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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - L
Foi aqui perto que o barco terá rodeado em direcção
 a norte, após deixar o Vouga
Em 11 de Novembro (há tanto tempo) deixámos esta história numa espera de um barco situado abaixo da ponte de Vouga, dos Abadinhos, que levaria alguns amigos do Visconde de Aguieira até Ovar, onde deveria ser recolhido, ele e as suas pupilas, vindos de França, por Inglaterra, desembarcando em Vigo. Estratégias montadas para não serem descobertos pela família dos Bandeiras de Torredeita. Desta noite de 11 de Setembro [de 1850] deixamos as descrições, jubilosas, daquilo que passou esse grupo de pessoas, até à chegada a Ovar.
Os viajantes que iam esperar, vinham numa liteira que tinha sido alugada, no Porto, por António Soares, de Arrancada, o qual se tinha deslocado a Vigo para recolher os três viajantes (Visconde e as duas pupilas suas tuteladas).
Dizia o Dr. José Joaquim da Silva Pinho, na sua narrativa, que passaram no barco «uma bela noite, apesar de ele meter água por todos os lados, fazendo uma travessia alegre e chegando Agostinho Pacheco, apesar do seu génio grave e sombrio, a dizer facécias que nos fizeram rir. Nós íamos como para uma festa.»
Chegados a Ovar, com todas estas peripécias, «hospedámo-nos na estalagem do Tomé, à Ribeira, onde chegámos de tarde, mas debalde esperámos os viajantes nessa noite.»
Até que, «no dia seguinte também eles não vieram e só ao terceiro dia, já noite, é que Tomé nos veio informar de que se aproximava uma liteira que trazia uma família francesa, que ele não podia receber por ter a casa toda ocupada.»
Para o grupo de amigos de Joaquim Álvaro, já apreensivos e receosos pela demora, a esta notícia do Tomé correram para a rua e da liteira viram descer Joaquim Álvaro e as meninas Mascarenhas.
«Não é para contar o júbilo de todos nós.»
«Houve quem chorasse lágrimas de contentamento.»
O que é certo é que meia hora depois já estavam a bordo de um barco varino, com as meninas deitadas no cubículo da proa, repousando, ficando os homens sentados no tombadilho, e todos de ouvidos colocados no Dr. Joaquim Álvaro a ouvir alguns casos da sua vida de emigrado.
A seguir a sua chegada a Angeja, depois Travassô, etc.

(Continua)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Souza Baptista

Aniversariava hoje se fosse vivo!


É exactamente o que queremos deixar por aqui informado. Souza Baptista nasceu a 19 de Janeiro de 1874, pelo que, como é lógico, o seu aniversário, mais um, passaria nesta data.
Sei, todos sabemos, que certamente falamos muito sobre Souza Baptista. Como já disse aqui, talvez por mais de uma vez, estou em crer que nunca será demais falar-se nesta figura ímpar. Que marcou a freguesia e marcou uma epoca da sua história e da sua vida.
Será desta forma simples que muitos ficarão a saber e outros a recordar, se já o soubessem, que esta data devia ser mais amplamente divulgada, quiçá, mais comemorada.
Penso que ninguém discorda de que, pela minha parte, fiz o que tinha a fazer.
Outros que o melhorem e realcem o facto da forma que entenderem, relembrando o exemplo de Souza Baptista, que fez o bem sem intenções de se enaltecer, fazendo-se apregoar ou tornar-se arauto público dos factos para os quais contribuiu.
Que o exemplo perdure e se torne multiplicativo e seguido!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Junta de Freguesia na história - 90

Sessão extraordinária de 30 de Janeiro de 1916

 
Já ilustrou várias vezes esta história fotos da escola de Arrancada
Esta é a escola primária de Valongo do Vouga

Na sessão anterior que aqui foi referida, realizada em 9 de Janeiro de 1916, ficaram narradas as histórias de umas eleições e a convocatória para esta sessão extraordinária, que naquela data ficou já marcada para o dia 30.
Havia necessidade de verificar os concorrentes para a construção da segunda tarefa da «casa de escola» de Arrancada. E esta sessão consta em acta datada do referido dia 30 de Janeiro de 1916. Após os habituais termos usados nas actas diz o seguinte:


«Aberta esta sessão foi marcado o espaço de espera de uma hora para durante ela, quem ainda o pretendesse, poder apresentar a sua proposta. Findo este lapso de tempo procedeu-se à abertura e leitura da única proposta apresentada, pertencente a Manuel Lourenço, casado, carpinteiro, do lugar de Brunhido, que se obriga à construção da referida tarefa, constante de dois salões, vestíbulo e vestiário, alpendre e retretes respectivas, segundo as condições e caderno de encargos, pela quantia de mil duzentos e oitenta e oito escudos. A Junta, ponderando que não seria fácil aparecer concorrentes a qualquer praça que de novo se marcasse, que melhor interesse ou melhores garantias desse à mesma Junta e atendendo também a que é indispensável não protelar estes trabalhos, resolveu adjudicar a empreitada ao referido concorrente, ficando também resolvido que o respectivo contrato fosse lavrado por meio de auto. Foi também resolvido autorizar o presidente a representar esta Junta na redacção do referido contrato. E por último foi também deliberado proceder-se imediatamente à construção das retretes pertencentes à parte do projecto da Escola já construída, e bem assim autorizar o seu pagamento.»

A redacção deixa sérias certezas de que uma parte da escola já estava construída. De outro modo não se redigia «proceder-se imediatamente à construção das retretes pertencentes à parte do projecto da Escola já construída.»
Esta acta foi subscrita por João Baptista Fernandes Vidal, secretário interino, e assinaram Álvaro de Oliveira Bastos, António Gomes de Oliveira e Albano Ferreira da Costa. O primeiro, presidente, os restantes vogais.
Vamos ver se conseguimos encontrar a história da finalização das obras e da sua inauguração, se é que existiu. O que existiu e vou narrar, é a história da inauguração da sede antiga da Junta de Freguesia. Ainda não a tenho, mas creio que foi em 1959, e essa acta, com a qual ja tomei contacto, está redigida por Nelson de Morais Rachinhas e nela menciona os pormenores da inauguração, para cuja construção participou seu pai, Joaquim Ferreira Rachinhas, do lugar de Carvalhal da Portela.

Blogues da freguesia - 19

A Poesia da Isamar



Sei, mesmo antes de passar os olhos por estas linhas, o que estarão a magicar. E que será do género: este tipo não tem por aí mais blogues da freguesia com que se ocupar?
Certamente. Mas se volto a insistir neste e com este é precisamente porque, do meu ponto de vista, como é óbvio, aquele que contém matéria mais que suficiente para ser reparado, olhado e até transformado (se as autoras assim o entenderem e consintam) em matéria que fique a perdurar para além desta auto-estrada, que constitui a Internet.
Se quer, concretamente, saber o que penso, é isso mesmo. Arranjar uma selecção, feita por especialista na matéria e fazer com que, dali, nasça um livro da freguesia e para a freguesia. Até em termos pedagógicos.
Numa altura em que se confirma a necessidade, com o que se preocupam algumas pessoas que andam de volta deles, em que a freguesia possua, para consulta ou estudo, alguns livros que dêm a conhecer o que é, o que era a freguesia nos tempos de antanho, parece-nos que não ficaria mal a ninguém que qualquer Instituição pudesse dar um jeitinho e mandar elaborar e imprimir um livro daquelas poesias que, mais tarde ou mais cedo, poderão desaparecer e perder-se o que, no momento, constitui um valioso património cultural desta terra, tão carecida anda destas e de outras coisas.
Sei que o momento não é o mais oportuno... até parece que ando a ver TV, que não é o caso... mas a brincar a brincar, quero dizer as coisas sérias, não para obter favores pessoais, mas para alertar, o que não será necessário, creio eu. Aqui deixo um print screen... o último.
Pensem nisso...

domingo, 15 de janeiro de 2012

Notas à solta

Pois é, retomar!

Nova ponte do Rio Vouga, vista de baixo
É isso mesmo. Dizer que depois de 9 de Dezembro do ano passado, venho retomar as actividades blogueiras, com o pedido que me seja relevada esta ausência, mais por causa das condições meterológicas do que outra coisa.
Não estive doente. Não estive ausente. Não tive impossibilidades de acesso informático. Tive, isso sim, algumas contrariedades climáticas.
É assim mesmo. Com o frio, não conseguia «bater» no teclado.
Não é que esteja muito enrejelado. Antes pelo contrário.

Ponte antiga, pouco antes de ter ruído
Foto de montante
Há outra coisa que pesou também muito, além de alguns afazeres particulares: a preguicite.
Mas já passou. E agora cá estou para ficar à disposição de quem quer que seja.
E, para recomeçar, antes fica uma transcrição de uma das crónicas (parcial) de Adolfo Portela, com o seu ar jocoso, em jeito de entremez (da época) e de alguma troça das políticas e dos políticos do século XIX - princípios do XX.
Então, como diz o publicitário: ATÉ JÁ...
Façam favor de se divertir.

As crónicas de Adolfo Portela - 5

A política de Águeda

Do livro «Crónicas» de Adolfo Portela, edição do semanário Soberania do Povo, no que se refere a política, respigamos este naco de interessante prosa, da página 128 à página 130. Isto para divertir, se a transcrição a isso originar. É este o conteúdo:

Agueda antiga-Paços do concelho. Neste local está a CGD,
edificío dos correios, etc.
«A prosa era à vara larga! Nada de cortesias! O que não quer dizer, de todo em todo, que essa literatura não tivesse algumas notas acentuadamente ingénuas e simpáticas, certas delicadezas de forma e de crítica, que lhe dão, ao menos exteriormente, o ar de quem vai de casaca e claque por cima de uma estrumeira...
Aqui temos, para exemplo, Lúcifer, um correspondente misterioso que data o seu comunicado do Lago Estígio e que vem de lá com o seu rir satânico, a dizer coisas impiedosas, mas artisticamente torneadas de estilo, acerca de certo escândalo famoso em que se pretendeu envolver o nome de João Ribeiro. Aqui temos também o Piolho Viajante, em «passeio pelo concelho de Águeda», a chamar a um clínico da terra todos estes lindos nomes que parecem catados por mão experimentada numa lição de fisiologia social: «molécula desorganizadora e dissolvente, de infecção mefítica e miasmática, enviada pelo corpo catedrático de Coimbra, com o nome antipático de flato...» Aqui temos ainda (e este era sapateiro, vejam lá...) o Zé do Forno, José Miguel da Silva, que, ao meio das mais cruéis arremetidas contra um celebrado galopim de Segadães, não se descuidou, por honra da literatura, de o apresentar com o mimoso epíteto de «menino bochechudo das gentilezas de Alquerubim».
Eram ovos moles em nata de vento...»

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