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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A nossa história

Igreja de S. Pedro de Valongo do Vouga

Continuando a narrativa histórica deste monumento da freguesia de Valongo do Vouga, há que salientar alguns pormenores do seu interior, onde se reúnem os elementos que mais se destacam e assinalam certos pormenores da sua longa existência.
Na sua grande reforma entre os séculos XVII e XVIII, a igreja ficou com corpo e capela, dois arcos nos flancos, quase juntos ao arco cruzeiro, destinados, como ainda se pode constatar, a altares, uma porta principal e, conforme já referimos, duas portas laterais e frestas altas e rectangulares, conforme explica o Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Aveiro – Zona Sul – Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa 1959.
De salientar que o arco da direita foi construído na segunda metade do século XVIII, formando capela. O outro arco do lado contrário, só o foi após aquela data, mais recentemente. O tecto da referida capela, da direita, que terá sido construída na segunda metade do século XVIII carece de restauro urgente, sob pena de se perderem e destruírem as pinturas originais, feitas em quartelas, decorados de rótulos policromos e dourados, em estilo concheado, que encerram motivos da Paixão, à excepção de um em que se vê um cálice, anjos adoradores e letreiro eucarístico.
Entre os anos de 1930 – 1935, teve esta igreja uma grande reforma, toda ela subvencionada pela família Sousa Baptista.
Há várias esculturas, a que os especialistas não dão grande relevo, quer artístico, quer histórico, sendo algumas do século XVII, “de pequeno interesse” (sic). De salientar, entre estas, os dois anjos ceroferários independentes, setecentistas, graciosos, mas correntes. O púlpito tem uma singela bacia de pedra e guardas de madeira, em forma de balaústres espiralados. De salientar, o que não consta nos alfarrábios, seria o órgão de tubos, que acabou por desaparecer, desmontado em peças e em bocados. Do mesmo consta o local, com varandim em forma de púlpito e uma placa gravada na parede, assinalando a sua existência ali.
Também no arco cruzeiro, os dois anjos estão em atitude de fazer qualquer coisa dada a posição dos braços. Lembramo-nos que os mesmos tinham longas trombetas nas mãos, as quais também acabaram por desaparecer. E este facto também não aparece citado naquele ou em outro “Inventário” conhecido.

Pia Baptismal-século XVI

Transcrevendo daquela obra acima citada, diremos: «De categoria é a pia baptismal. Trabalho feito em calcário, do princípio do século XVI, época manuelina; posto que não venha das principais oficinas mas da simples artificiania, é obra pouco comum. Dotada de pé curto e secção quadrada, segue traçado octogonal, produzindo um corpo de rectângulos e um de trapézios em ligação com o pé; quatro desses rectângulos são decorados de um busto de criança desnudada, cercada de haste vegetal, os dois restantes só de folhagens; os trapézios do segundo sector são cheios de temas florais diversamente compostos; em cada ângulo do pé há um rosto humano e nas faces folhagens cruzadas.»
E mais abaixo, diz-se: «A custódia de prata dourada é espécie de certa categoria. Pertence ao século XVII e ao tipo de templete. Este é formado de um par de colunas jónicas, postas a cada lado, suportando o cupulim, que Cristo ressuscitado remata; em lugar de pináculos há quatro anjinhos com os símbolos da Paixão; o receptáculo não tem radiação solar mas ornatos curvilíneos; a sub-copa, o pé e a base seguem os tipos correntes, havendo tintinábulos quadrados.»
De referir, por ser ainda de recordação visivelmente recente, que no adro foi o cemitério, sendo retiradas, ainda não há muito, algumas cercas férreas que limitavam a existência de sepulturas. Algumas delas em pedra, tendo sido recuperadas, em obras recentes, algumas delas, que lá estão dispostas em local apropriado para não serem danificadas.
Termina aquele Inventário Artístico referindo que havia uma via-sacra, dos princípios do século XVIII, partia da igreja e ia terminar num cabeço. Este Inventário Artístico dizia, em 1959, que esta via-sacra tinha sido restaurada em parte. E conserva-se uma das cruzes (já restaurada, como outras), ao lado da porta axial da igreja. Havia uma cruz alta, igualmente de grandes braços, junto da zona terminal, que seria no local hoje conhecido por Calvário, além das intermédias, em cada estação da via-sacra.
Este templo sofreu profundas obras de manutenção e conservação, que se prolongaram por cinco anos, sendo responsável o pároco de então, Rev. Padre António Ferreira Tavares. Estas obras foram iniciadas com os trabalhos de cantaria em granito, por pedreiros especializados, em finais de Janeiro de 1984.
Foram substituídos diversos elementos por se encontrarem muito danificados, desde o telhado, até ao douramento da talha dos altares e colunas interiores, feito por pessoal especializado neste tipo de trabalho, em que o sopro era fundamental.
A sagração do novo altar, todo numa peça de granito, foi realizada pelo então bispo titular da diocese, D. António Baltazar Marcelino, numa Eucaristia que teve lugar no dia 12 de Fevereiro de 1989, celebração esta que culminava com a visita pastoral que nessa semana tinha feito à freguesia.
Entre outros elementos, era de destacar os bancos novos com condições adequadas a que as pessoas se sentissem comodamente instaladas. Os anteriores, já muito velhos, destoavam bastante e foi motivo de reparo, pelo menos uma vez, por parte de D. António Marcelino. A propósito, lembro-me perfeitamente de, naquele dia, no fim da celebração, o Bispo de Aveiro, dirigindo-se a todos os Valonguenses presentes, ter dito, mais ou menos, isto: “Agora, sim, graças ao trabalho de todos, tendes aqui uma belíssima igreja”, referindo-se até ao caso dos bancos.
Pode não estar correcto este pormenor, mas, para o caso, pouco importa. O que importa é o facto em si, com mais ou menos uma ou outra palavra.

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