O JORNAL DA CASERNA
Neste slide estão apenas algumas páginas ao que chamei, naquele tempo, na Guiné, «JORNAL DA CASERNA». É difícil aqui reproduzir tudo, mas não impossível. Também não era necessário digitalizar tudo para fazer uma amostra. O que falta, deduz-se facilmente. Teve muito trabalho pessoal e de um outro militar, de seu nome Armando Augusto Geraldes Soares (Alferes Miliciano), o ilustrador. E colaboração de outros oficiais, sargentos e praças da Companhia.
São eles que quero recordar e homenagear pela camaradagem construída ao longo de quase três anos.
O «Jornal da Caserna», como abaixo refiro, foi constituído por três séries: a primeira, feita com máquina de escrever e só o original é que era ilustrado com os desenhos do Geraldes; A 2ª série passou a ser feita em papel A4, no chapilógrafo (era um género de fotocopiadora que muitos ainda se lembram); a 3ª série era feita também no chapilógrafo, mas a tentar imitar a revista.
Como já disse em anteriores post's, posso afirmar que andei na Guiné, pelo menos durante dezasseis meses, a usufruir de um turismo quase autêntico. Estive numa zona que tinha uma estrada de terra batida (como todas da Guiné, com excepção da que ia de Bissau para o aeroporto e cujo alcatrão ia até Mansoa), cortada por imensos fios de água, que permitiam a passagem de pessoas e veículos pelos pontões feitos de tábuas e troncos de palmeira. E as rodas dos veículos tinham que passar por essas tábuas ao comprido, correndo o risco de, saindo delas, haver um despiste e um acidente. E a malta do volante, eram autênticos azes nestas passagens...
Passemos adiante... Então o que andaste por lá a fazer durante vinte e cinco meses?Muita coisa se fez, nenhuma guerra provocamos, ninguém (dos chamados independentistas) nos chateou, fora algumas escaramuças de menor importância e impacto. Só houve duas baixas na Companhia. Uma, por doença, salvo erro provocada por avançada úlcera que quando rebentou, nem a evacuação de helicóptero para o hospital foi a tempo. Outra, como já antes referi, provocada pelo rebentamento de uma armadilha que o próprio estava a montar num caminho perto da fronteira com o Senegal.
Mas entre muitas actividades desenvolvidas naquele período de paz (outros que para lá foram depois, já têm muito mais que contar), quero recordar o «JORNAL DA CASERNA», titulo e trabalho por mim iniciado, com a colaboração de outros camaradas de armas e que aqui deixo em algumas digitalizações, não esquecendo o Alf. Geraldes (grande artista de desenho livre) que era o ilustrador, a meu pedido, com as sugestões que lhe ia dando, como acima referi. Não esqueço ainda o Alfredo Martins (do Porto), escriturário da companhia, que apelidei de HÉRCULES (por ser muito magrinho), na qualidade de Director do Jornal, e o José de Sousa Piloto, apelidado por Massinhas, como administrador.
Dois ou três pormenores que, talvez, os olhos de quem me leia não conseguem adivinhar. Na evolução deste periódico, que em 24 meses foi feito quinze vezes (ou sejam 15 números), chegando a ser quinzenal, não é uma média muito má.
Queria chamar a atenção para a 2ª Série que aparece com a primeira página e com o cabeçalho, sendo que aquele desenho do cabeçalho retrata exactamente o local do aquartelamento, o edifício (que foi aproveitado de um armazém de produtos agrícolas locais), alguns anexos entretanto feitos por nós (refeitório, cozinha e até a torre de vigia construída com troncos de palmeira). Este desenho retrata de forma fiel e fidedigna o local onde estive com outros companheiros, onde não falta o arame farpado colocado junto à berma da estrada que nos passava em frente.
Neste mesmo local, mas do lado contrário à estrada, foi feito um aquartelamento com infraestruturas adequadas a um comando de Batalhão, onde estiveram, como referi antes, o Manuel da Silva Ferreira Martins, de Brunhido e o Armando Santos, do Carreiro.
No slide uma amostra dessas relíquias...
2 comentários:
Caro amigo
A ponte (única) que existia na Guiné quando lá esteve, era a ponte do Saltinho, sobre o rio Corubal e não o Mansoa. A do Mansoa (na zona de João landin) e agora denominada Ponte Amilcar Cabral é recente e tem meia dúzia de anos apenas. A que nós construímos foi inagurada agora em 19/06 e, apesar de se chamar Ponte Euro-Africana, para mim será sempre a Ponte de S. Vicente (sobre o rio Cacheu).
Abraço
Pedro Moço
Para que conste e cumprir com as regras, é capaz de ter razão. Como disse em mail separado enviado, os maus camaradas militares estiveram em Mansoa na fase final e daqui vieram directamente para o barco. Como estava ligado à area administrativa, pornecessidade da Unidade, não cheguei a ir a Mansoa. Logo, a esta distância também não posso nem tenho elementos diferentes. E o meu caro amigo esteve lá há pouco tempo e nestes anos, muito terá mudado, apesar de tudo...
Vi já mais notícias sobre a ponte de S. Vicente e a de João Landim (cujo local atravessei várias vezes) e dava-me a entender tais notícias que as pontes ainda não funcionavam, por motivos políticos entre a Guiné e a União Europeia.
Coisas que nos ultrapassam.
Obrigado pelo esclarecimento,
Um abraço,
JM Ferreira
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