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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A história local

Vista parcial da encosta de Macinhata

Macinhata do Vouga

Circunlocação
Das freguesias mais históricas do concelho, dificilmente, como anotamos, em idênticas circunstâncias, se pode dizer o bastante em tão reduzidas locais. Com um município, das mais belas tradições no seu termo, documentado como cividade: civitas que dicitur Seren - cidade chamada Serém; rio navegável até ao mar e a jusante até Sever; alguns lugares distribuídos em mercês reais, remunerando serviços prestados ou a prestar à Coroa (préstimos), com um próspero mosteiro no período da Restauração, férteis e amplos nateiros do Vouga, rio este tão fértil de história do megalítico e período castrejo, enfim terra a postular e merecer umas boas centenas de páginas para razoável descrição.
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(Do livro "Município de Águeda-Monografia", vol. II, edição do Pe. Francisco Dias Ladeira, página 134)

Coisas e Loisas - 11


De profundis

O meu pai tinha quatro irmãs mais novas e um irmão que morreu pequenino, de meningite, por volta da idade em que tive essa doença. Parece que comecei com muita febre e horas depois estava em coma. Inexplicavelmente sobrevivi. Há de certeza pessoas que, pelo que vou dizer, me acharão tonto, mas ninguém me tira da cabeça que Santo António me salvou. E lá me levaram, aos sete anos, a Pádua, tocar no túmulo do Santo e fazer a primeira comunhão. A minha relação com Deus tem sido sempre tumultuosa, cheia de desacordos e discussões: longos períodos em que me afasto, alturas em que me aproximo, amuos, quase insultos, discussões. Creio firmemente que, nos livros que escrevo, é Ele que guia a minha mão e não passo de um instrumento da Sua vontade.
António Lobo Antunes
Do snpcultura, ler artigo aqui


domingo, 6 de dezembro de 2009

A história local

Os Impostos e o Convento de Serém

Entrada actual da Quinta do Mosteiro de Serém

Passava os olhos pelo II volume do livro Município de Águeda - Monografia - da autoria do P. Francisco Dias Ladeira, que muitos de nós conhecemos, sempre acompanhado dos seus apontamentos históricos, do respectivo bloco e demais papeis, tem, naquele livro histórico, algumas explicações sobre termos que se utilizavam para definir medidas, impostos, pesos, locais, etc., quando encontrei na página 17 esta explicação que, com a devida vénia, me permito transcrever:

«9 - ANNATA - Imposto que já aparece em 1062, do baixo latim annu, ano: direito ou imposto que anualmente se pagava ao donatário ou senhorio. Cf. Viterbo s.v. Annata. Tendo Diogo Soares comprado o senhorio das vilas de Serém e Préstimo para fundar o convento de Serém, ficaram os povos a pagar a annata ao novo donatário. Mantem-se os marcos a que o povo chama, presentemente «marcos dos foros». Observam-se, por vezes, bem longe: Talhadas, etc.
Mais tarde o Conde Farrobo, como indicaremos em Préstimo e Macinhata, ao limitar as vilas, colocou esses marcos, com as iniciais R.B.Q.: Reguengo Barão de Quintela (Quintela-Farrobo), mas o povo contestou as demarcações e retirou, nalguns locais, os marcos, marcos que delimitavam o concelho de Préstimo, antes conhecido por Soutelo do Monte. Mantem-se, no concelho de Águeda, descendentes dessa família, mais tarde ligada, por casamento, aos descendentes do Marquês de Pombal e do Marechal Saldanha. O povo chama assim à annata, foro. Na sequência foi senhorio de Serém e Préstimo o traidor Miguel de Vasconcelos, que por tal causa está sepultado no Mosteiro de Serém.
Diogo Soares ficou por Castela e, após grandes questões, por terem sido sequestrados seus bens, passaram ao tristemente célebre traidor Miguel de Vasconcelos (de Brito) acima referido. Chamavam à annata foro, como termo mais corrente. Seguidamente foi vendido a este grande comerciante de Lisboa, de que falaremos em Macinhata e Préstimo, a família Conde de Farrobo, que tem uma quinta em Águeda, conde de Farrobo, cuja família, por casamento, é ligada ao Marechal Saldanha, como naquelas freguesias descreveremos, e ao Marquês de Pombal, como vimos insistindo.»

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Desta leitura ressalta uma surpresa, pelo menos para aqueles que, como nós, sabem da história pelo contacto com estas descrições e da sua leitura. Essa surpresa prende-se com as transacções realizadas em Serém e Préstimo e, mais do que isso, por estar bem explícito, que Miguel de Vasconcelos, o representante dos reis de Espanha durante o seu domínio de cerca de 60 anos, ter sido aquele que foi morto para devolver a independência a Portugal, como comemoramos no dia 1º de Dezembro. Esta suposição é feita pelo facto do Padre Francisco Ladeira ali ter escrito com todas as letras «o traidor». Se outros houve, o que se acha possível, é historicamente mais conhecido por «traidor» o tal Miguel de Vasconcelos. E afirma que o seu corpo foi sepultado no Mosteiro de Serém. Não sabíamos e não estamos em condições de o poder confirmar.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Coisas e Loisas - 10

Valongo pára em Agosto


Já constituiu uma máxima aquele título! É evidente que isto foi noutros tempos, em que talvez se tivesse vivido uma das melhores épocas que a isso permitia: Férias. Na realidade no mês de Agosto, em Valongo, era a debandada.
Destinos; para a praia da Barra, principalmente; da Costa Nova e, depois, mais recentemente, para a Vagueira. Além de outras.
Fui rebuscar estas memórias numa rubrica que tinha no semanário «Soberania do Povo», neste caso de 30 de Julho de 1982, intitulada «Terras do Marnel».
E na realidade era assim. Havia veículos propositadamente carregados com o indispensável de meios e utensílios para se poderem passar 30 dias na praia com o mínimo de condições. E como era perto, nada difícil concretizar a tarefa.
Então, naquela data e na rubrica referida, dizia assim:


«Ao pensar em tudo o que se ouve sobre organização de tempos livres, é forçoso pensar-se também que tal factor é originado pela lufa-lufa de uma vida agitada. Ao longo de vários meses, a correria desenfreada das pessoas leva-as a que, uma vez no ano, deixem de o fazer.
A freguesia não foge à regra. Aproxima-se o mês de Agosto e é ver a freguesia «parada».
São as termas. São as praias, nomeadamente aquelas que em termos de distância nos ficam mais próximas. Mas também há quem se vá deliciar com os calores dos Algarves. E outros aproveitam para visitar uma França, Alemanha ou outro país europeu no qual um familiar se encontre mourejando.
A população desta freguesia, merece bem esta paragem na sua actividade diária. Ao longo do ano ela é desdobrada pela miscelânia de uma vida própria, como aliás a de quase todo o concelho. A nossa população possui duas especializações importantes: por um lado a sua vida de operário fabril e, nas horas vagas, a sua actividade predominantemente agrícola.
Mas também são os emigrantes. Ei-los que, quais andorinhas, voltam ao seu ponto de partida. Sempre alegres e bem dispostos, também com o propósito de se recrearem um pouco de uma outra e, talvez, mais agitada vida de duro trabalho.
São as férias. Uns que já as gozam e outros, no caso particular da freguesia, que em Agosto vão em debandada, com camionetas carregadas, para que durante este mês nada lhes falte.
Para os que vão e para os que ficam, desejamos merecidas e boas férias.»
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O propósito em recordar este texto, é para colocar em evidência alguns factores. E, entre eles, o modo de vida totalmente diferente do que se vive actualmente. Em pouco mais de 25 anos como tudo mudou... para pior (?).
É claro que recordar isto com este tempo meteorológico, não encaixa muito bem. Mas, a propósito, parece que é possível fazer algumas comparações do que se obtinha sem muitos custos e hoje são inêxistentes as condições de poder ir até à Barra fazer o mesmo... para alguns... para a maior parte!

Eclesialmente


Tempo de Advento

Ao celebrar todos os anos este mistério, a Igreja convida-nos a renovar perpetuamente a memória do amor infinito que Deus mostrou para connosco; e ao mesmo tempo nos ensina que o advento de Cristo não foi apenas para os seus contemporâneos, mas que a sua eficácia nos é comunicada a todos nós, se quisermos receber, mediante a fé e os sacramentos, a graça que nos mereceu, e orientar de acordo com ela os costumes da nossa vida segundo os seus mandamentos.


Do snpcultura aqui

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Música que encanta e delicia!

Faça favor de apreciar. Se a sua sensibilidade não está sintonizada com esta música calma e relaxante, então desligue e, por intermédio deste vídeo, vá ao YouTube e procure aquelas/aqueles que mais lhe agradam. A sério... bom fim-de-semana...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A história local

Capela de Nossa Senhora da Paz
- BECO -

Procurando dar a orientação bloguista a que nos propuzemos - Contar e mostrar o que existe em redor - lembrei-me de apresentar algumas notas sobre a capela de Nossa Senhora da Paz, que fica, como geralmente é sabido, situada no altaneiro e histórico lugar do Beco.
Antes desta capela, que ainda hoje tem avultados gupos de peregrinos que a visitam - e estou a lembrar-me, por exemplo, da população de Aguada de Baixo e Mogofores, se não estou em erro - havia uma outra, parece que no Beco de Baixo. Depois investigarei e darei notícias. A visita («obrigatória»), pelo menos de Aguada de Baixo, recordo-me, é no dia 1 de Maio.
Sobre a actual capela, estou a socorrer-me e passo a citar para os devidos efeitos, do Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro, Zona Sul - Lisboa, 1959, que transcrevo em parte:

«Outrora isolada em largo terreiro, que agora (em 1959) se começa a cercar de casas, fica afastada do núcleo antigo da povoação.
A imagem da padroeira, do princípio do século XVI, deve indicar uma fundação pelo menos desse tempo. A grande peste de 1598 trouxe-lhe numerosos romeiros. Seguiu-se a reconstrução do edifício sob a tutela do pároco da freguesia Gonçalo Carneiro sendo inaugurada a 9 de Novembro de 1600. Datado de 1602 está o retábulo principal. No século XVIII, no ano de 1778, foi refeita desde as fundações, segundo diz o letreiro, sendo pároco Manuel Gomes Martins. Todavia já tinha havido no princípio do século uma obra, mais ou menos ampla, benzida em 1716.
Construção corrente, aparentando obra do século XVIII mas conservando elementos antigos; dotada de corpo e capela-mor, porta principal e de travessa à esquerda, vãos rectangulares, abóbada semicilíndrica de tijolo na capela-mor, três retábulos.
O arco cruzeiro é ainda o da reconstrução de 1600, com molduras do tempo e querubins na volta e nas impostas.
A sobreporta mantém a tabela da inscrição de seiscentos e elementos decorativos deslocados. A abóbada da capela-mor poderá ser do mesmo tempo.
Exteriormente dotaram-na de robustos contrafortes, para ocorrer à ruína.

Diz o letreiro de 1600:

SACELLVM DEIPARAE VIRGINI PACIS
CONSECRATVM
GONSALVS CARNEIRO MACIN.ECCL.
AC HVIVS ALMAE DO
MVS PRIOR INDIGNVS POST SACRVM
CELEBRATVM
P.P.L.
5 IN DIE DEDICATIONIS BASILICAE
SALVATORIS
QVI EST.V.ID.NOVEMB.ANN
D.1600 (sic)
FAVENTE VIRGINE,AD PERFECTVM FIM
VSQVE PERDVXIT

O do século XVIII:

A '
1778
IMI
EMANUEL GOMES MARTINS
(prior) ECLEZIE MACINATE HOC SA
CELUM IPSIUS SUMPPTU(M) A FUN
DAMENTIS REF(e)CIT ET AUXIT»

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Eclesialmente

Tempo de Advento



Os cristãos vivem actualmente o Tempo do Advento. Gostaria de deixar aqui algumas reflexões e um apontamento ligeiro sobre este tempo de vivência cristã.
......
A palavra Advento, significa o que vem; que está a chegar:
Rebuscando um livro que faz parte de uma colecção que se chama «Nova Enciclopédia Portuguesa», de 1991, refere que é "um termo profano, recuperado para o culto cristão, que significa a vinda, pelo que começou por designar o dia de Natal, como vinda de Cristo ao Mundo, e que depois se alargou aos quarenta dias anteriores ao Natal, em que os cristãos se preparavam (preparam) para a vinda do Salvador. Esse período, que se mantém na Igreja Ortodoxa, foi reduzido a cerca de quatro semanas na Igreja Católica e na Anglicana." E a outras Igrejas, acrescentamos nós.

Advento, é uma palavra que deriva do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a:". É o primeiro tempo do ano litúrgico que antecede o Natal.
Para os cristãos, é um tempo de preparação, de expectativa, no qual primitivamente se esperava o Nascimento (vinda) do Messias.
Nestas quatro semanas vive-se o arrependimento e promove-se a fraternidade e a paz. Devia ser assim...
A primeira referência ao Tempo do Advento é encontrada em Espanha no ano 380 da nossa Era, no Sínodo de Saragoça. Seguem-se outros locais onde se institui o preceito e a vivência do Advento.
Outros factores poderiam e deveriam ser abordados, porque importantes no significado que constituem para o Advento, como a Teologia, a Espiritualidade, as Figuras Bíblicas, a Celebração e os Símbolos do Advento. Tornava-se muito extenso.
Não deixaremos de citar apenas, quanto às Figuras Bíblicas, estas personagens cuja mensagem teve grande influência na Teologia do Advento, como sejam Isaías, João Baptista e José, embora o Antigo Testamento traduza, em grande parte, uma constante citação ao Advento, principalmente no que respeita aos cristãos.

A história local

Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina
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Continuamos a transcrever, páginas 14 e 15, da brochura «guia da estação e do visitante», da Estação Arqueológica do Vouga, sítio da Mina, Edição da Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, texto e imagem de Fernando Pereira da Silva, design de Pedro Alves/Divisão de Estratégia e Planeamento, Janeiro de 2008. Com esta transcrição terminamos por agora esta fase. É que muito mais curiosidades e outros elementos históricos estão contidos e descritos naquela brochura. Talvez um dia a ela voltaremos. Por ora, ficamos com a parte final

Da ancestralidade da ocupação humana - IV
As centúrias de domínio romano, nesta estação arqueológica, espelham-se assim de forma ostensiva, documentando expressivamente a importância que o local representou então.
Esta importância acabaria, porém, por entrar em declínio, acompanhando de certo modo o derrapar do mundo romano, perante a crescente instabilidade sócio-económica e a incapacidade política dos imperadores romanos, confrontados com um mundo novo em rápida ascensão.
Aqui, o declínio e o apagamento do povoamento no Cabeço do Vouga, ocorrerá por alturas do séc. VII da nossa Era, como tudo indicia, pelo abandono do local e a fixação das populações em sectores periféricos, em zonas mais rentáveis do ponto de vista agrícola.
Dos caminhos então percorridos e o que entretanto terá acontecido, sabe-se apenas que a partir do séc. VIII, o rio Vouga se tornará palco de razzias e algaradas muçulmanas.
Contudo, a partir do séc. IX já se encontram as populações estabelecidas em novos povoados, à sombra tutelar de mosteiros e igrejas - estes novos aglomerados populacionais ou villae estão na origem de muitos dos locais e freguesias actuais, embora outros houve que desapareceram por completo.


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A história local

Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina
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Continuamos a respigar da brochura «guia da estação e do visitante» da Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga - sítio da Mina, edição da Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, com texto e imagens de Fernando Pereira da Silva, Design de Pedro Alves/Divisão de Estratégia e Planeamento. Desta feita fomos apenas às páginas 12 e 13 da brochura. As outras já foram mostradas.

Da ancestralidade da ocupação humana - III
Será, porém, com a designada Idade do Ferro, a qual se estende até à conquista e domínio romano, que se irão verificar alterações do maior significado e que só se encontrarão posteriormente com a conquista e a reorganização económica, social e política romana.
Os povoados alcandoram-se em pontos elevados da paisagem e passam a dotar-se de sistemas defensivos e/ou de prestígio, com maior visibilidade; as estruturas habitacionais empedram-se e assiste-se ao estabelecimento das primeiras redes de drenagem, a uma organização espacial interna que se pode já considerar proto-urbana, com o estabelecimento de arruamentos, pátios, entre outras soluções.
Os ítens ergológicos diversificam-se, servidos agora por redes, se bem que ainda incipientes, de contactos comerciais a longa distância, através dos mercadores fenício-púnicos.
Contudo, esta Idade do Ferro, inicialmente mediterrânica, mercê dos contactos orientais, irá ser profundamente influenciada pelo mundo atlântico, sendo sobre este substrato socio-económico que se irá abater o peso dos conquistadores latinos, e a sociedade pré-romana irá sofrer uma verdadeira revolução, como talvez nunca tenha acontecido na história da Humanidade - a partir de então, nada ficará como dantes.
No Cabeço do Vouga, o domínio romano começa a fazer-se sentir a partir do século I a.C.
Com a sua integração na complexa rede das relações económicas, sociais e políticas romanas, o povoado primitivo ou pré-romano, sítios da Mina e Redondo, assistirá a alterações da maior grandeza.
Desta época existem, no Cabeço do Vouga, vestígios bem expressivos, quer se trate da arquitectura civil como religiosa; tanto materiais de produção local e regional, como materiais de importação: baixela de cozinha e de mesa, cerâmica de transporte; artefactos de ferro e bronze; elementos de adorno em vidro e metal.

-A seguir o conteúdo das páginas 14 e 15.

Comemorar Feriado Monárquico

1 de Dezembro de 1640



É de recordar também, quer se concorde ou não, esta data. No mesmo plano de igualdade em que se comemora a república de 1910. E isto foi em 1640! E é uma data que orgulha muitos portugueses, pelos feitos que originou e por aquilo que de patriótico representa.
Mas qual quê? Virem-nos retirar a nossa independência? Era o que faltava!
Com este tipo de linguagem, até parece que sou um apaixonado pela Monarquia. Mas não a desprezo.
Então afinal em que ficamos? Republicano? Também não sei bem o que é isso, relativamente à Monarquia. O que sei é que os republicanos existentes antes e ao tempo de 1910, e até mais tarde, eram muitos e entendiam que o regime monárquico era um exagero em várias quadraturas da vida política e social do país.
Isto para ser sintético, que é factor que hoje estou a admirar. Sintetizar as coisas.
Também não entendi muito bem, em termos comparativos-justificativos, porque é que o dia 1 de Dezembro continua, num regime republicano, a ser comemorado. Eu compreendo, porque saiu daquela atitude de meia dúzia de portugueses em 1640, de gabarito altamente patriótico.
Então para que continuemos a ser Portugal, independente, daqui a mais há quase 900 anos, justifica ter-se assassinado uma pessoa, representante de Espanha e apodado de traidor, Miguel de Vasconcelos, para devolver aos portugueses o que há umas centenas de anos já lhe pertencia e porque esta história era acentuadamente evidenciada nos nossos tempos de escola geracionais.
Então, contrariando o que muitos por aí vão profetizando e admitindo que seria melhor que este país podia ter sido, ou seria mais uma região de Espanha (o Afonso Henriques que não se zangasse com a mãe) talvez isso tivesse acontecido. Mas orgulhosamente português, sou e serei.
E se o que fica dito acontecesse, a história teria dado uma volta de 180 graus, a Espanha não seria Espanha, Portugal não seria Portugal e talvez existisse um país único, que possivelmente fosse a Ibéria (sem aviões).
Esta é a minha linguagem para exprimir e assinalar este dia, pelo qual também me orgulho.

Porém, se pretender saber mais história sobre este dia, clique por aqui
E veja, porque nunca é demais saber, a página da Casa Real de Bragança, por aqui

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Solidariedade

Lema: Dê o melhor de si ao banco alimentar:
a sua solidariedade

Os Bancos Alimentares Contra a Fome recolheram no passado fim-de-semana um total de 2.498 toneladas de géneros alimentares na campanha realizada em 1323 superfícies comerciais das zonas de Abrantes, Algarve, Aveiro, Braga, Coimbra, Cova da Beira, Évora e Beja, Leiria-Fátima, Lisboa, Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, S. Miguel, Viana do Castelo e Viseu.
A quantidade agora recolhida compara com 1.908 toneladas recolhidas em Novembro de 2008, ou seja, um acréscimo de 30,9%.
A campanha, cujo lema foi "Dê a melhor parte de si ao Banco Alimentar: a sua solidariedade" suscitou uma enorme adesão do público e dos voluntários que quiseram colaborar. As campanhas são extraordinárias cadeias de solidariedade onde cada elo - pessoas que colocam os seus donativos nos sacos do Banco Alimentar, voluntários que dão o seu tempo e trabalho e empresas que garantem seguros, transportes, refeições, segurança, limpeza - é indispensável e igualmente importante.

Leia tudo sobre esta causa aqui

Nota: Em Aveiro e por contacto com pessoas amigas, integradas em equipas de voluntariado deste fim-de-semana, previam para uma quantidade superior à da última campanha. Não temos notícias se de facto o objectivo terá sido alcançado.

Coisas da Guiné - 17

111 – O «TÊMPERA DE AÇO»
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Capa (1ª página) do «Jornal da Caserna» da última série

A coluna auto seguia pelo caminho previsto pelo oficial de operações. Eram oito viaturas.
Precisamente antes do pontão como marco acutilante nas recordações de hoje, o 111 sente-se impulsionado pelos ares por abalo seguido de um estampido infernal. Neste salto de acrobacia imprevisto não tem tempo para pensar ou vislumbrar o que se passara. Sente-se aparado pela terra amolecida e lamacenta da bolanha ao lado. Olhando a custo, um tanto contundido e abalado, tem um movimento instintivo de apalpar os ossos das pernas e braços e passar as mãos borradas de lama pela cara. À massa plúmbea daquela argamassa mole e pegajosa não adere sangue. Não está ferido, pode mesmo movimentar os membros a custo. Procura pôr-se de pé, mas não consegue. Vê somente no caminho uma nuvem poeirenta e gritos de desespero, de lamentações e palavras raivosas do comandante que impávido e não muito sereno, ditava ordens. Sente-se sem forças e desanimar. Mas não podia ser; o 111 é de fibra de aço e tem sete fôlegos. Cerra os dentes e põe-se com dificuldade a rastejar em direcção ao mato limítrofe da bolanha.
Contra capa (última página) do «Jornal da Caserna»
A arma desaparecera-lhe das mãos no meio da confusão e explosão que estalara, mas coladas ao seu peito estão duas granadas de mão e no cinto a sua faca de mato para o que desse e viesse. Respira fundo, arranja novas forças, finca os cotovelos na lama e vai-se arrastando. A sua atenção é sacudida pela troca inesperada de tiroteio que se travava entre os colegas das viaturas e o inimigo emboscado na berma do mato – e soberbamente instalado. Sentia o metralhar de uma arma que pelo som não era dos seus camaradas. Espevita o ouvido e vê que é do monte de baga-baga a uns cinquenta metros. Apalpa as granadas e contorcendo-se em dores, com as bátegas de suor a pingarem-lhe da cara, arrasta-se penosamente naquela direcção. Pára um instante – é impossível continuar… - mas a metralhadora inimiga flagela impiedosamente os seus camaradas. Sente as balas que choviam das viaturas sibilarem-lhe sobre a cabeça empada em lama. Quase que não podia abrir os olhos – a lama começava a secar.
Arrasta-se mais, as lágrimas correm-lhe pela cara, talvez de dor e de emoção… nunca se sabe. Está a vinte metros do inimigo e distingue quatro vultos atrás da baga-baga. São negros e rebeldes. Cerra os dentes e com os mesmos arranca a cavilha de segurança duma granada. Aperta a paleta, mas sente que não tem forças para a lançar a vinte metros. Rasteja… e está a 10 metros. Ninguém no meio da barafunda mortífera o notara. Abriga-se atrás de uma árvore, arranja novas forças e aí vai a granada pelo ar. Cai a uns cinco metros do objectivo e a arma cala-se. Na fuga, dois do grupo dos quatro emboscados vêm o nosso camarada e dirigem-se para ele, mas antes que o atinja com a pistola que lhe vai ser apontada já a segunda granada voara pelo ar. O 111 nada mais sentiu a não ser a explosão, cuja onda de sopro o envolvera. Desfalecera…
A seguir o comandante ordenou o envolvimento e vão encontrar o 111. O seu coração batia ainda, o sangue gotejava-lhe dos ouvidos e uns leves estilhaços estavam cravados na lama do rosto. A arma da baga-baga lá estava meia desmantelada. Junto dela dois corpos dos rebeldes. Perto do 111, a uns cinco metros, se tanto, o corpo dum terceiro rebelde mutilado pela segunda explosão.
Ao visitar o 111 há dias no hospital, vi-o satisfeito e já refeito dos ferimentos. Estava radiante, feliz e nos seus lábios dançava um sorriso maroto de superioridade. Ao entregar-lhe uma pequena lembrança qualquer e já quando me retirava fiquei emocionado, surpreendido e quedei-me uns instantes a meditar nas palavras dele que se repercutiam em mim: «O maior heroísmo ou coisa que o valha, não são as medalhas ou citações, mas o sentido de amizade e o espírito de corpo para com os nossos camaradas, e acredita meu amigo, quando os vi, não tive medo, só pensei nos nossos».Senti-me emocionado e a custo retorqui:
«Sem dúvida, 111, a nossa Companhia é uma verdadeira família. Sentimos a morte de um camarada como a de um irmão».
“ÓKEY”
(pseudónimo de Ramiro Fernandes Figueiredo, ex-Alf.Mil.Médico)
In «Jornal da Caserna», CCaç. 462, Guiné 1963/1965
Guiné - Ingoré, 29 de Fevereiro de 1964.

Como já foi referido por várias vezes, o «Jornal da Caserna» foi um periódico que ajudei a fazer «a brincar» durante a minha permanência na Guiné. Já aqui transcrevi algumas histórias que nele publiquei e agora mostro mais uma da autoria de um camarada de armas, médico da Companhia, bem como a capa e contra-capa do referido periódico nascido em África e que veio comigo e ainda mora cá.

domingo, 29 de novembro de 2009

Valongo do Vouga

As Tradições e a Cultura

No seguimento do post anterior, apresento de seguida o que escrevi há mais de vinte anos e que guardava por cá, como expliquei. Esta é a parte II, que está exactamente com aquele título e com o seguinte conteúdo:
......

II - CASA DO POVO: A VISIBILIDADE CULTURAL
Não será, concerteza, neste quadro sombrio que se vai justificar o absentismo de muita coisa na Freguesia, nomeadamente, agora, no aspecto cultural. Não nos parece que é esta a bandeira, desfraldada com a face negra da situação. Não se vão inventar mais adjectivos para qualificar que, apesar de tudo, ainda houve alguma gente (pouca) que sempre remou contra esta maré.A esses poucos é de enaltecer a vontade de fazer acordar mentes adormecidas para uma actividade demasiadamente comprovada da importância que possue na vida de um povo.

Entre estes existiu um grande vulto que elevou bem alto a actividade social e cultural da Freguesia: SOUSA BAPTISTA.É que cultura não é como ilha ou barco isolados no oceano. Tínhamos quem os governasse. Grande Timoneiro que via o horizonte para onde devia ir o Povo e o guiava por mar seguro, visando o futuro. Poucos se aventuraram a tomar o seu lugar.Será justo verificar hoje que foi através do Fundador da Casa do Povo que existia a intenção de preservar os usos e costumes da região. Os sinais e intenções visíveis que atestam tais fins, ainda estão expostos em quantidade suficiente que entusiasmam o mais adormecido, para a sua conservação através da criação de um museu etnográfico local.

Para além da distribuição gratuita de livros escolares, do forno que cozia o pão de cada dia e da sopa que mitigava fomes de crianças e adultos, será de enaltecer a fomentação da leitura, que se concretizou na criação de uma biblioteca que, devidamente organizada, ali permanece anónima e despercebida. [no tempo em que isto foi escrito]. Não é pretensiosismo, mas justiça, referir ainda, na componente cultural, a criação da banda de música, cujos instrumentos, talvez desactualizados, ali enfermam, mas atestando ainda a existência de que outrora as iniciativas constituíam os "atrevimentos" de se procurar dar a cultura a quem dela muito necessitava.

E vai surgindo a preseverança de algo mudar e continuar. E neste metamorfismo empolgado pelo modernismo, pela astronáutica e pela velocidade, é de louvar que, apesar das vicissitudes, vai ocupando o espaço próprio do vazio existente o teatro que confirma a fama tradicional que a freguesia sempre possuiu na arte de Talma. Com a «Revista Valongo à Vista» à cabeça e a fazer a sua história.

E os amorosos pequerruchos do Grupo Folclórico Infantil, que têm muita necessidade do incentivo e exemplo dos mais velhos, que está a ter a sua continuidade nos mais crescidos (que ontem foram já os seus infantis) a constituir o Grupo Juvenil. É bom ir buscar, neste fim de século o que na linguagem retractiva se diz que já está ultrapassado, não se usa ou não pertence a este tempo. Valongo do Vouga que, por direito próprio, publicitámos num tempo não muito longínquo como a maior freguesia do concelho em área geográfica e a maior freguesia não urbana em população é, naturalmente, um grande barco que carece de um bom comandante para a melhor navegação do tema que aqui e agora nos ocupamos.

*****

Pelo conteúdo da redacção, uma vez que o rascunho não tem data, verifica-se que quando isto foi feito já havia o Folclore e existia também em actividade o teatro. A Biblioteca foi remodelada, reorganizada e enriquecida com muitos mais exemplares. Logo, como foi apontado no post anterior, terá sido, certamente, redigido nos anos 80.

sábado, 28 de novembro de 2009

Valongo do Vouga

As tradições e a cultura


Encontrei duas fotocópias de páginas dactilografadas, que não têm data, mas pelo conteúdo e pela história, devem remontar a finais dos anos 80, séc. XX (!). Também não sei, agora, se isto foi publicado em algum lado. Penso que não.
O tema que ali se retrata (ou procura retratar) está dividido em duas partes. Vamos transcrever daquelas páginas o que escrevi, provávelmente, há mais de vinte e cinco anos. Está assim:

I - A HISTÓRIA
Para ser feita, embora desajeitada e aligeirada análise sobre a faceta cultural da freguesia de Valongo do Vouga, podemos ter necessidade de descer às raízes que marcam a vida de um povo, local ou região.
Admitimos, neste caso, alguma relação com a existência de costumes, de tradições e até certos hábitos que lhe dêem ou podem dar identidade própria. E com essa identidade faz-se a história, geram-se tradições que ficam a perdurar pelos tempos.
Se integrarmos a freguesia neste contexto, parece-nos que existe uma certa ausência desta identidade. Com a modéstia dos conhecimentos que possuímos e das pesquisas a que o tema necessariamente nos exige e que não efectuamos, podemos, em nosso entender, vincar alguns aspectos justificativos.
O factor geográfico em que a freguesia se situa, pois se a Via Romana lhe passou ao lado, bordejando o rio Marnel, as vias posteriores ficaram a "esconder" o seu território das curiosidades alheias.
No entanto, não deixou de constituir encruzilhada nas confluências de povos de regiões distintas e bastante diferenciadas entre si. Por aqui tinham ponto obrigatório de passagem os almocreves que, descendo da serra, dos lados de Viseu e outras regiões da Beira Alta (e talvez não só), se deslocavam até ao litoral. Estes, muito provavelmente, não se demoravam para continuar de seguida a sua jornada.
Também até cá chegavam os homens e mulheres da beira-mar, por estrada e rio Vouga arriba. Traziam peixe e sal, regressando pouco depois, após as respectivas transacções, levando lenha, carqueja e outros produtos agrícolas.
Parece-nos curial admitir que se tratavam de contactos com pouco tempo de permanência nas terras do Marnel e fácil será concluir que o povo sedentário da freguesia de Valongo do Vouga terá sofrido, ao longo dos tempos, a influência de uns e outros.
Sendo assim, os factos que pudessem constituir a génese da sua influência na vida tradicional ou de costumes terão sido tão depressa adoptados pela novidade de que se revestiam, como de repente se tornavam esquecidos e se esfumavam através de outros que cá chegavam, substituindo os primeiros.
Parece-nos que com dificuldade se terão criado algumas raízes que se transformassem em polo de atracção, gerando hábitos, costumes ou tradições.
O povo deste «Ualle Longum» sempre teve por amante a terra, não constituindo novidade que tão espontâneamente acudia a uma desgraça do vizinho, demonstrando talvez uma "inconsciente" solidariedade, como brincava ao entrudo, jogando à panela e gargalhando das enfarruscadelas, como ao outro dia se agarrava às suas courelas, ao amanho das terras ou à monda do pinhal, esquecendo por completo a folia, tornando-se sisudo e monótono.
Esta observação já era confirmada e sentida pelo ilustre pensador e nosso conterrâneo, Engº Bastos Xavier, quando escrevia que "na sua maioria, a nossa gente, por temperamento ou miséria, é habitualmente concentrada e triste..."
E acrescentava ainda: "A riqueza artística do seu temperamento era de pouco vulto, se a compararmos com a de outros povos. O seu trágico sentimento de viver expandia-se apenas nos entremezes das festas. Aí vinham-lhe aos olhos lágrimas de sentimento, como se ria alvarmente com a comédia do Barrozão do Cortiço, que comentava em voz alta, pategamente."
E finalizava, desta forma, procurando justificar a ausência de características que envolvessem a componente cultural do povo de Valongo: "Não é da minha lembrança que tivesse mais que uma tuna, como não sei de ranchos que avivassem com os seus cantares e as suas danças, a monotonia do nosso viver e dilatarem pelo concelho a fama artística da nossa Terra."

*****
O conteúdo do que foi escrito talvez há cerca de vinte e cinco anos (nem sei se mais) apenas confirma aquilo que se sentia fazer falta, ou que não existia, pois relativamente às actividades culturais de hoje não pode haver comparação possível. Quer aquilo que o nosso pensamento traduziu em palavras, quer o que foi escrito pelo Engº Bastos Xavier que, embora não sendo de todo contestatário (ao tempo), pode vir a sê-lo com aquilo que hoje se vive e passa.
A seguir a parte II.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mundo do Trabalho



O vídeo trata de casos sérios que abundam por aí. Com ironia, e também por isso mesmo com alguma graça, é demonstrativo que situações deste género são incomportáveis e, pelos interessados, insuportáveis.

E quanto a este? Assusta, não assusta?

Em Democracia

Acabou-se a liberdade


«Já ninguém se entende no país dos brandos costumes e agora pegou a moda de todos acusarem todos. O país está a brincar com o fogo: não tarda nada esquece a importância do significado da palavra liberdade. E aí...

Já aqui se escreveu o óbvio: não é possível que todas estas acusações terminem sem consequências. E a razão não se prende apenas com essa, bem simples, de apanhar os culpados. O mais grave é que este clima de suspeita que se instalou em Portugal, somada à crise financeira e às discussões sobre a bancarrota do país, pode estar a condenar o significado de uma das palavras mais importantes nas democracias modernas - a liberdade. Radical? Repare-se. »


Editorial de Martim Avilez de Figueiredo

No jornal i

Pode ler tudo aqui

Coisas e Loisas - 9

Ainda o Amigo José Correia da Silva

Na «notícia» brincalhona com este amigo e grande companheiro de trabalho, que apresentamos no post anterior, havia ainda na montagem informática, que foi da autoria de João Azevedo (seja justo referi-lo, por não ter sido feito antes) uma adenda à notícia que tinha o seguinte início:


CASA INGLESA
Métodos revolucionários
Inglês Gestual
Prof. José Correia

«A Casa Inglesa tem-se pautado sempre, por ser vanguardista, nos métodos pedagógicos que utiliza.
Aproveitando a disponibilidade manifestada pelo Prof. José Correia em comprovar, no terreno, o seu método revolucionário de comunicação "O Inglês Gestual", está em condições de informar que o mesmo ultrapassa todas as expectativas.
O Prof. José Correia, que domina perfeitamente o inglês falado e escrito (lembramos que o compêndio do 12º ano de praia é da sua cu-autoria) conseguiu juntamente com um grupo de jovens, destacado pela escola para a orientarem, fazer uma vida perfeitamente normal, durante uma semana em Londres, utilizando apenas um vocabulário de 25 palavras (please, thank you, manager, drink, hot, comet top, micro computer, yes, olá, DÃO, muito, mais, abort, yellow, etc...) e, fundamentalmente, o Inglês Gestual, com o qual vai revolucionar o entendimento entre os povos.
O pequeno incidente com um polícia de Londres, que não conseguiu entendê-lo e foi pondo várias hipóteses (interná-lo em algum manicómio "mad house"? Levá-lo para o Palácio Real? Devolvê-lo com encomenda postal à origem?) acabou na esquadra, com um espectáculo "Mad Correia" memorável, graças às "anedotas gestuais" com as quais conquistou a assistência.
Agora as hipóteses de um novo esperanto com a adição desta nova linguagem, são aguardadas com interesse, pela comunidade científica mundial.
As bolsas de câmbio (com os japoneses à cabeça), mostram já o seu interesse nesta nova linguagem.»

******

É caso p'ra continuar a dizer; como este não vai existir tempo igual... (onde é que já ouvi isto?)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Coisas e Loisas - 8

Ao Amigo José Correia da Silva
...........
A digitalização da montagem feita sobre o andebol do José Correia em Inglaterra

O José Correia da Silva, que foi um colega de «carteira profissional», que é também um Amigo e reside em Recardães, foi e é uma pessoa ligada às actividades locais e algumas da sede de concelho, fez/faz parte de algumas Instituições, e, principalmente, esteve ligado à actividade desportiva do GICA, na área do andebol. Um dia, mais concretamente em 1994 - recordou-me ele - foi a Inglaterra com um dos seus filhos.
Nós, com o espírito de camaradagem e brincadeira existente, actualmente um pouco menos vulgar que há uns tantos anos atrás, quando ele estava ausente em Londres, pegamos numa página da Soberania do Povo e informáticamente foi feita uma montagem inserindo o que seria um artigo sobre o José Correia da Silva, a sua viagem a Londres e a sua actividade de técnico de andebol e mais umas 'coisitas'. Passados mais de 15 anos, é uma delícia ler a prosa que alguém com espírito e jeito para estas coisas nos deixou. Dizia assim o que está digitalizado, que se transcreve na íntegra.

DESPORTISTA AGUEDENSE NA ALTA RODA DO ANDEBOLO Prof. José Correia representou condignamente o andebol português, na orientação da equipa inglesa, que vai estar presente no Campeonato Europeu da modalidade e recebeu novo convite

O aforismo popular «Santos da casa não fazem milagres», aplica-se mais uma vez, com toda a propriedade, ao prestigiado Prof. José Correia, técnico de andebol, que correspondeu totalmente às expectativas criadas pelo convite que a Federação Inglesa da modalidade lhe dirigiu, para orientar a preparação da sua equipa de honra, durante o estágio que decorreu no período de 4 a 8 de Abril [de 1994].
Efectivamente não constituiu surpresa, a não ser para os mais distraídos, o convite que a Federação Inglesa de Andebol, dirigiu ao Prof. José Correia, um dos mais prestigiados técnicos da modalidade.
Sabedores das muitas solicitações a que não tem podido corresponder, congratulamo-nos por ver uma das mais importantes Federações Mundiais, solicitar a colaboração deste nosso conterrâneo que, à educação física em geral, tem dedicado a sua carreira universitária.
O Prof. José Correia desenvolveu um trabalho de muito mérito, tendo recebido os maiores elogios dos jogadores, técnicos e críticos que se movimentam nesta modalidade de características tão específicas.
A Federação Inglesa, face ao interesse demonstrado pelo seu departamento técnico, solicitou ao Prof. José Correia que orientasse um curso de reciclagem aos treinadores ingleses, convite que o nosso conterrâneo não pode aceitar de imediato, sem estabelecer os contactos que considera indispensáveis, para conseguir os resultados pedagógicos a que já nos habituou.
A propósito transcrevemos uma passagem da entrevista que concedeu ao jornalista John Alvarázio da BBC.
- Pode rvelar-nos as reservas que o levaram a não confirmar o convite que a Federação Inglesa lhe fez?
- Como compreende, a minha esposa é liberal, mas tenho que ter a certeza que não contraria esta minha ausência por mais 15 dias, que é o período mínimo para que possa desenvolver um trabalho válido. Eu é que sei o fado que tive de cantar, para conseguir esta escapadela...
Por outro lado, tenho que reunir uma equipa técnica que me acompanhe e esteja habituada à minha linguagem e aos meus métodos. Considero que só a colaboração do Prof. José da Costa, na ginástica aplicada, do Dr. Jaime Domingues na didáctica do treino e do Dr. Júlio Pinto, na motricidade humana aplicada ao andebol, poderei corresponder ao convite que muito me honra.
O nosso amigo José Correia, por afazeres profissionais tem desenvolvido a sua actividade no Instituto Politécnico de Águeda, vai agora defrontar-se com um novo desafio: a marcação cerrada que os principais clubes nacionais lhe vão mover, no sentido de conseguirem a sua colaboração para a próxima época.
Contactada a sua esposa, D. Celeste Correia, confidenciou-nos aguardar ansiosamente o regresso de seu marido, não só para «matar saudades» ginasticais, mas ainda para confirmar a veracidade da notícia que dava o Recreio de Águeda, como interessado na colaboração deste nosso amigo, na secção de massagens da sua nóvel equipa feminina de xadrez.
Entretanto, estamos em condições de desmentir, que no baile que se seguiu à homenagem que lhe foi prestada, o Prof. José Correia tenha bebido uns copos de "Silgueiros" (todos sabem que o nosso amigo é abstémio), e muito menos que a garota (por sinal bem medida), que não o deixou "assentar" durante toda a noite, fosse o "travesti" mais bem "apetrechado" da capital londrina.
Em todo o caso, um dos jornalistas presentes que por sinal abriu o baile com aquela "moça" acabou a dança em dificuldades (vermelho e algo embaraçado), tendo mudado de par sem que tenha feito quaisquer comentários mas passando a escolher os seus novos pares com um cuidado acrescido e algo desconfiado.
*****
Relembro que se trata de uma notícia inventada e a brincar com o José Correia da Silva, que em Abril de 1994 acompanhou o seu filho mais velho numa viagem a Londres organizada pela Escola Secundária onde este estudava. E a viagem resultou nesta brincadeira. Belos tempos...

A história local


Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina


Da ancestralidade da ocupação humana - II
Continuando o que se vinha descrevendo do guia da estação e do visitante, recomeçamos a recolha das páginas 10 e 11 da brochura editada pela Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, com texto e imagem de Fernando Pereira da Silva, design de Pedro Alves/Divisão de Estratégia e Planeamento, Janeiro de 2008, o seguinte:
«Tais massas de terra e pedras constituem as primeiras arquitecturas monumentais das comunidades humanas de há cerca de 5.000 anos.
Associado a estas populações de camponeses, conhece-se um instrumental quotidicano, em pedra e barro, de grande mestria técnica como: os artefactos polidos -machados, enxós, goivas; peças talhadas como os projécteis - pontas de seta, lâminas e lamelas.
É contudo o vasilhame cerâmico - olaria de uso comum, essencialmente de cozinha e moldada à mão, formato esférico e sem decoração nas superfícies externas - que constituem o ítem ergológico mas significativo.
No Cabeço do Vouga, sítio da Mina, nos níveis mais antigos da Idade do Bronze, encontram-se cerâmicas com características idênticas. Os finais do III milénio a.C. marcam, de forma indelével, todo o quadro sócio-comunitário, mas também os ecossistemas em que o mesmo se insere.
Assiste-se agora a uma maior sedentarização dos habitats que, em alguns casos, se dotam de fossos e paliçadas, talvez nem tanto enquanto medidas defensivas, mas mais indiciadoras de estatutos de prestígio, chefatura a chefatura; o crescimento demográfico é já notório; as metalurgias do cobre, bronze e, de certo modo, do ouro - embora este batido a partir de pepitas - constituem indicadores ergológicos significativos.
A uma olaria de cozinha, de fabrico manual, na sequência das tradições anteriores, embora de formas diferenciadas, em que predominam vasilhas de fundos plano-convexos, junta-se agora uma olaria de mesa, de fabrico cuidado, superfícies brunidas e perfil carenado, ostentando no fundo o característico omphalos, comum às cerâmicas de cronologias idênticas, que se encontram em outras regiões e em povoados congéneres.

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