Valongo pára em Agosto
Já constituiu uma máxima aquele título! É evidente que isto foi noutros tempos, em que talvez se tivesse vivido uma das melhores épocas que a isso permitia: Férias. Na realidade no mês de Agosto, em Valongo, era a debandada.
Destinos; para a praia da Barra, principalmente; da Costa Nova e, depois, mais recentemente, para a Vagueira. Além de outras.
Fui rebuscar estas memórias numa rubrica que tinha no semanário «Soberania do Povo», neste caso de 30 de Julho de 1982, intitulada «Terras do Marnel».
E na realidade era assim. Havia veículos propositadamente carregados com o indispensável de meios e utensílios para se poderem passar 30 dias na praia com o mínimo de condições. E como era perto, nada difícil concretizar a tarefa.
Então, naquela data e na rubrica referida, dizia assim:
«Ao pensar em tudo o que se ouve sobre organização de tempos livres, é forçoso pensar-se também que tal factor é originado pela lufa-lufa de uma vida agitada. Ao longo de vários meses, a correria desenfreada das pessoas leva-as a que, uma vez no ano, deixem de o fazer.
A freguesia não foge à regra. Aproxima-se o mês de Agosto e é ver a freguesia «parada».
São as termas. São as praias, nomeadamente aquelas que em termos de distância nos ficam mais próximas. Mas também há quem se vá deliciar com os calores dos Algarves. E outros aproveitam para visitar uma França, Alemanha ou outro país europeu no qual um familiar se encontre mourejando.
A população desta freguesia, merece bem esta paragem na sua actividade diária. Ao longo do ano ela é desdobrada pela miscelânia de uma vida própria, como aliás a de quase todo o concelho. A nossa população possui duas especializações importantes: por um lado a sua vida de operário fabril e, nas horas vagas, a sua actividade predominantemente agrícola.
Mas também são os emigrantes. Ei-los que, quais andorinhas, voltam ao seu ponto de partida. Sempre alegres e bem dispostos, também com o propósito de se recrearem um pouco de uma outra e, talvez, mais agitada vida de duro trabalho.
São as férias. Uns que já as gozam e outros, no caso particular da freguesia, que em Agosto vão em debandada, com camionetas carregadas, para que durante este mês nada lhes falte.
Para os que vão e para os que ficam, desejamos merecidas e boas férias.»
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O propósito em recordar este texto, é para colocar em evidência alguns factores. E, entre eles, o modo de vida totalmente diferente do que se vive actualmente. Em pouco mais de 25 anos como tudo mudou... para pior (?).
É claro que recordar isto com este tempo meteorológico, não encaixa muito bem. Mas, a propósito, parece que é possível fazer algumas comparações do que se obtinha sem muitos custos e hoje são inêxistentes as condições de poder ir até à Barra fazer o mesmo... para alguns... para a maior parte!
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