a 16 polegadas, para a ferra do gado cavalar e das vacas, que para os bois havia a brocha do boi; o tachão, da mesma medida, para os tamancos de homem e a tacha mais maneirinha para os socos das mulheres; pregos para a construção naval (todo o tipo de barcos de rio, moliceiros, mercantéis e chatas, além de bacalhoeiros e embarcações para a pesca costeira) e prego miúdo, o tremoçado, para os mais diversos fins. As oficinas eram dotadas de de forjas de foles fixos, que os aprendizes accionavam com o pé ou manualmente. As ferramentas mais usadas eram a estaca, o tais, a talhadeira, a craveira, o zaine, o medronho, o malhete, a cunha, a patilha e os indispensáveis martelos e vassouras.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Jesus, Deus, Homem, Cristo, Messias

INTRODUÇÃO

Cruz Alta (Fátima), junto à Igreja da
Santíssima Trindade
No post anterior com aquele título, o comentário ali inserido, reconheço, carece de uma mais explanada informação. Não consideramos apropriado e suficiente o que nele se diz. Como se costuma dizer, faço o que posso.
Mas percebe-se que o que se pretende é dar a conhecer a existência de literatura (erudita, digamos) de alguns competentes conhecedores e bem pensantes, que pretendem transmitir uma mensagem aos mais incautos. Há por aí, ainda, muito disso. E certamente tarde e mal acabarão.
Como se sabe, em termos legais não é permitida a transcrição da obra de Reza Aslan. Mas tecer alguns comentários, confirmá-los com pequenas notas, levantar um pouco da caspa das nossas cabeças, isso é possível. E desejável. Porque somos livres...

*****

Também ficou dito que a razão tinha origem nas afirmações de que Cristo é uma fantasia, inventado e nada de credível possuindo, afirma-se (ainda) com muita convicção. Se o autor desta interessante obra, que, repito, em qualquer página não afirma nada daquilo que ainda se pretende incutir, somos obrigados a pesquisar o que a certa altura dos factos se narra, mostrando à saciedade que aquilo que se me permite transmitir (em certa medida a falsidade do conteúdo bíblico), passa-nos ao lado e é contraditório com esta tese.
Não era necessário ir às reminiscências da história para saber (pela própria bíblia) que os antigos que já acreditavam num Deus único, atribuíam à magia, aos curandeiros e a outros "profissionais" do tempo (como ainda hoje os há), a cura de certos males, desde os corporais aos espirituais (leia-se possuídos). Os "profissionais" cobravam-se e bem deste tipo de serviços (como ainda hoje os há). E sabemos ainda que estas situações físicas e de doenças eram causa principal do pecado cometido, era a crença da origem. Os Judeus também pensavam desta forma... pobres leprosos, entre outros.
Na antiguidade, os milagres de Jesus eram causa de magia por Si praticadas, como é o caso de dar vista aos cegos, fazem andar os coxos (defeituosos de nascença nos seus membros inferiores), abrir os ouvidos (terminologia usada para os surdos, como é sabido), etc., etc., etc... Tinham uma diferença da magia: é que Jesus não se cobrava de qualquer destes seus «serviços» em benefício da humanidade. E a cura não distinguia pobres e ricos, camponeses e nobres, carpinteiro ou agricultor  (Vidé, por exº, a filha do Centurião).
É aqui que reside toda a teia montada para o desacreditar. É nisto que faz remoer os fígados dos seus adversários. É aqui que começa a trama para o liquidar, nomeadamente através dos sumos sacerdotes, que não gostaram nada da fama que se espalhou por toda a Galileia e que os remetia para segundo plano. Os sumos sacerdotes sabiam que lhes fugia o «tapete debaixo dos pés». O resto é conhecido, até o suborno da ressurreição que aqueles armaram com os soldados que guardavam o corpo sepultado. Adiante...
Para finalizar este apontamento, respigamos da obra de Reza Aslan, este pequeno naco de prosa, porque se você me leu até aqui, vai ler, certamente, o resto e que diz:
«Apesar dos elementos mágicos que se podem identificar nalguns dos seus milagres [de Jesus], o facto é que em parte nenhuma dos evangelhos alguém acusa Jesus de realizar magia. Seria uma acusação fácil para os seus inimigos lhe  fazerem, uma acusação que teria acarretado uma sentença de morte imediata. Todavia, quando Jesus estava perante as autoridades romanas e judaicas para responder às acusações que lhes eram feitas, foi acusado de muitos delitos - sedição, blasfémia, rejeição da Lei de Moisés, recusar-se a pagar o tributo, ameaçar o Templo - mas ser mágico não era um deles.»
E mais abaixo: «Vale a pena assinalar que Jesus nunca exigiu pagamento pelos seus "serviços". Mágicos, curandeiros, milagreiros e exorcistas eram profissões especializadas e muito bem pagas na Palestina do século I.»
O autor do livro cita ainda esta parte bíblica, aquando do diálogo com Pedro, quando disse aos discípulos «curai os doentes, limpai os leprosos, levantai os mortos e expulsai os demónios. Recebestes [estas dádivas] sem pagamento. Distribuí-as sem pagamento!» (Mateus 10:8; Lucas 9:1-2)
E terminamos deste modo: «Não é simplesmente o trabalho de Jesus ser gratuito, ou as suas curas nem sempre empregarem métodos de mágico. É que os milagres de Jesus não são um fim em si mesmos. Pelo contrário, as suas acções servem um objectivo pedagógico. São um meio de transmitir uma mensagem muito específica aos Judeus.»

*****

Estamos convictos que estas desalinhavadas frases servirão, repetimos, para dizer que as aldrabices «inventadas» de que a história de Jesus é uma farsa, diria até, uma hipnose que a sociedade aceitou (ou de uma parte dela, como se tornou vulgar dizer-se), fica explanada mais uma ideia de que, afinal, Reza Aslan não apresenta uma opinião concreta da fantasia e das invenções atribuídas à «Vida e Obra de Jesus de Nazaré» e ficamos, assim, com este contributo, cujo pedido, honesto, sincero, humilde é que seja entendido como uma opinião, que se deve respeitar como respeitamos muitas outras. Dentro deste princípio é claro que terei de respeitar o contraditório. Dependendo do seu conteúdo.

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