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quarta-feira, 3 de junho de 2009

ÁLVARO CUNHAL

A biografia de Álvaro Barreirinhas Cunhal é muito extensa. Não vamos nem temos a pretensão de apresentar, a pente fino, toda a história que criou. Ficam apenas alguns flashes, com a finalidade de cumprir o prometido, principalmente para os mais novos.
Álvaro Cunhal nasceu em 10 de Novembro de 1913, em Coimbra, na freguesia da Sé Nova. Seu pai, Avelino Henriques da Costa Cunhal, advogado, republicano e liberal, nunca foi comunista, era escritor e pintor, exercendo advocacia «nas horas livres», como diz José Brandão no site «vidas lusófonas». Álvaro Cunhal herdou as qualidades e vocações do pai.
Sua mãe, Mercedes Ferreira Barreirinhas, era uma católica fervorosa, doméstica e tinha com seu filho conflitos frequentes, principalmente quando vestia o fato de macaco em casa.
Álvaro Cunhal, ainda segundo o mesmo site, foi baptizado em Seia, terra natal de seu pai e para onde se mudou toda a família. Teve por padrinhos o seu irmão mais velho António, que faleceu ainda muito novo, e madrinha Nossa Senhora da Assunção, por influência da mãe.
Teve mais duas irmãs, além do antes referido. Em Seia vai à escola primária donde foge logo no primeiro dia de aulas. Seu pai toma a responsabilidade de lhe dar aulas em casa. E assim fez os estudos primários. Mudam-se, entretanto, para Lisboa, sendo muito próximo de sua irmã mais nova (dez anos), de nome Maria Eugénia. Esta residia na Rua Sousa Martins, nº 17, próximo da esquadra do Matadouro, nas Picoas, que vigiava constantemente esta casa da família Cunhal.
Frequenta o Liceu Pedro Nunes e Camões, acabando o curso neste último. Matriculou-se na Faculdade de Direito e após várias peripécias, não deixamos de contar este episódio, havendo outros antes deste. Foi preso em 1939 e continua a estudar na prisão. Em Maio, próximo do fim da licenciatura, apresenta a sua tese sobre «A Realidade Social do Aborto». Como estava preso, a PIDE entendia que os professores deviam ir à prisão. Mas estes manifestavam-se contra e venceriam. Assim, foi Álvaro Cunhal, sob escolta policial, à Faculdade de Direito defender a sua tese. O Júri (por curiosidade actual ou mera coincidência) era formado pelos professores, próximos do regime, Cavaleiro Ferreira, Paulo Cunha e Marcelo Caetano. Eram todos contra o aborto. Mas a tese (100 páginas) foi classificada de «Bom com distinção». Terminou a licenciatura com a média de 16 valores.

NA REGIÃO DO VOUGA

Esta é apenas uma pequena e ligeira abordagem da biografia de Álvaro Cunhal, na qual apenas constam alguns pormenores que talvez sejam do desconhecimento da maioria dos meus visitadores. Mas como perguntava no post de apresentação sobre este assunto, «o que é que tem a ver Álvaro Cunhal com o blogue «Terras do Marnel» ou com a região do Vouga?».

Aqui se "refugiou" o Dr. Militão Ribeiro (já falecido)-militante do PCP

Explicamos brevemente. Ainda era eu um tanto adolescente e constava-se a meia voz que Álvaro Cunhal teria estado, clandestinamente, numa casa sita nas Cavadas de Cima, já na freguesia de Macinhata, na estrada que vai de Carvalhal da Portela para o Beco e que divide geograficamente as duas freguesias. E isto causava-me alguma curiosidade.
Sabíamos qual era a casa. Mas não tínhamos pormenores. Na foto que ilustra este post, facilmente se identifica. E fomos em busca de elementos históricos, escassos, naturalmente, por manifesta impossibilidade.
Álvaro Cunhal, não esteve refugiado, na clandestinidade, no lugar de Cavadas de Cima. Quem lá esteve seria um outro militante do Partido Comunista, o Dr. Militão Bessa Ribeiro e a sua companheira, que abaixo se refere quando é presa com este e Álvaro Cunhal, no Luso (Buçaco). Era natural que o Dr. Álvaro Cunhal por lá tivesse passado algumas vezes, de visita ao seu companheiro de Partido. Mas também sem confirmação.
Os nossos contactos de pesquisa não me souberam confirmar a data dessa estadia do Dr. Militão Ribeiro. E aqui nasce outra curiosidade. Um outro Valonguense, de todos conhecido e que já não está entre os vivos, António das Neves Martins de Barros, foi preso pela PIDE em 27 de Novembro de 1943. E foram-nos narrados alguns pormenores sobre os procedimentos, a identificação e localização daquele Valonguense.
Estas coincidências são para dizer que o Dr. Militão Ribeiro esteve nas Cavadas depois da detenção de António Barros, quando se admitia e apontava para uma data anterior.
Sucede depois que se admite ter existido uma denúncia (sem confirmação) sobre a estadia do Dr. Militão, cuja casa é “visitada” pela PIDE. Perante esta ameaça, é montada uma estratégia, enquanto o Dr. Militão fugia, pelas traseiras, sendo a polícia feita esperar e entretida pela companheira daquele.
Não tivemos oportunidade de confirmar, mas socorrendo-nos desta passagem do site «vidas lusófonas», talvez não andemos longe da realidade, citando: «Em Março de 1949 dá-se a prisão de Álvaro Cunhal, de Militão Ribeiro e de Sofia Ferreira numa casa clandestina no Luso. Seguem-se uma série de prisões de dirigentes comunistas.»
Isto quer dizer que se supõe que Militão Ribeiro tenha deixado a casa das Cavadas e deslocado para o Luso ao encontro de Álvaro Cunhal, onde todos acabaram por serem presos.
Existem ainda outros factos com interesse histórico (que é apenas o que interessa a este blogue e à orientação que imprimimos desde o seu início), mas que agora não vamos escalpelizar.
Ainda relacionado com esta região e com a freguesia de Valongo, sem confirmação, ter-se-á realizado uma reunião do Comité Central do PCP, em Arrancada, talvez por mais de uma vez. A data que nos foi apontada, 1942/1943, pela sua comparação com outros factos nestes anos sucedidos, carece de confirmação. E quanto à reunião, também não podemos confirmar que se tenha realizado. Mas é de admitir.
Mas, se necessário, a este tema voltaremos. Pelo menos fica aqui exposta, principalmente para os mais jovens, uma faceta histórico-política passada na nossa região e que no post anterior citamos.

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