Penso que já o disse por estes lados que a minha vida da Guiné não foi para 'armar' em heroi. Também não foi assim tão descansada e despreocupada. Admito ser repetitivo. O que é certo é que por lá fiz um pouco de tudo e, como costumo dizer, até turismo...
Participei em operações, em emboscadas (que já também contei por cá), em patrulhas, em guardas às jangadas, principalmente aquela que agora tem uma ponte enorme feita por portugueses dos quais, ainda não há muito tempo, cheguei a contactar com um engenheiro que lá esteve alguns anos na direcção da sua construção. Trata-se de uma obra internacional que fica para contar em próxima historia.
Em cima, Ingoré 1964 Em baixo, Bula 1965 |
Esta ponte é chamada a Ponte de S. Vicente, tal como o local de passagem da jangada - que atravessava o rio Cacheu transportando viaturas, pessoas (civis e militares) - que era a nossa tábua de salvação. Para fazer a segurança a esta geringonça, dormi lá algumas noites, no meio do rio, largo e enorme, principalmente quando de maré cheia.
Porque os cursos de água, na Guiné, como se sabe, são quase todos braços de mar e influenciados pelas marés, que lhe dão, quando os barcos por eles passavam maior ou menor calado.
Nste local - que me lembre de momento - também lá devem ter passado muitas vezes o Manuelda Garagem - Manuel Silva Ferreira Martins - com oficina na Póvoa e ainda o Armando Dinis Tavares dos Santos, do Carreiro, e com a loja da Cafer em Águeda. Penso que há mais que me sucederam em Ingoré, aquela povoção com muita população, mesmo nas barbas da fronteira com o Senegal. Já lá fui, algumas vezes... pela internet... e revejo como agora está e como era, nomeadamente aquilo a que se chamavam estradas (pior que alguns carreiros que temos por aqui).
Ora, para dizer, que a maior parte do meu tempo foi passado na secretaria, embora em termos militares nada tivesse a ver com a especialidade.
Então, em Ingoré, tive de substituir as funções do 1ºsargento, porque num acidente de jipe teve de ser evacuado para Lisboa. Depois acompanhei o serviço até vir embora, passando por Bula, sendo a secretaria numa casa alugada fora das instalações do aquartelamento. E depois em Bissau. Ajudei o homem da contabilidade (um alferes que não recordo o nome) a fechar as contas do Batalhão de Caçadores 510.
E são estas duas imagens que confirmam a situação. Na primeira, na varanda do edificío do comando, em Ingoré, onde estava situada a secretaria. Em baixo, à porta da mesma, mas em Bula. Nesta com ar de quem espera o apito para iniciar o trabalho, ou à espera do chefe, que já tinha sido substiuído. Num caso e noutro, estava mesmo com ar de «grande trabalhador».
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