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sábado, 10 de abril de 2010

A Junta de Freguesia na história - 30

Os problemas de terrenos e demarcações

Como se fez notar no post anterior, a diligência realizada pela Junta de Freguesia em 7 de Janeiro de 1912, faz denunciar alguns aspectos quer da vida da freguesia e dos problemas a enfrentar, quer do modo de vida da respectiva população.

Rio Marnel. Era um pouco mais a juzante da "Cascata do Visconde", na foto, que ficava o Lameirão

Da leitura daquela acta ressalta uma coisa que agora já não é comum ao que antigamente se verificava. Reparamos que a redacção da referida acta salienta, em várias passagens, a grande afluência de público (ou seja, a grande participação de público). Isto significa que talvez não haviam interesses particulares que poderiam ser comuns a todos os assistentes, mas certamente que a situação era de impacto e a criar algumas curiosidades nos populares que queriam, talvez, ver o desfecho e participar naquilo que era comum a todos: O LAMEIRÃO.
A acta não deixa dúvidas quanto ao local: Brunhido.
E o «Lameirão» onde era? Fazemos esta pergunta porque talvez a maioria das pessoas mais jovens não saibam «colocar» o Lameirão na geografia de Brunhido. Vamos tentar dar uma ajuda.
À entrada do lugar, na estrada Póvoa-Brunhido, junto à ponte do Marnel, próximo das instalações do sr. Délio Augusto Gomes da Silva, num caminho ainda existente e que dá, a partir da estrada e ao longo do rio, acesso à Garganta, situava-se o Lameirão. Uma pessoa com quem falei, foi-me dizendo que era um local aprazível, cheio de relva, onde se lavava a roupa e em cujo terreno as mulheres a colocavam a corar.
A acta descreve, como já dissemos, a área que ficava demarcada, pois seria notório que o confinante com este terreno público não estivesse a cumprir as suas obrigações legais. Fica também confirmado o que dizia antes sobre o caso da usurpação, lenta, mas eficiente, através de algumas artimanhas, da área de terreno que iria fazer uma dimensão maior da propriedade que qualquer pessoa já detinha e que confinasse com outras em que se pudesse concretizar essa acção.
Actualmente não é muito vulgar estas coisas.
No entanto, quando em Janeiro de 1977, tomei posse de secretário da Junta de Freguesia, nas primeiras eleições democráticas realizadas, ainda era pertinente este tipo de atitudes e de acções que sempre envolviam a Junta de Freguesia, sem legislação, sem finanças locais, sem qualquer subsídio ou apoio, salvo aquele que a Câmara (quase arbitrariamente) ia concedendo. Os problemas de marcos, demarcações de terrenos, caminhos, confinações com baldios, etc. eram uma constante a criarem uma grande dor de cabeça a todos especialmente ao presidente da Junta, que, na altura, era José Lopes Falcão.
Penso que o local ainda é motivo de alguma dificuldade que a autarquia actual enfrenta. Mas o que nos importa é a história...

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