Engº José de Bastos Xavier
Nesta série em mencionar algumas pessoas destas terras, que, durante a sua vida, ficaram marcadas por factos preponderantes locais e, nalguns casos, até nacionais, trazemos à colação, desta feita, o Engº José de Bastos Xavier, que, entre outras facetas, se destacou com bastante competência e brilho, na arte das letras.
Foi autor de várias obras, que constam nos escaparates das livrarias, bibliotecas e outras entidades oficiais e particulares. São, no caso, as obras «Cana ao Vento», «Novos Claustros da Montanha», «Arame Farpado», «O Pátio», «Galope na Sombra» e «A Zorra».
Destes títulos possuímos apenas dois; «O Pátio» e «Cana ao Vento».
Alguns dados do Engº Bastos Xavier, extraídos de um destes títulos, de quem muita gente ainda se recorda.
Nasceu em Arrancada do Vouga, em 29 de Outubro de 1902, filho de António Pereira Vidal e de Margarida da Silva Bastos. O seu primeiro emprego foi o de caixeiro numa loja de um patrão bastante dado às letras - o sr. Armando Castela, comerciante de Águeda - que muito o influenciou mas que também o despediu por reparar que este se interessava mais pelas letras do que pelo trabalho de comerciante. Pelo que, um dia, amigavelmente, o patrão entregou-o aos seus pais dizendo-lhes que ele só pensava em escrever cartas e ler, por isso devia ir estudar.
Aos 18 anos de idade principia os estudos, formando-se em Engenharia Civil, pela Universidade do Porto, aos 27 anos. Iniciou a sua actividade de Engenheiro Civil na Junta Autónoma de Estradas, tendo passado por Lisboa, Alentejo e Guarda; participação que terminou na cidade de Coimbra, onde desenvolveu e encontrou meios para a sua vocação para as letras.
É durante este período da sua vida que casa com Dulce da Costa Vidal Xavier, de quem veio a ter quatro filhos, Maria Margarida, António Manuel, Maria Teresa e João (este já falecido recentemente). Pioneiro do neo-realismo, ele surge na vanguarda dos "Novos Prosadores" da Coimbra Editora com o seu romance "Cana ao Vento" publicado em 1944. A seu lado, na mesma colecção, estavam nomes como Fernando Namora, Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, Virgílio Ferreira, Mário Braga, João Falcato, etc..
A Casa do Povo de Valongo do Vouga, em colaboração com o jornal «Soberania do Povo», reeditou numa Edição especial Fac-similada do seu primeiro romance, «Cana ao Vento», editado em 1944 pela Coimbra Editora, em Dezembro de 2002, recordando os 100 anos do seu nascimento.
Entre outros factores, que talvez sejam do desconhecimento de alguns, sabemos que o Engº Bastos Xavier foi autor do projecto da estrada que liga S. Jacinto a Ovar (ou ao Furadouro) e talvez tantas outras que não conhecemos.
Se mais haveria a dizer, disso não há dúvida alguma. Se houver lembrança de outros factos e histórias, aqui as trataremos e deixaremos para os interessados pelos aspectos históricos e outros de Gente destas Terras...
1 comentário:
Andávamos por aqui a "navegar" e encontrámos este maravilhoso post... o nosso tio costuma-nos falar muito deste livro e finalmente agora vimos a sua "cor".
Obrigada por partilhar estas "pérolas".
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