A MALOGRADA EMBOSCADA
Decorria o ano de 1964. Existiam informações que davam conta da passagem, parece que habitual, por caminho certo e conhecido, de um grupo IN, num cruzamento da estrada entre Ingoré e Barro.
Era conhecida a existência desse corredor. A sul, a margem direita do Cacheu, a norte a estrada Ingoré - Barro. Passada esta estrada a meia dúzia de quilómetros estava a fronteira com o Senegal, e Ingorézinho a poente. Era, portanto, um interessante e seguro corredor…
Durante o dia e com a descrição possível foi feito o reconhecimento ao local. Tomadas as devidas providências e elaborado o respectivo plano, a refeição foi servida bastante cedo, pouco depois das 16 horas, e partimos transportados nas viaturas.
Nada de anormal até aqui. O que vinha a seguir estragou tudo.
Neste local fazíamos abastecimento de água potável. Chamava-se Fonte Longa de Ingoré. Passados anos, outros colegas chegaram a ser emboscados aqui quando iam buscar água. Era uma das únicas nascentes de água doce ao redor de vários quilómetros.
A certa altura, viaturas regressadas, todo o pessoal ia em direcção ao local, apeados.
Como já era hábito e conhecido, quando no horizonte se via um ponto negro, já sabíamos, havia borrasca. Passada meia hora, se tanto ou pouco mais, desaba tamanho temporal tropical, escurece rapidamente, que não se enxerga nada a menos de um metro de distância. A técnica já conhecida, para não nos perdermos, foi seguir caminho, qual carreirinho de formigas, ligados uns aos outros com a mão direita (ou esquerda) agarrado ao casaco do camarada da frente.
A chuva descarregava a cântaros, os relâmpagos eram um espectáculo constante a iluminar electricamente toda a região, nos pés a lama já pesava mais que as botas, os trovões ribombavam constantemente e com um barulho ensurdecedor pior que os canhões e obus. As descargas eléctricas e os estampidos destas em redor eram mais espectaculares que qualquer fogo-de-artifício de S. João.
E lá fomos. Voltar atrás, não, o temporal, como os outros, havia de passar…
Até que a certa altura, no meio do breu, o capitão manda o pessoal parar. E refere que lhe parece que é ali o local onde a operação de emboscada a um grupo IN devia ser montada.
O dispositivo das forças foi distribuído, com o esquema adequado já delineado, partindo do princípio que estávamos no local correcto. E a noite ia passando e cada grupo ou apenas um, como eu, no seu esconderijo e abrigado, lá ia esperando pelo momento e vendo as horas passar. Mas nada…
Coube-me ficar num local, do qual só recordo, quando a manhã raiou, que era debaixo de uma árvore, de porte e altura enormes. E aquele temporal, com aquela trovoada tropical, naquela árvore! Que inconsciência, meu Deus! Que sorte, nenhum raio se lembrar de se atirar àquela árvore a umas boas dezenas de metros de altura e por ela descer. Certamente que o filho do meu pai ficava ali frito que nem churrasaco. Foi um alívio… e sorte.
Ao raiar a aurora, o capitão dá ordem de reunião, lá nos juntámos na estrada, com lama de palmo, e fomos verificar a zona. Pois é verdade, o cruzamento lá estava, as pegadas e muitas provaram que pessoas por lá passaram, só que ficamos cerca de 150 metros acima do cruzamento!
Nós não demos pela sua passagem e eles não deram pela nossa presença…
Foi assim a emboscada que se malogrou…
Como já era hábito e conhecido, quando no horizonte se via um ponto negro, já sabíamos, havia borrasca. Passada meia hora, se tanto ou pouco mais, desaba tamanho temporal tropical, escurece rapidamente, que não se enxerga nada a menos de um metro de distância. A técnica já conhecida, para não nos perdermos, foi seguir caminho, qual carreirinho de formigas, ligados uns aos outros com a mão direita (ou esquerda) agarrado ao casaco do camarada da frente.
A chuva descarregava a cântaros, os relâmpagos eram um espectáculo constante a iluminar electricamente toda a região, nos pés a lama já pesava mais que as botas, os trovões ribombavam constantemente e com um barulho ensurdecedor pior que os canhões e obus. As descargas eléctricas e os estampidos destas em redor eram mais espectaculares que qualquer fogo-de-artifício de S. João.
E lá fomos. Voltar atrás, não, o temporal, como os outros, havia de passar…
Até que a certa altura, no meio do breu, o capitão manda o pessoal parar. E refere que lhe parece que é ali o local onde a operação de emboscada a um grupo IN devia ser montada.
O dispositivo das forças foi distribuído, com o esquema adequado já delineado, partindo do princípio que estávamos no local correcto. E a noite ia passando e cada grupo ou apenas um, como eu, no seu esconderijo e abrigado, lá ia esperando pelo momento e vendo as horas passar. Mas nada…
Coube-me ficar num local, do qual só recordo, quando a manhã raiou, que era debaixo de uma árvore, de porte e altura enormes. E aquele temporal, com aquela trovoada tropical, naquela árvore! Que inconsciência, meu Deus! Que sorte, nenhum raio se lembrar de se atirar àquela árvore a umas boas dezenas de metros de altura e por ela descer. Certamente que o filho do meu pai ficava ali frito que nem churrasaco. Foi um alívio… e sorte.
Ao raiar a aurora, o capitão dá ordem de reunião, lá nos juntámos na estrada, com lama de palmo, e fomos verificar a zona. Pois é verdade, o cruzamento lá estava, as pegadas e muitas provaram que pessoas por lá passaram, só que ficamos cerca de 150 metros acima do cruzamento!
Nós não demos pela sua passagem e eles não deram pela nossa presença…
Foi assim a emboscada que se malogrou…
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