A Confraria do Santíssimo Sacramento
Vista parcial da Igreja Paroquial, onde, nos seus anexos, funcionou a Junta de Freguesia
Há já uns tempos que não nos dedicamos a publicar as coisas que se passavam na Junta de Freguesia, Junta de Parochia (como se designava desde o finais do século XIX), pois também não nos tem sido possível vasculhar as actas antigas (porque mais antigas que desde os fins do século XIX também não as encontramos na Junta, porquanto estamos em crer que elas deviam existir) e trazer aqui alguns factos que, pelo menos, se nos apresentam pitorescos ou com alguma curiosidade relativamente aos acontecimentos que estas actas narram. E por elas tentar descortinar alguns factos da vivência das pessoas e dos problemas existentes.
Vamos continuar a desvendar alguns desses acontecimentos e reiniciamos esclarecendo que na Junta houve o cuidado de numerar os livros consoante a ordem das respectivas datas e anos.O livro a que nos temos referido, possui uma etiqueta com o nº 1. Logicamente, vamos à procura do livro nº 2. Ao conteúdo do primeiro já nos referimos nas coisas essenciais e mais marcantes que nele encontramos. Agora estamos no livro nº 2.
No interior surge o que a seguir transcrevemos:
Na capa, este livro apresenta-se com um rótulo antigo do qual se transcreve o seguinte:
«Livro das actas e deliberações da Confraria do Santíssimo Sacramento da freguezia de Vallongo d'este concelho d'Agueda.»
No interior surge o que a seguir transcrevemos:
-- TERMO DE ABERTURA --
Há-de servir este livro para n'elle se lavrarem as actas das deliberações da Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguezia de Vallongo, d'este concelho, e leva no fim o seu encerramento. ---------------------------------------
Administração do concelho d'Agueda, 14 de Julho de 1907
O Admninistrador do concelho,
Mateus Pereira Pinto
Agora temos a Junta ligada à Irmandade do Santíssimo Sacramento. E penso que isto era assim ao tempo, uma vez que as «Juntas de Parochia» eram presididas pelo Pároco que estivesse ao serviço da mesma. Mas sendo a designação esta que se apresenta, o termo de abertura é do Administrador do Concelho, factor não encontrado nas actas anteriores. Por isso a Junta, embora com a designação do Santíssimo Sacramento, continuava a ter as suas funções definidas, no que a sua junção à Igreja dizia respeito, pela lei vigente. Vamos ver, mais tarde, o que se passou com a implantação da República.
Mas nota-se existir um pequeno problema desfazado no tempo. Como acima se diz, o termo de abertura do livro indicado como sendo o nº 2, data de 14 de Julho de 1907 e a primeira acta deste livro é de 18 de Julho de 1907. Nada a estranhar ou em desalinho. Mas a última acta do livro nº 1 tem a data de 15 de Dezembro de 1907, o que, em paralelo com as datas do livro nº 2 de 14/7 e 18/7/1907, faz-se notar um desfazamento. Ou então umas e outras actas, nos respectivos livros nada têm a ver entre si, num contexto de raciocínio lógico. E é curiosa esta redacção, com que se inicia a acta do livro nº 2:
«...nesta casa de despacho da Confraria do Santíssimo Sacramento da freguezia de Vallongo, estando nesta reunidos o juiz Antonio Rodrigues de Mello Rocha e os vogaes da meza José Simões Tavares, Joaquim Gomes dos Santos, constituiram-se em sessão sob a presidência do primeiro.»
E esta acta menciona não o presidente como sendo o pároco, que entretanto foi substituído pelo padre Celestino de Almeida Branco, cremos que por motivos de doença, mas o Juiz da Irmandade, Antonio Rodrigues de Mello Rocha, continuando como secretário João Baptista Fernandes de Sousa, que já o era nas actas do livro nº 1, ou seja na Junta de Parochia, presidida pelo pároco Rev. padre João António Nunes Callado.
Vamos continuar a tentar trazer a descoberto algumas facetas históricas do início do século XX.
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