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terça-feira, 28 de maio de 2013

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO LXI

Alguns locais pitorescos de Macinhata do Vouga
O funeral da desditosa menina Mascarenhas, fecha, quanto a nós, um doloroso e prolongado capítulo de peripécias, aventuras e desventuras, mas cumprindo-se o testamento do morgado de Sobreiro-Chão, que consistia em casar a filha mais velha com Joaquim Álvaro, abastado senhor de Aguieira, com o solar e quinta do mesmo nome. Mas a narrativa continua...
Quem acompanhou os folhetins que aqui temos postado, reparou, com toda a certeza, que o seu autor, o advogado José Joaquim da Silva Pinho, do lugar de Jafafe, freguesia de Macinhata do Vouga, foi um grande, fiel e dedicado amigo de Joaquim Álvaro, que o acompanhou em todos os lances aflitivos de um drama pungente.
Podemos até acrescentar, que não terá existido exemplo de maior amizade e dedicação muito conhecidos, principalmente naquela época, em cujos acontecimentos o Dr. José Joaquim da Silva Pinho, muitas vezes, colocou a sua própria vida em risco.
Ele mesmo escreveu que se tinha 'apaixonado' pela pessoa de Joaquim Álvaro e sentia prazer em mostrar-se paladino da sua causa. Eram dois amigos íntimos, dois companheiros constantes, quase irmãos. Mas tudo isto se dissolveu, naquele tempo como hoje, por causa da política. E o Dr. Pinho explica.
Estavam em fins de Novembro de 1851, poucas semanas depois do sentido falecimento de D. Maria Mascarenhas Bandeira Teles Mancelos Pacheco e iria realizar-se no país eleições para os corpos administrativos locais. O concelho de Vouga ainda existia e tinha a sua sede em Arrancada do Vouga, pelo que deviam ser eleitos os Vereadores que deviam compor a Câmara Municipal e a do juiz ordinário do julgado de Vouga.
Esta eleição foi um episódio terrível, dizia o Dr. Pinho na sua narrativa histórica, que pôs termo a antigas relações que sempre admitiu duradouras e inquebrantáveis. O Dr. Pinho e Joaquim Álvaro separaram-se para sempre. A  amizade era tão íntima, tão intensa e desinteressada que parecia nunca ter fim.
E dizia: «Acontece na vida dos homens um facto singular, e é que quando dois amigos de coração se afastam, qualquer que seja a razão do afastamento, eles nunca mais voltam à antiga cordialidade e à mútua confiança.
Foi o que nos aconteceu a nós.
Não exponho a causa da nossa separação.»
Até nesta postura se vê que a consideração e amizade eram de uma pureza cristalina, porque, um deles, podia, em tempo posterior, expor as suas razões. Mas nenhum o fez e guardou para si a causa motivadora dessa separação. Era o tempo do cavalheirismo, da palavra, do respeito que as suas posições obrigavam.

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