Caricatura com ar de reformados, obtida do site "raiva escondida", aqui
Era assim, em tempos idos, que ouvia os meus familiares a pronunciarem-se sobre a reforma. As coisas mudaram. A situação política do país mudou. Este passou de isolado a integrado numa Europa dividida, mas que se quer unida. Ficou a pertencer a um «outro clube», onde cheira a esperança. Deixou de estar «orgulhosamente só» a devidamente acompanhado e integrado em outras mentalidades, outras «competições», outros ares.
A esperança será sempre a última coisa que morre. Mas lá isso morre e morre mesmo. Morre com todos os sonhos não realizados, com todos os planos que idealizámos. Morre sem se completar o ciclo do que todos ou a maior parte (pois alguns ainda a podem gozar) que é a reforma, a vida mais calma, sem aquele palavrão a que chamam «stress». Enfim, voltando a um ciclo de vida de contemplação, isto é, ter tempo para aquilo que não foi possível realizar, se as forças e a saúde não «incomodarem» muito.
Nesta contemplativa miragem, dou comigo a ler jornais e mais jornais, com notícias desastrosas, com previsões assustadoras, com factos arrepiantes de medos, por aquilo que pensávamos ser melhor e que, talvez, venha a ser pior do que aquilo que passámos e os nossos antecessores passaram.
São estas notícias confrangedoras, que dão conta de uma fragilidade sobre os valores das reformas, do cálculo encolhido por que terão de passar, por previsões de alargamento de prazos, de idades cada vez mais avançadas e de vida activa impossível de conseguir face aos empregos e postos de trabalho que não existem.
São os impostos previstos sobre o valor das reformas que, Comissões de Livros Brancos e Livros Verdes ou outra cor apresentam como factores e hipóteses alternativas ao sistema actual.
São, finalmente, um rosário de amarguras que se deparam nos horizontes de todos aqueles que, como nós, honesta e honradamente foram «pagando» sem poder «fugir» a qualquer centavo de impostos, impotentes porque não podem usufruir de «sacos azuis» alternativos, que não seja a justiça por melhores reformas. Onde está a solidariedade que a filosofia económica das ideias democráticas pretendeu imprimir e que, de sistema em sistema, não se conseguiu aperfeiçoar?
Imagine-se a reforma que resultaria da capitalização de tudo o que um trabalhador normal contribuiu durante trinta ou mais anos… E agora, com um sistema que não evoluiu, nada se transformou e está em colapso!!! Por este andar, voltamos a ouvir a fatídica frase de antigamente: Reforma? Um pau e um saco!!!...
J. M. Ferreira
Rubrica «Última Coluna» do jornal paroquial «Valongo do Vouga»
Publicado no número de Julho - Agosto de 1997
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Penso que o «desenrolar» desta ideia está actualizadíssima, apesar de ter surgido em 1997. Um amigo disse-me, hoje, que alguém do governo deve ter guardado esta ideia, para a poder implementar mais tarde. Ora bolas… não vou publicar mais ideias… quem quiser que as arranje!
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