Obras públicas: actualmente como antigamente
É isto mesmo o que se pretende dizer neste capítulo, ou seja, que antigamente as obras públicas, como actualmente, nada modificaram na sua substância de geração de hábitos, apesar de terem passado gerações, sobre gerações de homens que superintendem nos governos e nos modos de dar à população na justa medida do que esta contribui.
Esta foi a primeira escola primária em Valongo do Vouga
Vem isto a propósito do que encontramos numa acta de 1913, em que o Estado faz uma escola, mas só com metade do valor estimado para a sua construção. Depois, a outra parte será suportada desde que «qualquer corporação administrativa ou outra entidade idónea se comprometa a satisfazer metade das despesas, em numerário ou trabalho».
Por outro lado, também se pode aquilatar o contrário do antes referido. É um apelo à população para colaborar naquilo que lhe diz directamente respeito. E será isso o que se vê actualmente? Deixando as considerações, é mais fácil e compreensível transcrever esta acta no que ao assunto diz respeito. Assim;
«E aberta a sessão pelo referido presidente, cidadão João Batista Fernandes Vidal, depois de lida, aprovada e assinada a acta da sessão anterior, foi lido ne mesa o expediente, que constava de uma circular dos Execelentíssimos Ministros do Interior e do Fomento, determinando que a verba de duzentos mil escudos votados pelo parlamento para construção de edifícios escolares, será empregada em construções escolares das localidades onde qualquer corporação administrativa ou outra entidade idónea se comprometa a satisfazer metade das despesas, em numerário ou trabalho, das mesmas construções.
Atendendo à grande falta que nesta freguesia se faz sentir de edifícios escolares apropriados para a educação das crianças, conforme o exige a moderna pedagogia, deliberou esta Junta de Paróquia pedir a construção dum edifício escolar nesta freguesia, que comporte os dois sexos, em salões separados, segundo o modelo oficial.»
Existe aqui uma redacção que pode conduzir a outras interpretações. Se a circular dos Ministros do Interior e do Fomento diz que a verba de duzentos mil escudos votada pelo parlamento para a construção de edifícios escolares, dá a entender que a verba, no total, se destina a todo o país e deixa antever que aqueles que podem utilizar, daquela verba, o dinheiro para a construção, só o pode fazer desde que garantam que qualquer entidade suporte metade das despesas em dinheiro ou em trabalho. Não se pode admitir que o seria só para Valongo. É que, naquele tempo, 200 mil escudos dava para as escolas e para muitas mais coisas dentro da freguesia. E fazia da freguesia de Valongo a mais rica do concelho (até) e do país.
Quer dizer: há 200 contos para o país, mas quem se candidatar sabe que vai suportar metade do custo. É só para evidenciar o valor astronómico que constituía a verba de 200.000$00 em 1913. Parece que não há dúvida alguma. E até em tempos muito mais recentes!!!
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