Efectivamente nos anos 50 do século passado - não se esqueçam que já lá vão doze anos dentro do século XXI - nem as escolas sabiam aquilo que existia para nos poderem, a nós, chamados alunos, explicar o que era, o que existia.
Andava eu na escola primária de Arrancada. É isso mesmo. Naquele local onde agora estão edifícios novos, feitos há pouco tempo.
E andava aqui de volta de uns documentos antigos, quando dou com uma data e uma notícia.
A data era 18 de Abril de 1953. E o facto ocorrido neste dia colocou toda a população da freguesia (e do concelho de Águeda) em autêntica polvorosa.
No céu, aparece ao que hoje chamaríamos o OVNI (Objecto Voador Não Identificado). E esse objecto, cortando os ares, quase não se percebia nem vislumbrava a sua existência. Era pequenino lá no alto do céu.
E andava, andava, mas andava com uma velocidade tal, que nos deixava deslumbrados e aterrorizados. O ambiente era mesmo este. Até as professoras não estavam a achar grande piada àquilo que viam.
Largava um fumo branco, que ficava atrás do OVNI. E o OVNI fez uns circúlos, deixando um desenho muito simétrico e geométrico nos ares. Salvo erro, uma circunferência...
E o problema foi desvendado, disso me lembro.
Passado pouco tempo, chegava a notícia e a explicação para o que se passava. Era um avião a jacto! Isso mesmo, sem tirar nem pôr... um avião a jacto. De tamanho a sair para o pequenito. Mas que cagaceira nos pregou a nós imberbes crianças!
Já adulto, vi alguns deles, ou parecidos. Os FIAT, célebre, eficiente e pequeno aparelho da aviação militar que muito uso tiveram durante o período da guerra colonial.
Era mesmo a jacto. Não lhe foi adpatada nenhuma torneira para andar a jacto, como na história do Raúl Solnado.
Recordo ainda que quem desvendou esse mistério, foi um simples telefonema feito à moda antiga para Coimbra, creio, pela Nandinha (a filha da professora D. Maria Antónia, que todos conhecemos e conhecíamos e mãe do meu amigo Filipe Vidal), cujo nome próprio é Maria Fernanda Valente Gomes dos Santos, desvendando em poucos minutos o mistério que estava a assustar a comunidade escolar e os habitantes da freguesia e do concelho.
Até os jornais disso fizeram eco e descreveram o acontecimento inédito.
Estamos em crer que foi o primeiro avião a jacto que atravessou os céus de Portugal e, quando chegou a esta região, lá demonstrou as suas capacidades. E os pilotos as suas habilidades...
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