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sábado, 15 de junho de 2013

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - LXIII

Ainda não refeito da sua dor, o recém viúvo Joaquim Álvaro, tratava de preparar a defesa dos seus direitos de tutor da irmã da falecida, Casimira. E queria encontrar em Aguieira e nos arredores alguns apoios que lhe pudessem valer em qualquer circunstância imprevista. Para isso tratou da nomeação do seu sobrinho, Dr. Guilherme Teles, formado em medicina, para administrador do concelho de Vouga.
Em Novembro e Dezembro de 1851, os Bandeiras não fizeram nenhuma queixa nem qualquer reclamação, relacionada com a herança da falecida. Podiam requerer o inventário judicial dos bens de D. Maria Mascarenhas, afim de ser entregue à mãe a parte que lhe pertencia, mas nenhuma acção fora apresentada em juízo.
A luta destas famílias tinha sido acesa e incessante durante tantos anos e a fadiga dava lugar à quietude das posições que antes guerreiramente tinham sido desenvolvidas por ambas as partes, «porfia que talvez se houvesse evitado se não se estadeassem tamanhos aparatos de força, de influência e valentias, porque tanto na ordem física como na ordem moral à intensidade da acção corresponda à violência da reacção.», escrevia o Dr. Silva Pinho.
«Os de Torredeita estavam, certamente, fatigados de tantos conflitos, e desejavam um acordo que não ficasse mal ao seu brio. A visita de D. Maria Carolina à Quinta da Cruz não ficou improfícua. Em Aguieira, em Fevereiro de 1852, três meses depois da morte de D. Maria Mascarenhas, recebeu-se esta carta:
 
Ilmº e Exmº Sr.
Joaquim Álvaro Teles Pacheco:
 
Meu prezadíssimo sr. e afilhado da minha veneração e respeito. Por me parecer muito acertado haja uma conciliação entre V. Ex.ª e a Exmª sr.ª D. Carolina, me animo a pedir-lhe haja de anuir à dita resposta que a dita senhora remete, o que eu deveras estimarei por me interessar seriamente no bem sossego de todas V. Exªs. Desejo que V. Ex.ª goze de uma feliz saúde, com suas Exmªs. manas e mano a quem atenciosamente me recomendo, e V. Exªs. aceitem de minha sobrinha respeitosos recados.
 
Sou de V. Ex.ª
Madrinha vener.ª e obrg.ª
 
Quinta da Cruz, 9 de Fevereiro de 1852
Maria da Piedade de Azevedo e Costa»
 
Nota: Seguem-se, no livro, transcrições de várias cartas, da autoria desta Maria da Piedade e depois de D. Maria Carolina Bandeira da Gama, mãe das Meninas Mascarenhas. Não as vamos reproduzir por se considerar desnecessário. Foi transcrita esta apenas para mostrar o trato e linguagem que eram utilizadas na época, a forma como se tratavam por escrito e, talvez até no relacionamento pessoal. Curiosos os termos utilizados, destacando-se a elegância e eloquência que colocavam nesses relacionamentos escritos.

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