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domingo, 24 de outubro de 2010

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO XXXIII


Interior da Quinta de Aguieira - A este sítio e pequeno edifício chamava-se o «Quiosque»

 Após uma permanência forçada, deitado numa banheira,  coberto de roupa molhada para ser lavada, o Dr. Joaquim Álvaro, futuro Visconde de Aguieira, acabou por se sair de mais uma embrulhada, com a ajuda perspicaz de outras pessoas. Mas a esta altura, há uma pergunta que importa salientar: como é que os perseguidores do Visconde de Aguieira souberam que ele e as suas pupilas estavam escondidos na Rua de Belomonte e em casa de Pedro Ransam? Porque é que foi feita segunda busca a esta casa? Vamos procurar seguir o raciocínio, lógico, aliás, do Dr. José Joaquim da Silva Pinho, o narrador desta interessante história.
Uma das meninas estava numa casa frente ao convento das freiras de Santa Clara e a mais nova conduzida e resguardada em casa do cirurgião Lima pela sua criada, a destemida e atlética amazona, cuja atitude fora de série, já contámos.
Era assim. À casa da rua de Belomonte iam algumas meninas, de boas famílias do Porto, a fim de poderem aprender lavores e a falar francês, muito em voga na época. Quando as pupilas de Joaquim Álvaro apareceram na casa de madame Mesnier, esta disse às suas discípulas que tinham mais duas companheiras, que vinham de Vila Real, para receber lições de línguas e prendas de costura e bordados. Não adiantou nem esclareceu mais nada.
Claro que isto foi o fio condutor para que cada uma das meninas de madame Mesnier transmitissem em suas casas o que consideraram uma novidade. E esta situação foi coincidente com a publicação dos anúncios a oferecer duzentas moedas de ouro a quem descobrisse o seu paradeiro.
O pai de uma das discípulas, pouco escrupuloso, logo admitiu a hipótese de serem as duas Meninas a que os anúncios se referiam e pensando que poderia ganhar todo aquele dinheiro, foi à polícia e fez a denúncia deixando o seu nome e morada.
A polícia procedeu a uma investigação e foi dar com a filha do denunciante e esta descreveu os sinais fisionómicos das crianças recém-chegadas, convencendo-se que se estaria perante as Meninas Mascarenhas. Depois ordenou-se o assalto e busca à casa da rua de Belomonte que já foi contada.
O segundo assalto, de que se safou Joaquim Álvaro deitado na banheira, deveu-se a outro factor que iremos descrever a seguir.

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