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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Valongo – Raízes do futebol - VI


O pinhal com nome de "campo da bola"

No Jornal Paroquial «Valongo do Vouga», de Julho de 1989, o Sr. Carlos Jorge dos Santos Pinho, do lugar de Aguieira e que foi residente em Albergaria-a-Velha durante muitos anos, acrescentava à história descrita por João Lopes Martins, a que nos temos referido sobre este assunto, o seguinte:

«Conforme "note bem" – N.B. – no final do artigo epigrafado da autoria de João Lopes, amigo de infância e colega de Escola Primária, vou dizer-lhe o seguinte: Em Aguieira, além dos já referidos campos, houve, muito anteriormente a estes, outro denominado «campo da bola», ao lado da «PAVIVOUGA», em Aguieira, propriedade de meu primo João Augusto Pires Santos, que lhe coube em partilha pelo ramo materno.
Foi utilizada uma parte do terreno a mato que foi roçado, e preparado por desportistas amadores, que almejaram dar uns pontapés na bola, na altura, uns jovens promissores e pioneiros do desporto da nossa terra.
Era conhecido pelo pinhal do «campo de futebol», durante anos e anos sucessivos.
Dessa juventude que realizou aquele estádio, lembro alguns deles: Manuel Rachinhas, Joaquim Celina, Augusto Tatu, António Lourenço, Raul da Aida, Manuel Pinto, Joaquim da Conceição; e outros mais «velhos» e evoluídos no desporto, não só naquele: Augusto Santos, Manuel Joaquim Fernandes Oliveira, Fernando Oliveira, Mário Pinho, António Paula e Augusto Henriques (Arrancada).
Jogou-se ali a bola durante anos que não sei quantos, onde havia disputa de prémios. Foi também utilizado para tiro aos pratos.
Lembro que o filho do proprietário do GRANDE HOTEL da CURIA, o sr. Afonso Costa (entre nós, familiarmente, era conhecido pelo «Afonsito», embora fosse um latagão), deu, naquele mesmo terreno, a comparticipação como futebolista, mas, sobretudo, era uma revelação como um bom atirador; vinha munido de uma máquina manual de lançar pratos, assente no chão, de boas espingardas e de bom cartuchame.
Ao tempo, recordo ainda ligado a este desporto, o estabelecimento do sr. Manuel Fernandes de Oliveira, vulgo, Manuel do Adjuto, onde havia, além do mais, uma secção famosa e sempre bem sortida de artigos de caça. Os caçadores das redondezas e até de Águeda, vinham ali efectuar os seus fornecimentos e colher conselhos e indicações valiosas dos mais experientes.
Recordando… na frente dos meus olhos vejo a imagem do alvo de papel pardo de embrulho, pregado na porta da casa existente na «terra dos moinhos», ao lado da estrada, que abria para aquele imóvel, sendo as espingardas disparadas pelos proprietários junto do muro que havia à margem do rio de Aguieira.

Como o artigo publicado no jornal «Valongo do Vouga» foi da autoria do sr. Carlos Pinho e como cita e descreve imagens do seu quintal e da sua casa com alguns episódios rocambulescos da época, principalmente com o tiro ao alvo, nada melhor que ilustrar este post com duas imagens, esta da nogueira, que talvez já não exista e a de cima com as traseiras da sua residência e de seu pai Dr. Mário Pinho. Estas fotos foram obtidas a partir do caminho que vai para a Boiça, ali mesmo junto da capela de S. Miguel. A parte frontal da sua casa, à beira da estrada principal, já aqui foi apresentada em slide.

Ao fundo do meu quintal, ao lado de uma nogueira frondosa, havia uma porta de madeira na qual eram também fixados aqueles alvos, que abria para o caminho de pé que conduz à frente da Boiça, sobre a final eram igualmente alvejados as espingardas. Como precaução, uma sentinela de atalaia, estava colocada no posto respectivo, enquanto os tiros eram disparados.
A porta referida tinha e mantinha um «valor» extraordinário: embora de madeira, pesara bastante dada a circunstância dos inúmeros bagos de chumbo, de todos os tamanhos, estarem introduzidos na madeira por milhares de tiros suportados.
Para aqueles AMIGOS que citei e os que da minha geração (poucos já somos!) deles, de certo, se recordam ainda, dou-lhes em amor, a minha vivência de uma lembrança imorredoura!
Ao João Lopes Martins dei esta achega como complemento de uma memória… periclitante já!»
Junho/89
Carlos Pinho

*****
E do que conseguimos, até agora, obter sobre as Raízes do Futebol nos vários lugares e, particularmente, na freguesia de Valongo do Vouga, aqui o deixamos para história e memória futuras, embora espalhada por vários capítulos, mas não dando por encerrada a pesquisa. E se houver por aí alguém que saiba alguma coisa, faça favor de apitar...

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