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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A história local

Casa e capela no Sobreiro onde moravam as Meninas Mascarenhas

As Meninas Mascarenhas
O livro - I
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Vista da Quinta d'Aguieira, onde já eram célebres os famosos vinhos no séc. XIX

Este livro foi editado pelo periódico paroquial «Valongo do Vouga», em Abril de 1984, de que era director o Pe. António Ferreira Tavares. Vislumbrando algumas linhas dessa história verídica da freguesia, foi seu autor o advogado Dr. José Joaquim da Silva Pinho, que residiu no lugar de Jafafe, da vizinha freguesia de Macinhata do Vouga.

Na página 325 deste livro, que tem por título «As Meninas Mascarenhas», consta esta última frase: «Jafafe, Março de 1882.» Significa que nesta data aquele causídico acabou de escrever tão interessante, quanto dramática e até um pouco trágica, história. Já lá vão 127 anos!

Não é só uma história mas o contacto para se perceber e conhecer a vida, os costumes, hábitos e, principalmente, os enredos palacianos de uma aristocracia própria do tempo.
As questões que colocaram desavindas duas famílias aristocratas, uma do Sobreiro e outra de Aguieira, tiveram como causa e protagonistas duas crianças, filhas de um Morgado que residia no primeiro lugar, e que este nomeia para tutor, após a sua morte, o seu primo, que viria a ser, mais tarde, o Visconde de Aguieira. Deixava explicitamente determinado no testamento que o próprio Visconde deveria até casar com uma delas, a Maria Mascarenhas.
Há divergências da parte da família materna que procura a todo o transe colocar as filhas sob sua custódia.
Esta história criou bastante curiosidade nas redondezas e até no país, tendo servido de inspiração para o escritor Camilo Castelo Branco, que sobre elas escreveu um romance a que deu o título de «As Meninas Roubadas». Joaquim Álvaro Teles de Figueiredo Pacheco, o nome completo do Visconde, assumiu a sua responsabilidade testamentária após a morte de seu primo e aí começaram os problemas. Vamos ver este naco de prosa do livro referido, na página 26:
«O tutor previa os acontecimentos e acautelava-se. O seu primeiro cuidado foi afastar as suas tuteladas dos sítios de Besteiros [residência dos familiares da mãe das Meninas] onde estavam mais sujeitas à acção violenta de seus tios. Depois, resolveria que destino teriam.
Uma madrugada próxima partia para Aguieira a acompanhar as duas Meninas, que entregou às senhoras da casa, suas irmãs.
Em Aguieira houve uma espécie de conselho familiar composto pelos irmãos e por alguns amigos de Joaquim Álvaro. Eu assisti também. Estava em Jafafe num pinhal miúdo, de espingarda ao ombro, à espera das perdizes. Um criado de Aguieira chegou. Dizia-me que fosse ao Cimo da Rua que havia por lá novidade. Montei a cavalo e fui.»

As Meninas chamavam-se Maria e Casimira de Mascarenhas Teles Mancelos Pacheco e seus pais eram o morgado Joaquim Mascarenhas de Mancelos Pacheco e Maria Carolina Bandeira da Gama, que, como se disse, residiam na maior parte do tempo no lugar do Sobreiro, embora tivessem outra opulenta casa, e onde também chegavam a residir, no lugar de Besteiros, concelho de Tondela.
A esta história voltaremos, pelas curiosidades e pelos enredos que sobre estas mesmas famílias se foram desenvolvendo. Procuraremos, na medida do possível, sintetizar e focar as passagens mais marcantes desta história.

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