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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Casa do Povo de Valongo do Vouga - 33

O Primeiro Relatório e Contas
 
Retomamos a apresentação de algumas situações após a fundação da Casa do Povo, destacando o 1º Relatório e Contas, referente ao ano de 1942, cuja gerência oficial teria começado em Junho deste ano, porquanto, como já foi referido, o Plano e Orçamento deste ano apenas dizia respeito ao período de Junho a Dezembro.
A acta de 7 de Fevereiro de 1943 faz referência à aprovação do 1º Relatório e Contas, de seis meses do ano de 1942.
Apesar da extensão, para aqui ser transcrito, ficaria este trabalho incompleto se o seu conteúdo ficasse espartilhado por mais de um post. O que encontramos foi isto:
 
Actuais instalações administrativas e de
produtos agrícolas
Volvido um ano de existência desta Casa do Povo, não será descabido dar ao público um síntese dos benefícios que ela já proporcionou aos seus associados, tanto mais que, de vez em quando, se ouvem uns injustificados e maldosos murmúrios que é preciso desfazer.
A Casa do Povo apareceu nua época anormalíssima, no predomínio de um estado social de feroz egoísmo, e daí, talvez, a principal causa de certas más vontades, por parte de pessoas para quem o largar um tostão que seja, em benefício do seu semelhante, é ódio de morte.
Mas que teria sido de tantos desgraçados - crianças e adultos - se o pequeno sacrifício  que se exige para a Casa do Povo não tivesse vindo em seu auxílio?
Para que, pois, a ninguém mais seja lícito duvidar dos altos benefícios sociais que a Casa do Povo já prestou neste curto espaço de tempo de um ano, aqui se dá um resumo desses benefícios, até 30 de Junho findo: (1)

Com a assistência médica e dentária gastou 5.650$00; Com medicamentos, 4.225$50; Com subsídios na doença, 2.735$30; Com subsídio no nascimento, 1.088$00; Com subsídio na morte, 1.200$00; Com subsídio na lactação, 652$20; Com subsídio de invalidez a 15 pobres, 6.885$00; Com livros para a instrução primária, 706$70; Com subsídio no casamento, 300$00.
Soma: 23.442$70.
Bem sabemos que não é coisa por aí além; mas sempre são vinte e três contos e tanto espalhados pelos sócios da Casa do Povo e que certamente foram minorar muita miséria, mitigar muita fome, aliviar muito sofrimento e até, possivelmente, evitar muitas mortes.
E, se mais e melhor se não fez, foi porque para mais não chegaram os recursos de que a Casa do Povo dispõe.
Além dos benefícios mencionados, ainda a Casa do povo se tem esforçado por adquirir milho e centeio para acudir à crise que estamos atravessando, não perdendo nunca a oportunidade de ser útil à freguesia.
Portanto, o que é preciso é que todos se compenetrem da grande utilidade desta humanitária Instituição e a auxiliem da melhor boa vontade, criando-lhe um ambiente de franca simpatia, porque assim servirão os seus próprios interesses, visto que, quantos mais benefícios ela puder distribuir, menos sobrecarregados ficarão os que alguma coisa têm que perder.
esta é uma grande verdade de que todos temos de nos convencer, quer queiramos quer não.
Procuremos, pois, ir ao encontro do mal a conjurá-lo, antes que tenhamos de sofrer-lhe as fatais consequências.
É o papel das Casas do Povo.
 
A Direcção.
 
(1) - Cremos que esta redacção não esteja correcta. A Casa do Povo iniciou a sua actividade social oficial em Junho de 1942, portanto não poderia ser até final de Junho do ano findo. Quando muito seria até 31/12/1942, ou, se se pretender fazer um ano, admitia-se que o fosse até 30/6/1943. Mas pelo conteúdo das actas anteriores, aquelas contas dirão respeito a meio ano de 1942.

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