O lugar da Macida - Talhadas
O lugar da Macida, mesmo ao lado da sede de freguesia, Talhadas, foi e ainda é um alfobre de tradições, usos e costumes, algumas delas talvez mais que centenárias.
Foi ali, que uma vez, recolhemos a Carvalha da Barroca, um modinha de roda, que talvez já tivesse sido recolhida mas que, para nós, era a primeira vez que dela sabíamos e ficámos a ter conhecimento da sua existência. O grupo chegou a adoptá-la.
Porque, modinhas de roda, havia muitas e, talvez vulgaríssimas, relativamente a outras "enterradas" nos baús das memórias das pessoas. Chegamos a brincar, na rua, com algumas dessas modinhas. Temos aí, pelo menos uma relíquia, obtida em tempos pelos folcloristas mais conceituados, na Veiga, que ainda iremos apresentar.
Agora, o que se pretende realçar foi a participação no III Encontro de Folclore de um grupo de pessoas do lugar da Macida, que vieram recriar uma cantiga que foi célebre e que se cantava quando as pessoas se deslocavam, a pé, a uma romaria conhecida por Senhora Santa Combinha e que era também o título da cantiga.
O cartaz que está ao cimo, diz:
- Colaboração especial
- Grupo de pessoas do lugar da Macida - Talhadas
- (Apresentando tradição cantada e pelos próprios vivida)
Esta recriação foi no dia 9 de Setembro de 1989.
Sei que isto não está muito bem "desenrolado" quanto à explicação da cantiga. Terá sido, talvez, o momento mais importante daquela festa de folclore. Pelo menos foi a opinião manifestada por algumas pessoas que assistiram e que eu considero autênticos e genuínos «catedráticos» nesta matéria.
O que agora se pretende registar são umas quadras alusivas ao lugar da Macida, que os apontamentos que me foram fornecidos dizem. Assim;
Viva o lugar da Macida,
Pequenino mete graça.
Tem um xafariz no meio,
Dá de beber a quem passa.
Viva o lugar da Macida,
Não é vila nem aldeia.
É um lugar pequenino,
Onde meu amor passeia.
Viva o lugar da Macida,
Viva de vela em vela.
Viva também São Simão,
Dentro da sua capela.
À entrada da Macida
Logo mesmo à entrada,
Está uma pereira nova
Que ainda não foi abanada.
Agora dou-lhe um abano,
As maduras caiem ao chão
E as verdes ficam no ramo.
A minha amora madura
Quem foi que te amadurou,
Foi o sol mais a lua
E o calor que ela apanhou.
No meio da silveirinha,
Vem tu cá, ó silva verde,
Minha amora madurinha.
Viva o lugar da Macida
O cimo, o fundo não.
O cimo tem uma rosa,
O fundo um mangericão.
(Maria Gorete)
Penso que nestes versos, simples, há uma demonstração de brio e bairrismo. Existe até uma disputa entre o cimo do lugar e o fundo do lugar. Nunca ficamos a saber porquê. Por outro lado, há, nestas quadras, uma parte que deve integrar o cancioneiro popular, como se pode ver através da cantiga da minha amora madura.
Copiamos tal como foi escrito havendo, com esferográfica preta, no fim da folha, um nome que ali deixamos também transcrito. Mas não cuidamos de saber, agora, de quem se trata. Talvez mais tarde... Mas penso que era uma jovem (em 1989, agora adulta!) que ficou incumbida de passar a escrito estes versos, a pedido das pessoas presentes na altura...
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