Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina
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À descoberta da estação arqueológica - anos 90
Hoje vamos transcrever, as páginas 22, 23 e 24 do «Guia da estação e do visitante», com edição da Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, a que nos temos referido anteriormente, correndo o risco de se tornar longo e enfadonho. Se não o fizéssemos, estaríamos a cometer um erro sobre a compreensão do seu conteúdo. Diz assim, naquelas páginas:
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«Hoje, a visão que se tem da ocupação diacrónica do espaço arqueológico, ainda maioritariamente centrado no sítio da Mina - a plataforma mais pequena de toda a ocupação humana do Cabeço do Vouga - é radicalmente diversa daquela que os bem intencionados estudos do Dr. Rocha Madahil então propuseram e que na altura, mesmo a contragosto, alimentaram a polémica das «Talábrigas» mas, também, mais complexa daquela abordagem que se construiu no final dos anos 90.
Tanto ao nível da diacronia da ocupação humana como mesmo no "interior" do domínio e consolidação das políticas imperiais romanas, o quadro da interpretação se alterou, consequência de vários anos de estudo sistemático do arqueosítio e dos dados obtidos e respectivas interpretações e reinterpretações, como compete ao processo de investigação, em contínua mudança.
Hoje é inquestionável que o sítio arqueológico da Mina representa uma ocupação "periférica", se bem que muito expressiva, do todo, arqueológicamente entendido, que constitui o Cabeço do Vouga, ou seja, o Cabeço Redondo - principal espaço ocupacional.
Que o estabelecimento das primeiras comunidades humanas sedentárias se verificou ao longínquo Calcolítico Final, ou seja, por alturas dos finais do III milénio a.C.
Seguiu-se-lhe uma ocupação que estará na origem de todas as transformações posteriores, a Idade do Bronze, sobre a qual assentará não só o Ferro Atlântico dos finais do I milénio a.C. e que se prolongará atá ao séc. I a.C., altura em que o imperialismo romano irá tecer a teia da sua expansão político-militar e consequente reorganização dos espaços dominados.
O domínio romano constitui, no Cabeço do Vouga, uma visibilidade incontornável e insubstituível, seja ao nível da cultura material como dos aspectos arquitectónicos que aqui adquirem uma expressão única, pelas soluções encontradas e em que as abóbadas de eixo vertical marcam uma expressão indiscutível da mestria da engenharia civil romana, sem paralelo algum conhecido.
O Cabeço da Mina com as suas expressões arquitectónicas peculiares e únicas, na vasta rede organizativa romana, constitui um exemplar único e insubstituível que aqui, neste trecho do baixo rio Vouga, marcam indelevelmente todo aquele substrato sócio-económico do mundo pré-romano da Idade do Ferro e que, paulatinamente, se vai construindo com aportações várias visando, sem disso se dar conta, um mundo novo, em que a "mudança" constituirá um património humano rejuvenescido e apto a enfrentar os desafios futuros.»
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A seguir, iremos mostrar, daquele Guia, «As origens do povoamento na Idade do Bronze».
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