O DISTINTIVO DA COMPANHIA
Quando em 14 de Julho de 1963 tive de embarcar para a Guiné, num navio de carga conhecido pelo nome de «SOFALA», ao qual já aqui me referi há uns tempos atrás, não existia nos militares, salvo uma ou outra excepção como, por exemplo, marinha, comandos, força aérea, etc., já determinado superiormente, usarem-se distintivos e coisas semelhantes que lhe emprestassem alguma identidade e particularidade.
É claro que as Unidades Mobilizadoras onde se organizavam as Companhias, entregavam ao respectivo comandante, antes de sair do quartel, em cerimónia própria, o estandarte que não era mais que uma cópia do estandarte utilizado, oficializado e adoptado por essa Unidade Mobilizadora.
No caso que quero mostrar e contar, deixo aqui uma amostra do estandarte da Unidade Mobilizadora. Mas quanto a crachás ou outras insígnias, para serem usadas pelos seus elementos, não era lá muito habitual existirem, principalmente no exército.
Já depois de estar na Guiné, passou-me pela cabeça propor a quem de direito mandar confeccionar tais distintivos. Mas como? Eu não tinha jeito para desenho, não tinha mais nada que não fosse o estandarte que regressou depois com a Companhia em que me inspirasse.
E foi baseado nestes pressupostos que dei a ideia a um camarada de armas, que tinha um dom para o desenho e para a caricatura fora do comum. Com base nessa ideia, saiu o distintivo que está aqui exposto.
É evidente que é elementar que se diga o autor desse desenho, que foi o 1º Cabo 408/63 (identificação numérica usada ao tempo, completamente diferente da que se passou a usar - o número mecanográfico). Nunca mais tive contactos com o José de Sousa Piloto, nem onde reside, nem nada acerca dele.
O desenho foi enviado para Lisboa, a uma casa da especilidade e passados uns tempos lá apareceu a encomenda com os crachás ou distintivos que diferenciavam a Companhia de Caçadores 462 das demais, durante todo o tempo que nos faltava para o regresso e que era ainda bastante para atingir os 24 meses!
Creio que, se não foi a primeira, terá sido uma das primeiras Companhias do Exército a usar, na Guiné, estes distintivos, em plástico, que eram presos por molas no vestuário do braço esquerdo, mas apenas com a farda número um, ou seja, a farda domingueira... pelo menos o calção (ou calça) e camisa, ambas do velho caqui amarelo.
Mais tarde já era vulgar o seu uso por todos os militares com este tipo de distintivos, que lhe davam alguma particularidade, evidência e até identificação.
Reminiscências de 1963, que ainda guardo por cá.
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