E do que foi contado num dos post's anteriores, mesmo no final, ficou prometido - e escrito - que aqui voltaríamos com algumas conclusões do escritor Adolfo Portela. E da forma jocosa habitual, dizia assim, no fim do tal de um dos capítulos das suas crónicas.
A paisagem que desvanece |
«Pronto! Se eu fosse a dizer tudo quanto Águeda tem na crónica das suas excentricidades e extravagâncias, este capítulo ficaria do comprimento do mastro de Assequins. Os casos são às centenas, por essa crónica além: galinhas que cuidam da criação de gatos; credores que emprestam capitais a juros de missas por sua alma; o caso de uns larápios de Jafafe que, tentando arrombar a porta de uma taberna com um trado, tiveram a sorte despropositada de ferir uma nádega da própria taberneira que dormia à porta da rua; aquela passagem do homem de Fermentelos, que, ainda agora, em pleno Abril de 1903, gastou toda uma noite, de caçadeira aperrada, à espera de um lobisomen que lhe devia cinco tostões... E tudo isto, variado, imprevisto, original, com todas as cambiantes de cor, grotesco e chocarreiro, a guizalhar campaínhas rachadas por esse concelho fora - é entrar, senhores; é entrrar!... - com toda a Águeda em entremez perpétuo, sem uma sombra de desconfiança ou de mau humor a perturbar a alegria límpida das almas!
Mas é forçoso parar aqui. O capítulo, tal como vai, chega de sobejo para se ficar sabendo de Águeda o que Águeda talvez já esquecesse de todo, na constante e desordenada sucessão dos casos pitorescos em que a sua vida decorre.»
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