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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 13

O epílogo da derrama



A derrama que em 1903 tinha sido solicitada e que chegou a ser autorizada, no montante de 15% sobre os valores da contribuição directa do Estado, que foi pedida à população de Valongo, para arranjo da igreja paroquial, apenas foi cobrada naquele ano. Daí para diante, esta derrama acabou por ser extinta, dado que os valores cobrados eram diminutos e concluindo-se que a mesma não chegava para cobrir as despesas das obras de conservação do templo, segundo os valores estimados.
Ficou em suspenso e com alguma curiosidade em se saber aquela história do donativo que se esperava. Seria sintoma de que alguém se teria prontificado a dar uma ajuda para resolver a situação.
A acta da sessão de 28 de Maio de 1905, dá algumas respostas.
O padre João António Nunes Callado ainda era o presidente da «Junta de Parochia», bem como os restantes vogais. Então, aberta a sessão...

«... pelo predicto presidente, disse este para os demais vogaes que era urgente pôr em arrematação as obras a fazer nos muros do adro da egreja e retelhamento d'esta, em harmonia com o que se acha auctorisado no respectivo orçamento.»
Como de costume, a Junta conformava-se com a proposta do seu presidente.
Mas as obras demoravam. A acta de 22 de Julho de 1906, referia o mau estado do telhado e que «era urgente mandar proceder à sua reforma, embora os recursos que ha não sejam sufficientes.»
Só em 4 de Agosto de 1907...
«...ponderou primeiramente o referido presidente que como previamente se havia annunciado ia proceder-se à arrematação da reforma dos telhados d'esta egreja matriz, mas que só se fazia a referida arrematação com respeito a mãos d'obra, porque á Junta, ultimamente, foi offerecido pelo senhor Conde d'Agueda os pinheiros necessarios, digo, os pinheiros que dessem a madeira necessaria para a obra, o que é um bom beneficio, visto que a quantia orçada não será sufficiente para satisfazer toda a despeza. Além disso, a Junta deseja que todo o material a empregar seja de primeira qualidade; por isso, resolve fornecer todo esse material, aproveitando ainda o serviço gratuito que porventura os lavradores desejem offerecer, afim de melhor se poder levar a cabo a mencionada obra, que tão necessaria é. Assim, vae pôr-se em arrematação só o que diz respeito a mãos de obra, nas condições que se acham patentes, como foi anunciado. Seguidamente, appareceram differentes licitantes, sendo a obra entregue a Manuel Simões Novo, do Outeiro de Vallongo, por sessenta mil reis, por ser este o do ultimo lanço e não apparecer quem por menos o fizesse. Foi marcado o prazo de dois meses para fazer a mesma obra, nas condições patentes. Leva collado um selo de mil reis e lavrou-se este auto que vae ser assignado pelos voages da Junta e pelo arrematante.»

E lá estão as assinaturas dos intervenientes, bem como a do "construtor" do lugar do Outeiro de "Vallongo". O selo foi digitalizado e aqui o apresentamos por curiosidade, quanto mais não seja, para dizer que deveria ser obrigatório para tornar legal o documento (auto de arrematação) e por constituir uma amostra filatélica interessante.

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