Júlia dos Santos Magalhães
- Brunhido -
Andava de volta das pesquisas sobre pessoas da freguesia de Valongo do Vouga que, por um ou outro facto, se tivesse distinguido e que tenha feito história. Coisa que tenho feito nos últimos post’s. Já ia em adiantado estado de “serviço” quando me lembrei que sou um adepto de referências, de homenagens, de distinções, a quem merecer, mas durante a vida das pessoas e não testemunhar públicos reconhecimentos após a sua morte e, em muitos casos, passados muitos anos.
Ora bolas, as pessoas, em vida, já tinham feito história, merecimentos, já tinham justificado essas distinções. Ora, aquela primeira postura – homenagear, distinguir ou enaltecer após a sua morte – parece que quer significar que nos “esquecemos” das pessoas e do que foram e, muito mais tarde, alguém se lembra dos seus feitos e toca de arranjar e organizar homenagem.
Se houver justificação para enaltecer, que se faça em vida, é, pelo menos, a minha modesta opinião.
É esta a intenção que me move, aqui, neste pequeno espaço, mas demasiadamente grande para não se saber até onde vai a figura e obra de Júlia dos Santos Magalhães. Mas estou ciente que vai surpreender e rememorizar outros que estão longe destas terras e que nos "visitam".
E com a tarefa facilitada tendo à mão um espólio bastante completo e praticamente actual, não necessitando de quaisquer elementos mais para aqui traçar, nos post’s que forem necessários, baseado no trabalho que em 5 de Novembro de 1999 tinha feito para o semanário «Região de Águeda», que considero notório, sobre esta figura de cariz e com origens marcadamente populares, nas áreas a que se dedicou por vocação.
Melhor que mais considerações, ficam aqui explanados, na biografia que a própria escreveu e que naquele periódico se encontra, que digitalizamos de acordo com as possibilidades que temos, os primeiros traços da sua vida, demonstrativa de um carisma que a poucos é dado possuir e desenvolver. Aqui voltaremos.
Se houver justificação para enaltecer, que se faça em vida, é, pelo menos, a minha modesta opinião.
É esta a intenção que me move, aqui, neste pequeno espaço, mas demasiadamente grande para não se saber até onde vai a figura e obra de Júlia dos Santos Magalhães. Mas estou ciente que vai surpreender e rememorizar outros que estão longe destas terras e que nos "visitam".
E com a tarefa facilitada tendo à mão um espólio bastante completo e praticamente actual, não necessitando de quaisquer elementos mais para aqui traçar, nos post’s que forem necessários, baseado no trabalho que em 5 de Novembro de 1999 tinha feito para o semanário «Região de Águeda», que considero notório, sobre esta figura de cariz e com origens marcadamente populares, nas áreas a que se dedicou por vocação.
Melhor que mais considerações, ficam aqui explanados, na biografia que a própria escreveu e que naquele periódico se encontra, que digitalizamos de acordo com as possibilidades que temos, os primeiros traços da sua vida, demonstrativa de um carisma que a poucos é dado possuir e desenvolver. Aqui voltaremos.
Parte da página do «Região de Águeda» dedicada a Júlia Magalhães
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A minha história
(Dizia a D. Júlia)
Meu pai tinha as suas origens no Minho, em Cabeceiras de Basto e minha mãe em Macinhata do Vouga.
Após meu pai ter regressado da primeira guerra mundial, veio para o Porto e ingressou na Polícia de Segurança Pública. Minha mãe ficou órfã de seus pais ainda muito cedo e veio para o Porto como empregada doméstica e foi lá que ambos se conheceram e uniram seus destinos.
As minhas origens estão no Porto, visto ter sido primogénita, mas sendo tripeira, sinto-me mais Valonguense, embora sinta grande carinho pela minha cidade.
Meu pai, por motivos de saúde, foi reformado da PSP e como minha mãe tinha família na freguesia de Valongo do Vouga, compraram casa no lugar de Brunhido, onde passei a residir desde os oito anos de idade.
Ingressei no ensino primário no Porto e como naquele tempo a escola não era obrigatória, existiu um interregno de um ano, por motivos familiares, mas no ano seguinte retomei a escola, quase sempre fugindo de minha mãe, porque adorava estudar.
Frequentei a escola de Arrancada, pois naquele tempo ainda não havia escola em Valongo. Quando fiz o exame da terceira classe, chamado na altura de exame do primeiro grau, fui obrigada a abandonar a escola, pois a falta de recursos familiares obrigava-me a trabalhar.
Foi-me vedado o que mais gostava na vida: estudar.
Mas a minha “vingança” foi ler, ler, ler…
Lia tudo o que me aparecia, mas gostei sempre de boa literatura. É a esse gosto que devo, em grande parte, o pouco que sei. Carrego até ao fim dos meus dias a mágoa de não ter ido mais longe e saber mais…
Fui empregada doméstica até ingressar nos quadros da firma António Pereira Vidal & Filhos, Lda., na qual trabalhei durante trinta anos. Passei à situação de pensionista por falta de saúde. Daí para cá, faço a minha modesta e pacata vida de doente e de pessoa idosa.
Quanto à escrita e à poesia, sempre gostei de escrever em papelinhos, conforme o estado de espírito e guardava-os numa gaveta até ao dia em que havia limpeza e ia tudo para o lume.
Mais tarde o saudoso Inspector Gomes dos Santos, ilustre pedagogo e escritor da nossa Terra, que conhecendo-me bem, me incentivava a escrever e a guardar. É a ele que devo algo mais do Dom que possuo. Em sua memória a minha prece de gratidão.
Este um ligeiro esboço da minha vida, que será e é igual à de tantas outras pessoas. Mas esta é a minha modesta biografia.
Próximo post: Resumo da publicação feita no Jornal «Região de Águeda» de 5 de Novembro de 1999 e os livros de Júlia dos Santos Magalhães.
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