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quinta-feira, 27 de maio de 2010

A história local

As Meninas Mascarenhas
O livro - XIX

Terá sido mais ou menos por estes sítios que as Meninas desembarcaram no Porto. Foto no blogue skyscrapercity.com


No último capítulo desta infindável história, tinha o Francisco Veloso, amigo de Joaquim Álvaro e de Silva Pinho, intercedido junto de um amigo, Alves Souto, para que este, junto doAdministrador, os liubertasse e às Meninas.
Joaquim Álvaro tinha ficado em Avintes à espera do Dr. Silva Pinho. Por isso a demora deste, por estar preso sem aquele saber, provocava alguma impaciência. Então o homem de Aguieira fretou dois barcos e meteu-se neles, junto com o abade de Romariz, que os acompanhava desde esta localidade e com as Meninas devidamente enroupadas e agasalhadas, indo com eles os criados Póvoas e Serra.
Joaquim Álvero bem espquisava o Douro à procura do Dr. Silva Pinho, mas nada. Até que chegou junto da ponte e ali se abrigou, esperando sem resultado.
No barco ficaram o abade e o criado Póvoas. Joaquim Álvaro seguiu para Gaia com o criado Serra, mas logo que se apeou foi preso e levado para casa do administrador, como já dissemos.
O Alves Souto, desejava ser agradável a Francisco Veloso, seu adversário político mas seu amigo pessoal, que foi logo a casa do administrador e a essa hora já Joauim Àlvaro e o Dr. Silva Pinho estavam deitados. Exposta a situação ao administrador, logo ali se organizaram as coisas de forma que o José Maria (administrador) e o Carneiro (secretário) se prestaram a tirá-los de tamanha embrulhada. Foi logo arranjado um barco, onde o secretário iria ter com as Meninas a Avintes e foi nessa altura que o Carneiro foi bater à porta do quarto dos dois amigos que estavam deitados na mesma cama em casa do administrador. 
O abade estivera muito tempo debaixo da ponte e o frio era mais que muito, Joaquim Álvaro não chegava  e a noite ia avançando. O abade decidiu regressar a Avintes, mas havia lá um regedor já desconfiado daqueles avanços e recuos. Este regedor chegou a prender o abade, as Meninas, os criados, mandando-os recolher num pátio, fechado mas sem cobertura, com guardas à vista, mas tendo pena das Meninas, que tiritavam de frio, deu-lhes de cear e acendu-lhes uma grande fogueira.
Estavam todos à volta da fogueira quando chega o Carneiro e os soltava dizendo que aquilo era com ele. O bom do abade regressou para o seu ermitério de Romariz, os criados para Aguieira e as Meninas desceram outra vez o rio.
Nesta altura já os Velosos tinham mandado o Silva, da rua de Cima do Muro, preparar alojamento secreto para os perseguidos pela família dos Bandeira. O Carneiro (secretário) desde que partiu para Avintes, ninguém mais dormiu, passando-se o resto da noite a conversar descontraidamente. Até que os calafates já trabalhavam nos estaleiros, e nos armazén dos vinhos os estrondos dos golpes dos tanoeiros faziam sentir que tivera início a labutação do dia. O sol começava a iluminar o zimbório do Seminário fronteiro e a cúpula do convento da Serra [do Pilar].
O tempo estava de feição, azul clarinho, transparente e pelo Douro deslizava com brandura um pequeno barco, que procurava atracar ao cais. Correram todos. Eram as nossas Meninas. Carneiro saltou fora e Joaquim Álvaro entrou no barco, tudo feito de forma rápida. O barco seguiu rio abaixo para margem direita.
Quer dizer que os fugitivos iam entrar na cidade, na qual ainda os esperavam as mais extraordinárias perseguições e as situações mais aflitivas.
O Dr. Silva Pinho, dizia (escrevia) que respirava, enfim, liberto da profunda opressão que durante cinco dias lhe atribulara o espírito.

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