Foto do Jornal de Notícias-Porto-Memórias de um Século (1888-1988)
O último episódio que aqui adaptamos do livro com aquele nome, terminava dizendo que o Dr. José Joaquim da Silva Pinho, autor da narrativa desta história verídica, tinha passado uns dias com um escrivão que o tinha feito de fel e vinagre em Covelas, por causa de um passaporte e das influências dos Bandeira da Gama, que perseguiam as suas sobrinhas, à guarda do tutor, bacharel Joaquim Álvaro Teles de Figueiredo Pacheco. E dizia que tinha de dar explicações ao público, porque o que corria na cidade do Porto e nos seus jornais, não eram muito favoráveis.
Os Bandeira da Gama, continuavam a sua campanha contra Joaquim Álvaro usando de todos os artíficios, buscando a simpatia da opinião pública e colocando aquele numa posição de ser o mau da fita. E essas publicações eram de uma hostilidade brutal, injustas, caluniosas e cruéis, dizia o Dr. Silva Pinho.
Como dizia, deixavam uma impressão profunda de ódio, de revolta e queixa, porque no fundo apresentava-se sempre a mãe, pálida e abandonada, soluçando constantemente e a pedir que fosse feita justiça às filhinhas que lhe pertenciam e que não as tinha. Era necessário fazer parar a reacção deste espírito no público influenciado pela dita campanha dos Bandeira.
Não vou resumir o que dizia o Dr. Silva Pinho quanto às descrições do estado de espírito da mãe e de outras descrições mais de romance do que de factos. E assim, postas de parte essas expressões de mágoas íntimas e sinceras, é que Francisco Veloso da Cruz escrevia as correspondências que o tutor apenas assinava. Esta frase do Dr. Pinho é sintomática: «A primeira que apareceu [nos jornais] era de uma severidade de exposição e de verdade perfeitamente modelar.»
Esta epístola publicada, tinha a data de 7 de Fevereiro, fazendo um exaustivo e pormenorizado relatório desta questão desde o princípio, estigmatizando o procedimento dos elementos da família Bandeira da Gama.
O Dr. Pinho fê-la publicar no jornal «O Puritano», de que era redactor o dr. José Pereira Reis, correligionário e amigo dos Velosos da Cruz. Pena é que este episódio vai terminar, com a transcrição seguinte:
«E para mais fácil e rápida leitura, mandei extrair mil exemplares dela, que espalhei profusamente pela cidade. Para mim guardei um exemplar dessa admirável carta, mas no momento em que escrevo estas desataviadas memórias não a encontro nos meus papéis.»
E é pena, porque terminada a escrita desta narrativa em Março de 1882, tínhamos tido a possibilidade de a ler agora, passados mais de cem anos!!!
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