As Festas Populares
Foto do blogue cincodemaio.blogs.sapo.pt
Em 24 de Julho de 2008, já lá vão quase dois anos, no jornal semanário mais antigo do país, «Soberania do Povo», de minha autoria, foi publicada uma opinião sobre Festas Populares, mas publicitadas em "honra" dos Santos. Embora saiba que tal opinião parece que não agradou a muita gente, há uma diferença que deve ser apontada: fui para um jornal e publicamente emiti uma opinião; em sentido contrário, ou seja, fazendo jus à sua discordância, ninguém fez publicar o contraditório. Agora, não vem ao caso, nem é por causa disso que aqui volto, transcrevendo, tal e qual o que, naquele semanário, dizia:
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Estamos em maré alta de festas populares e respigamos isto de um pequeno folheto: "Chegou o verão e, com ele, a época das tradicionais festas populares em honra dos santos. Nem sempre, porém, estas festas são verdadeira manifestação de alegria cristã e de veneração dos santos, nossos intercessores e exemplos a seguir".
Sugere este texto as festas a que nos habituamos a ver, frequentar, a estar presentes, quem o faz, claro. E sugere ainda outros factores, como sejam autênticos milagres de gestão e engenharia financeira, apenas comprovando o aforismo e a realidade de que com trabalho tudo se consegue. Às vezes os custos envolvidos, nota-se à vista desarmada, podem ser considerados exorbitantes e, nalguns casos, descabidos. Com estas opiniões, até parece que sou contras as festas.
Sugere este texto as festas a que nos habituamos a ver, frequentar, a estar presentes, quem o faz, claro. E sugere ainda outros factores, como sejam autênticos milagres de gestão e engenharia financeira, apenas comprovando o aforismo e a realidade de que com trabalho tudo se consegue. Às vezes os custos envolvidos, nota-se à vista desarmada, podem ser considerados exorbitantes e, nalguns casos, descabidos. Com estas opiniões, até parece que sou contras as festas.
Procissões de fé públicaO folheto envereda ainda por recomendações e alguns comentários sobre as manifestações religiosas que lhes estão associadas. Por exemplo, "a procissão deve constituir uma manifestação pública de fé... não é um acto religioso para meros espectadores presenciarem, nem uma simples honra para as nossas casas pelo meio das quais ela passa..."
Tem outros comentários que o espaço não permite e o conteúdo passaria ao lado da intenção desta opinião. Mas o que interessa evidenciar são apenas alguns aspectos cruciais. Por um lado, alguma rivalidade que as respectivas comissões colocam nos programas, procurando, cada uma, fazer melhor que a anterior (nalguns casos) e, por outro, os investimentos envolvidos.
Por muitas tradições que a história demonstre e confirme, é que a quase totalidade do seu programa e do seu tempo é profano e o lado religioso, em nome de quem se quer honrar, é diminuto. Por isso, se a festa é em honra do santo x, y ou z, não se misture mais nada que não seja, unicamente e só, honrar aquele, ou aquela, que em vida foi um modelo e um exemplo para a sociedade, com a inerente santificação, pelos actos e pelas obras, que lhe foi e é reconhecida.
O retornoQuanto aos investimentos referidos, é de notar que os que os conseguem, trabalhando e soando as estopinhas, fazem com que a comunidade em que se insere este tipo de iniciativas fique sem nada, quer espiritualmente, quer materialmente, ou seja, não há retorno de qualquer tipo de benefício, a não ser em favor daqueles que "vieram fazer a festa".
Na freguesia onde me encontro inserido, o fenómeno é, normalmente, comedido, salvo uma ou outra excepção, que confirma o pensamento que estamos a discernir (algumas, deixaram de se realizar, com excepção da parte religiosa) mas que nem por isso deixa de constituir assunto para reflexão, atendendo às necessidades mais primárias que a comunidade sente actualmente, pelo menos uma grande parte, que se reflectem nos seus contributos para festas, quando os elementos da respectivas Comissões lhes batem à porta.
Tem outros comentários que o espaço não permite e o conteúdo passaria ao lado da intenção desta opinião. Mas o que interessa evidenciar são apenas alguns aspectos cruciais. Por um lado, alguma rivalidade que as respectivas comissões colocam nos programas, procurando, cada uma, fazer melhor que a anterior (nalguns casos) e, por outro, os investimentos envolvidos.
Por muitas tradições que a história demonstre e confirme, é que a quase totalidade do seu programa e do seu tempo é profano e o lado religioso, em nome de quem se quer honrar, é diminuto. Por isso, se a festa é em honra do santo x, y ou z, não se misture mais nada que não seja, unicamente e só, honrar aquele, ou aquela, que em vida foi um modelo e um exemplo para a sociedade, com a inerente santificação, pelos actos e pelas obras, que lhe foi e é reconhecida.
O retornoQuanto aos investimentos referidos, é de notar que os que os conseguem, trabalhando e soando as estopinhas, fazem com que a comunidade em que se insere este tipo de iniciativas fique sem nada, quer espiritualmente, quer materialmente, ou seja, não há retorno de qualquer tipo de benefício, a não ser em favor daqueles que "vieram fazer a festa".
Na freguesia onde me encontro inserido, o fenómeno é, normalmente, comedido, salvo uma ou outra excepção, que confirma o pensamento que estamos a discernir (algumas, deixaram de se realizar, com excepção da parte religiosa) mas que nem por isso deixa de constituir assunto para reflexão, atendendo às necessidades mais primárias que a comunidade sente actualmente, pelo menos uma grande parte, que se reflectem nos seus contributos para festas, quando os elementos da respectivas Comissões lhes batem à porta.
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