D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro
Os jornais noticiaram. No primeiro semestre deste ano venderam-se, em Portugal, 3 milhões de telemóveis, 3 milhões! Não pode ser. Se para muitos será hoje um meio de comunicação indispensável, para muitos outros talvez não seja isso que esteja em questão. Mas cada um é que governa ou não desgoverna a sua vida. E, sem dúvida, muitos deles serão dos mais modernos e sofisticados.
Na verdade, a gente no comboio e em viagem mais longa já não dispensa a conversa de negócios, as fofocas das senhoras com as suas amigas, a informação das gracinhas dos netos, e por aí adiante.
A gente vai-se perguntando como foi possível viver sem telemóvel. Uma vida estúpida, claro. Ainda bem que ele chegou. Ao menos assim aumentou a possibilidade de comunicar com toda a gente. Até é giro dentro de casa falar com a mãe por telemóvel ou serem chamados todos para a mesa através de SMS.
Não podemos é dizer que o país está em crise, que a pobreza aumenta, que isto já não tem remédio. A verdade, porém, é que há mesmo gente a passar fome...
Mas isto de saber distinguir o essencial do secundário, de ser capaz de ter menos para poder partilhar com quem não tem nada, é coisa de gente subdesenvolvida... A gente já nem sabe.
(In «Correio do Vouga» de 22 de Setembro de 2010)
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