A história a desaparecer
Dei-me conta de que a história de Valongo - e de outras terras que nos rodeiam, com algumas poucas excepções - sob o ponto de vista monumental, praticamente já não existe.
-Se excluirmos alguma coisa existente no Sobreiro...
-Logo a seguir umas casas em ruínas no Carreiro de Arrancada e até o centro do próprio lugar, onde o cruzeiro e algumas casas atestam algo de excepcional que por ali existiu, mas não tão antigo como nós desejaríamos que ainda fosse...
-O pelourinho já desaparecido do concelho de Brunhido, a atestar a autoridade ali existente, e a Casa da Audiência, que quase já não se percebe que tenha sido edifício público e ainda a rosácea da sua capela, bem como uma demolição recente de uma habitação do século XVII, salvo erro...
-E até, porque não, a Casa dos Talhos, com alguma arquitectura de outrora...
-A Veiga, com a sua capela, a informar que em tempos terá sido localidade com alguma importância humana e estratégica...
-Em Aguieira, uma casa demolida, que deixou de atestar alguma história e até a Quinta da Aguieira, que, sendo histórica, não confirma os séculos de existência desta área geográfica, e até o próprio cruzeiro...
-A Póvoa, com poucos vestígios, excepção feita ao palacete da Quinta do mesmo nome, mas que apenas só está a fazer quase cem anos!
-O lugar de Carvalhal da Portela, entreposto que servia, além de outras coisas para cobrar portagens, com algumas habitações degradadas e a pedirem substituição da história que tiveram...
-Lanheses (Lancheses, segundo uns), que não tem vestígios de qualquer lancha que ali aportava...
-Fermentões (Foromontanos) que existiu e existe agora só em conteúdos de Inquirições de reis e rainhas...
-Resta-nos a igreja, que ainda assim é um dos monumentos que atestam a existência destas terras de séculos...
-E ainda outras terras, que tendo sido bastante povoadas e férteis, mitigando fomes e, com as suas culturas, talvez evitando as pestes que desapareceram com as populações e dos vestígios que poderiam confirmá-las, mas já não existem, citando apenas Viade, Crastelo, até a Quintã em declínio, salvo se alguém restaurar tudo o que resta e transformar toda a área numa aprazível quinta, tão em moda.
-O lugar de Do Fernando (ou A-do-Fernando), onde nasceu o Prof. João Baptista Fernandes Vidal, e que já nem sei como se encontram as ruínas da capela de invocação de S. João Baptista.
-A Pedra Salgueira, que os mais antigos vão identificando o local, porque o conheceram. Mas mais nada lá está.
-O lugar do Ribeiro, onde ainda só se vêm os moinhos que paulatinamente vão sendo restaurados pelo sr. Anselmo de Miranda Pereira e, para o fazer, venceu burocracias, adquiriu toda aquela área de terreno e lá vai fazendo o seu trabalho, coisa que os poderes públicos não fizeram.
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Não estou a fazer um levantamento exaustivo das situações que já desapareceram, mas ao correr do teclado, a apontar aquilo que, em memória, vai passando pelo gravador e monitor das nossas imaginações.
Acresce ainda a ausência de literatura sobre a freguesia e algumas das suas particularidades...
Sei que talvez hajam mais coisas a apontar, que já existiram e agora nada resta que confirme que ali moraram pessoas, coisas e animais...
Havia vida... e tudo morreu...
Inexoravelmente, é o tempo...
E a incúria...
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