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domingo, 30 de junho de 2013

Brumas da Memória - 40

1966 - Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.


FADO ESTRELADO

O acto de variedades de 1966, que serviu de pretexto para a inauguração das instalações sociais daquela empresa, a que dedicamos esta série, terminou com o Fado Estrelado.
Tratava-se de uma cantiga, do género fado, que foi interpretada pelo Francisco Rodrigues da Silva, de Brunhido, como interpretou outras que, a seu tempo, aqui foram identificadas.
A letra era, como as restantes, quase todas, da autoria de Hernâni da Silva Gomes e a música de Manuel Morais.
A este naco de história, que teve por protagonistas gente da terra e, na altura, funcionários daquela empresa, deram o lustro a este espectáculo cultural e de variedades, com a particularidade de ter sido escrito, musicado e interpretado por gente que ali trabalhava. Um  marco...
Dedicaremos ainda mais uma página, para vincar e relembrar alguns factos.
Manuscrito consta a alcunha porque é conhecida a pessoa que teve a gentileza de ceder os originais que ainda tem em seu poder. E que toda a gente por cá conhece...
Agradecemos a colaboração.
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 30

A inauguração
28 de Junho de 1942-28 de Junho de 2013


Digitalização da acta avulsa da Comissão
Instaladora da Casa do Povo
de 15 de Fevereiro de 1942


Já lá vão 71 anos, hoje completados, que era inaugurada com grande impacto local e regional a Casa do Povo de Valongo do Vouga.
As notícias que se publicaram destacam, com a linguagem própria da época e do regime que se vivia, a forma concludente que constituiu, para a freguesia, em primeiro lugar e para o concelho, em segundo lugar, a importância que se lhe reconhecia.
Na nossa posse temos, há vários anos, certamente por mão de amigo, uma digitalização da notícia que ocupou no semanário local Soberania do Povo extenso espaço relatando, como se usava na imprensa de 1942, precisamente de 4 de Julho, tudo aquilo que se passou.
Desse histórico documento da não menos histórica Soberania do Povo, deixamos uma amostra do que foi essa inauguração.
Primeira página da notícia da
inauguração da Casa do Povo
Teve a presença de um Sub-Secretário de Estado das Corporações e Previdência Social, que era, então, o Dr. Trigo de Negreiros, natural de Mirandela, onde nasceu em 11 de Agosto de 1900. Faleceu em Lisboa em 22 de Março de 1973. Teve  acção preponderante no início da concessão da assistência social.
Porém, há dados históricos que devem ser destacados. Um documento, que é uma minuta de deliberações de um acentuado grupo de pessoas, que também deixamos registado, dá nota de uma reunião em 15 de Fevereiro de 1942, deliberações essas que eram da recém formada Comissão Instaladora da Casa do Povo de Valongo do  Vouga.
Por isso, não será descabido dizer-se que a fundação ter-se-á registado em data anterior àquela, dependendo do que se pode entender sobre este assunto, até sob determinados aspectos a que estas situações estão sujeitas. Os primeiros Estatutos devem evidenciar este facto, porquanto, em 15 de Fevereiro de 1942, é muito natural que estes ainda não estivessem aprovados.
E isso é confirmado pelo conteúdo da acta de 19 de Abril de 1942, que regista «se reuniram os sócios efectivos e contribuintes abaixo assinados, a fim de se pronunciarem acerca dos assuntos seguintes: -Leitura dos Estatutos pelo professor João Baptista Fernandes Vidal. As pessoas presentes manifestaram a sua concordância com a redacção e pensamento do diploma orgânico da Instituição.» 
 

Por esta redacção, que se transcreve, os Estatutos foram aprovados em 19 de Abril de 1942. 
E o Regulamento dos primeiros subsídios sociais, datado de 20 de Dezembro de 1942, eram aprovados por despacho de 27 de Janeiro de 1943. Sousa Baptista não perdia tempo para fazer valer a sua actividade, através da Casa do Povo, em favor dos mais desprotegidos.
A este tema, que já vai longo, voltaremos.
Do lado esquerdo, a primeira folha do primeiro Regulamento que estabelecia as regras e valores dos subsídios e abonos que a Casa do Povo iria atribuir, datado de 20 de Dezembro de 1942 e aprovado por despacho de 27 de Janeiro de 1943, como se referiu.
 
 



quinta-feira, 27 de junho de 2013

Serenata Monumental - 2013

Havia já algum tempo que não dedicava um pouco deste espaço à música de Coimbra, que adoro.
Desculpem. Não é assim que se diz. Agora é: Gosto... pronto!
Um poema maravilhoso, que é uma oração pelas mães.
Penso que já tinha visto este vídeo.
Mas agora fica por cá postado.
Graças à Isabel.
Obrigado, Isabel!
O resto é sentir a música, a interpretação, a letra...


Brumas da memória - 39

1966 - Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.
 
Balada do Menino
 
Penso que esta é a penúltima cantiga do espectáculo realizado em 1966 na inauguração daqueles serviços da que foi grande e importante empresa de fiação, situada na freguesia.
Esta Balada do Menino, no quadro sinóptico tem o número 18. Na ordenação do opúsculo impresso tem o número 19. A interpretação, reparamos agora, diz que teve por protagonista a Isabel Castro.
Deixamos ficar a digitalização, recomendando que, para  ler melhor, clique na imagem.
Depois diremos mais alguma coisa após a postagem do último número.

terça-feira, 25 de junho de 2013

As crónicas de Adolfo Portela - 10

A Procissão dos Passos para Assequins - II

Continua Adolfo Portela a descrever:

Foto da página no Facebook de Fotos de Memórias
de Águeda ao Longo dos Tempos, aqui
Entretanto, pelos campos encharcados das últimas invernias, as rãs coaxam; e o coaxar monótono das rãs, ao passar da procissão, funde-se no murmúrio das orações que todos os devotos vão rezando. - É um ribeirinho de música que vai desaguar num grande mar de lume: mas um ribeirinho de águas puras, em cujo fundo se vê distintamente o álveo de areia branca sobre que ele vai correndo...
É assim, conforma a evocação ingénua mas desapaixonada da minha alma, que essa linda procissão de aldeia assume um ar majestoso de devoção antiga, com o sino grande do Senhor Jesus, lá do campanário, a despejar soluços de bronze para cima das almas... É assim, com todo esse revestimento feérico de luzes e de orações piedosas, que essa procissão, ainda agora, me passa à porta da alma, na Noite dos Passos... - Pois que é assim também que toda a gente da nossa terra a vê passar, majestosa na sua simplicidade, imponente na modéstia do seu asseio, cheia de virtudes e cheia de pureza através desta vida negra que todos vivemos!
 
(Fonte: Adolfo Portela, em Águeda, crónica, paisagens, tradições, Gráfica Ideal, 2ª edição, 1964)

sábado, 22 de junho de 2013

Coisas e Loisas - 39

A capela de Nossa Senhora da Conceição
em Arrancada do Vouga
 
Ontem, na página da Junta de Freguesia na história, foi colada uma foto da capela de invocação de Nossa Senhora da Conceição que esteve implantada no seu antigo local. Para se poder ver a diferença existente entre esta e a actual, foi colado um secreen, retirado da Google. Coisas das novas tecnologias. E nota-se essa diferença...
Hoje, quando estávamos para aqui a colocar mais uma página, verificamos que aquela colagem, em sentido oposto, ficava mal. Então, pegamos em outro secreen, e postamos uma imagem no mesmo sentido, ou seja, poente-nascente, na subida para o Santo António.
Sendo visível o local, nota-se melhor as diferenças entre o antigo local e o actual que, como se pode confirmar e se sabe, constitui até um pequeno parque de estacionamento. Era neste parque que, repetimos, estava a antiga capela.
E estas novas tecnologias ajudam e de que maneira!
 
Do lado direito a actual capela. À frente, ao fundo na parede amarela, onde o Nuno
Portela tem a sua loja Teres e Saberes, era a traseira da antiga capela.
Esta fica novamente postada para se apreciar melhor.

 

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - LXIV
 
A correspondência referida no post anterior, que foi transcrita pelo Dr. José Joaquim da Silva Pinho, constitui um total de 13 cartas, todas elas de Torredeita e, na sua maior parte, escritas por D. Maria Carolina Bandeira da Gama.
Uma vez que esta página cita situações de fidalguia,
fica esta imagem do brazão existente na parede do edifício
da Quinta de Aguieira, à entrada para os jardins do lado sul.
A última não tem data, mas a penúltima é datada de 18 de Maio de 1852. Relacionada com a data da carta que transcrevemos, foram vários meses de troca de correspondência, sem resultado.
De um lado, D. Maria Casimira propunha à sua prima de Aguieira, D. Ana Teles, a compostura das duas famílias mediante um acordo previamente negociado. De Aguieira as respostas eram vagas, com nítida intenção de protelar a situação.
Falecida D. Maria Mascarenhas, estava ainda em Aguieira a Casimirinha, que passaria mal de saúde. Isto mais afligiu sua mãe Maria Carolina. Dizia assim o Dr. Pinho:
 
«Os Bandeira compreenderam bem o plano de Aguieira e, mantendo-se na linha das súplicas e condescendências, cuidaram empregar outros meios.
Joaquim Álvaro tinha cometido uma grave falta.
Não tendo aparecido uma absoluta recusa à ida para um recolhimento da mãe e da filha, entrara em negociações para ser indemnizado das grandes despesas que tinha feito na emigração e nos conflitos das duas famílias.
Ele não devia nunca falar na questão de dinheiro.»
 
Se, por um lado, era verdade que essas despesas consideráveis existiram, esgotando o pecúlio valioso de D. Casimira de Rebordinho, seria um pormenor para ser tratado mais tarde, como mandava a boa regra da fidalguia.
Torredeita não tinha forma de recusar a Aguieira uma justa e elevada indemnização, se fosse restituída a Menina aos cuidados da mãe.
D. Maria Carolina representou admiravelmente o seu simpático papel, escrevia o Dr. Pinho. Ela pediu, suplicou, humilhou-se mesmo.
 
(Continua)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 29

Vida atribulada

Acabada de nascer, passava por algumas tribulações a prestigiada Instituição de beneficência, que Souza Baptista sonhou para, organizadamente, minimizar algumas carências das populações dos vários lugares da freguesia de Valongo, que então se faziam sentir, tal como hoje.
Símbolo de uma das actividades da Casa do Povo,
destacado do painel principal onde estão sinalizadas.
É que em 28 de Abril de 1946 realiza-se uma Assembleia Geral, pela demissão colectiva dos vogais da direcção que a compunham, José Henriques da Silva e Eduardo Vasconcelos Soares. O prof. João Baptista Fernandes Vidal, que era o presidente da direcção, não se terá demitido, porque apenas são referidos aqueles.
A nova direcção a eleger completaria apenas o triénio em curso e o plenário terá sido muito participado, pois estiveram presentes 86 sócios efectivos.
Mais tarde, verifica-se que os candidatos apresentaram-se com alguma força, distribuídos por duas listas concorrentes, a que foram dados os nºs. 1 e 2.
A lista nº 1, era constituída por Manuel Henriques Nogueira, António dos Santos Duarte (que foi secretário) e Gabriel Francisco Corga (para tesoureiro).
A lista nº 2, era composta por Elói Pereira Simões, António dos Santos Duarte e Joaquim Tavares Ferreira.
Uma curiosidade: António dos Santos Duarte (António do Ribeiro, de Brunhido), fazia parte das duas listas concorrentes.
Foram escrutinadores Jaime Rodrigues Branco e Joaquim Coutinho. A lista nº 1 obteve 66 votos e a lista nº 2 ficou-se pelos 20 votos. Repare-se que a soma corresponde ao número de presenças acima referido. Se a lista nº 1 foi a vencedora das disputadas eleições, o prof. Vidal ter-se-á desligado das funções de presidente da direcção.
É a primeira vez que surge uma acta de tomada de posse, que se verificou 30 de Junho de 1946, sendo a Mesa da Assembleia Geral constituída por Joaquim Soares de Souza Baptista, presidente, António Pereira Vidal e António Marques da Silva Paula, vogais.

A Junta de Freguesia na história - 101

O "referêndum"
 
 

 
Esta a capela de Nossa Senhora da Conceição
no seu primitivo local. Sentido poente-nascente.
Atrás deixamos uma informação sobre a realização de um referendo, que na acta está escrito «referendum», com algumas dúvidas no que consistia este acto, naquele tempo.
Na acta da sessão de 8 de Outubro de 1916, existe uma referência a este referendo, cujo conteúdo é deste teor:
 
«Tendo o acto do "referendum" convocado por deliberação da sessão anterior e realizado no primeiro [domingo] deste mês, aprovado por unanimidade de votos, a compra dos direitos que a Câmaras Municipal deste concelho possa ter aos terrenos baldios e de logradouro comum desta freguesia, foi resolvido autorizar o presidente a representar esta Junta em todos os actos concernentes à dita compra, devendo no requerimento de petição da mesma ser oferecida a quantia de duzentos escudos por aqueles direitos.»
O actual largo, do lado esquerdo, onde a capela esteve
situada. Imagem obtida através da Google.
Sentido nascente-poente.
 
Como já foi dito, a escritura da compra dos baldios à Câmara Municipal foi outorgada no ano de 1917. Era presidente da junta o prof. João Baptista Fernandes Vidal. Em 8 de Outubro de 1916, o presidente era Álvaro de Oliveira Bastos, de Arrancada, acolitado pelos vogais Albano Ferreira da Costa e António Gomes de Oliveira.
Vamos acompanhando o evoluir desta situação, pelas actas seguintes, cujo conteúdo esperamos poder apresentar.
Quanto ao referendo, parece que, pela redacção da acta, foi realizado entre todos os presentes em 8 de Outubro de 1916. Parece estranho, mas era democrático consultar as pessoas da freguesia em actos de certa transcendência e de interesse local.

Nota: As fotos nada têm a ver com a situação antes descrita. Mas achamos curioso postar ambas as situações, para apreciação e comparação das duas imagens.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Brumas da Memória - 38

1966 - Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.

Nas fotocópias há uma confusão com este número. Está registado, no quadro sinóptico do caderno de apresentação do espectáculo, com o número 20, que seria o último. No caderno tem o número 18 e o título é intuitivo para se perceber que poderia ser apresentado em último lugar. Mas tem o número citado na apresentação, com interpretação de Isabel Castro, que já foi citada em outro número, e era intitulado TANGO DESTA TARDE. Pode ler aqui ao lado. Clique na imagem para aumentar, se faz favor.

As crónicas de Adolfo Portela - 9

A Procissão dos Passos para Assequins - I

A Noite dos Passos, com a sua procissão pela estrada de Assequins, desde a igreja da Vila até à capela da Senhora da Graça, é toda ela cheia do mais lindo e mais comovedor espectáculo de que tenho conhecimento; pois, na verdade, não sei de terras portuguesas onde essa procissão se revista de tanta poesia.

É toda a Vila, é gente do concelho, é gente de muito longe - tudo a presenciar esse lindo e piedoso cortejo e a comover-se profundamente do espectáculo estranho e original que a vista lhes dá.
Ao fundo dos outeiros da Chãs e da Bicha Moira, o leito da estrada coalha-se de lumes - São os brandões velhos da Irmandade do Senhor Jesus, as tochas, as lanternas, os círios, a todos esses coloridos novelos de luz nas mil velas dos devotos, a estenderem-se por aí fora como uma tira da Via Láctea que se descosesse do céu...  Os outeiros de envolta, o Adro, as Chãs, S. pedro, a Borralha, o Randam, põem nos  postigos ou nos beirados de cada casal uma pinha ardente de lanternas. E essas migalhinhas de lume, que são outras tantas almas, de joelhos, tremulinam à flor da água empoçada, acrescentando-se e multiplicando-se por tal forma, que toda a bacia do Vale de Águeda, desde o seu fundo verde até ao cabeço dos outeiros que o cercam, é uma cheia grande de luz a transbordar!
- São as mães em ânsias diante dos filhos, com o sarampo; são os pais, mirradinhos de saudades, a lembrarem os filhos que andam na tropa ou sobre as águas do mar; a tia Zefinha do Atalho a rezar pelo rapaz que foi para o Brasil; o João da Viúva, que não teve carta no último paquete, mas que tem lá dentro uma coisa que lhe diz que a primeira carta que vier há-de ser de preto, com más novas dentro do sobrescrito; ainda a Marianinha das Chãs a rezar pelo neto que anda para padre (a poder de quantos sacrifícios, sabe-o ela!) e que confia que Deus lhe faça a esmola de o levar a bom termo dos seus estudos... Há também rapariguinhas ingénuas, que, ao assomar dos dezoito anos, se voltam para o Senhor dos Passos, a rogar-lhe que acalme as febres da sua mocidade em flor com o achado de um noivo que seja honesto e temente a Deus; rapazes, por sua vez, que lhe imploram de coração solteiro e deserto de amor, outro que o despose e se emparelhe com ele para levarem a cruz da vida, aos beijos...
 
(Fonte: Águeda: crónica, paisagens, tradições, de Adolfo Portela, 2ª edição, Gráfica Ideal, 1964)

sábado, 15 de junho de 2013

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - LXIII

Ainda não refeito da sua dor, o recém viúvo Joaquim Álvaro, tratava de preparar a defesa dos seus direitos de tutor da irmã da falecida, Casimira. E queria encontrar em Aguieira e nos arredores alguns apoios que lhe pudessem valer em qualquer circunstância imprevista. Para isso tratou da nomeação do seu sobrinho, Dr. Guilherme Teles, formado em medicina, para administrador do concelho de Vouga.
Em Novembro e Dezembro de 1851, os Bandeiras não fizeram nenhuma queixa nem qualquer reclamação, relacionada com a herança da falecida. Podiam requerer o inventário judicial dos bens de D. Maria Mascarenhas, afim de ser entregue à mãe a parte que lhe pertencia, mas nenhuma acção fora apresentada em juízo.
A luta destas famílias tinha sido acesa e incessante durante tantos anos e a fadiga dava lugar à quietude das posições que antes guerreiramente tinham sido desenvolvidas por ambas as partes, «porfia que talvez se houvesse evitado se não se estadeassem tamanhos aparatos de força, de influência e valentias, porque tanto na ordem física como na ordem moral à intensidade da acção corresponda à violência da reacção.», escrevia o Dr. Silva Pinho.
«Os de Torredeita estavam, certamente, fatigados de tantos conflitos, e desejavam um acordo que não ficasse mal ao seu brio. A visita de D. Maria Carolina à Quinta da Cruz não ficou improfícua. Em Aguieira, em Fevereiro de 1852, três meses depois da morte de D. Maria Mascarenhas, recebeu-se esta carta:
 
Ilmº e Exmº Sr.
Joaquim Álvaro Teles Pacheco:
 
Meu prezadíssimo sr. e afilhado da minha veneração e respeito. Por me parecer muito acertado haja uma conciliação entre V. Ex.ª e a Exmª sr.ª D. Carolina, me animo a pedir-lhe haja de anuir à dita resposta que a dita senhora remete, o que eu deveras estimarei por me interessar seriamente no bem sossego de todas V. Exªs. Desejo que V. Ex.ª goze de uma feliz saúde, com suas Exmªs. manas e mano a quem atenciosamente me recomendo, e V. Exªs. aceitem de minha sobrinha respeitosos recados.
 
Sou de V. Ex.ª
Madrinha vener.ª e obrg.ª
 
Quinta da Cruz, 9 de Fevereiro de 1852
Maria da Piedade de Azevedo e Costa»
 
Nota: Seguem-se, no livro, transcrições de várias cartas, da autoria desta Maria da Piedade e depois de D. Maria Carolina Bandeira da Gama, mãe das Meninas Mascarenhas. Não as vamos reproduzir por se considerar desnecessário. Foi transcrita esta apenas para mostrar o trato e linguagem que eram utilizadas na época, a forma como se tratavam por escrito e, talvez até no relacionamento pessoal. Curiosos os termos utilizados, destacando-se a elegância e eloquência que colocavam nesses relacionamentos escritos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 28

Nacos da fundação

Continuamos a apresentar alguns pormenores da vida desta Instituição, nos primórdios da sua fundação e enquanto nos sobram alguns apontamentos dessas histórias e dos factos que as constituíram e se encontram na sua génese.
Recordamos, desta feita, uma Assembleia Geral realizada em 23 de Dezembro de 1945, para eleição do vogal da Mesa da Assembleia Geral, por falecimento do Sr. Manuel Gomes Correia Sereno.
A mesa eleitoral foi constituída pelo Dr. Eduardo da Silva Bastos, que presidiu, e por João Soares de Oliveira e Eduardo Vasconcelos Soares, escrutinadores.
Antes de convocar o escrutínio o presidente da direcção Sr. João Baptista Fernandes Vidal propôs para primeiro vogal o Sr. António Marques da Silva Paula (de Aguieira), o que por todos foi aceite, sendo por isso eleito por aclamação.
 
Ainda nesta sessão foi realizada a eleição do vogal secretário da direcção, lugar vago pela saída do Sr. Joaquim Ferreira Rachinhas. Diz a acta: «O senhor presidente, usando da palavra, expôs o fim desta reunião, sentindo que o Sr. Rachinhas tivesse abandonado o seu lugar, dando origem a esta reunião para a sua substituição.»

Constituída a mesa eleitoral e antes de começar a eleição, pelo sócio efectivo senhor António Rodrigues, foi proposto que para o lugar de secretário da direcção fosse eleito o senhor José Henriques da Silva (da Carvalhosa), proposta esta que logo foi aprovada por aclamação.
 
E assim lá ficou completa a Mesa da Assembleia Geral e recomposta a Direcção, em Dezembro de 1945, três anos depois da inauguração.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Junta de Freguesia na história - 100

A história da compra dos baldios

Como referido no post anterior, vamos apenas recordar a história dos baldios da freguesia e a forma como passaram para propriedade da Junta, transcrevendo uma nota de rodapé que se encontra registada na página 4 e seguintes do Código de Posturas aprovado por despacho de 12 de Abril de 1947, do então presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Águeda, do seguinte teor:
 
«Comunico a V. Ex.ª que, de acordo com o parecer do Exmº Advogado Síndico desta Câmara Municipal, aprovei, por meu despacho de 11 do corrente, o Código de Posturas dessa freguesia.»
Águeda, 12 de Abril de 1947.
O Presidente da Comissão Administrativa,
a) Nuno Aureliano Furtado de Mendonça e Matos»
 
Após esta transcrição, o que diz respeito à história da compra dos baldios, é esta nota de roda-pé:
 
«Façamos aqui um pouco de história, porque aos vindouros interessa saber a razão porque esta freguesia dispõe dos seus baldios, nos quais eles podem estender a vista no enlevo de viçosos talhões de arvoredo que ali possuam, a troco de uns míseros tostões que pagam à Junta, enquanto que às freguesias vizinhas não é dado gozar de tal regalia. Pois essa regalia de que hoje se goza nesta freguesia só se deve às nossas canseiras.
A questão da posse dos baldios vinha de longe e já no tempo da Monarquia, em 1883 uma Câmara houve que deliberou considerar paroquiais os baldios de Macinhata e Valongo. Mas outra Câmara veio que anulou aquela deliberação, por inconsistente, e os baldios continuaram em posse do Município.

A Junta de Freguesia na história - 99

O início da "guerra" dos baldios

Fazemos uma pequena derivação do tema "escolas" para enveredar por outra importante história que se passou na freguesia. A questão dos baldios.
Já uma vez aqui abordamos esta história, através de uma nota de rodapé inserida no Código de Posturas da Junta de Freguesia, aprovado em 1947. E que na página seguinte iremos novamente reproduzir.
O que importa evidenciar desde já, é que o conteúdo da acta de 10 de Setembro de 1916 pode estar na origem do problema dos baldios da freguesia. Melhor que mais «conversa» é a transcrição integral do que consta apenas sobre este assunto. Diz a acta:
 
Este local, atingido pelo incêndio de 2 e 3 de Setembro
de 2012, fazia parte dos baldios de 1916, em cuja época
eram raros ou não existiam!
«Tendo-se ponderado que esta Junta só poderá haver a posse inconcussa dos baldios e logradouros comuns desta freguesia, comprando à Câmara Municipal deste concelho quaisquer direitos que esta a eles possa ou julgue ter foi deliberado efectuar essa compra, se ela se puder fazer em condições que convenham a esta Junta.
Em consequência desta deliberação foi também resolvido convocar o «referêndum» para o dia primeiro de Outubro próximo, a fim de se pronunciar sobre a dita deliberação, sem o que não poderá esta ter execução.»
 
Só mais uma nota: já nesta data era escrivão da Junta o prof. João Baptista Fernandes Vidal, que, em 1947, foi o grande obreiro da iniciativa da compra dos baldios à Câmara.
Não sabemos que referendo era aquele, isto é, se o mesmo era feito directamente à população ou se era desenrolado entre a Junta, ou, com esta e o público que, naquele tempo, aparecia em número elevado às suas sessões públicas. Seja como for, não nos parece importante desenvolver a pesquisa sobre este pormenor, porque, na história, o que interessa é sempre a sua essência, a sua origem.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Brumas da Memória - 37

1966 - Inauguração dos Serviços Sociais
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.


No seguimento das páginas anteriores, deixamos mais uma nota histórica da canção denominada MOINHO DE VENTO, que no programa tinha o nº 17 e que foi interpretada por Francisco Rodrigues. E com esta estamos próximos do fim do espectáculo, faltando apenas conhecer mais três que, a seguir, serão apresentadas. Ah! A recomendação de sempre, porque pode esquecer-se: clique na imagem para poder ver melhor.

domingo, 9 de junho de 2013

As crónicas de Adolfo Portela - 8

Os Passos em Águeda


Águeda: Procissão dos Passos e sermão do encontro,
na Rua Luís de Camões, em 21 Março 2010.
Foto do blogue Caritas Dei, (O Amor de Deus) aqui
(Clique para aumentar)
A tradição secular dos Passos, em Águeda, foi motivo de longas crónicas do escritor Aguedense, Adolfo Portela. Do seu livro «Águeda-crónica*paisagens*tradições» edição da Gráfica Ideal, 1964, retiramos parte do que consagra a esta tradição de fervor religioso:
 
«O Senhor Jesus dos Passos é a imagem de mais devoção que há na nossa terra. - Prover de azeite a lâmpada da sua capela; tocar o sacabucha na sua procissão; acompanhá-lo de joelhos até à ermida de Assequins; pegar no seu andor; alumiá-lo com uma vela de cera do nosso altor; ir amortalhado na sua procissão; - tudo isso são votos correntes que o povo dos nossos sítios faz ao ver-se preso duma grande aflição. Mesmo de longe, os milagres do Senhor dos Passos são invocados a cada hora. É assim que poucos brasileiros da nossa terra voltam dos Brasis, que não tragam na alma, de mistura com todas as suas desilusões, uma promessa ao Velhinho, pelo menos.»
E mais adiante:
«Esta tradicional devoção pelo poder milagreiro do Velhinho mais se acrisola, ainda, ao chegar o dia da sua festa que calha em domingo de Lázaro. - É então que toda a Riba Águeda acode, dos povoados do arrabalde e de cinco léguas ao redor, para vir aos pés do Senhor dos Passos cumprir o seu voto mais humilde e mais piedoso. E o povo, com toda a sua crença antiga nos milagres do Velhinho, consegue dar à festa o aspecto mais maguado e mais característico.»
 
A seguir: A procissão dos Passos.

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO LXII

A separação, entre Joaquim Álvaro e o Dr. José Joaquim da Silva Pinho, narrada na página anterior, não tem nada a ver com a sequência e desenvolvimento desta narração, «que eu tenho contado em palavras singelas, mas com verdade e exactidão, pela lembrança que me ficou dos acontecimentos. Não altero a linha de imparcialidade que tracei, porque o meu fim, escrevendo esta narração, não foi acusar ou arguir, foi fazer a exposição do que eu sabia e de que me recordava.», justifica o Dr. José Joaquim da Silva Pinho.
 
Solar de Vilar de Besteiros, onde viveram Joaquim Mascarenhas
de Mancelos Pacheco e esposa Maria Carolina Bandeira da Gama, pais
das Meninas Mascarenhas, Conforme blogue da Eb1 de Vilar de Besteiros
http://www.eb1-vilar-besteiros-tondela.rcts.pt/anossa.htm
Entretanto na Quinta da Cruz, em Torredeita, a mãe de Maria Mascarenhas, teve notícia da grave doença da esposa de Joaquim Álvaro. Como se percebe, ficou sobressaltada e aflitíssima a pobre senhora, que se viu atingida por mais um duro golpe.
Tinha desejo de partir imediatamente para Aguieira, afim de poder estar ao lado da filha. Mas as senhoras da Quinta da Cruz, fizeram sentir os melindres da situação e lá a convenceram a que ouvisse o conselho dos irmãos que estavam em Torredeita.
Curiosas estas apreciações e interrogações do Dr. Pinho:
«Não sei o que se passou nos concílios da família Bandeira, mas o que posso dizer é que a triste mãe não veio a Aguieira e que D. Maria morreu sem a tornar a ver. Não se deve acusar ninguém, no especial estado de relações das duas casas.
Minguam mesmo os elementos de apreciação para se fazer um juízo seguro e justo. Haveria falta da família Teles? A Família Bandeira teve alguma culpa? Não se sabe.»
O que se soube e correu foi que D. Maria Carolina, a mãe de Maria Mascarenhas, sentiu vivamente a morte da filha, chorando amargamente a sua desgraça.
Também corria, entre mil boatos mais ou menos fundados, é que de Torredeita não haveria nenhuma provocação, mas sim todo o desejo de paz e concórdia, escreveu o Dr. Pinho.
 
(continua)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 27

Nos primórdios da fundação

No número 25 desta série dedicada à Casa do Povo de Valongo do Vouga, fazia-se referência a uma Assembleia Geral realizada em 12 de Novembro de 1944.
Vamos, agora, recordar a acta de idêntica Assembleia Geral levada a efeito em 19 de Novembro de 1944, exactamente oito dias após a primeira.
A principal Ordem de Trabalhos foi a eleição do segundo vogal da Mesa da Assembleia, que recaiu em António Pereira Vidal e, sequentemente, a eleição dos elementos que deveriam constituir a Direcção. Melhor que as palavras, pode ser feita uma história mais completa pela transcrição do conteúdo da acta e tentar traduzir, livremente, o que, do seu conteúdo, se pode interpretar.
A reprodução que se segue atribuímo-la ao Presidente da Mesa, Joaquim Soares de Souza Baptista, que diz assim:
Foto de nossa autoria, com visão do  moderno e funcional edifício
 administrativo, loja agrícola e outros serviços, em primeiro plano.
Propositadamente, vê-se ao fundo alguns edifícios,
que ampliaram o primitivo.
 
 
«Salientou que a administração desta Casa é objecto de muito trabalho e cuidados sem fim, e que, dada a gratuidade de tais serviços não é fácil aparecer homens com capacidade, isenção e espírito de sacrifício que queiram assumir os encargos da direcção.
Por isso, dadas as provas, já postas em evidência, destas qualidades pelos senhores António Pereira Vidal, segundo vogal da Mesa da Assembleia Geral e João Baptista Fernandes Vidal, Joaquim Ferreira Rachinhas e Eduardo Vasconcelos Soares, respectivamente presidente, secretário e tesoureiro da direcção, propunha à aprovação da Assembleia a sua recondução nos respectivos lugares, para o triénio de mil novecentos e quarenta e cinco a mil novecentos e quarenta e sete. Esta proposta foi aprovada por aclamação.
E assim foram proclamados os senhores António Pereira Vidal para segundo vogal da Mesa da Assembleia Geral e os senhores João Baptista Fernandes Vidal, Joaquim Ferreira Rachinhas e Eduardo Vasconcelos Soares, respectivamente, para presidente, secretário e tesoureiro da direcção, para o triénio de 1945/47.»

E fica mais um naco da história e das dificuldades já sentidas ao tempo para conseguir os elementos que deviam gerir os destinos de uma Instituição, que vai, brevemente, completar as suas bodas de diamante, em Junho de 2017.
 

Brumas da Memória - 36

1966 - Inauguração dos Serviços  Sociais 
António Pereira Vidal & Filhos, Lda.


Clique na imagem para aumentar
Voltamos num espaço mais curto a este tema, pois para terminar a sua recordação, ainda faltam reproduzir cinco canções, que fizeram parte do espectáculo que estamos a evocar, levado a efeito naquele ano, no edifício que vai ser, certamente, o novo Posto da GNR local. Que assim seja...
A este número, que fez parte do programa, foi dado o nome SEM TI.
Não é necessário estar a alertar para um pormenor: é que todas as frases começam com a palavra SEM...
Era assim o Hernâni naquele tempo. Quando a veia funcionava, saía tudo muito fácil...
A intérprete foi a Isabel Castro, actualmente a srª D. Maria Isabel Gomes de Castro Nabo, com quem tivemos o prazer de trocar impressões, hoje, de tarde, contando ela as alegres peripécias em que participou com outros compinchas a propósito deste espectáculo. Visitamos o casal (Isabel e Bernardino) na sua residência, em Oiã, há tempos e contamos fazê-lo novamente dentro de dias.
 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Junta de Freguesia na história - 98

O edifício escolar
 
Actual edifício das escolas de Arrancada
Foto do blogue A POESIA DA ISAMAR, aqui
Tomamos contacto com o conteúdo de duas actas, de 1916,  que mencionam factos relacionados com a construção da escola primária de Arrancada do Vouga.
Na acta de 23 de Junho de 1916, já referida antes por causa da pretensa venda de um milhão de metros quadrados de pinhal no Moutedo, está referido que não era possível acabar os trabalhos no prazo.
Na acta de 13 de Agosto de 1916, dá a entender que a obra está pronta e que o fiscal da construção deve vistoriar a obra com vista à liquidação do valor consagrado no caderno de encargos.
Vejamos as transcrições:
 
Da acta de 23 de Junho de 1916:
«Tendo comparecido nesta sessão o empreiteiro da segunda tarefa da construção do edifício escolar e declarando ser-lhe impossível dá-la pronta no prazo marcado no auto de adjudicação, o que foi também reconhecido pelo técnico, foi deliberado prorrogar o dito prazo por mais dois meses. Foi também deliberado fazer-se o muro marginal da estrada em frente à escola destinada ao sexo masculino, bem como adquirir as capas para o aqueduto sobre a valeta para a entrada principal do referido edifício, sendo também autorizado esse e outros pagamentos referentes a trabalhos no edifício escolar.»
 
Da acta de 13 de Agosto de 1916:
«Em seguida foi deliberado oficiar ao fiscal da construção do edifício escolar para que venha vistoriar as mesmas obras, afim, principalmente, de aprovar definitivamente a primeira tarefa, visto já terem decorrido os prazos marcados no caderno de encargos e condições daquela empreitada. Foi também deliberado mandar construir o poço da mesma escola, por não dever esta funcionar ali sem haver água para manter convenientemente a higiene e limpeza da mesma, devendo o acabamento deste trabalho satisfazer por completo às exigências do projecto da Escola, superiormente aprovado, e do fim a que se destina. Foi também autorizado o pagamento destas despesas.»
 
Para quem, como nós e muitos outros, frequentaram aquela escola, recorda bem a existência de um poço, inimaginável em  tempos actuais, com apenas um pequeno murete de cerca de um metro de altura, a proteger a abertura do poço. Com acessos completamente livres, até ao local onde se encontrava, que era, sensivelmente, a meio do terreno entre o actual edifício e aquele que fica junto da rua Inspector Gomes dos Santos. Esta área era terreno livre, de cultura, a limitar o recreio da escola. A sul, nesse terreno, foram entretanto construídas as salas que serviram a Telescola.
 

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