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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Recordar é viver

Texto: - Júlia dos Santos Magalhães


De facto é verdade.
É por isso que, rebuscando nos meus papéis à procura de recordações, encontrei um que me transportou a anos já bem longínquos.
Ao ano de 1938, em que pela primeira vez pisei um palco, pela mão do então nosso pároco, padre Manuel Rodrigues Pinheiro Júnior, que Deus tenha em seu eterno descanso. E como eu, outros que eram então crianças. Alguns já não pertencem ao número dos vivos, outros, graças a Deus ainda o são. Alguns encontram-se no nosso país, outros em diversas paragens do Globo. Alguns, que eu sei do seu paradeiro, outros, há muito de que não ouço falar. O papel encontrado, é o programa do «Nosso Teatro» e que aqui vai impresso, para que a recordação chegue a todos os que foram intervenientes e que, concerteza, gostarão de ver os seus nomes e recordarão, como eu, esse tempo tão saudoso.
Pensando que com esta publicação, todos irão ter gratas recordações, não quis privar-vos dessa alegria. E assim, passado mais de meio século, aqui estamos todos a recordar o tempo da nossa meninice.
Quem dera, que nos pudéssemos reunir todos numa confraternização para reviver tempos passados, e já que isso é impossível, queiram aceitar todos, a quem esta missiva chegar, um forte abraço da companheira amiga.

Júlia dos Santos Magalhães
(Brunhido)


In Jornal «Valongo do Vouga» Janeiro de 1989

*****

Foi em 3 de Janeiro de 1938 que as crianças da catequese fizeram a festa, cujo programa era como segue:

I Parte

1 - «Hino Nacional» (apoteose).
2 - «Apresentação», pela menina Maria de Lourdes Matos.
3 - «O Natal», poesia recitada pela menina Maria dos Santos.
4 - «A vida do mar», canção marítima, por um grupo de meninos.
5 - «Oração do aviador», poema recitado pelo menino Norberto da Fonseca Morais.
6 - «O Pinheiro da Serra», poesia recitada pela menina Celene T. Corga.
7 - «Bicharada», canto por um grupo e solo por Norberto Morais.
8 - «Oficina de Nazaré», quadro vivo.

II Parte

9 - «O Fotógrafo em Apuros!», comédia em um acto, pelos meninos Urbano S. Estimado, Norberto Morais, Manuel S. Corga, José F. Carmo, António S. Estima, Armando S. Corga, José M. Estimado, José F. Morais e Homero Magalhães.
10 - «Brincos de Cereja», cançoneta pela menina Júlia dos Santos Magalhães.
11 - «A neve de Natal», poesia (diálogo) pelas meninas Izilda F. Silva e Maria Ester Duarte.
12 - «Pescador», cançao da beira-mar, por um grupo de meninos.
13 - «Desgarrada», canção regional, pelas meninas Izilda Silva, Maria Augusta Silva, Júlia Magalhães, Maria Carmo Martins, Maria dos Santos, Deolinda Lourenço, Maria Augusta B. Morais e Benvida S. Corga.
14 - «O Alho», cançoneta pelo menino Urbano da Silva Estimado.
15 - «Sonho da Pobrezinha», quadro vivo.
16 - «Marcha Final», por um grupo de meninos.
17 - «Algumas palavras», pelo Pároco da freguesia.
18 - «Hino a Cristo-Rei», apoteose.

Nota: - Deixamos esta recordação da D. Júlia, crente que muita gente desconhecia a existência deste documento e do que ele representa em amostragem das características de uma vida já vivida há muitos e muitos anos. Um singelo registo de homenagem à D. Júlia Magalhães.


3 comentários:

Paulo Vinícius Rosa Estimado disse...

Muito obrigado por ter postado esta singela homenagem em seu blog. Sou neto de Urbano da Silva Estimado, "O Fotógrafo em Apuros!" e sobrinho neto de José M. Estimado e amigo da família Corga. Fiquei muito feliz em encontrar esta reportagem em teu blog. Infelizmente meu avô e o Seu Armando já não vivem mais, não puderam ver este texto aqui no teu blog. Mais eu como neto fico imensamente agradecido, meu avó lembrava com carinho dos tempos de teatro e por diversas vezes nos contava desta peça. Fiquei muito Feliz e contente de encontrar esta reportagem aqui. Muito obrigado. Paulo Vinícius Rosa Estimado, São Paulo – SP, Brasil – 02-02-2011.

José Marques Ferreira disse...

Olá Paulo;

Agradeço também que, de tão longe, sinta estes locais como seus.
O Sr. Urbano Estimado, cheguei a vê-lo algumas vezes quando vinha a Portugal.
É evidente que conheci, e muito bem, o José Maria Estimado. Morava a cem metros de minha casa.
A família Corga é também, como não podia deixar de ser, meus conhecidos e, tratando-se de uma família numerosa, em alguns tenho amigos.
Na barra lateral deste modesto blogue, estão fotos da localidade onde moro e onde morava seu tio-avô, que se chama Carvalhal da Portela, a escassas centenas de metros da margem esquerda do rio Vouga.
espero e desejo ardentemente que esta mensagem chegue ao seu conhecimento. Com votos de felicidades.

JM Ferreira

Romilda de Azevedo Rosa Estimado disse...

Meu nome é Romilda de Azevedo Rosa Estimado, nora de um dos meninos participantes do teatro na festa de 03/01/1938 "Urbano da S.Estimado" sempre que nos reuniamos ele contava com saudades essa passagem de sua infância, dentre muitas outras histórias, divertidas, alegres, tristes enfim fatos sempre presentes em sua memória e com certeza marcou sua vida. Realmente D.Julia "Recordar é Viver". Grata por nos prestigiar com esta lembrança.

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