Continuamos a mostrar o Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Aveiro - Zona Sul - Lisboa 1959, no que se refere às pontes sobre o rio Vouga e Marnel, pagina 24 e seguintes. Ainda há, nesta obra, muito que conhecer e que a mesma explica os pormenores das referidas pontes. Pensamos continuar, agora, o que respeita à Ponte do Marnel.
Actuais acessos a Lamas e Vouga com entrada (lado sul) da nova ponte sobre o rio
«A destrinça da parte que corresponde ao século XVIII e da anterior, a do século XVI, é fácil; o aparelho e o traçado são guias seguras. Pertencem ao século XVIII, seguindo de sul para norte, os três primeiros arcos; os doze restantes são quinhentistas.
A obra setecentista teve por fim libertar dos lodaçais e inundações o trajecto inferior, elevando o pavimento por meio de arcos e não por terraplenos, para que as águas das enchentes se escoassem facilmente. Esses três arcos são perfeitos de traçado e execução. A jusante, do mesmo lado sul, acrescentou um embarcadouro bem lançado. A reforma da parte antiga a que se procedeu nesta altura limitou-se à renovação, em profundiade variável, das aduelas altas dos arcos e à consolidação dos pilares e esporões, ronovamento do pavimento e guardas. Frequentemente nas pontes antigas se nota que as calçadas das faixas de rodagem são destruídas parcialmente pelo trânsito, ficando as partes altas dos arcos sujeitas não só às infiltrações mas ao próprio atrito dos veículos.
A parte quinhentista abrange os restantes doze arcos. Os dois primeiros, isto é, o quarto e o quinto da série geral, são baixos, de desigual altura, para permitirem a rampa. O sétimo e o oitavo constituem o centro, não geométrico mas funcional, e são dotados de pegões robustos, alcançando-se os talha-mares até ao alto, onde se completam lateral e diagonalmente de alargamentos em sacada, a formarem na plataforma os velhos desvios. Os arcos seguintes são ainda de grande vão, diminuindo a parte norte.
Encontra-se muito siglada esta parte antiga, principalmente nos arcos menores, que não sofreram reforma. Grande número desses sinais pertence ao alfabeto gótico final, havendo-os geométricos e de outros tipos, como béstas com que o canteiro medieval indicou a sua categoria, além das marcações de ordem de fiadas e de disposições de alvenarias.
Esta parte é obra rara no centro do País, tanto como dimensões como execução e época. Empregou-se o grês vermelho local, que tem suportado convenientemente as pressões, o que nem sempre se nota na região.»
Nota: - Com esta transcrição, termina aqui o que a obra acima citada contempla no que respeita às designações e definições da ponte sobre o rio Vouga.
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