Palacete da Quinta de Vilar de Besteiros, cremos que recuperado pela Câmara Municipal de Tondela |
O anterior capítulo desta história, ficou, há dias, numa curta descrição de uma mãe que se via privada, abandonada, do horrível martírio de não ver, ao menos, uma das suas filhas.
D. Maria Carolina, a viúva do morgado de Sobreiro-Chão, já tinha vivido relações de íntima amizade com os senhores de Aguieira, no tempo em que residiu no Sobreiro, onde ambas as famílias se encontravam com facilidade e promoviam um convívio agradável, indo a família de Aguieira ao Sobreiro e a do Sobreiro a Aguieira passar uma tarde ou uma noite, deslocando-se nos seus pesados carroções puxados pelos bovinos.
É claro que D. Maria Carolina pensou várias vezes dirigir-se directamente à sua amiga e prima, D. Ana Teles, a pedir-lhe auxílio para poder satisfazer a sua ansiedade e ardente desejo de que pudesse ver restituída a Casimirinha à sua companhia.
Uma frase do Dr. José Joaquim Silva Pinho: «Sabe-se o que é o coração de uma boa mãe.»
D. Maria Carolina tinha a noção de que do outro lado do Caramulo estava a sua saudosa filha e não se conformava com a ideia de nunca mais a poder ver ou ter junto de si.
Através do ruído que os processos dos tribunais tinham provocado, nada tinha conseguido. Tinha gasto rios de dinheiro, tinha passado e sofrido desgostos e dessarranjos pessoais e familiares e não tinha conseguido poder ter as suas filhas, que o destino fatal de um testamento lhe arrebatara, pelo que imaginou tentar os meios mais brandos e assim talvez se tornassem mais eficazes.
Sonhou mil e uma maneiras e outros expedientes e resolveu aceitar um que lhe pareceu de mais fácil resolução. D. Maria Carolina era parente e amiga da família da Quinta da Cruz, em Besteiros, nas faldas da serra do Caramulo e havia uma senhora dessa família que era madrinha de baptismo do seu genro e tutor da Casimira, Dr. Joaquim Álvaro, de Aguieira.
Um dia, a desesperada mãe, ou aconselhada por seus irmãos, ou só pelo seu desespero, montou a cavalo acompanhada de um pagem e foi à Quinta da Cruz conversar sobre as suas freimas com a prima Piedade, dizia a narrativa do Dr. Silva Pinho.
(Continua)
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