As Meninas Mascarenhas
O Livro-V
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Ponte ferro-rodoviária em Sernada. Por este local, ainda a ponte não existia, passaram as Meninas Mascarenhas em direcção ao Rodo-Esmarrida-Paradela.
Deixamos a descrição do livro das Meninas Mascarenhas no momento em que o Dr. José Joaquim da Silva Pinho, envolvido no caso das órfãs do Sobreiro, estava junto do rio Vouga, quando lhe surgiu uma pessoa de Brunhido, que gritava alto e em bom som, «SILVA», ao que aquele respondia, «ESCURA». Era a senha e contra-senha para se poderem reconhecer.
O indivíduo de Brunhido chamava-se José Rodrigues Branco.
Como não temos a intenção, nem podemos estar a transcrever todo o livro, não só por contingências de ordem legal, como pelo espaço e quantidade de artiguinhos que aqui nunca mais teriam fim, vamos contando uma ou outra história ou facto mais pitoresco que o desenrolar dos acontecimentos nos possa ir apresentando.
Contava o Dr. José Joaquim da Silva Pinho, ainda quando estava no referido local após o encontro com o homem de Brunhido, falando-lhe para o outro lado da margem a informar o Branco de que estava tudo bem e que fosse dizê-lo a Aguieira. E transcreve-se: «O José Branco partiu à desfilada, galgando os ásperos caminhos com as boas novas que levava.», como dizia no último capítulo, no dia 8 de Janeiro findo.
Como aqui já contei, na fuga de Aveiro, por Eixo e Requeixo, foi montada uma guarda em Eirol, talvez próxima da estação actual da CP, ali à beira da «Ponta da Rata», conformando-se tal estratégia com a possibilidade de as fugitivas e seus acompanhantes poderem aparecer rio Vouga acima, vindos de Aveiro.
Foram ludibriados. As Meninas e acompanhantes foram para Requeixo. Mas por terra. Daqui, de barco, desceram o rio Águeda, até à confluência com o Vouga, passando o dito barco pelas sentinelas ali colocadas estratégicamente.
Mas nunca imaginaram que os fugitivos vinham dos lados de Águeda! Impossível! Estratégia perfeita e segura.
O barco passou, virou à direita na referida confluência e toca de andar, Vouga acima, até Carvoeiro. É aqui que se encontram o advogado de Jafafe, as meninas fugitivas e restante comitiva.
E dizia o Dr. Pinho que o barco de Requeixo pouco se demorou no Rodo (próximo de Carvoeiro). E acrescentava isto: «Eu tinha recomendado ao tio Filipe, que acompanhou os barqueiros na fácil descida do rio, que pedisse ao meu pai que mandasse ao Rodo uma bateira, com dois homens reforçados e fieis, e que ali devia estar às quatro horas da tarde para conduzir as Meninas à Esmarrida. A essa hora, a bateira estava no Rodo, levada por dois homens válidos e destemidos. Meu pai não se limitou a mandar a bateira e escolher os tripulantes, foi ele também.»
Logo após a paragem desta bateira no Rodo seguiram para a Esmarrida, onde chegaram já de noite, pois era difícil a travessia entre os caneiros que enchem o rio Vouga naquela altura com a agravante da corrente custosa de transpor, pelo caudal que continha.
Após a travessia, as Meninas foram conduzidas a Paradela, em carro de bois, por uma grande e íngreme ladeira onde pernoitaram em casa do cirurgião Agostinho Dias da Graça, que já sabia da chegada da caravana à sua casa de habitação, junto à igreja daquela povoação.
O Dr. Pinho, exímio conhecedor de bateiras, porque frequentemente se dedicava à pesca, nomeadamente da lampreia, vem rio abaixo, com seu pai e os homens valentes da sua confiança, pois no dia seguinte devia estar em Paradela para acompanhar as perseguidas (o termo é dele) até ao Porto, não sabendo o tempo que gastaria na peregrinação que ia começar. Arrumou os seus papeis no escritório, bem como a sua mala e ia seguir o destino em que se empenhara.
Nota: - O último apontamento desta história foi colocado neste blogue no dia 8 de Janeiro de 2010.
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