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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

AUGUSTO SOARES DE SOUSA BAPTISTA-2

MAIO DE 1919 - A VIAGEM PARA O BRASIL

Da brochura citada no post que antecede, foi feita uma ligeira apresentação de uma parte da história do Dr. Augusto Soares de Sousa Baptista, com pormenorizadas descrições de factos passados em terras do Brasil. Foi referido que a brochura, de pouco mais de 40 páginas, é toda dedicada a este ilustre português,  de Pedaçães, constituindo uma colectânea dos discursos e das homenagens que lhe foram dedicadas, em reconhecimento do muito que fez em favor da colónia portuguesa naquele imenso país que em 1500 Álvares Cabral deu a conhecer ao mundo.
Os pormenores são difíceis  de localizar e é necessário que as pesquisas se tornem minuciosas para que através de um acontecimento, um facto descritivo, se possam aliar e interligar outros factos e acontecimentos que podem não estar devidamente explícitos. Há algumas dificuldades em confirmar o que buscamos nessas pesquisas. Dito de outro modo, é preciso ler muito e tudo o que sobre um tema se possa ter desenvolvido.
É assim com este conterrâneo.
Quando é que o Dr. Augusto de Sousa Baptista foi para o Brasil? Como se terá desenvencilhado e organizado a sua vida logo após a chegada?
Encontramos naquele brochura a resposta a estas e muitas outras perguntas.
Deixamos algumas linhas donde se pode imaginar o que terão sido os seus primeiros tempos de permanência no Brasil. Da página 26, respigamos estas curiosidades:

*****
Zona do Largo da Carioca em 1910 (Foto do blogue "Um Professor de História"

"Discurso pronunciado pelo Dr. Sousa Baptista, em 30 de Janeiro de 1957, quando da homenagem prestada em sua honra por um grupo de brasileiros". Disse Sousa Baptista:

«A dois de Maio de 1919, ao cair da tarde, cheguei ao Rio de Janeiro. Viagem demorada, de 17 dias, entre céu e mar, sem ponta de terra à vista. O «Highland Ladie» (era, concerteza, o nome do navio) navegava sempre longe das costas, receoso das minas errantes que a grande guerra semeara no Atlântico. Mar deserto, dias monótonos e infindáveis, sem convívio nem conforto; ânsia de chegar. O «Highland» não encostou. Trazia doença a bordo. Uma lancha trouxe-me à Praça 15 (As pesquisas indicam Praça XV). Paguei dez mil réis por mim e por minha mulher. A filha (Irene Baptista) com três anos apenas, foi dispensada de o fazer.
Ninguém a esperar-me, nenhum conhecido no desembarque. Por informações, fui encontrar meus irmãos (António e Joaquim) no largo da Carioca. O vapor só era esperado no dia seguinte.
No dia 3, então feriado nacional, fui procurar as minhas malas à Alfândega. Não haviam desembarcado. O «Highland» tinha-as levado para a Argentina, donde nunca mais voltaram. E assim fiquei no Rio de Janeiro com a roupa que trazia vestida. Uma sombra de mau preságio escureceu-me o pensamento.
Assim começaram os meus dias no Brasil. Ao princípio disseram-me os irmãos: podes validar aqui o curso e exercer a tua profissão. Mas eu sabia que outros eram a sua necessidade e desejos. Não fora para isso que me chamaram.
Durante dez anos o meio comercial não conheceu a minha condição. Recebeu-me confiadamente, livre de suspeitas. Integrado nele, fiz-me comerciante e fui como os outros comerciantes: a mesma vida, a mesma mentalidade, a mesma maneira de falar, as mesmas vaidades e ambições. Se fosse escritor, já tinha escrito as memórias de ocorrências humorísticas de então, para aliviar agora as tristezas da velhice, que vai correndo, e que teima, infelizmente, em acabar. Ao chegar, era homem de trinta anos. Já tinham passado as fervuras da mocidade. Nesta idade os ossos estão formados e a personalidade definida. O receio da inadaptação entibiava as minhas resoluções e descoloria a minha palavra.»

(Continua)

Notas:
1- Deste texto, não é difícil concluir-se que a data de embarque em Portugal terá sido, provavelmente, em 16 de Abril do ano de 1919, tendo em conta os 17 dias de viagem citados. Nesta data já lá estavam seus irmãos (António e Joaquim, este regressado em 1927) A data da emigração deste estamos a tentar localizar.
2 - É  factual que a viagem foi no navio antes identificado.
3 - Apesar da Grande Guerra ter terminado em 1918, os cuidados sobre a existência de minas era tida em conta de muitas cautelas.
4 - Nota-se que teve de andar a perguntar onde moravam os seus irmãos, que, diz, foi encontrar no Largo da Carioca.
5 - Quando, no dia seguinte, procurou as suas malas, já tinham rumado à Argentina. Ficou no Rio de Janeiro com a roupa que trazia vestida. E «assim começaram os meus dias no Brasil».Vamos continuar a pesquisa...

domingo, 13 de outubro de 2019

AUGUSTO SOARES DE SOUSA BAPTISTA-1


Retornar às Origens

 É mesmo caso para dizer que este título se justifica. Estando este blogue inactivo há já algum tempo teve, posteriormente, uma ligeira actividade neste mundo blogueiro pelos  inícios de 2017, voltando a ficar em hibernação.

Ponte Medieval sobre o Marnel

Há propósitos (e alguma vontade) de o fazer ressuscitar, porque conseguimos obter abundante história local, da autoria dos irmãos Sousa Baptista (Joaquim e Augusto), e, por sorte, de elementos sobre o mesmo tema, da autoria de Augusto Soares de Sousa Baptista, que como é dito e sabido, irmão daquele, acrescendo elementos curiosos e inéditos numa edição de 1958, das «Publicações do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro», que obtivemos, nas nossas pesquisas, por intermédio de um alfarrabista:

                                       Um cantinho frente à Capela do Mosteiro, em Serem

TÍTULO: - AUGUSTO SOARES DE SOUSA BAPTISTA - Português do Brasil - Rio de Janeiro * 1958.

 

 Trata-se de um opúsculo de 44 páginas, todo ele com conteúdo que versa e enaltece a actividade deste português na Pátria irmã do Brasil. Só lendo se pode avaliar o que representou a sua actividade em Terras de Santa Cruz, em prol da Pátria Brasileira, que ao longo de séculos foi adoptada como segunda Pátria por uma enorme quantidade de portugueses emigrados. Não nos parece que se a sua acção naquelas inóspitas terras não fosse o que a sua escrita deixa traduzir, a linguagem não seria, certamente, a que tivemos oportunidade de ler naquele (quase) minúsculo livrinho.

O seu conteúdo vai traduzir-se em textos (bastantes) que é nossa intenção deixar aqui postados e, mesmo assim, omitindo-se outros que em nossa opinião não serão de grande destaque. É de crer e mesmo assim só de imaginar a qualidade do conteúdo em que aquela figura é enaltecida.
Por curiosidade, deixamos uma amostra da página 5 (a primeira que dá início à história deste português que residiu em Pedaçães, deste concelho). Transcreve-se:


EXPLICAÇÃO

O Dr. Augusto Soares de Sousa Baptista  foi alvo, em 30 de Janeiro de 1957, da maior manifestação de apreço que um português do Brasil já recebeu por parte dos brasileiros.
Ministros de Estado, Senadores, Deputados, membros da Academia Brasileira de Letras, Generais, Almirantes, Brigadeiros do  Ar, membros do Poder Judiciário, figuras eminentes da política, da cultura e da inteligência brasileiras, além de representantes de todos os sectores da vida deste hospitaleiro País, se congregaram num grande banquete e, pelos seus mais variados intérpretes, disseram ao Dr. Sousa Baptista o que ele tem sido e representa na Comunidade Luso-Brasileira. Nessa manifestação, achavam-se presentes delegações de  todas as instituições portuguesas e luso-brasileiras, cujos sentimentos foram admiravelmente interpretados pelo Snr. Albino Souza Cruz, no discurso também incluído nesta publicação. 
Da parte dos portugueses, tem o Dr. Sousa Baptista recebido sucessivas e expressivas provas de acatamento, respeito e reconhecimento pela sua extraordinária e dedicada actuação no seio da colónia portuguesa.

*****

A este assunto e importante naco de história local voltaremos com mais novidades, senão para todos, pelo menos para uma maioria de curiosos locais, a quem antecipadamente agradecemos uma hipotética  colaboração sobre qualquer coisa que não esteja em conformidade com a história real destes factos.

 


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