1989 - Na eira de José Henriques da Silva-Carvalhosa |
Continuo a passar os olhos pelos manuscritos que guardo, com apontamentos que agora não sou capaz de decifrar bem, pois tratam-se de pequenas frase que, naquele tempo, serviam para rememorar alguns factos, juntamente com os outros elementos da equipa, alguns deles que já não estão entre nós.
Ressalvando estes pequenos pormenores, agora importantes, vamos ver o que se consegue decifrar.
Numa das folhas tenho um título que abaixo descrevo, com uma quadra apenas. Pelos apontamentos que estão a seguir, trata-se, talvez, do princípio do conteúdo de uma «moda de roda, uns atrás dos outros, com gestos de quem está a dobar fio de lã». Esta frase e outras que por aí vão surgir, são agora completadas para formar algum sentido para se compreender.
Tenho ainda escritas as palavras «Paredes e Cedrim», o que quer dizer que a cantiga seria oriunda destas localidades que não estão muito longe uma da outra.
A cantiga, que não se deve ficar só por esta quadra, tinha, pelo menos, para a iniciar, esta composição, que tem mesmo um cheirinho muito popular, muito do povo.
Vamos lá dobar meadinhas de ouro
Vamos lá dobar
Meadinhas de ouro
Caiu-me o novelo
Ficou-me o pé d'ouro
Verifica-se que a própria rima parece ou pouco forçada, deslocada, quase se diria sem sentido. Mas o povo procurava, melhor ou pior, que a rima lá estivesse. Também agora, pela escrita, não sei se será «pé d'ouro» ou «pó d'ouro». Penso que a primeira hipótese faz mais sentido.
Há uma descrição de uma dança, de que nos ocuparemos no próximo post, pois parece-me que a mesma se refere a uma moda de roda, conhecida pela «Carvalha da Barroca», que trouxémos da Silveira e que ainda hoje o grupo da Casa do Povo a tem adoptado, se não me engano.
Sem comentários:
Enviar um comentário