«Assistimos» ao embarque das Meninas Mascarenhas e à chegada de notícias vindas de França, que davam conta de que tudo tinha corrido de feição.
| Por esta casa, propriedade de conterrâneos de Arrancada, passaram algumas personagens da história de "As Meninas Mascarenhas" |
A sua estadia em França foi muito simpática e às meninas foram proporcionadas condições a que estavam habituadas em Portugal. Tinham mestres e professores «que lhes ensinavam as prendas próprias da sua idade e posição», dizia o narrador dr. José Joaquim da Silva Pinho.
O seu tutor resolve fixar residência em Bordéus, numa casa de pensão, onde as suas pupilas se sentiam muito bem e constituíam a admiração de todos com quem privavam. E isto durou dois anos, recebendo esmerada educação e, como era natural, «falando e escrevendo correctamente o francês, aprendendo as prendas próprias do seu sexo e fazendo a admiração de quem com elas tratava,», rematava o narrador já citado.
A vida em França era muito cara. Os recursos do dr. Joaquim Álvaro iam diminuindo, porque gastava apenas daquilo que constituía o seu património, e valiam-lhe alguns valores (a que o narrador chama de «subsídios») que a família podia dispôr e enviava para Bordéus.
As senhoras da casa de Aguieira esgotaram as suas pequenas economias e até as suas jóias foram vendidas, para que ao irmão não faltasse o indispensável e às orfãs nada alterasse os seus hábitos, podendo passar por algumas resignações.
As órfãs, escreveu-se, eram ricas, os seus rendimentos bastante avultados, mas as suas propriedades e os ditos rendimentos, bem como a casa, continuaram na administração da família das Meninas de Torredeita, desde o despacho do juiz de direito de Tondela, apesar da contestação do advogado José Rodrigues de Melo e Silva, de Travassô, que figurava nesta história como procurador de Joaquim Álvaro.
Contrariando o testamento do pai e outras decisões, o despacho do juiz de Tondela nomeava tutor das menores Gonçalo Pires Bandeira Monteiro Subagoa, de Fráguas de Mosteiro, e seu bisavô, que era quem tomava conta dos bens e rendimentos das bisnetas, o qual também se prestou a requerer procedimento criminal contra Joaquim Álvaro, este sim, tutor das menores, por testamento do morgado do Sobreiro Chão (freguesia de Valongo do Vouga).
A este assunto voltaremos, com o estratagema do regresso a Portugal - por via marítima - com um homem de Arrancada envolvido neste processo, que foi a Espanha (Vigo) buscar os viajantes, etc.

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